Lista de sugestões de filmes interessantes. Cada postagem traz foto, breve sinopse, censura, diretor, distribuidora, elenco, responsáveis pelo roteiro, musica e fotografia. Com o eterno deslumbramento de fã apaixonada, By Star Filmes acredita que o cinema emociona, ensina e é a melhor diversão.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Reencontrando a Felicidade

Rabbit Hole * *
(2010) 90 min (12 anos)

EUA - Becca e Howard Corbett tinham uma vida perfeita em sua linda casa num subúrbio de Nova Iorque.  A morte do filho Danny, aos 4 anos, expulsou-os do paraíso.  Oito meses se passaram e o casal ainda se perde num labirinto de memórias, raiva, saudade, sensação de vazio, culpa, desespero, distanciamento.  Howie quer frequentar o grupo de apoio com outros pais que sofreram perda semelhante, mas Becca não suporta mais.  Ele precisa dos objetos que lembram Danny e ela precisa de mudanças para suavizar a dor.  A convivência torna-se difícil e o casamento passa por uma crise.  Só um vínculo forte aguentaria tanta pressão.  

Ao encontrar Jason, o jovem responsável pelo acidente de Danny, Becca percebe que ele também sofre e talvez seja a única pessoa com uma culpa tão intensa quanto a sua.  Perto de Jason ela sente uma estranha paz. O adolescente mostra-lhe a história em quadrinhos na qual está trabalhando.  Através de uma toca de coelho (rabbit hole - título original do filme), o personagem principal alcança universos paralelos, onde ainda é possível ser feliz.  Ótima a estréia de Miles Teller como Jason.

Existe dor maior do que perder um filho, em qualquer idade?  No momento não lembro de nenhuma.  Seja ele único ou um entre muitos.  Acho que todo pai é assombrado por esse temor, cada vez que um filho se atrasa muito e a ligação do celular não se completa.  Lembro de minha bisavó contar sobre o seu desespero com a morte do pequeno Raul, que ela jamais esqueceu.  Pediu então a Deus que não levasse nenhum dos outros 10 que lhe restaram.  Ela morreu aos 94 anos e, até esse dia, seus filhos ficaram doentes, sofreram desastres, lutaram em revoluções, mas sobreviveram a tudo, inclusive a um enfarte e um tiro no coração durante um assalto. Convenientemente, a bala alojou-se no local do enfarte.  É preciso continuar vivendo, e foi o que minha bisavó fez, mantendo seu coração e sua casa abertos para quem chegasse.  Leva um tempo, mas parece que é o único caminho.

Miles Teller e Nicole Kidman
Curiosidades:
* O primeiro filme de Nicole Kidman como produtora e protagonista.  Foi ela quem escolheu Aaron Eckhart para interpretar seu marido.  A atriz tem uma atuação estupenda como Becca, desaparecendo por trás da personagem.

* Aos 14 anos, o diretor John Cameron Mitchell perdeu um irmão menor, por problemas de coração, "Foi súbito e inesperado.  Define uma família para sempre; ainda estamos nos recuperando."

Diretor: John Cameron Mitchell
Roteiro: David Lindsay-Abaire, baseado em sua peça
Musica: Anton Sanko
Fotografia: Frank G. DeMarco
Elenco: Nicole Kidman, Aaron Eckhart, Dianne Wiest, Miles Teller, Tammy Blanchard, Sandra Oh, Giancarlo Esposito, Patricia Kalember
Distribuidora: Paris Films

domingo, 28 de agosto de 2011

A Grande Virada

The Company Men
(2010) 104 min (16 anos)

EUA - Para garantir os dividendos dos acionistas e evitar que concorrentes se apoderem de sua companhia, o presidente da GTX manda demitir milhares de funcionários, enxugando os custos da empresa.  Na primeira leva sai Bobby Walker (37 anos), até então completamente seguro como o melhor vendedor da Costa Leste.  Ainda chocado ao perceber que a primeira reação dos colegas de trabalho é saber se também estão na lista de demissão, Bobby é encaminhado para o escritório de recolocação no mercado, que deve ajudá-lo a elaborar novo currículo.  

As poucas oportunidades que aparecem nos meses seguintes significariam uma queda importante no estilo de vida da família Walker.  A corajosa esposa Maggie, e o filho do casal, mostram-se dispostos a cortar as despesas, mas Bobby resiste, tentando manter as aparências.  A hipoteca da casa vence no final do mês, as mensalidades do clube de golf estão atrasadas e um Porsche prateado é um luxo impossível de manter para um desempregado.

As demissões continuam e acabam atingindo o veterano Phil Woodward e o segundo no comando da GTX, Gene McClary, ainda um idealista, totalmente inconformado com a nova política da companhia que ajudou a criar.  Gene gosta da vida extravagante de almoços caros e luxuosas suites de hotel, mas a situação de seus ex-colegas de trabalho não o deixa indiferente.  O executivo sente saudade da época em que a empresa construía barcos, em vez de trabalhar para os acionistas.

Só a morte de pessoas queridas parece ter impacto tão forte sobre uma pessoa trabalhadora, quanto a perda do emprego e da capacidade de pagar as próprias contas.  O apoio da família e dos amigos torna-se vital para a superação da crise e manutenção da calma necessária para o aproveitamento das oportunidades que surgem.  Um trabalho honesto, ainda que pague menos, é melhor do que nenhum.  'A Grande Virada' explora bem as situações e sentimentos que envolvem pessoas desempregadas.  Pena que o título seja mais um na lista dos pouco inspirados.  Bastaria uma simples tradução do título original: 'Os Homens da Empresa', abrangendo tanto os que trabalham criando e fornecendo bens ou serviços, como aqueles que especulam e privilegiam o luxo em detrimento de empregos.

