Lista de sugestões de filmes interessantes. Cada postagem traz foto, breve sinopse, censura, diretor, distribuidora, elenco, responsáveis pelo roteiro, musica e fotografia. Com o eterno deslumbramento de fã apaixonada, By Star Filmes acredita que o cinema emociona, ensina e é a melhor diversão.

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Fantasmas do Passado

Ghosts of Mississipi *
(1996) 130 min (16 anos)



"Quando você odeia, só quem sofre é você, porque a maioria dos que você odeia não sabe, e os outros não se importam"


EUA - Em 12 de junho de 1963, Medgar Evers foi assassinado pelas costas, na porta de sua própria casa, em Jackson, Mississipi. O ativista pelos direitos civis não sobreviveu e deixou mulher e 3 filhos. Por duas vezes o assassino foi indiciado, mas os julgamentos foram invalidados. Vinte cinco anos mais tarde, a senhora Evers ainda espera justiça. O promotor Bobby De Laughter, também pai de três filhos, resolve reabrir o processo, enfrentando ameaças anônimas e oposição de parentes e amigos. Como proceder se a arma do crime e outras evidências do caso desapareceram?

"Fantasmas do Passado" baseia-se na história verdadeira do julgamento do criminoso Byron De La Beckwith, em 1994. Darrell e James Evers, filhos de Medgar, interpretam a si mesmos no filme. O papel de Reena Evers foi entregue a Yolanda King, filha de Martin Luther King.

Diretor: Rob Reiner
Roteiro: Lewis Colick
Música: Marc Shaiman
Fotografia: John Seale ("Sociedade dos Poetas Mortos", "Harry Potter e a Pedra Filosofal," "Cold Mountain")
Elenco: Allec Baldwin, James Woods, Whoopi Goldberg, Virginia Madsen, Craig T. Nelson, William H. Macy, Darrell Evers, James Van Evers, Yolanda King, Diane Ladd

Sissi

Sissi * * *
(1955) 102 min (Livre) preto e branco



Áustria - "Elizabeth da Baviera, apelidada carinhosamente Sissi, é uma jovem alegre, impetuosa e amante da natureza, que nem desconfia da surpresa que o destino lhe reserva. No palácio imperial austríaco, o príncipe Francisco José vai casar-se e sua mãe, a arquiduquesa Sofia, considera Helena da Baviera, irmã de Elizabeth, a candidata perfeita. Mas o príncipe colocou os olhos em outra jovem, justamente a pequena Sissi." (Decine21)

"No dia 24 de abril de 1854, ao toque dos sinos da igreja de Santo Agostinho, em Viena, Elisabeth Amalia Eugenia von Wittelsbach, duquesa da Baviera, tornou-se Elisabeth von Habsburg, imperatriz da Áustria." (dw-world)

Elizabeth abandonou suas amadas montanhas, e, aos 16 anos, precisou se adaptar à rigidez da etiqueta na corte dos Habsburg, além de lidar com uma sogra severa e autoritária. A leitura de sua breve biografia, na Wikipedia, parece indicar que o diretor Ernst Marischka embelezou a personalidade de Sissi, para que fosse tão agradável quanto a aparência da linda imperatriz.

Esse filme antigo não foi indicado pelo Tomás, dublê de cineasta e atendente da Guimarães Vídeo; nem sei se ele gosta. Mas é um dos meus favoritos desde criancinha. Também é muito apreciado por Arthur Omar, um artista plástico de vanguarda. Espero que outros gostem...

Curiosidade:
* Magda Schneider, que interpreta Ludovika, mãe de Sissi, é na realidade mãe da artista Romy Schneider.

A história da duquesa bávara continua em "Sissi, a Imperatriz" e "Sissi e seu Destino". Os filmes podem ser comprados numa trilogia nos sites especializados ou alugado nas locadoras que possuem um acervo mais completo dos clássicos, como Guimarães Vídeo, em Laranjeiras, RJ. Embora em preto e branco, a fotografia de Bruno Mondi é luminosa.


