VIPs

VIPs
(2010) 95 min (12 anos)

Filho de um piloto de avião e uma cabelereira, Marcelo queria ser alguém na vida.  O pai morreu cedo, o jovem paranaense deixou a cidade em que nasceu e correu mundo, em múltiplas aventuras com 16 diferentes identidades. A vida real de Marcelo, ou Bizarro, Dumont, Carrera, Henrique Constantino, ou Juliano Silva, consegue ser mais fantástica do que o filme que a retrata.  De piloto do narcotráfico a herdeiro de companhia de aviação, o estelionatário fez de tudo um pouco.

Mas ele realmente chamou a atenção depois de passar 4 dias na Recifolia, como filho do dono da GOL, hospedado num hotel de luxo, aproveitando as mordomias de um camarote VIP, fazendo amizade com pessoas ricas e artistas globais. Sem pagar um tostão, fez gastos no valor de R$ 100.000,00 e chegou a ser entrevistado para o programa de televisão do Amaury Jr. Atualmente o camaleônico paranaense ainda está na cadeia, cumprindo pena por estelionato, falsidade ideológica, associação com o tráfico, apropriação indébita e uso indevido de farda e insígnia.

Marcelo Nascimento da Rocha

Marcelo Nascimento da Rocha ficou aborrecido por não ter sido procurado pela produção de 'VIPs' ou por Wagner Moura.  Mas isso não atrapalhou em nada a caracterização do personagem.  O ator baiano se desdobra entre as diversas facetas do personagem, que ele interpreta com simpatia e certa candura, incitando a torcida do espectador.  

Os pontos fortes de 'VIPs' são a interessante trilha sonora de Antonio Pinto e a magnífica interpretação de Wagner Moura, que aparece na tela o filme inteiro. Na minha cena favorita, ele interpreta Renato Russo no palco, durante uma festinha dos traficantes.  Impressionante é o talento desse ator brasileiro.

Diretor: Toniko Melo
Roteiro: Bráulio Mantovani & Thiago Dottori, baseado no livro de Mariana Caltabiano, "Vips: Histórias Reais de um Mentiroso"
Musica: Antonio Pinto
Fotografia: Mauro Pinheiro Jr.
Elenco: Wagner Moura, Arieta Correia, Jorge D'Elia, Gisele Froes, Juliano Cazarré, Norival Rizzo, Roger Gobeth, João Francisco Tottene, Amaury Jr.
Distribuidora: Universal

Bebês

Bébés
(2010) 79 min (Livre)

Normalmente nascem mais meninos do que meninas no mundo (105 meninos nascidos para cada 100 meninas).  Ao escolher 4 casais grávidos em diferentes culturas, os produtores do filme não tinham idéia do sexo dos futuros protagonistas.  Contrariando as estatísticas, o resultado foi 3 a 1 para as meninas.  As câmeras registraram desde o nascimento das crianças até seus primeiros passos no Japão (Mari), EUA (Hattie), Namíbia (Ponijao) e Mongólia (Bayarjargal), onde veio à luz o único varão.

O som criado por Bruno Coulais acompanha os bebês enquanto se alimentam, interagem com outras crianças, tomam banho, brincam, descobrem o mundo e os animais.  A câmera registra aqueles momentos deliciosos que, em casa, gostaríamos de ter gravado.  O resultado é um documentário agradável sobre a aventura do crescimento, seja num protegido e sofisticado apartamento em Tokio ou São Francisco, ou em cabanas rústicas em Opuwo ou Bayanchandmani.  Afinal, tudo o que um bebê precisa é ser acolhido com amor para crescer em segurança e ganhar o mundo.

Curiosidade:

* Espermatozóides Y (masculinos) são 3% mais leves que os fenininos.  Os 3 a 10% a mais de bebês masculinos nascidos poderiam ser o resultado de um espermatozóide mais leve ocasionalmente ser o primeiro na corrida até o óvulo, pois podem, na média, ganhar mais velocidade através do fluído espesso. (Wikipedia)  Por outro lado, a expectativa de vida das mulheres é mais elevada, já que os homens são mais vítimas de morte natural ou violenta.