Diretor: John Wells
Roteiro: John Wells
Musica: Aaron Zigman
Fotografia: Roger Deakins
Elenco: Ben Affleck, Tommy Lee Jones, Chris Cooper, Maria Bello, Kevin Kostner, Rosemarie DeWitt, Craig T. Nelson, Tom Kemp
Distribuidora: California Filmes

Se Enlouquecer Não Se Apaixone

It's Kind of a Funny Story *
(2010) 101 min (12 anos)

EUA, Nova Iorque - Craig Gilner tem 16 anos e já não aguenta mais viver.  Estuda num colégio puxado, onde se acha menos do que os outros alunos e está apaixonado pela namorada do melhor amigo.  A gota d'água foi o pânico de não ser aceito no curso de verão.  Craig pensa que essa rejeição acabaria com as chances de entrar numa boa universidade, entre outras terríveis consequências.  O garoto teme pelo futuro e prefere se jogar da ponte do Brooklyn.  

Se ele desiste do suicídio é por lembrar da dor que sua morte causaria aos pais e irmã caçula.  Procurar ajuda num hospital parece uma boa alternativa e ele pede para ser internado na clínica de saúde mental.  Como a ala juvenil está em reforma, Craig dá entrada no setor de adultos, onde terá como companheiro de quarto um egípcio deprimido, que não sai da cama.

Assustado com os outros internos, o adolescente muda de idéia e quer voltar para casa.  Tarde demais, a internação é por uma semana.  Um tempo para desacelerar, vendo sua própria vida à distância, conversar sobre seus problemas, desenhar, interessar-se pelos problemas alheios, soltar a voz na aula de música - tudo isso só pode fazer bem, a qualquer um. Os pacientes Bobby e Noelle ajudam a tornar essas férias forçadas mais interessantes.  Mas quando acabar a semana, a vida ficará mais atraente para Craig?

Zach Galifianakis, como Bobby, é o principal encarregado de trazer leveza à história.  E ele consegue, sem fazer palhaçadas ou caretas.  A direção misturou em boas doses seriedade e graça.  O elenco está ótimo e minha cena favorita acontece na aula de música - um show de brilho e cor, ao ritmo de "Under Pressure", originalmente cantada pelo Queen e David Bowie.

Diretores: Anna Boden, Ryan Fleck
Roteiro: Anna Boden, Ryan Fleck, baseado no livro de Ned Vizzini
Musica: Broken Social Scene
Fotografia: Andrij Parekh
Elenco: Keir Gilchrist, Emma Roberts, Zach Galifianakis, Viola Davis, Dana DeVestern, Zoë Kravitz, Lauren Graham, Jim Gaffigan, Jared Goldstein, Thomas Mann, Bernard White
Distribuidora: Universal

sábado, 27 de agosto de 2011

Biutiful

Biutiful * *
(2010) 147 min (16 anos)

Espanha - Uxbal tem a capacidade de ver, compreender e confortar os mortos que sofrem, cobrando por essa habilidade, o que parece ir contra o código de ética dos videntes.  O dom que se recebe de graça deveria assim ser doado.  Além disso, está envolvido em atividades ilícitas na cidade de Barcelona.  Paga a policiais para que não apreendam a mercadoria oferecida pelos senegaleses ilegais, que vendem pirataria produzida por imigrantes chineses, que são explorados pelos próprios conterrâneos.  

Africanos e chineses estão no ponto mais baixo da escala social e vivem amontoados em porões ou cubículos imundos, com pouca ventilação e nenhum aquecimento.  Embora coordene o esquema, o pequeno apartamento de Uxbal é alugado, tem infiltrações no teto, onde faltam lâmpadas. Nesse grupo, quem vive melhor é seu irmão mais velho, uma criatura meio nefasta e nada sincera.  A Barcelona mostrada em outros filmes, linda, rica, limpa, não aparece, quando muito é vislumbrada ao longe, através de uma janela, onde se vê a bela catedral da Sagrada Família, de Gaudi, em obras.

Uxbal mora com o casal de filhos ainda pequenos, Ana e Mateo. Depois de uma visita ao hospital, ele descobre que tem dois meses para colocar sua vida em ordem.  Pai amoroso, consciente da incapacidade da instável ex-esposa Marambra em se responsabilizar pelas crianças, ele procura uma solução.

É sempre um prazer observar um grande artista em ação e não há dúvida que Javier Bardem exercita todo o seu talento como o sofrido Uxbal.  Recebeu o Prêmio de Melhor Ator em Cannes, entre vários outros prêmios e indicações. O elenco como um todo interpreta seus papéis com naturalidade, tanto profissionais como principiantes, alguns deles testemunhas ou protagonistas de cenas de perseguição policial ou circunstâncias de vida semelhantes as dos personagens.  Mas é muita desventura e má conduta em 147 minutos!  Fiquei cansada de sofrer, apesar da bonita fotografia de Rodrigo Prieto.  Depois de uma conversa com minha filha mais velha, 'Biutiful' ganhou uma segunda estrelinha.  É justo.

Diretor: Alejandro González Iñárritu
Roteiro: Alejandro González Iñárritu, Nicolás Giacobone, Armando Bo
Musica: Gustavo Santaolalla
Fotografia: Rodrigo Prieto
Elenco: Javier Bardem, Maricel Álvarez, Haana Bouchaib, Guillermo Estrella, Eduard Fernández, Cheikh Ndiaye, Diaryatou Daff, Taisheng Cheng, Ana Wagener, Lang Sofia Lin
Distribuidora: Paris Filmes

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Água para Elefantes

Water for Elephants *
(2011) 120 min (14 anos)

EUA - Um senhor idoso parece perdido no estacionamento do Circo Vargas.  Saindo sem ser notado da casa de repouso Green Haven, Jacob Jankowski chegou tarde para a matinée.  Antes de voltar para o asilo, conta ao proprietário Charlie sobre suas experiências da juventude no mundo circense.

