Triumph of the Will
(1935) 114 min (18 Min)
Alemanha - "O Triunfo da Vontade" foi encomendado por Hitler a Leni Riefenstahl. A diretora registrou com arte e técnica o que viu em Nuremberg, de 5 a 10 de setembro de 1934, no 6º Congresso do Partido Nazista Alemão, nem mais nem menos. Desfiles militares, bandas de meninos, o cotidiano dos soldados acampados, chegada de Hitler de avião, alegria da multidão ao saudar o líder, trechos de discursos. Posteriormente, o fantasma desta propaganda do movimento nacional-socialista iria assombrá-la até o fim de seus muitos dias (1902-2003). Se soubesse, então, das atrocidades que viriam a ser cometidas pelo regime durante a 2ª Guerra Mundial, Riefenstashl certamente não teria aceitado a encomenda.
Depois da guerra, Leni ficou detida de 1945 a 1948, num campo de prisioneiros francês. Levada a julgamento, nada se comprovou contra ela, que foi classificada como "simpatizante" da causa. Em entrevistas, Leni Riefenstahl insistiu que tinha sido fascinada pelos nazistas, mas que era politicamente ingênua e ignorava os crimes cometidos na guerra. (Wikipedia) Como outros admiradores do movimento, talvez Helene Bertha Amalie Riefenstahl não tenha lido o volumoso "Mein Kampf" ("Minha Luta"), onde Hitler antecipa algumas de suas sinistras intenções contra , o que ele denomina, "o perigo judeu".
Dou à diretora o benefício da dúvida, pois, ao contrário dos políticos, podem ser ingênuos os artistas. E, se o ditador austríaco pintou quadros menos que medíocres, a diretora alemã criou um filme em que a beleza das imagens, os ângulos diversificados das múltiplas câmeras e a edição precisa, constituem uma obra notável, abstraindo-se o tema, é claro. "O Triunfo da Vontade" se beneficiaria com uma redução nos desfiles militares, especialmente na última meia hora. Mas, no geral, é um documentário impressionante.
O Adolf Hitler que chega a Nuremberg está satisfeito, sorridente. Nos últimos dias do Congresso, está sério, por certo exausto de falar, ficar de pé, com o braço esticado, por tantas horas. Chamou-me a atenção o seu discurso aos jovens: "Não queremos mais ver divisões de classes. Vocês não devem deixar que isso cresça entre vocês. (...) Queremos que nossa população seja obediente. E vocês devem praticar a obediência. Queremos que nosso povo ame a paz, mas que também seja valente. E vocês devem ser pacíficos..." Nesse momento é interrompido por uma aclamação de entusiasmo da multidão, que se estende por uns 20 segundos. Quem diria que, cinco anos depois, esse povo, que desejava ser pacífico, estaria sendo conduzido para a guerra.
Para quem não viveu a época, e as circunstâncias, é difícil compreender porque o discurso e a presença de Hitler entusiasmavam tanto. Mas basta lembrar de "A Onda", para constatar como isso foi, e ainda é, possível.
Dou à diretora o benefício da dúvida, pois, ao contrário dos políticos, podem ser ingênuos os artistas. E, se o ditador austríaco pintou quadros menos que medíocres, a diretora alemã criou um filme em que a beleza das imagens, os ângulos diversificados das múltiplas câmeras e a edição precisa, constituem uma obra notável, abstraindo-se o tema, é claro. "O Triunfo da Vontade" se beneficiaria com uma redução nos desfiles militares, especialmente na última meia hora. Mas, no geral, é um documentário impressionante.
O Adolf Hitler que chega a Nuremberg está satisfeito, sorridente. Nos últimos dias do Congresso, está sério, por certo exausto de falar, ficar de pé, com o braço esticado, por tantas horas. Chamou-me a atenção o seu discurso aos jovens: "Não queremos mais ver divisões de classes. Vocês não devem deixar que isso cresça entre vocês. (...) Queremos que nossa população seja obediente. E vocês devem praticar a obediência. Queremos que nosso povo ame a paz, mas que também seja valente. E vocês devem ser pacíficos..." Nesse momento é interrompido por uma aclamação de entusiasmo da multidão, que se estende por uns 20 segundos. Quem diria que, cinco anos depois, esse povo, que desejava ser pacífico, estaria sendo conduzido para a guerra.
Para quem não viveu a época, e as circunstâncias, é difícil compreender porque o discurso e a presença de Hitler entusiasmavam tanto. Mas basta lembrar de "A Onda", para constatar como isso foi, e ainda é, possível.
Diretora: Leni Riefenstahl
Roteiro: Leni Riefenstahl, Walther Ruttmann
Música: Herbert Windt
Fotografia: Sepp Allgeier
Edição: Leni Riefenstahl
Aparecem no documentário: Adolf Hitler, Martin Bormann, Josef Goebbels, Hermann Göring, Rudolf Hess, Heinrich Himmler
Sempre tive curiosidade por esse filme, justamente por esse trabalho de direção que é sempre bem comentado.
ResponderExcluirDigam o que disserem, ela foi uma diretora impressionante e criativa. Pena que o desenrolar dos fatos tenha levado sua carreira para uma outra direção. Não conheço suas fotografias submarinas...
ResponderExcluirIdeologias à parte, é um documento impressionante da calma antes da tempestade. Fascinante até para quem não se revê de todo na politica do medo dos nazis mas fica hipnotizado pela força das imagens..
ResponderExcluirStella, o blog está muito bom, continue o bom trabalho :-)
David M. / CINE31
http://cine31.blogspot.com
Obrigada, David! Gostei da imagem: "calma antes da tempestade". Se adapta perfeitamente ao que se vê no documentário.
ResponderExcluir:-D
ResponderExcluiré incrível a tensão que se sente no ar, porque NÓS sabemos o que veio a seguir!