Diretor: Thomas Balmès

Roteiro: Thomas Balmès, de acordo com uma idéia de Alan Chabat

Musica: Bruno Coulais

Fotografia: Jérôme Alméras, Frazer Bradshaw, Steeven Petitteville, Eric Turpin

Elenco: Bayar, Hattie, Ponijao, Mari

Distribuidora: Europa Filmes

Sem Limites

Limitless *
(2011) 105 min (12 anos)

EUA, Nova Iorque - Eddie Morra conseguiu o que parecia impossível, passar da inadimplência para a fortuna.  O que faz então no alto de um arranha-céu, disposto a se jogar lá embaixo, para escapar dos brutamontes que o perseguem?  Como escritor, ele passou uma longa fase sem qualquer inspiração, desmotivado e até relaxado na aparência pessoal. Nesse período precisava apresentar um livro à editora, para não ter que devolver o adiantamento que recebera.  

Para piorar a situação, Lindy, a namorada pela qual é apaixonado, termina o relacionamento. Sem dinheiro para o aluguel, sem qualquer perspectiva, Eddie encontra na rua o ex-cunhado Vern e os dois se sentam para beber e conversar. Na despedida, Vern entrega ao escritor uma pequena pílula transparente.  A substância é chamada de NZT e permite a utilização da plena capacidade do cérebro.

Os efeitos são impressionantes.  Eddie parece notar a bagunça no apartamento pela primeira vez e começa a arrumá-lo.  Corta o cabelo, faz exercício e escreve o livro de um só impulso.  O comprimido mágico dá clareza, foco, atenção, aguça a memória, ativa a percepção.  O escritor começa a reparar em pequenos detalhes e a fazer ligações utilíssimas. Passado o efeito, desaparece toda essa energia e iluminação.   Para conseguir mais, ele não mede esforços, assim como não pondera as possíveis consequências.  Mas elas virão.  Eddie aprende a tocar piano em 3 dias e domina qualquer língua que ouça, contudo seu corpo sente agudamente os efeitos da abstinência. Como perde todo medo e timidez, suas ações levam-no a um jogo arriscado.

A suave Abbie Cornish (a morena Fanny Brawne de 'Bright Star') interpreta com sentimento a namorada Lindy.  'Sem Limites' tem bom ritmo, é divertido. Achei bonito e eficiente o recurso usado para enfatizar os momentos em que Eddie está sob os efeitos do NZT.  Seus olhos ficam brilhantes, a fotografia ganha mais luz e cor, o mundo parece vibrante.  Ao que tudo indica, os exercícios aeróbicos, a leitura, meditação, uma boa dose de desafios e mudanças na rotina, são meios eficientes para ampliar e manter nossa capacidade intelectual.  Com a vantagem de não apresentarem contra-indicações ou efeitos colaterais.

Diretor: Neil Burger

Roteiro: Leslie dixon, baseado no livro "Dark Fields", de Alan Glynn

Musica: Paul Leonard-Morgan

Fotografia: Jo Willems

Elenco: Bradley Cooper, Robert De Niro, Abbie Cornish, Andrew Howard, Anna Friel, Robert John Burke, Johnny Whitworth, 

Distribuidora: Imagem Filmes

O Ritual

The Rite *
(2011) 113 min (14 anos)

A batalha contra o Demônio, tida como primordial pelo Arcanjo São Miguel, 

continua sendo travada hoje, pois o Demônio permanece vivo no mundo.  (Papa João Paulo II)

Sozinho na sala, um jovem coloca lentes de contato numa mulher morta.  Lava, penteia e seca seus cabelos.  Depois de vesti-la, fecha a pulseira de pingentes no seu braço e apaga a luz.  Michael Kovak trabalha como agente funerário na própria casa em que mora com o pai Istvan.   O rapaz desgosta do ofício e do ambiente; seu sonho é fazer uma faculdade.  Mas ele sabe que o pai não pagaria o curso, nem gostaria de vê-lo partir.  Por isso, mesmo não sentindo nenhuma vocação para o sacerdócio, Michael decide inscrever-se no seminário, imaginando sair assim que terminar o curso e antes de fazer os votos.  Quatro anos depois, ele está prestes a pedir seu desligamento quando é convencido pelo Padre Matthews a fazer um curso de exorcismo em Roma. Se ao final do curso insistir na demissão, estará livre para partir.  

