(2006) 132 min (12 anos - consumo de drogas lícitas, suicídio e insinuação sexual)
Berlim Oriental, 1984 - Cinco anos antes da Queda do Muro de Berlim, o governo socialista exerce uma vigilância cruel sobre 16 milhões de alemães através de sua polícia secreta. A Stasi é composta de 90.000 funcionários, auxiliados por milhares de informantes. O leal e meticuloso Capitão Gerd Wiesler oferece-se para vigiar o apartamento onde moram o reconhecido escritor Georg Dreymann e Christa Maria Sieland, popular artista de teatro. A obsessão do Ministro da Cultura pela atriz leva-o a exigir a condenação de Dreymann.
O que o impiedoso Wiesler não imaginava era interessar-se pela vida dos outros. Vivendo dias cinzentos no trabalho, em meio à burocracia, desconfiança e intimidação, jantando solitariamente num apartamento impessoal, sua vida é desprovida de ternura ou beleza. Durante as horas de observação, o agente testemunha o relacionamento amoroso de respeito e compreensão entre o casal e a camaradagem com os amigos. Entra em contato com um pensamento divergente do oficial, ouve as palavras poéticas de Brecht *, ou a "Appasionata", de Beethoven, enquanto sua frieza começa a derreter e ele descobre que há vida sob o gelo. A arte restitui-lhe a humanidade.
O personagem do escritor Georg Dreyman é um verdadeiro idealista. Não busca privilégios, crê sinceramente que o marxismo é benéfico para o povo alemão. Aos poucos vai percebendo a extensão do controle do estado sobre os indivíduos, testemunhando o desespero em que mergulham os artistas, impedidos de trabalhar por discordarem da voz oficial do partido. Ele é sensibilizado pela dor alheia. Mas isso só acontece porque, tal qual o agente HGW XX/7, Georg é um homem bom. Assim o prova a delicadeza com que trata Christa Maria Sieland, em todas as circunstâncias do seu relacionamento.
A cena final deixou muitos olhos marejados, e a respiração em suspenso. "A Vida dos Outros" venceu o Oscar de Melhor filme estrangeiro em 2007. A capa que ilustra a postagem é diferente da brasileira por ser mais expressiva, a meu ver. O ator Ulrich Mühe fez seu último papel no cinema como o Capitão Gerd Wiesler. Enquanto trabalhava neste filme já sabia que tinha pouco tempo de vida e faleceu em julho de 2007, aos 53 anos, na cidade de Walbech.
Diretor: Florian Henckel von Donnersmarck
Roteiro: Florian Henckel von Donnersmarck
Música: Stéphane Moucha, Gabriel Yared
Fotografia: Hagen Bogdanski
Elenco: Martina Gedeck, Ulrich Mühe, Sebastian Koch
Berlim Oriental, 1984 - Cinco anos antes da Queda do Muro de Berlim, o governo socialista exerce uma vigilância cruel sobre 16 milhões de alemães através de sua polícia secreta. A Stasi é composta de 90.000 funcionários, auxiliados por milhares de informantes. O leal e meticuloso Capitão Gerd Wiesler oferece-se para vigiar o apartamento onde moram o reconhecido escritor Georg Dreymann e Christa Maria Sieland, popular artista de teatro. A obsessão do Ministro da Cultura pela atriz leva-o a exigir a condenação de Dreymann.
O que o impiedoso Wiesler não imaginava era interessar-se pela vida dos outros. Vivendo dias cinzentos no trabalho, em meio à burocracia, desconfiança e intimidação, jantando solitariamente num apartamento impessoal, sua vida é desprovida de ternura ou beleza. Durante as horas de observação, o agente testemunha o relacionamento amoroso de respeito e compreensão entre o casal e a camaradagem com os amigos. Entra em contato com um pensamento divergente do oficial, ouve as palavras poéticas de Brecht *, ou a "Appasionata", de Beethoven, enquanto sua frieza começa a derreter e ele descobre que há vida sob o gelo. A arte restitui-lhe a humanidade.
O personagem do escritor Georg Dreyman é um verdadeiro idealista. Não busca privilégios, crê sinceramente que o marxismo é benéfico para o povo alemão. Aos poucos vai percebendo a extensão do controle do estado sobre os indivíduos, testemunhando o desespero em que mergulham os artistas, impedidos de trabalhar por discordarem da voz oficial do partido. Ele é sensibilizado pela dor alheia. Mas isso só acontece porque, tal qual o agente HGW XX/7, Georg é um homem bom. Assim o prova a delicadeza com que trata Christa Maria Sieland, em todas as circunstâncias do seu relacionamento.
A cena final deixou muitos olhos marejados, e a respiração em suspenso. "A Vida dos Outros" venceu o Oscar de Melhor filme estrangeiro em 2007. A capa que ilustra a postagem é diferente da brasileira por ser mais expressiva, a meu ver. O ator Ulrich Mühe fez seu último papel no cinema como o Capitão Gerd Wiesler. Enquanto trabalhava neste filme já sabia que tinha pouco tempo de vida e faleceu em julho de 2007, aos 53 anos, na cidade de Walbech.
* "Erinnerung an die Marie A" (versos de Brecht)
"An jenem Tag im blauen Mond September
Still unter einem jungen Pflaumenbaum
Da hielt ich sie, die stille bleiche Liebe
In meinem Arm wie einen holden Traum.
Und über uns im schönen Sommerhimmel
War eine Wolke, die ich lange sah
Sie war sehr weiß und ungeheuer oben
Und als ich aufsah, war sie nimmer da."
Lembrança de Marie A.
"Naquele dia de setembro, mês azul,
Em silêncio, sob a jovem ameixeira
Eu a abraçava, a amada, em silêncio
Pálida, a abraçava, como a um sonho bom.
E sobre nós no céu tão lindo do verão
Uma nuvem que por muito tempo olhei
Toda branca, tão tremendamente alta -
Olhei de novo, não estava mais lá."
Em silêncio, sob a jovem ameixeira
Eu a abraçava, a amada, em silêncio
Pálida, a abraçava, como a um sonho bom.
E sobre nós no céu tão lindo do verão
Uma nuvem que por muito tempo olhei
Toda branca, tão tremendamente alta -
Olhei de novo, não estava mais lá."
(tradução do gentil amigo CA)
Diretor: Florian Henckel von Donnersmarck
Música: Stéphane Moucha, Gabriel Yared
Fotografia: Hagen Bogdanski
Elenco: Martina Gedeck, Ulrich Mühe, Sebastian Koch
Versão inglesa completa dos versos de Brecht:
It was a day in that blue month September Silent beneath the plum trees' slender shade I held her there My love, so pale and silent As if she were a dream that must not fade Above us in the shining summer heaven There was a cloud my eyes dwelled long upon It was quite white and very high above us Then I looked up And found that it had gone And since that day, so many moons in silence Have swum across the sky and gone below The plum trees surely have been chopped for firewood And if you ask, how does that love seem now I must admit, I really can't remember And yet I know what you are trying to say But what her face was like, I know no longer I only know I kissed it on that day As for the kiss, I long ago forgot it But for the cloud that floated in the sky I know that still and shall forever know it It was quite white and moved in very high It may be that the plum trees still are blooming That woman's seventh child may now be there And yet that cloud had only bloomed for minutes When I looked up It vanished on the air
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