A família Jankowski parecia não sentir os efeitos da Grande Depressão nos EUA.  Havia comida na mesa do casal de imigrantes poloneses e o filho único cursava a faculdade de Medicina Veterinária na prestigiada Universidade de Cornell.  

Jacob estava para teminar os exames finais quando recebeu a notícia de um grave acidente.  Órfão de uma hora para outra, o rapaz juntou alguns pertences na mala de mão e deixou o passado para trás.  Caminhou durante horas até avistar as luzes de uma locomotiva.  Correndo ao lado do trem, Jacob conseguiu saltar para dentro do vagão.  Ele não estava só no carro e um grupo de homens pouco amigáveis o recebeu.  Mas o sobrenome polonês o salvou de ser atirado para fora do trem, e seus conhecimentos de veterinária lhe garantiram uma vaga no Circo dos Irmãos Benzini.  Nessa comunidade de artistas ambulantes imperava o proprietário August, casado com a atraente Malena, principal atração do espetáculo.  

Com exceção do Carequinha, palhaços sempre me assustaram e circos não me atraíam.  A idéia de animais vivendo presos em minúsculas jaulas é sombria.  Contudo, a elefante fêmea Tai (Rosie na tela) revelou-se a estrela deste show. Sem a talentosa paquiderme e o intenso August, personagem de Christoph Waltz, o filme perderia bastante. Reese Witherspoon encarna a louríssima esposa Malena e merece todo crédito por ter aprendido a se apresentar no picadeiro com os animais.  Não precisou de qualquer dublê para executar os truques ensinados pelo instrutor Sebastien Stella.  A fotografia e o cenário são outros destaques de 'Água para Elefantes'.

Diretor: Francis Lawrence
Roteiro: Richard LaGravenese, baseado no romance de Sara Gruen
Musica: James Newton Howard
Fotografia: Rodrigo Prieto
Elenco: Reese Witherspoon, Robert Pattinson, Christoph Waltz, Hal Holbrook, Jim Norton, Paul Schneider, Mark Povinelli, James Frain, Stephen Taylor, Scott MacDonald
Distribuidora: Fox Video Brasil

A Informante

The Whistleblower *
(2010) 111 min (14 anos)

Bósnia - Kathryn Bolkovac é uma policial americana, divorciada, que precisa juntar dinheiro para mudar-se para a mesma cidade em que a filha adolescente foi morar com o pai e sua nova família.  Surge a oportunidade de um trabalho bem remunerado na Bósnia, como monitora da Polícia Internacional das Nações Unidas.  Meticulosa e dedicada, Kathryn não tarda a descobrir uma rentável rede de sequestro e exploração de mulheres jovens como escravas sexuais.  A policial faz a denúncia, mas é ignorada e demitida.  Homens de todas as categorias, incluindo policiais locais e membros da missão da ONU, estavam envolvidos no comércio humano.

'A Informante' inspira-se na investigação do tribunal de trabalho britânico sobre a denúncia da policial Kathryn Bolkovac contra a empresa de segurança particular DynCorp International.  A empresa ainda tem contratos com o governo dos EUA, no Iraque e Afeganistão. 

Artistas de peso aceitaram participar do filme da diretora Larysa Kondracki, mas é Rachel Weisz quem dá o tom, sustentando a ação com seu rosto expressivo.  

Rachel, Kathryn e Larysa
As gravações foram feitas na Romania e no Canadá. O filme vale pela denúncia e pelas cenas de suspense.



Diretora: Larysa Kondracki 
Roteiro: Larysa Kondracki & Eilis Kirwan
Musica: Mychael Danna
Fotografia: Kieran McGuigan
Elenco: Rachel Weisz, Vanessa Redgrave, David Strathairn, Monica Bellucci, Nikolaj Lie Kaas, Roxana Condurache, William Hope, David Hewlett, Rayisa Kondracki
Distribuidora: Swen Filmes

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Feliz Que Minha Mãe Esteja Viva

Je Suis Heureux Que Ma Mère Soit Vivante *
(2009) 90 min (16 anos)

França - Adotado aos 5 anos, Thomas vive obcecado em reencontrar Julie Martino, sua mãe biológica.  Seu irmão menor, quase um bebê na época da adoção, adaptou-se perfeitamente à nova família, que considera sua.  Aos 12 anos, Thomas consegue descobrir o paradeiro de Julie, mas desiste de se apresentar ao descobrir que ela está grávida, vivendo com outro homem.   

A dor de se sentir abandonado domina os sentimentos do adolescente e a tristeza se transmuta em raiva, revolta contra tudo e contra todos.  Thomas cria problemas em casa e na escola.  Tem fortes problemas de relacionamento e evita namorar. Sem nada revelar aos pais adotivos, aos 20 anos ele faz uma nova tentativa de aproximação.  Julie mora no mesmo apartamento, está separada e cuida sózinha do pequeno Frédéric.  Thomas se apresenta e começa o tão sonhado convívio, mas sentimentos tumultuados ainda travam um combate acirrado na mente e no coração do jovem adulto.  O fato de Julie atribuir à própria pouca idade sua conduta irrefletida de outrora não ajuda.  O resto, quem alugar o DVD, verá.

Manter a comunicação, esclarecer os sentimentos, estabelecer o equilíbrio entre compreensão e limites, propiciar um ambiente alegre quando a cabeça pesa de cansaço e preocupações - a missão dos pais parece sobre-humana, tão mais difícil quanto menos preparados estamos para a tarefa.  Pouco importa se os filhos são biológicos ou adotados, filho é filho.  A credibilidade do roteiro de Claude e Nathan Miller (pai e filho na vida real) nos deixa zangados com os destemperos de Thomas, como se fôssemos o casal Jouvet, sua família adotiva.  Inspirado num artigo de Emanuelle Carrière,  'Feliz Que Minha Mãe Esteja Viva' evoca situações com as quais todos podemos nos identificar, em maior ou menor grau. Excelente para debates sobre emoções e relacionamentos.

