(2013) 96 min (12 anos)
"É primavera, sutis véus de neblina
circundam a montanha sem nome.
É minha essa figura de costas que caminha na chuva?"
Italia - Enrico Oliveri é senador de esquerda e secretário do principal partido de oposição ao governo da Italia. Como se não bastasse estar em baixa nas pesquisas eleitorais, Enrico é violentamente confrontado por uma professora de ensino médio durante um congresso do partido. Sem avisar seu braço direito, Andrea Bottini, o político parte durante a noite para se refugiar na casa de Danielle, uma amiga de infância, casada agora com o famoso cineasta Mung. O casal mora em Paris. Bottini telefona para a esposa de Oliveri, mas ela estava viajando e desconhece seu paradeiro. A última cartada do fiel assessor é ir no encalço de Giovanni Ernani, o irmão gêmeo de Enrico, um brilhante professor de filosofia, que acabou de sair de uma clínica psiquiátrica. O imprevisível gêmeo adora dançar e escreveu "A Ilusão de Viver".
Giovanni não sabe do irmão, mas aceita o desafio de substituí-lo em suas obrigações partidárias. Com as roupas e os óculos de Enrico, o professor toma o carro com motorista e vai ao encontro do público. Depois de jogar fora o rascunho de um discurso preparado de antemão para ele, Ernani é a cópia perfeita de Enrico, mas traz no rosto um sorriso maroto e surpreende a todos com citações poéticas, perguntas diretas e corajosas confissões de erro. Entre outras de suas contribuições valiosas está a rejeição de alianças partidárias banais, em prol de uma aliança com a consciência das pessoas. A esperança renasce nos eleitores italianos e ele dispara nas intenções de voto.
Enquanto isso, na França, Enrico deixou para trás os cabelos pintados, a burocracia e o distanciamento de toda gente. Dono de si, de volta à vida real, ele prepara um omelete, é capaz de conversar com uma criança e servir de ajudante de contra-regra num set de filmagem. Político e professor convergem numa mesma direção.
"Viva a Liberdade" traz o fantástico Toni Servillo ("A Grande Beleza") no duplo papel de Enrico-Ernani. Toni tem novamente a chance de colocar em uso sua simpatia e contagiante habilidade de dançarino. O filme é leve e empolgante, sobretudo quando nos traz a imagem do que gostaríamos de ver em nossos políticos: a sinceridade e o espírito publico. "Para derrotar esse governo, o pior da nossa história, é lícito aliar-se até com o diabo?" (...) "O consenso é coisa séria. Não tem nada a ver com alianças. A única aliança possível hoje é com a consciência das pessoas." Que maravilha seria resolvermos todos os nossos problemas com um haikai*, humor, musica e generosidade! "Viva a Liberdade" ganhou o David de Donatello pelo Melhor Roteiro e o prêmio de Melhor Ator Coadjuvante foi para Valerio Mastrandrea, no papel de Andrea Bottini. Os sites Eye for Film (em inglês) e My Movies (em italiano) trazem belas crítica ao filme.
Curiosidades
* O personagem do cineasta Mung, marido de Danielle, mostra para Enrico um filme de arquivo com um depoimento de Federico Fellini, no qual o diretor italiano protesta contra a velhacaria bárbara da censura que devorava o cinema. (Ver capítulo 6, aos 76 minutos).
"Felinni foi o artista que mais lutou para que a indecência não se tornasse um hábito." - conclui Mung.
* Haikai é uma forma poética de origem japonesa que valoriza a concisão e a objetividade. Os poemas têm três linhas e são populares desde o século XVI.(wikipedia)
Diretor: Roberto Andò
Roteiro: Roberto Andò e Angelo Pasquini, baseado no livro "Il Trono Vuoto", de Andò.
Musica: Marco Betta
Fotografia: Maurizio Calvese
Designer de Produção: Giovanni Carluccio
Elenco: Toni Servillo, Valerio Mastrandrea, Valeria Bruni Tedeschi, Michela Cescon, Anna Bonaiuto, Eric Nguyen, Judith Davis, Andrea Renzi, Gianrico Tedeschi, Massimo De Francovich, Renato Scarpa, Lucia Mascino, Giulia Ando, Stella Kent.Distribuidora: Paramount
*** excelente
** ótimo
* bom
Sem Asterisco - interessante
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