Elizabeth Amalia Eugenia, imperatriz da Áustria, rainha da Hungria e Bohemia

Diretor: Ernst Marischka
Roteiro: Ernst Marischka
Música: Anton Profes
Fotografia: Bruno Mondi
Elenco: Romy Schneider, Karlheinz Böhm, Magda Schneider, Uta Franz, Vilma Degischer, Gustav Knuth, Josef Meinrad


A Imperatriz Sissi pintada por Franz Xavier Winterhalter (Hofburg Palace, Innsbruck)

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

A Garota do Parque

The Girl in the Park
(2007) 110 min (14 anos)




EUA - Julia e Doug Sandburg são um casal feliz em Nova Iorque. Bem casados e realizados profissionalmente, são pais de Chris e Maggie. À noite, antes de sair para se apresentar como cantora, Julia tem o prazer de contar histórias para a filha de 3 anos. Em outros momentos, as duas gostam de passear no Central Park. Certo dia, enquanto Maggie está brincando, Julia arruma a sacola para irem embora. Quando se vira, buscando a filha com os olhos, já não a encontra em lugar algum. O inferno começou, Maggie desapareceu.

Dezesseis anos depois, Julia é outra pessoa. Amarga, desinteressada de tudo e de todos, afastou-se do filho e do marido. Divorciada, não canta mais, mora sozinha e trabalha num banco, onde não se envolve com ninguém. O encontro com a problemática Louise enche de esperança o coração sofrido de Julia. Ela tem a mesma idade de Maggie; serão a mesma pessoa? Isso faz diferença?

Bom roteiro, elenco competente - com destaque para Sigourney Weaver - e uma ótima fotografia, tornam "A Garota do Parque" um filme interessante, que retrata o sofrimento dos que perderam a esperança.

Diretor: David Auburn
Roteiro: David Auburn
Música: Theodore Shapiro
Fotografia: Stuart Dryburgh ("Uma Vida Nova", "O Despertar de uma Paixão", "Æon Flux")
Elenco: Sigourney Weaver, Kate Bosworth, Alessandro Nivola, Keri Russell, David Rasche, Elias Koteas, Patricia Kalember

domingo, 27 de dezembro de 2009

Meu Melhor Amigo

Because of Winn-Dixie
(2005) 106 min (Livre)



EUA - Toda criança que já quis um cachorro há de se encantar com a história de India Opal Buloni. A menina de nome engraçado é filha de um pregador batista e não tem amigos, pois os dois estão sempre se mudando. A mãe de Opal abandonou a família quando a pequena estava com 3 anos e o pai não gosta de tocar no assunto. Recem-chegada à cidade de Naomi, Opal ainda não teve oportunidade de fazer amizade com seus 2524 habitantes. Mas Winn-Dixie, o peludo cão da raça pastor Picardy, vai transformar tudo isso.

Uma senhorita anônima me escreveu sobre esse filme, perguntando sobre uma das canções da trilha sonora. Felizmente, a locadora ainda tinha uma cópia. Assisti com meu filho mais velho, que adora música e animais, sobretudo gatos e cachorros; foi a companhia perfeita. Gostamos muito e agradeço à mocinha anônima pela dica.

"Meu Melhor Amigo" foi o primeiro trabalho de AnnaSophia Robb para o cinema. Dois anos depois, a expressiva atriz-mirim interpretou Cassie Kennington no adorável "Em Busca da Felicidade". Além da protagonista, os dois filmes têm em comum uma ótima trilha sonora.

Diretor: Wayne Wang
Roteiro: Joan Singleton, baseado no livro de Kate DiCamillo
Música: Rachel Portman
Fotografia: Karl Walter Lindenlaub
Elenco: Jeff Daniels, AnnaSophia Robb, Cicely Tyson, Dave Matthews, Eva Marie Saint, Courtney Jines, Elle Fanning, Harland Williams.

Relação das músicas do filme:
  • "Opal's Blues"
    Performed and Produced by The Be Good Tanyas
    The Be Good Tanyas perform courtesy of Nettwerk Productions

  • "Won't Give In"
    Written by Neil Finn / Tim Finn
    Performed by The Finn Brothers
    Courtesy of Nettwerk America, LLC

  • "Splish Splash"
    Written by Bobby Darin and Jean Murray
    Performed and Produced by Adam Schlesinger and James Iha

  • "Sunflower"
    Written by Alice Peacock and John Baxter
    Performed by Alice Peacock
    Produced by John Baxter

  • "The Clapping Song"
    Written by Lincoln Chase, Kay Werner-Kent and Sue Werner-McCarthy
    Performed by Shirley Ellis
    Courtesy of MCA Records
    Under license from Universal Music Enterprises

  • "String Quartet #17"
    ("Hunt")
    by Wolfgang Amadeus Mozart
    Performed by Eder Quartet
    Courtesy of Naxos
    By Arrangement with Source/Q