Diretor: Claude e Nathan Miller
Roteiro: Claude Miller, Nathan Miller, Alain Le Henry, inspirado num artigo de 1996 do escritor e diretor  Emmanuel Carrère
Som: Jean-Jacques Ferran, Dominique Gaborieau
Fotografia: Aurélien Devaux
Elenco: Vincent Rottiers, Sophie Cattani, Christine Citti, Yves Verhoeven, Quentin Gonzalez, Chantal Banlier, Maxime Renard, Olivier Guéritée, Ludo Harley, Gabin Lefebvre, Sabrina Ouazani, Bruno Chiche
Distribuidora: Imovision

domingo, 21 de agosto de 2011

Marcha da Vida

March of the Living
(2010) 76 min (Livre)

Sul da Polônia - "filme Marcha da Vida mostra a experiência de jovens de diversas partes do mundo ao conhecerem campos de concentração mantidos pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. Eles são acompanhados pela última geração de sobreviventes do Holocausto, que narram seus momentos de angústia e de terror vividos nestes locais, nos anos de conflito.

A 'Marcha da Vida', teve início em 1988, qando um grupo de jovens decidiu percorrer o caminho sem volta que era feito, a pé, pelos prisioneiros de Auschwitz a Birkenau (...). Atualmente, o evento reúne cerca de 10 mil judeus, com o objetivo de transmitir aos jovens a história vivida pelos prisioneiros.
Marcha da Vida foi filmado no Brasil, Alemanha, Polônia, Israel e Estados Unidos. O documentário acompanha os participantes desta marcha desde a sua terra natal (São Paulo, Los Angeles e Berlim) até a chegada a Auschwitz e Birkenau (...). A última parada desta viagem é Jerusalém durante a comemoração dos 60 anos do Estado de Israel." (Sinopse do site)

Este documentário é importante pelas imagens dos campos. Se alguns estão arborizados, embelezados, permanecem as horrendas câmeras de gás, alojamentos e salas atulhadas até o teto com sapatos, óculos, próteses e cabelos dos prisioneiros. O relato dos sobreviventes é um testemunho dramático das atrocidades que ali foram cometidas contra judeus, homossexuais, negros, ciganos, deficientes e outros considerados não arianos. Se às imagens se juntassem mais informações no roteiro, seria ainda mais relevante como documento histórico.  Como sempre, está impecável a captação de som direto de Toninho Muricy.

É pena que não tenha havido qualquer esclarecimento após o comentário de uma das participantes sobre o atual Papa da Igreja Católica.  A jovem se disse surpresa ao saber que Bento XVI fôra da juventude hitlerista.  Na época, ser convocado era o destino inevitável para alemães maiores de 14 anos, independente de sua vontade. Ratzinger prestou o serviço militar obrigatório, mas quando foi instado a se alistar na SS, negou, dizendo que se tornaria um sacerdote. Depois de algumas zombarias e insultos, teve mais sorte do que outros colegas e foi liberado da opção "voluntária".

Joseph Alois Ratzinger nasceu em 1927, em Marktl, às margens do rio Inn.  Filho caçula de uma família católica, entrou para o seminário na Páscoa de 1939.  O pai era comissário de polícia na área rural do sul do Tirol e cedo percebeu o perigo que representavam os agressivos potentados de "camisa marrom", como eram chamadas as tropas de assalto nazistas. O jovem Joseph Ratzinger testemunhou o pároco da Igreja local ser açoitado pelos nazistas antes da celebração da Missa.  Em 1941, um de seus primos foi levado e executado pela Aktion T4 (campanha de eugenia), pois o adolescente de 14 anos era portador da Síndrome de Down.

Em 1943, Joseph estava entre o grupo de seminaristas de Traunstein que foi convocado para as baterias da defesa aérea.  No primeiro semestre de 1945, quando os americanos chegaram finalmente à aldeia onde morava a família Ratzinger, sua casa foi escolhida como quartel-general. "Fui identificado como soldado, tive de vestir novamente o uniforme que já tinha posto de lado e me juntar, mãos ao alto, à turma cada vez maior de prisioneiros de guerra que já estava em nosso gramado."  O futuro Papa tinha então 18 anos.  O grupo foi levado para um campo de prisioneiros e foi sendo libertado aos poucos.  Primeiro os agricultores, mais necessários, e, por último, os estudantes.  Em 19 de junho de 1945, Ratzinger recebeu o bilhete de dispensa e voltou para Traunstein. (Lembranças da Minha Vida, Joseph Ratzinger - Editora Paulinas).  Foi ordenado sacerdote em 29 de junho de 1951.
Diretora: Jessica Sanders
Roteiro: Jessica Sanders, baseado numa idéia de Márcio Pitliuk
Som: Toninho Muricy
Fotografia: Gustavo Hadba e Shana Hagan
Distribuidora: Europa Filmes

terça-feira, 16 de agosto de 2011

O Louco Amor de Yves Saint Laurent

L'Amour Fou
(2010) 100 min (Livre)

O costureiro Yves Saint Laurent (1936-2008) foi um apaixonado pela beleza e pela obra de Marcel Proust.  Quando viajava,YSL registrava-se nos hotéis sob o nome de Swann, personagem-chave do escritor francês  ('Em Busca do Tempo Perdido'). O documentário de Pierre Thoretton exibe imagens dos magníficos desfiles de alta costura, a última entrevista, depoimento do empresário Pierre Bergé e as casas onde morou o estilista, generosamente decoradas com valiosas obras de arte.  

A linha de condução do filme são os preparativos feitos para o leilão das 733 peças de arte do acervo acumulado por Saint-Laurent e seu companheiro Pierre Bergé, um ano após a morte do costureiro.  Os dois se conheceram em 1958, no funeral de Christian Dior, e fizeram uma parceria de negócios eficiente e duradoura.  O relacionamento afetivo  terminou em 1976.

