(2007) 163 min (Livre)
"Condena a violência; venha de onde vier"
Chile, Sábado, 5 de Outubro de 1974 - Nos subúrbios de Santiago, a grávida Carmen Castillo é ferida e seu companheiro Miguel Enriquez, secretário Geral do MIR (Movimento da Esquerda Revolucionária), é morto em combate. Assim começa a jornada pelas memórias dos vencidos na batalha contra a ditadura de Pinochet. Carmen e Miguel viveram 10 meses de felicidade com as filhas Camila e Javiera , na Rua Santa Fé, 725.
Depois da morte de Miguel, Carmen perdeu o bebê, foi exilada e encontrou refúgio com amigos, em Paris. Neste seu documentário, feito após a volta da democracia (1990), os companheiros que desapareceram, e os que sobreviveram, são retratados, numa costura perfeita entre a vida de ontem e de hoje no Chile. Destaca-se o ambiente de fraternidade entre todos, o sentimento de pertencer e querer realizar algo pelo país.
Entre os testemunhos dos militantes , há os que não se arrependem de nada, os que lamentam a militarização do MIR, achando que não valeu a vida dos que se foram, e a constatação de que foi duro para os filhos dos combatentes, que se sentiram abandonados, relegados ao 2º plano, embora admirassem os pais revolucionáros.
Um filme muito humano e lindo, que convida à reflexão. Abusos de poder e injustiça devem ser combatidos, mas sempre dentro do respeito à vida dos homens e mulheres. Gandhi e Martin Luther King deixaram bons exemplos de resistência e liderança. O sentimento de melhorar o mundo permanece vivo entre os jovens e encontra formas pacíficas de expressão, através da arte, do voluntariado, da pressão de manifestantes através da mídia, por exemplo. Parece haver mais liberdade neste século do que em anteriores. Mas a miséria absurda, sobretudo na África, e os surtos de paternalismo, em países não-desenvolvidos, permanecem, ofuscando a obrigação dos governos de garantir condições dignas de saúde e educação, para todos.
"Rua Santa Fé" pode ser um tanto longo para os que não se interessam por história ou política. Belas músicas e fotografia.
Diretora: Carmen Castillo
Som e Mixagem: Jean-Jacques Quinet
Música: Juan Carlos Zagal
Montagem: Eva Feigeles-Aimé
Fotografia: Ned Burgess
2 comentários:
Houve ligação do MIR com o PT em 1989; segundo noticiário da época foram descobertas num diretório do PT camisas com a sigla do MIR num diretório do PT,um dos fatores que levou o candidato Lula a perder.O filme tem, pois, interesse para a nossa história, e de repúdio à violência.
Nem me lembrava disso... Obrigada pela informação,
s.
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