  • "Pet Store Humming"
    Written by David J. Matthews
    Performed by Dave Matthews
    Dave Matthews performs courtesy of RCA Records

  • "Amazing Grace"
    Traditional

  • "Butterfly"
    Written by David J. Matthews
    Performed by Dave Matthews
    Dave Matthews performs courtesy of RCA Records

  • "Sunrise"
    Written by Norah Jones and Lee Alexander
    Performed by Norah Jones
    Courtesy of Blue Note Records, a divsion of Capitol Records, Inc.
    Under license from EMI Film & Television Music

  • "I've Gotta See You Smile"
    Written by Leigh Nash, John Keller and Danny Wilde
    Performed by Leigh Nash
    Produced by John Keller and Danny Wilde
    Leigh Nash performs courtesy of Word Records

  • "Cabaret"
    Written by Emmylou Harris and Jill Cunniff
    Performed by Emmylou Harris
    Courtesy of Nonesuch Records

  • "Glory Glory"
    Traditional
    Arranged by David J. Matthews
    Performed by AnnaSophia Robb, Jeff Daniels, Cicely Tyson, Dave Matthews,
    Eva Marie Saint, Courtney Jines, Nick Price, Luke Benward, Elle Fanning and B.J. Hopper
    Dave Matthews appears courtesy of RCA Records

  • "Glory Glory"
    Traditional
    Arranged by David J. Matthews
    Performed by Patrinell Wright and Gloria Smith
    Produced by Dave Matthews

  • "Someday Somehow (Have It All)"
    Written by Candice Beu, Christie Beu, Danielle Beu, Jilaine Beu, Darin Burns, Daniel Luttrell and Bill Chapin
    Performed by The Beu Sisters
    Produced by Sheldon Steiger, Additional Production by Billy Chapin
    The Beu Sisters perform courtesy of S-Curve Records

  • "Fly"
    Written by Joe Henry
    Performed by Shawn Colvin
    Produced by Tony Berg

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Almoço em Agosto

Pranzo di Ferragosto *
(2008) 75 min (10 anos)


Feliz Ferragosto!

Italia - Dia 15 de agosto os italianos comemoram a subida de Nossa Senhora ao céu, em corpo e alma. O Ferragosto, como eles chamam esse feriado, é uma época de calor e ponto de partida para as férias. Gianni é um homem solteiro de meia idade que mora em Roma com Valéria, a mãe viúva. Eles estão em dificuldades financeiras e devem dinheiro ao condomínio do edifício. O síndico Luigi quer viajar e faz uma proposta a Gianni: ficar com sua mãe por dois dias, em troca do perdão de algumas contas. O médico da família também aproveita e deixa a progenitora. Quando se dá conta, Gianni está rodeado por quatro senhoras idosas, com diferentes personalidades. Ele faz as compras, cozinha e tenta reuni-las em volta da mesa.

"Almoço em Agosto" combina com o clima de Natal. A história simples mostra a vantagem de se estar aberto para acolher as pessoas que precisam. E isso geralmente redunda num bem maior para quem está disposto a ajudar o próximo. A tarefa de Gianni é facilitada pelo temperamento conciliador e gentil de Grazia e Maria. Já Valéria e Marina são caprichosas e dão um pouquinho mais de trabalho. O filme segue o ritmo mais lento do cinema italiano antigo e cria um ambiente agradável, valorizando a importância da camaradagem, dos vínculos familiares e de amizade, para dinamizar a vida.

O diretor e roteirista viveu muitos anos com sua própria mãe no apartamento de Roma em que o filme foi gravado. "Almoço em Agosto" não mostra paisagens romanas. O Coliseu é entrevisto por alguns segundos num passeio de lambreta. Nem quando há comentários elogiosos sobre a vista ela é revelada. O interesse está todo centrado no relacionamento humano, especialmente nos cuidados dos filhos italianos com a mamma!

Diretor: Gianni Di Gregorio
Roteiro: Gianni Di Gregorio, baseado em história de Gianni Di Gregorio e Simone Riccardini
Música: Ratchev & Carratelo
Fotografia: Gian Enrico Bianchi
Elenco: Gianni Di Gregorio, Valeria Di Franciscis, Marina Cacciotti, Maria Calì, Grazia Cesarini Sforza, Alfonso Santagata, Luigi Marchetti, Marcello Ottolenghi

Feliz Natal!