Apesar de cético, em crise de fé desde a morte da mãe, Michael parte para a Cidade Eterna, onde será testado muito além do que poderia imaginar.  As aulas de Psicologia do Seminário não explicam os fenômenos que o jovem Kovak testemunha na companhia do Padre Lucas Trevant. 

'O Ritual' foi inspirado nas experiências do Padre Gary Thomas, um sacerdote da Califórnia que estudou exorcismo na escola do Vaticano.  A equipe do filme fez muitas pesquisas e o diretor Mikael Hafström esteve presente em alguns exorcismos, embora não tenha assistido.  Ele pôde ouvir o que estava acontecendo do outro lado da porta. O resultado de todo esse trabalho foi possibilitar a criação de um ambiente realmente impressionante.  Contudo, o Padre Gary Thomas citou 'O Exorcismo de Emily Rose' como mais exato (Roger Ebert).  As gravações foram feitas em Roma e Budapeste.

Padre Gary Thomas

Diretor: Mikael Hafström 

Roteiro: Michael Petroni, baseado no livro de Matt Baglio, "The Rite: The Making of a Modern Exorcist"

Musica: Alex Heffes

Fotografia: Ben Davis

Elenco: Colin O'Donoghue, Anthony Hopkins, Toby Jones, Rutger Hauer, Ciarán Hinds, Alice Braga, Marta Gastini, Andrea Calligari, Ben Cheetham

Distribuidora: Warner

"Cuidado Michael, escolher não acreditar no Demônio não protege você contra ele."

Lope

Lope
(2010) 110 min (14 anos)

- Como quer que as mulheres contem piadas no meio de uma tragédia?

- Dom Jeronimo, na vida o riso e o pranto se misturam.

foto do site Lixeira Dourada

Espanha, Madri, final do século XVI - "Ao deixar o exército, o jovem Lope da Vega descobre o teatro e divide-se entre duas grandes paixões: a voluntariosa Elena e a doce Isabel."  (capa do DVD) Seu ardor e impulsividade colocam-no em perigo.  A vida do escritor espanhol parece saída de um romance de aventuras.  Apelidado por Cervantes de 'Monstro da Natureza' pela vasta produção artística, Lope Félix de Vega y Carpio deixou mais de 3000 sonetos e 800 peças de teatro, das quais pelo menos 80 são consideradas obras-primas. 

O filme do brasileiro Andrucha Waddington dá pinceladas num período de 8 anos da vida do poeta e fundador da comédia espanhola. "Quis fazer um filme com o espírito do Lope, divertido e popular", explica o diretor numa entrevista à Folha.

Cenários bonitos, interpretações corretas, trazendo Selton Mello como um nobre português e Sonia Braga no papel de Paquita, mãe de Lope de Vega.  Um personagem simpático é Frei Bernardo, religioso que trabalha no hospital onde se encontram Lope e  Isabel. Um contraste agradável com as costumeiras representações de padres espanhóis como inquisidores sádicos.

Ainda falta algo que coloque o filme na altura da figura formidável de Lope de Vega, mas o que se depreende de seu universo literário já é fascinante.  Agora vou em busca de um livro com poemas seus.  Locações na Espanha e Marrocos.

Diretor: Andrucha Waddington
Roteiro: Jordi Gasull, Ignacio del Moral
Musica: Fernando Velázquez
Fotografia: Ricardo Della Rosa
Elenco: Alberto Ammann, Luis Tosar, Pilar López de Ayala, Leonor Watling, Selton Mello, Sonia Braga, Miguel Ángel Muñoz, Juan Diego, Antonio de la Torre, Carla Nieto
Distribuidora: Warner

Quase Sete

Não sei explicar exatamente o que cria o sentimento de urgência para escrever uma postagem. Começar a fazer anotações durante o filme já é um indício de que precisarei guardá-lo nesse blog, minha própria memória auxiliar.  No mês de julho chegaram vários DVDs que julguei distrações interessantes, mas não ao ponto de me animarem a uma postagem especial.  Como ainda não foram esquecidos, aqui vão como alternativas para o fim-de-semana.

