(2011) 93 min (12 anos)
França - Marcel Marx ganha uns tostões como engraxate na cidade portuária de Le Havre, onde mora numa casinha modesta e arrumada pela esposa estrangeira Arletty. Na volta do trabalho, o idoso passa em frente à porta aberta da padaria e pega furtivamente uma baguete. Por isso não é de se estranhar que, avistando Marcel, o merceeiro do bairro logo tente cerrar a porta de sua loja, já que o engraxate é bom de conversa e ruim de pagamento.
Enquanto Arletty esquenta o jantar, Marcel toma uma bebida com os conhecidos no bar da loura Claire. Isso resume sua rotina diária de trabalho e pequenos prazeres, até o dia em que o africano Idrissa surge em seu caminho. O menino, clandestino do Gabão, chegou ao porto num container que devia desembarcar em Londres e, desde então, está sendo procurado pela polícia. O velho francês, casado com uma bondosa imigrante, se sensibiliza com a sorte do africano, assim como seus vizinhos de bairro. Mas entre os moradores do Le Havre há um coração empedernido que não hesita em fazer uma denúncia. Idrissa corre o risco de se juntar aos outros clandestinos que viajaram com ele. Arletty adoece, fica hospitalizada, e não quer que os médicos revelem ao marido a gravidade de seu estado. A felicidade de Marx está por um fio.
O Porto é um conto delicioso sobre esperança, compaixão e solidariedade entre os desprovidos de fortuna, envolvendo personagens muito humanos. Como pode ter saído da mesma cabeça que concebeu A Garota da Fábrica de Caixas de Fósforo? Minha admiração pelo finlandês Aki Kaurismäki só fazia crescer, enquanto as cenas se sucediam como pinceladas leves numa aquarela marinha. Elenco digno, fotografia expressiva e um toque extra de poesia quando a câmera fecha numa cerejeira em flor. Filme para exercitar a sensibilidade.
Curiosidade:
* Kati Outinen interpreta Arletty e foi Iiris, a garota da fábrica de caixas-de-fósforo, assim como Elina Salo agora interpreta Claire, a proprietária do bar, e foi a mãe de Iiris, no filme "A Garota da Fábrica de Caixas-de-Fósforo" (1990).
Diretor: Aki Kaurismäki
Roteiro: Aki Kaurismäki
Musica: o roqueiro Roberto Piazza, conhecido como Little Bob, se apresenta com uma música inteira
Fotografia: Timo Salminen
Elenco: André Wilms, Kati Outinen, Blondin Miguel, Jean-Pierre Darroussin, Evelyne Didi, Quoc Dung Nguyen, François Monniè, Roberto Piazza, Elina Salo, Pierre Étaix, Jean-Pierre Léaud, Myriam Piazza, Laika
Distribuidora: Imovision
2 comentários:
Gosto muito desse filme também, poucos são os cineastas que conseguem trazer uma mensagem tão otimista, sem soar piegas ou forçado. Sem falar nesse estilo seco do diretor que esconde muito carinho por seus personagens.
Rafael, como só assisti A Garota da Fábrica de Caixas-de-Fósforo, não sabia desse lado otimista do Kaurismäki. Mas adorei seu estilo seco para revelar um mundo de sentimentos tão humanos e generosos.
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