(2013) 91 min (16 anos)
EUA - Linda Sinclair já passou dos 40 anos e pouco mudou desde pequena. Ainda garota, preferia viver nos clássicos da literatura a brincar com outras crianças. "Mulherzinhas" e "O Morro dos Ventos Uivantes" encheram de emoção sua infância tranquila. Já adulta, as tentativas de encontrar um amor romântico deixaram a desejar, geralmente pelas qualidades insuficientes dos candidatos.
Como professora de inglês da Escola de Kingston, Pensilvânia, Linda procura incutir o amor aos livros em suas turmas do ensino médio. Rodeada pelos retratos de Jane Austen, Walt Whitman, Mark Twain, Nathaniel Hawthorne, Harriet Beecher Stowe, a professora de inglês incentiva os alunos e é adorada por eles. Sua vida tranquila será revolucionada pelo estranho encontro com um de seus mais promissores ex-alunos. Jason Sherwood acaba de retornar de Nova Iorque, depois de uma curta e frustrada carreira como escritor. Depois de ler a peça "A Crisálida", escrita por Jason, Linda convence o professor de teatro a produzi-la. Um turbilhão de emoções reais toma conta da leitora apaixonada que arrisca tudo pela primeira vez.
Se Jason e os candidatos a namorados de Linda não eram perfeitos, ela certamente também não era. Suas atitudes equivocadas e, às vezes, nada éticas, dão origem à maioria dos problemas surgidos na trama. O que mais me atraiu em "Adorável Professora", além da presença de Julianne Moore, Greg Kinnear e Nathan Lane? A possibilidade de refletir sobre o "final feliz", amado pelo público e abominado por alguns críticos rabugentos. Recentemente li um capítulo de "A Esperança no Cinema", monografia ainda não apresentada por aluna do mestrado de Comunicação da PUC-RJ. Ali encontrei uma citação encantadora: "O final feliz do conto de fadas, do mito e da divina comédia do espírito deve ser lido, não como uma contradição, mas como a transcendência da tragédia universal do homem. O mundo objetivo permanece o que era; mas, graças a uma mudança de ênfase que se processa no interior do sujeito, é encarado como se tivesse sofrido uma transformação". (Campbell, 1989, p.34)
Ainda que se trate de um filme trágico, se a câmera continua o registro para além do final dramático, a ação pode se deter num momento de ternura ou beleza, que nos reconcilia com a vida, mesmo se mantem todo o sofrimento do desfecho. Foi a acertada escolha do cineasta Siddiq Barmak para encerrar a história da pequena "Osama" (2003). Depois de ser proibida de estudar, a menina afegã é obrigada a casar-se com um velho mulá para escapar do apedrejamento. Consumada a união, o idoso entra num enorme caldeirão escuro para banhar-se. A água transborda e cai sobre o fogo, provocando um vapor que sobe lentamente em direção ao céu. Afastados da tragédia de Osama, nosso olhar contempla brevemente a natureza, conforto de todos os humanos - às vezes o único alento dos mais miseráveis. Foi isso que me veio à mente depois de assistir à "Adorável Professora".
Diretor: Craig Zisk
Roteiro: Dan Chariton e Stacy Chariton
Musica: Rob Simonsen
Fotografia: Vanja Cernjul
Elenco: Julianne Moore, Michael Angarano, Greg Kinnear, Lily Collins, Nathan Lane, Norbert Leo Butz, Jessica Hecht, Charlie Saxton, Nikki Blonsky, Sophie Curtis
Distribuidora: California Filmes
*** excelente
** ótimo
* bom
Sem Asterisco - interessante
Um comentário:
Olá Stella Daudt.(45)
Sistematizava e fazia de tudo em enredo que dominava como professora e conhecedora de leitura,né?Muita energia sem vazão ali nesse corpo.Se bem,que as opções a aparecer no campo romântico não eram tão atrativas...
Foi-me interessante a fotografia com tudo arrumadinho em seu lugar e os tons do outono -motivo da imagem a terminar a postagem do post,eu suponho- e monocromias.E também me foi interessante ir descobrindo porque a censura é de 16 anos por
motivos das éticas dos personagens em mais partes.
E quanto ao final feliz,perguntas como "Tem de falar do que conhece?","O texto autoral tende a ser mais rico?","O artista
tem de fazer o 'bem convencional' ao publico?" me chegaram. ** SPOILERS ** A cada vez que alguém adapta uma obra se usa + ou - o "Quem conta um conto,aumenta um ponto".Se numa escola é assim,como será em Hollywood?(risos) ** FIM DE SPOILERS**
É um filme "um tanto honesto" consigo mesmo,né? ^^
Tchau.(45)
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