Como Você Sabe (How Do You Know) - com Reese Witherspoon, Owen Wilson, Paul Rudd e Jack Nicholson.  A história de uma atleta de 31 anos que é cortada do time de beisebol e precisa repensar a vida.  Em seu caminho encontra um simpatico executivo, que está sendo processado pela Justiça Federal, e um milionário jogador de beisebol.

RIO (Rio) - o simpático desenho animado dirigido por Carlos Saldanha, que realça as belezas de nossa Cidade Maravilhosa.

Rápida Vingança (Faster) - filme de ação com Dwayne Johnson, Billy Bob Thornton e Tom Berenger, num pequeno papel como diretor de presídio.  O nome diz tudo.

Intermediário.Com (Middle Men) - Jack Harris (Luke Wilson) é um empresário bem casado que leva jeito para resolver problemas difíceis.  Sua vida perfeita fica ameaçada quando é chamado para resolver a situação de dois atrapalhados gênios da informática que se envolveram com a máfia russa.

Invasão do Mundo: Batalha de Los Angeles (Battle: Los Angeles) - Aaron Eckhart interpreta o Sargento da Marinha que precisa adiar a aposentadoria para se juntar a um dos batalhões que tentará livrar a cidade de Los Angeles de poderosos alienígenas.

*** excelente
** ótimo
* bom
Sem Asterisco - interessante

O Concerto

Le Concert
(2009) 123 min (10 anos)

Andreï Filipov era o célebre maestro da Orquestra Bolshoi, a maior da Russia.  Demitido no auge da fama, por não concordar com a expulsão dos músicos judeus, Andreï ainda trabalha no antigo teatro mas seu serviço limita-se à limpeza.  Seus antigos colegas sobrevivem como podem, dirigindo ambulância, táxi, colocando som em filme pornô.  A atual orquestra é medíocre, burocrática.  Durante uma faxina no escritório do teatro, o maestro intercepta um convite para um concerto em Paris em duas semanas.  Andreï tem a idéia de convocar os antigos músicos para tocar na cidade-luz, como se fossem da orquestra oficial.  Tudo pode dar errado, mas o que é um desafio para a apaixonada alma eslava? (adaptado da capa do DVD)

Regendo russos exuberantes, ciganos transgressores e velhos comunistas, entre a comédia e o sentimentalismo, o diretor romeno Radu Mihaileanu consegue uns instantes de emoção e alguns sorrisos.  O momento de harmonia, tão sonhado pelo maestro, foi o que me comoveu.  A boa música, clássica ou popular, desde que interpretada com sentimento, tem um poder arrebatador.

Incerta quanto a minha própria avaliação do filme, consultei o filho deitado ao lado.  Mesmo doente, com febre e amigdalite, reconheceu ter acompanhado com interesse os minutos finais.  Isso conta alguma coisa. Na trilha sonora ouvem-se composições de Tchaikovsky (Concerto para Violino e Orquestra), Mozart (Concerto para Piano No. 21 em C Maior, K 467) e Mahler (Sinfonia No. 1, 3º Movimento). As filmagens foram feitas em Paris, Moscou e Bucareste.  

Diretor: Radu Mihaileanu
Roteiro: Radu Mihaileanu, Matthew Robbins e Alain-Michel Blanc, baseado na história original de Héctor Cabello Reyes & Thierry Degrandi
Música: Armand Amar
Fotografia: Laurent Dailland
Elenco: Alexei Guskov, Dimitri Nazarov, Mélanie Laurent, François Berléand, Miou Miou, Valeriy Barinov, Anna Kamenkova Pavlova, Roger Dumas, Vitalie Bichir, Ramzy Bedia
Distribuidora: Paris Filmes

*** excelente
** ótimo
* bom
Sem Asterisco - interessante

Poesia

Shi * *
Poetry
(2010) 139 min (16 anos)

Escrever poesia é encontrar beleza no cotidiano de nossas vidas.  Cada um de vocês carrega a poesia no seu coração.  

