Flor do Deserto

Desert Flower *
(2009) 120 min (2009)

Inglaterra - A somali Waris Dirie morava em Londres há seis anos mas não dominava o idioma inglês. Trabalhando há anos como empregada na embaixada de seu país, não teve oportunidade de estudar. Ao perambular entre as araras de uma loja de departamento, conhece a vendedora Marilyn, que lhe garante um teto e sua amizade. O rosto lindo e o porte elegante da jovem africana chamam a atenção de Terry Donaldson, um famoso fotógrafo de moda.

Apesar das dificuldades da vida adulta, foi no passado que Waris viveu seu maior drama. Aos 5 anos sofreu mutilação genital para se tornar uma mulher 'decente', de acordo com a tradição da tribo nômade a qual pertencia. Sobreviveu ao bárbaro procedimento, executado sem qualquer cuidado de higiene, e vivia feliz junto do irmão, pastoreando o rebanho de cabras da família. Aos 13 anos foi vendida pelo pai para se tornar a 4ª esposa de um homem de 60 anos. A adolescente preferiu abandonar tudo e fugir através do deserto para pedir ajuda à avó materna, que morava em Mogadíscio, capital do país.

Kofi Anan nomeou a ex-modelo somali como embaixadora da ONU para fazer campanha pela erradicação da FGM (Mutilação Genital Feminina). Numa entrevista à Marie Claire, 'Waris disse que a circuncisão feminina continua sendo praticada na África, em alguns países árabes e em comunidades de imigrantes da Europa e dos Estados Unidos. Hoje, a OMS (Organização Mundial da Saúde) calcula que três milhões de meninas passem por isso a cada ano. “As coisas estão melhorando, mas não é o suficiente. O que me deixa doente é que os políticos do mundo não levam a questão a sério porque, no fim das contas, é um ‘problema de mulher’, algo relacionado à vagina. Muitos argumentam dizendo que ‘isso é religião’ ou ‘é a cultura dos outros’, quando na verdade é um crime. Especialmente quando ocorre com garotas pequenas que não podem se defender.'

'Flor do Deserto' é um filme emocionante, bem feito e importante para ajudar nesse processo de conscientização das pessoas contra um costume tão bárbaro. Não é razoável permitir que práticas cruéis se perpetuem por serem tradição. Só os hábitos que respeitam e valorizam a dignidade humana deveriam ser mantidos. Mas em alguns países, especialmente Sudão, Egito e Somália, as mulheres ainda são vistas como objeto e propriedade da família ou do marido. Isso não é normal e precisa acabar para que esse mundo se torne mais justo. O testemunho de Waris pode ser encontrado nessa página do Reader's Digest.

Quem quiser ajudar na Campanha pela Erradicação da Mutilação Genital Feminina pode divulgar informações sobre o cruel ritual e fazer doações à Desert Flower Foundation, fundação criada por Waris Dirie.



Curiosidade:
* Na verdade, Waris foi procurar a irmã que morava em Mogadishu, e não sua avó.

* Durante sua travessia pelo deserto, Waris ficou frente a frente com um leão. Imóvel, ela esperou o ataque. Mas ele apenas virou as costas e foi embora.

* waris significa 'flor do deserto', que suporta a seca e desabrocha na estação das chuvas.


Liya, Sherry e Waris

Diretora: Sherry Horman
Roteiro: Sherry Horman, baseado no livro de Waris Dirie
Musica: Martin Todsharow
Fotografia: Ken Kelsch
Elenco: Liya Kebede, Sally Hawkins, Timothy Spall, Juliet Stevenson, Craig Parkinson, Meera Syal, Soraya Omar-Scego
Distribuidora: Imovision