Sangue Negro

There Will Be Blood * *

(2007) 158 minutos (14 anos)

EUA, Texas e California - Um mineiro magro, de cabelos negros, trabalha a terra incessantemente. Nem a queda até o fundo do buraco em que escava, e uma perna quebrada, o detém. Daniel Plainview é estóico, esforçado, trabalhador, persistente. Mas há mais a ser descoberto. Ele encontra petróleo e nós vamos entrevendo seus outros traços. É também ambicioso, implacável, desleal. Usa um filho adotivo como isca para granjear simpatias e vender a imagem de homem de família. Plainview, ao contrário do que insinua o nome, não é comum, simples ou modesto; esconde a verdadeira alma, destituída de beleza (plain). Mais do que ao óleo, ele deseja o poder. Como afirma ao meio-irmão:

- Eu sou competitivo. Não quero que ninguém mais tenha sucesso. Detesto a maioria das pessoas.

Que tal? Momentos tensos aguardam os que assistem sua trajetória. Mas a fotografia admirável de Robert Elswit, a música poderosa e o desempenho espetacular de Daniel Day-Lewis compensam com sobra. Seu Oscar foi merecido. Lewis inspirou-se na voz profunda e pausada de John Huston para construir a de Daniel Plainview. Um espetáculo. Por que será que não dei a nota máxima para "Sangue Negro"? Não sei bem. Talvez pelo papel irrelevante das mulheres, pela ausência de ternura humana e humor. É o olhar do protagonista para o mundo. Resulta num vazio e em desesperança exibidos com grande talento.  Provavelmente será o único filme Nota DEZ sem 3 estrelas nesse blog.  Rendo-me à competência, mas o coração resiste, não se entrega.

Diretor: Paul Thomas Anderson
Roteiro: Paul Thomas Anderson, baseado em livro de Upton Sinclair
Música: Jonny Greenwood
Fotografia: Robert Elswit
Elenco: Daniel Day-Lewis, Paul Dano, Kevin J. O'Connor, Ciarán Hinds, Dillon Freasier.