Tímido, depressivo, artesão da elegância e do bom gosto, Yves Henri Donat Mathieu Saint-Laurent criou vestidos que embelezaram a silhueta feminina.  É sua a frase: “Nada é mais belo do que um corpo nu. A roupa mais bela que pode vestir uma mulher são os braços do homem que ela ama. Mas, para aquelas que não tiveram a sorte de encontrar esta felicidade, eu estou lá.” (Wikipedia) O mestre da alta-costura foi responsável pela popularização do Prêt-à-Porter, moda de bom gosto a preços mais acessíveis. Emocionalmente frágil, teve problemas com álcool e drogas.  Só se sentia feliz duas vezes por ano, quando era aplaudido de pé pelo público presente, ao final dos desfiles de Inverno e Verão.  O documentário é imprescindível aos interessados por Moda.

O leilão de 3 dias da Christie's, no Grand Palais, rendeu 370 milhões de euros.  Pierre Bergé acreditava que, se fosse ele a morrer primeiro, Yves não teria se desfeito das obras-de-arte, pois não poderia viver sem contemplar os quadros de Matisse, Mondrian, Picasso, entre outras peças da monumental coleção.

Diretor: Pierre Thoretton
Musica: Côme Aguiar
Fotografia: Léo Hinstin
Aparecem no documentário: Yves Saint-Laurent, Pierre Bergé, Betty Catroux, Loulou de la Falaise, Jack Lang, Catherine Deneuve, Laetitia Casta
Distribuidora: Serendip Filmes

Não Me Abandone Jamais

Never Let Me Go * *
(2010) 103 min (12 anos)

O que não sei ao certo é se nossas vidas foram tão diferentes das vidas das pessoas que salvamos. Todos morremos. Talvez nenhum de nós compreenda o que vivemos ou sinta que tivemos tempo suficiente.


Kathy H, Ruth e Tommy cresceram num internato inglês, como tantas outras crianças sem pais.  Tranquílos, bem comportados, os meninos e meninas produzidos geneticamente levam uma vida saudável, assistem às aulas, criam desenhos para a galeria de Madame e brincam juntos no jardim de Hailsham, sem jamais se afastar dos limites da propriedade. Com alegre expectativa, os internos aguardam a chegada das caixas cheias de brinquedos e objetos descartados por outras pessoas.  Mas, para as crianças da instituição dirigida por Miss Emily, são tesouros cobiçados.

Desde cedo, a introspectiva Kathy sentiu-se atraída por Tommy, mas foi Ruth quem começou a namorá-lo na adolescência.  Quando mais tarde são transferidos para os alojamentos, Kathy se inscreve para o treinamento como assistente de doadores de órgãos, uma tarefa da qual se orgulha e que a leva por vários cantos do país, afastando-a da convivência com os amigos.

"Não Me Abandone Jamais" cria uma realidade alternativa, mostrando que, em 1967, a ciência evoluiu ao ponto de elevar a expectativa de vida humana além dos 100 anos.  Em termos éticos, o custo tornou-se exorbitante, sacrificando o conceito de humanidade.  De maneira semelhante, em nossa história recente, escravos, mulheres e crianças foram considerados criaturas incompletas ou inferiores, propriedade de patrões, maridos e pais. Os nazistas se sentiam tão superiores aos demais que usaram prisioneiros judeus como cobaias em experimentos científicos.  Seremos agora mais razoáveis, sensíveis e conscientes?  Só assim os fatos dessa história sinistra jamais se tornarão reais, e esse será apenas mais um filme de ficção científica.

Houve um cuidado especial em escolher crianças que se parecessem com os protagonistas adultos.  Ensaiaram sempre juntos para acentuar a continuidade. Carey Mulligan, Andrew Garfield e Keira Knightley ajudaram seus colegas mais jovens com sugestões na atuação.  O elenco é um dos pontos fortes do filme, assim como a trilha sonora.  Fotografia e cenários criam um visual sóbrio, antigo, suave.  As gravações foram feitas na Escócia e Inglaterra.

Diretor: Mark Romanek
Roteiro: Alex Garland, baseado em romance de Kazuo Ishiguro
Musica: Rachel Portman
Fotografia: Adam Kimmel
Elenco: Carey Mulligan, Andrew Garfield, Keira Knightley, Isobel Meikle-Small, Charlie Rowe, Ella Purnell, Sally Hawkins, Charlotte Rampling, Nathalie Richard
Distribuidora: Fox Video 

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Caminho da Liberdade

The Way Back *
(2010) 132 min (14 anos)

Russia - Durante a Segunda Guerra Mundial, o oficial polonês Janusz é interrogado pela polícia secreta stalinista. Quando os russos não conseguem forçá-lo a assinar uma confissão, obtêm de sua esposa um depoimento, sob tortura, incriminando Janusz.  O bondoso oficial é condenado a passar 20 anos numa prisão na Sibéria.   Como outros poloneses, Janusz prefere a morte à perda de sua liberdade.  Junto a outros 6 prisioneiros, foge do Gulag soviético em meio à forte nevasca, perigosa mas propícia para encobrir seus rastros.  Assim começa a marcha de 6.437 quilômetros através da floresta coberta de neve e das areias do deserto de Gobi, cruzando os Himalaias até chegar à Índia.

As paisagens são belíssimas.  O filme foi gravado na Bulgária, na Índia e no Marrocos.  Há alguns bons momentos, especialmente aqueles em que a tela é iluminada pelos tristes olhos azuis de Saoirse Ronan.  O tema da persistente e corajosa luta pela liberdade sempre apaixona, mas falta algo surpreendente a essa obra do diretor australiano Peter Weir (O Show de Truman, Sociedade dos Poetas Mortos, Mestre dos Mares).  Ainda assim, prende a atenção até o fim, sem favorecer cochilos.