Mas ela está aprisionada e precisa se libertar.  A poesia em vocês precisa ganhar asas e voar alto.

Coréia do Sul - Numa pequena cidade da província de Gyeonggi, moram Yang Mija, uma senhora de 65 anos, e seu mimado neto Jongwook, estudante do ensino médio no colégio local.  Vestida com roupas coloridas, sempre sorridente, a idosa, que gosta de flores e fala coisas esquisistas, está preocupada com incipientes problemas de memória, em especial o esquecimento de palavras.  Depois de uma consulta médica, matricula-se nas aulas de Poesia do centro cultural.  O professor propõe que todos escrevam um poema até o final do curso.   A senhora abre os olhos para observar atentamente cada detalhe do cotidiano, seja o rio, uma árvore ou fruta.  

Mas é o que ela descobre sobre as ações do neto e seu grupo de amigos adolescentes que enche de tristeza seu coração sensível e solitário.  Yang Mija será procurada pelos pais dos outros estudantes, mais interessados em livrar os filhos das consequências de seus atos do que corrigi-los.  A avó está sozinha para resolver o problema, mas seu conforto é a busca daquela beleza escondida no cotidiano.  Enxergar a poesia no mundo é viver com mais leveza.  Luciana Mussi, do Portal do Envelhecimento, fala da ligação da personagem com as palavras e como, através da poesia, ela tenta preservá-las do esquecimento.

No ritmo das águas do rio Han flui essa história delicada do diretor coreano Chang-dong Lee.  Um roteiro caprichado, premiado no Festival de Cannes, com ótimos desempenhos, destacando a veterana Jeong-hee Yoon, convincente na expressão de todo tipo de sentimento.  "Sutil e cativante, foi escrito especialmente para Yoon Hee-jeong, atriz coreana que tem mais de 300 filmes no currículo e que há mais de 15 anos não filmava.  (...) Talvez esse não seja um filme para qualquer público, mas para uma platéia mais madura, que não tenha medo de enfrentar a vida como ela é e os aspectos existenciais da vida em geral. Apresenta a vida de forma realista, mas também abre caminho para encontrar coisas positivas dentro de condições ruins. Poesia é profundo em sua própria maneira." (Call Me Hollywood)  

Diretor: Chang-dong Lee 
Roteiro: Chang-dong Lee 
Som: Seung-cheol Lee 
Fotografia: Hyum Seok Kim
Elenco:  Jeong-hee Yoon, Nae-sang Ahn, Da-wit Lee, Hira Kim, Yong-taek Kim
Distribuidora: Imovision

Jogo de Poder

Fair Game * *
(2010) 108 min (12 anos)

A responsabilidade de um país não está nas mãos de uns poucos privilegiados.  Nós temos força.  Somos livres da tirania na medida em que cada um de nós lembra do seu dever como cidadão.  Seja para relatar um buraco no asfalto da sua rua ou mentiras no discurso do Estado da União, denunciem!  Façam aquelas perguntas.  Exijam a verdade.  A democracia não vem sem esforços.

EUA - Kuala Lumpur, Taiwan ou Dusseldorf  na mesma semana. Viajar pelo mundo tornou-se rotina para Valerie Pelman Wilson. Essa realidade começou na infância, pois o pai militar serviu em 20 diferentes cidades, carregando com ele a família.  Depois de formada, Valerie tornou-se Agente de Operações Secretas da CIA. Casada com o ex-diplomata Joseph Wilson, mãe de 2 filhos pequenos, teve sua carreira destruída e sua identidade revelada por motivos políticos, durante a administração de George Bush.

