Brooklyn * * *
(2015) 111 min (14 anos)
Irlanda/EUA - Rosa e Eilis Lacey moram com a mãe viuva em Enniscorthy, no sudeste da Irlanda. Rosa trabalha como escriturária numa firma e Eilis presta serviço aos domingos na loja da implacável senhorita Kelly. Enfrentando a má vontade da patroa, a jovem explica que deixará o serviço por motivo de viagem à América. Um padre conhecido da irmã havia lhe conseguido emprego como vendedora numa loja de departamento do Brooklin, bairro cheio de emigrantes irlandeses. Em vez de desejar sorte à funcionária, Miss Kelly comenta secamente que Rosa terá que arcar sozinha com a responsabilidade da mãe até o final de sua vida. Assim, Eilis deixa para trás as duas pessoas que mais ama no mundo, para dividir uma cabine econômica com uma desconhecida, no navio que conduz mais uma leva de passageiros esperançosos, rumo à terra das oportunidades.
Chegando aos Estados Unidos, Eilis se hospeda na pensão irlandesa para moças de Madge Kehoe, no Brooklin. A proprietária comanda a conversa na mesa do jantar com mão de ferro. A primeira carta recebida de casa, deixa a tímida Eilis em prantos. Mas, aos poucos, vai ganhando desenvoltura no trabalho, começa um curso de contabilidade, e é a unica das pensionistas que se propõe a ajudar o padre Flood na festa de final de ano para idosos irlandeses. De vez em quando, a recém chegada frequenta um baile, onde conhece Tony Fiorello, um rapaz bem intencionado que se apaixona por ela. A vida fica mais rica e promissora. Então chegam notícias amargas da velha Irlanda. O coração de Eilis se divide.
Deixarei que outros louvem o roteiro, a perfeição técnica deste filme e a interpretação sensível e poderosa dos atores. Além da beleza da fotografia e da fiel reconstituição de época, foram os tipos humanos que me impressionaram em "Brooklin". Entre outros, o padre dedicado a fazer o bem, a irmã altruísta que engendra uma oportunidade para a irmã caçula e a protagonista, ainda muito jovem, que enfrenta o medo e embarca na única saída visível para a independência. Do lado menos amável, há a rigorosa e carismática senhora Kehoe, a dona da pensão, que acaba se rendendo aos bons modos e a simplicidade de Eilis, assim como a mesquinha senhorita Kelly, a ex-patroa irlandesa. No conjunto, parece que personagens saídos dos romances de Dickens e Jane Austen desembarcaram em Nova Iorque na década de 50. Uma delícia. Indicado aos Oscar de Melhor Filme, Melhor Atriz e Melhor Roteiro Adaptado. Ganhou o BAFTA como Melhor Filme Inglês em 2016.
* A Brooklin do filme foi gravada na verdade em Montreal, por razões econômicas. Apenas dois dias da produção foram rodados no Brooklin, um para as tomadas dos exteriores dos prédios em "brownstone", um tipo de rocha sedimentar ou arenito, e o outro para filmar em Coney Island.
* Saoirse Ronan (Eilis Lacey) nasceu no Bronx, em Nova Iorque, mas foi criada na Irlanda, de pais irlandeses. Ela considera "Brooklin" seu filme mais pessoal e a primeiras vez que usou o sotaque irlandês. Mas o dialeto do personagem é diferente do que usa na realidade. No filme ela usa um sotaque de Wexford, porque sua personagem é de Enniscorthy, mas na vida real, Saoirse fala com o sotaque de Dublin.
Diretor: John Crowley
Roteiro: Nick Hornby, baseado no romance de Colm Tóibín
Musica: Michael Brook
Fotografia: Yves Bélanger
Designer de Produção: François Séguin
Diretores de Arte: Irene O'Brien, Robert Parle
Figurino: Odile Dicks-Mireaux
Elenco: Saoirse Ronan, Emory Cohen, Jim Broadbent, Julie Walters,
Distribuidora: Paris Filmes
*** excelente
** ótimo
* bom
Sem Asterisco - interessante