Curiosidade:
* Saoirse Ronan completou 16 anos no set de filmagem.

* O livro de Slavomir Rawicz vendeu mais de 500.000 cópias.  O escritor dizia ter se inspirado em sua própria experiência de fuga do Gulag siberiano.  Contudo, parece que ele não fugiu, mas foi libertado em 1942. 

Diretor: Peter Weir
Roteiro: Keith R. Clarke, Peter Weir, inspirado no livro de Slavomir Rawicz, "The Long Walk: The True Story of a Trek to Freedom"
Musica: Burkhard Dallwitz
Fotografia: Russell Boyd
Elenco: Jim Sturgess, Ed Harris, Saoirse Ronan, Colin Farrell, Gustaf Skarsgaard, Mark Strong, Dragos Bucur
Distribuidora: California Filmes

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Reflexos do Passado

Metroland *
(1997) 101 min (16 anos)

Inglaterra - Na década de 60, os jovens amigos Toni e Chris sonham partir de Metroland, subúrbio de Londres, e deixar para trás a vida burguesa, que eles desprezam.  Toni passeia pelo mundo e Chris Lloyd instala-se em Paris, onde tenta sobreviver como fotógrafo, ajudando num bar nos finais de semana.  É aí que ele vive sua primeira experiência amorosa com a alegre Annick.  Dez anos depois, Chris está de volta a Metroland, casado com a inglesa Marion, tem uma filha pequena e trabalha num escritório.  Anda inquieto e está começando a lembrar do seu romance do passado e a imaginar o que teria acontecido se tivesse permanecido em Paris.  Nesse momento, o agitado Toni reaparece, depois de passar pela América, África e Ásia.  O amigo de infância questiona Chris sobre seu estilo de vida, tão diferente dos sonhos da adolescência, e procura carregá-lo em suas aventuras pelo mundo.

Outro caso de marido imaturo, tentado pela imaginação, arriscando seu casamento com uma bela mulher, carinhosa, dedicada, inteligente e sensata.  Pura coincidência ver em dias seguidos filmes com esse tema.  Tanto em 'Reflexos do Passado' como em 'Rumo à Felicidade', o roteiro faz questão de mostrar características insatisfatórias da personalidade das 'outras'.  Pela expressão de Chris Lloyd, percebe-se que ele começava a se cansar da namorada francesa sexy e simplória, que limpava a boca nos cabelos, depois de comer.  Mas, no presente, esse detalhe fica temporariamente esquecido.  

A trilha sonora é deliciosa, embora, como sempre, só consigo prestar atenção à primeira e à última música.  No caso, "Sultans Of Swing", de Mark Knopfler, interpretada por Dire Straits, e "Alison", de Elvis Costello, interpretada por ele mesmo.  No meio, "Tout Les Garçons et Les Filles", com François Hardy.  No mais, um filme correto, com um ótimo elenco.

Diretor: Philip Saville
Roteiro: Adrian Hodges, baseado no livro de Julian Barnes
Musica: Mark Knopfler
Fotografia: Jean-François Robin
Elenco: Christian Bale, Emily Watson, Lee Ross, Elsa Zylberstein, John Wood
Distribuidora: Flashstar

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Rumo à Felicidade

Till Gladje * *
(1950) 99 min (14 anos) Preto e Branco

'Falo de uma felicidade tão grande, tão especial, que está além da dor e do desespero ilimitado. É uma felicidade além de toda a compreensão.'

Suécia - Stig Eriksson é violinista na orquestra sueca dirigida pelo maestro Sönderby.  Durante um ensaio Stig é informado de que sua esposa Martha morreu num acidente com o fogão de querosene.  A filha do casal queimou-se na explosão mas está fora de perigo.  A memória do músico volta dez anos, quando ele e Martha se conheceram, como os mais novos violinistas da companhia.

Martha era linda, suave e gentil, queria casar e formar família.  Para ela, os momentos de calma rotina doméstica eram os mais felizes.  Stig tinha uma personalidade torturada, ambiciosa, queria ser o solista da orquestra, não se conformava em ser um músico mediano.  A doce convivência familiar não lhe bastava, queria mais.

Dificilmente filmes escandinavos que tenham no título as palavras "felicidade" e "festa" oferecem ao espectador uma calorosa sensação de bem estar.  Costumam lidar com a solidão e os conflitos familiares.  Parecem criados para nos provar que as alegrias neste mundo são inatingíveis; mais certa é a tristeza, pois somos vítimas e artífices de nossas escolhas cegas.  'Rumo à Felicidade' não é diferente; a angústia de Stig o conduz à infidelidade e provoca a separação do casal.  É mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um egoísta espalhar felicidade nessa terra.  Bergman exorcizava em seus filmes a educação excessivamente severa e os conflitos entre seus pais.

Dos 5 filmes antigos de diretores clássicos que assisti essa semana, 'Rumo à Felicidade' foi meu favorito.  Gostei imensamente da história, da beleza das imagens, da economia de palavras, da música, dos sentimentos intensos e tão humanos.  Imagino que, no final da vida, depois de vários relacionamentos e 9 filhos, Bergman tenha descoberto as doçuras da tolerância e do convívio familiar. Só assim seria possível ter concebido o ambiente aconchegante e as cenas felizes da festa de Natal na casa da avó Helena Ekdahl, em 'Fanny and Alexander'.  Mas a mansidão de Martha, esposa de Stig, já é o prenúncio de uma possível felicidade doméstica.  Só é capaz de sentir-se feliz, mesmo na adversidade, o coração generoso que se abre aos outros e ao mundo.