Valerie conduzira a investigação sobre a existência de armas de destruição em massa no Iraque.  Sua pesquisa levara a conclusões contrárias aos interesses do gabinete da vice-presidência da República, interessado em começar uma guerra.  Quando Joe Wilson escreveu um artigo no The New York Times, contestando as afirmações do governo federal, o casal viu-se na linha de fogo da Casa Branca.  Expostos, perseguidos, humilhados, com sua vida pessoal e profissional em risco, não parecia haver saída para eles.

Não me lembrava do desfecho do caso Valerie e Joe Wilson, o que intensificou o suspense para mim.  Mesmo se lembrasse, não creio que diminuiria a torcida por um casal qualificado como ético, simpático e politicamente correto.  Técnicamente o filme é impecável.  Sean Penn e Naomi Watts estão vibrantes como protagonistas.  É preciso ser muito forte para resistir ao que o casal suportou.  A verdadeira Valerie se parece com Naomi. Achei engraçado, sempre pensei que espiões deviam passar despercebidos.  Como ignorar uma loura bonita como essa?

Joe e Valerie Wilson

Diretor: Doug Liman 

Roteiro: Jezz Butterworth & John-Henry Butterworth, baseado nos livros de Joseph Wilson (The Politics of Truth: Inside the Lies that Led to War and Betrayed My Wife's CIA Identity: A Diplomat's Memoir) e Valerie Plame (Fair Game: My Life as a Spy, My Betrayal by the White House)

Musica: John Powell

Fotografia: Doug Liman

Elenco: Naomi Watts, Sean Penn, Sam Shephard, David Andrews, Liraz Charhi, Brooke Smith

Distribuidora: Paris Filmes

O Retorno de Bloodworth

Bloodworth *
(2010) 95 min (14 anos)

Kris Kristofferson

EUA - Há 40 anos atrás, o músico E. F. Bloodworth deixou esposa e seus 3 meninos no Tennessee e pegou a estrada.  Por isso ele não conhece o neto Fleming, um rapaz talentoso que largou precocemente a escola. Sem um bom modelo masculino, o comportamento disfuncional dos homens dessa família deixa a desejar, mas o jovem Fleming é diferente.  Sensível, solitário, acostumado a colocar no papel suas idéias e sentimentos, é incentivado por um antigo professor, que continua a lhe trazer livros que completem sua formação. 

A volta do velho Bloodworth mexe com todos, mas parece afetar especialmente Boyd, o filho mais velho, que ainda mora com a mãe Julia.  O primogênito mostra-se severo, rancoroso, controlador.  Na ilusão de estar protegendo a mãe, torna-se incapaz de perdoar o pai, que ele não consegue compreender e deseja punir.  

Para Fleming, a presença do avô é uma experiência valiosa, especialmente porque o rapaz está se apaixonando pela primeira vez. O casal de avós fala pouco, mas cada um deles dirá o essencial para que Fleming se oriente na vida.  Às vezes, basta uma palavra para que se abra um novo universo.  

Mesmo sendo distribuído pela Sony, 'O Retorno de Bloodworth' não teve o reconhecimento que seria esperado. Se apresenta uma direção segura, atuações corretas, boa música e um cenário rico em detalhes, como explicar que tenha passado quase despercebido dos críticos e do público em geral?  Até agora, apenas 396 pessoas votaram na página do IMDB.  Será que sofreu a concorrência de 'Coração Louco'?  Mal comparando, na década de 80, 'Ligações Perigosas', de Stephen Frears, ofuscou o ótimo 'Valmont' de Milos Forman.

Hilary Duff e Reece Thompson

Diretor: Shane Dax Taylor
Roteiro: W. Earl Brown, baseado no romance 'Provinces of Night' de William Gay
Trilha sonora: Patrick Warren e Randy Scruggs, composições de T Bone Burnett. Kris Kristofferson compôs 'You Don't Tell Me What to Do' para o filme.
Fotografia: Tim Orr
Elenco: Kris Kristofferson, Frances Conroy, Reece Daniel Thompson, W. Earl Brown, Val Kilmer, Dwight Yoakam, Hilary Duff, Sheila Kelley, Hilarie Burton, Barry Corbin
Distribuidora: Sony