Diretor: Ingmar Bergman
Roteiro: Ingmar Bergman
Musica: Sam Samsom, além de sinfonias de Mozart, Mendelssohn, Beethoven
Fotografia: Gunnar Fischer
Elenco: Maj-Britt Nilsson, Stig Olin, Victor Sjömström, Birger Malmsten, John Ekman, Margit Carlqvist
Distribuidora: Versátil Home Video

sábado, 6 de agosto de 2011

Evil - Raízes do Mal

Ondskan *
(2003) 109 min (16 anos)

Suécia, década de 50 - Erik Ponti mora com a mãe e o padrasto, uma das criaturas mais detestáveis que já vi interpretadas no cinema.  Por qualquer deslize, o jovem costuma ser espancado pelo homem que deveria protegê-lo como pai substituto.  Nessas horas, sem saber o que fazer, a mãe de Erik senta-se ao piano e dedilha alguma composição.  O adolescente desconta sua fúria em lutas no colégio.  Depois de machucar severamente um dos colegas, Erik é expulso da escola e impedido de frequentar outro estabelecimento público no espaço de um ano.  Sua mãe vende um quadro e outros objetos e paga 1 ano de mensalidades em Stjärnberg, um colégio particular de prestígio. 

Em Stjärnberg a disciplina é mantida pelos alunos mais velhos, chefiados pelo arrogante e sádico Otto Silverhielm, sem maiores controles por parte da direção ou dos professores.  Erik torna-se colega de quarto de Pierre Tanguy, o melhor aluno da escola, e o primeiro a lhe falar sobre o líder indiano Mahatma Gandhi e a resistência sem uso da violência.  Decidido a mudar seu comportamento e aproveitar essa última oportunidade, Erik enfrenta novas humilhações e injustiças.  Deverá denunciar as arbitrariedades, submeter-se ou revidar e ser expulso?  Nenhuma das opções acima parece aceitável.

Faltavam 15 minutos para o final do filme quando precisei interromper a sessão.  Ainda não conseguia vislumbrar qualquer solução para os problemas do encrenqueiro sueco.  Mas queria 'Vendetta', revanche completa, vingança sangrenta ou refinada, tanto fazia.  Logo eu, admiradora de Martin Luther King e Mahatma Gandhi, seguidora de Cristo, que deu a outra face!  São tantas as contradições do coração humano.  Indicado para o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2004.

Curiosidades:
* 'Evil - Raízes do Mal' é baseado no romance do escritor e jornalista Jan Guillou, que inspirou-se em suas próprias experiências de adolescente.

* No início do filme, quando Erik entra no trem, ele vê uma menina com uma boneca.  A menina é Emma Håfström, filha do diretor Mikael Håfström.

Diretor: Mikael Håfström
Roteiro: Hans Gunnarsson, Mikael Håfström, baseado no livro de Jan Guillou
Musica: Francis Shaw
Fotografia: Peter Mokrosinski
Elenco: Andreas Wilson, Henrik Lundström, Gustaf Skarsgärd, Linda Zilliacus, Jesper Salén, Fredrik af Trampe, Johan Rabaeus, Marie Richardson
Distribuidora: VideoFilmes

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Sexo sem Compromisso

No Strings Attached
(2011) 108 min (14 anos)

EUA - Adam conhece Emma num acampamento de verão para adolescentes.  Em certo momento os dois se afastam do grupo, por motivos diferentes.  Ela prefere mesmo a solidão, enquanto ele está triste porque seus pais estão se divorciando.  Emma quer ser solidária, mas não é uma dessas pessoas que saiba demonstrar afeto.

Quinze anos depois Adam e Emma tornam a se encontrar.  Ela está completando a residência em enfermagem num hospital de Los Angeles e ele é assistente de produção de um show musical para adolescentes.  Adam acaba de descobrir que seu pai está tendo um caso com Vanessa, sua última ex-namorada.  No bar em que está bebendo com amigos, começa a telefonar para todos os contatos femininos do seu celular.  Neste momento Emma reaparece em sua vida.  É ela quem sugere fazer sexo sem formar vínculos.  Será possível ter frequentes contatos íntimos com alguém e não se envolver?

As muitas críticas desfavoráveis a 'Sexo Sem Compromisso' não assustam os verdadeiros fãs de Natalie Portman.  Um ator precisa trabalhar e filmes excelentes são menos numerosos do que todos gostaríamos.  Mesmo quando nossos artistas favoritos atuam em produções medianas, queremos dar uma conferida; faz parte das obrigações de um legítimo fã. Os primeiros comentários animadores vieram de meu filho mais velho, outro admirador de Natalie: "Gostei mais do que imaginava."  Depois, descobri que a primogênita e a caçula também apreciaram.  O roteiro simpático de Elizabeth Meriwether e as cenas de dança no colorido estúdio de TV devem ter colaborado para isso.  Kevin Kline está ótimo como o pai de Adam e Portman exibe a competência de sempre.  

Curiosidades:
* O próprio Kevin Kline compôs a música que canta ao piano no aniversário do filho.  A roteirista evitou usar a canção "Happy Birthday to You" porque aprendeu num curso de roteiro da faculdade que sai caro comprar seus direitos de reprodução.

* O diretor Ivan Reitman faz uma breve aparição como diretor do show em que Adam trabalha na TV.

* Cary Elwes, o Westley de 'Princesa Prometida' (The Princess Bride), interpreta o Dr. Metzner.

Diretor: Ivan Reitman
Roteiro: Elizabeth Meriwether, baseado numa história de Mike Samonek e Elizabeth Meriwether
Musica: John Debney
Fotografia: Rogier Stoffers
Elenco: Natalie Portman, Ashton Kutcher, Kevin Kline, Cary Elwes, Greta Gerwig, Lake Bell, Olivia Thirlby, Ludacris, Jake M. Johnson, Mindy Kaling, Talia Balsam, Ophelia Lovibond, Adhir Kalyan, Guy Branum
Distribuidora: Paramount

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Corações em Conflito

Mammoth *
(2009) 120 min (14 anos)

EUA - Ellen Vidales trabalha como cirurgiã-geral na emergência de um hospital de Nova Iorque.  A médica e o marido Leo têm uma filha de 7 anos.  Quando não está na escola, Jackie é acompanhada pela babá Glória que, por sua vez, deixou os 2 filhos aos cuidados de sua mãe, em Luzon, nas Filipinas.  Gloria está trabalhando para construir uma boa casa onde possa morar com os meninos.  

Os Vidales se amam, têm saúde e tudo o mais que o dinheiro possa comprar, pois Leo ganha muito bem com um site de jogos na internet.  Ainda assim, Ellen trabalha demais, dorme de menos e percebe que Jackie prefere a companhia da babá à sua.  Enquanto Leo viaja para a Tailândia, onde assinará um contrato milionário, a médica tentará salvar a vida de um menino que foi esfaqueado pela mãe.  Ao mesmo tempo, os filhos de Glória sentem sua falta e querem que ela volte para casa.

Que presente se dá para quem tem tudo?  Leo ganha do sócio uma caneta decorada com marfim, retirado das presas de um mamute congelado.  O valioso presente é a essência do supérfluo, do hiper-luxo, símbolo de um estilo de vida excessivo, perdulário.  Os mamutes eram caçados pela carne, ossos, couro e foram extintos há 12.000 anos.  De certa maneira, a caneta decorada com o marfim do mamute simboliza nossas escolhas impensadas e consumismo, que provocam desequilíbrio na sociedade humana e no planeta.  

Os pais brincam com a filha, mas é a babá Glória quem ouve, dá atenção e seu tempo a Jackie, levando-a para assistir a Missa dos filipinos na Igreja, onde as pessoas se saúdam e comem juntas depois da cerimônia.  Especialmente para uma filha única, essa vida comunitária atrai.  Segundo o crítico Roger Ebert, 'mammoth' é também a palavra para 'mãe' em Tagalog, a língua falada nas Filipinas.  

'Corações em Conflito' é um filme interessante, com belos desempenhos e fotografia agradável.  Michelle Williams interpretava Ellen Vidales, quando recebeu a notícia da morte de Heath Ledger, pai de sua filha Matilda.  Sismei que o sofrimento da personagem na tela refletia muito de sua dor real.  O filme concorreu ao Urso de Ouro no Festival de Berlim em 2009.

Diretor: Lukas Moodysson
Roteiro: Lukas Moodysson
Musica: Linus Gierta, Erik Holmquist, Jesper Kurlandsky
Fotografia: Marcel Zyskind
Elenco: Michelle Williams, Gael Garcíal Bernal, Marife Necesito, Sophie Nyweide, Tom McCarthy, Run Srinikornchot, Maria Esmeralda del Carmen, Martin de los Santos, Jan David G. Nicdao, Doña Croll, Perry Dizon
Distribuidora: California Filmes

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Burlesque

Burlesque
(2010) 119 min (12 anos)

EUA - A loura Ali deixa para trás o trabalho na lanchonete da pequena cidade em que mora e parte para Los Angeles. Sem família ou amigos, sonha ganhar a vida com sua bela voz.  Depois de ser rejeitada em várias entrevistas, a garçonete é atraída pelo letreiro de uma casa noturna glamurosa e quase falida.  O "Burlesque Lounge" já viu melhores dias e só não fechou pela tenacidade da proprietária Tess, artista aposentada.  A jovem do interior fica impressionada com o ensaio das dançarinas e quer uma chance de se apresentar no palco.  O máximo que consegue é uma bandeja e o posto de garçonete.  Com a ajuda do barman Jack, Ali aceita o trabalho enquanto aguarda uma oportunidade.

Além de cantar e dançar, Ali sabe ouvir, interessa-se pelos outros e seus problemas, é sincera, bem-intencionada. Com tantos atributos notáveis, garante a torcida pela sua causa.  Embora não possa se comparar a "Cabaret", o filme de Steven Antin diverte e - como adoro o gênero - incluí no By Star, sob protesto de meu filho mais velho, que achou "Burlesque" mera promoção de Christina Aguilera.

Diretor: Steven Antin
Roteiro: Steven Antin & Susannah Grant
Musica: Christophe Beck
Fotografia: Bojan Bazelli
Elenco: Cher, Christina Aguilera, Stanley Tucci, Eric Dane, Peter Gallagher, Kristen Bell
Distribuidora: Sony

*** excelente
** ótimo
* bom

Sem Asterisco - interessante

Sucker Punch - Mundo Surreal

Sucker Punch
(2011) 109 min (14 anos)

'Nascida a partir da visão criativa do diretor Zack Snyder (300, Watchmen), esta fantasia épica de ação apresenta a imaginação fértil da jovem Baby Doll, cujos sonhos são a única saída para a difícil realidade da vida num hospício. Internada após a morte de sua mãe para que o padrasto pudesse se apossar da herança, Baby Doll procura escapar antes de sofrer uma lobotomia. 

Para sobreviver ela terá que reunir alguns elementos, além de resolver um mistério. Quatro internas unem-se a Baby Doll nesta missão: Rocket, Blondie, Amber e Sweet Pea.  Pela primeira vez as garotas têm esperança de se libertar das autoridades inescrupulosas da instituição'. (adaptado da capa do DVD)

Os destaques de 'Sucker Punch' são o visual caprichado e uma trilha sonora vibrante, mas as melhores cenas de ação ocorrem logo no início.  Lá pelo meio dei algumas cochiladas. 

Diretor: Zack Snyder
Roteiro: Zack Snyder & Steve Shibuya
Musica: Tyler Bates, Marius De Vries
Fotografia: Larry Fong
Elenco: Emily Browning, Abbie Cornish, Jena Malone, Vanessa Hudgens, Jamie Chung, Carla Gugino, Oscar Isaac, Scott Glenn, Jon Hamm, Gerard Plunkett, Malcom Scott
Ditribuidora: Warner
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