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

A Onda

Die Welle
(2008) 106 min (16 anos)



Alemanha - Professor de ensino médio, Rainer Wegner gosta de rock, liberdade. No início do semestre é designado para falar sobre Autocracia. Tão desestimulado quanto a turma, pois desejava abordar a Anarquia como concepção política, Wegner tem uma inspiração. Já que os alunos não compreendiam como uma sociedade idolatra um líder e se submete à ideologia totalitária, Rainer estabelece, passo a passo, as bases para a criação do grupo "A Onda", cujo lema é "força pela disciplina". O movimento ganha um nome, um símbolo, uma saudação, e camisas brancas como uniforme. Os integrantes devem ser objetivos, sentar-se com as costas eretas, apoiar o grupo. Em pouco tempo os alunos começam a propagar o poder da unidade e hostilizar os que não querem se unir a eles. Quando abre os olhos, Rainer já perdeu o controle sobre a experiência.

A idéia de "A Onda" é interessante e assustadora. Mas o trailer impressiona mais do que o próprio filme. Baseou-se no experimento "Terceira Onda" do professor Ron Jones com a turma de história de 1967, em Cubberley High School, Palo Alto, California. O professor queria mostrar o apelo do fascismo a seus alunos de História Contemporânea.

O roteiro aborda a fragilidade dos jovens sem convívio familiar significativo. O sentimento dos estudantes era de que os pais não se importavam com eles. E esse é um fator de risco em qualquer cultura ou tempo, pois precisam pertencer, se sentir capazes e valorizados. Aliás, isso vale para todos nós.

Diretor: Dennis Gansel
Roteiro: Dennis Gansel, Peter Thorwarth, baseado no romance "The Wave", de Todd Strasser
Música: Heiko Maile
Fotografia: Torsten Breuer
Elenco: Jürgen Vogel, Frederick Lau, Max Riemelt, Jennifer Ulrich, Christiane Paul, Jacob Matschenz, Cristina do Rego

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Moscati - o doutor que virou santo

Giuseppe Moscati
(2007) Parte 1: 102 min - Parte 2: 98 min (Livre) feito para a TV italiana



"Não vejo nenhuma contradição entre ciência e fé. Quanto mais estudo a natureza e o corpo humano, mais percebo a bela inteligência criadora em tudo"

Itália - Giuseppe Moscati nasceu em 25 de julho de 1880, em Benevento, sétimo dos nove filhos de Francesco Moscati e Rosa De Luca, os marqueses de Roseto. Giuseppe tornou-se um médico muito admirado pelo trabalho que fez com os pobres. O filme conta sua história desde a formatura, em abril de 1903, até sua morte em 12 de abril de 1927. O médico foi canonizado pelo Papa João Paulo II em 1987. Seus restos mortais repousam na Igreja Gesu Nuovo, em Nápoles. Vale a pena conhecer a vida do médico santo de Nápoles e sua personalidade gentil e humilde. Giacomo Campiotti também dirigiu Bakhita (2009).
"Não é a ciência, mas a caridade é que mudará esse mundo"



Diretor: Giacomo Campiotti
Roteiro: Giacomo Campiotti, Fabio Campus, Carlotta Ercolino, Gloria Malatesta, Claudia Sbarigia, Lucia Maria Zei
Música: Lino Cannavacciulo e Michele Fedrigotti
Fotografia: Gino Sgreva
Elenco: Beppe Fiorello, Ettore Bassi, Kasia Smutniak, Paola Casella, Emanuela Grimalda, Antonella Stefanucci
Distribuidora: Casablanca Filmes

domingo, 20 de dezembro de 2009

A Cidade das Crianças

Les Enfants de Timpelbach
(2008) 97 min (12 anos)



Na vila de Timpelbach, as crianças afrontam pais e professores e brigam entre si. Os adultos resolvem lhes dar uma lição e desaparecem, da noite para o dia. Sem autoridade à vista, o grupo se divide entre Oscar e Marianne. O menino, filho de um pai truculento, chefia os desordeiros que destroem, pegam o que querem e batem nos mais fracos. Marianne cuida dos menores e organiza as crianças por tarefas. Enquanto os pais não retornam, os filhos repetem os exemplos que receberam. Um ato mais sério de violência faz todos refletirem. Os adultos encontrarão mudanças na sua volta.

É um filme bonitinho, com elenco bem escolhido de crianças encantadoras e interessantes, que interpretam os alunos da abominável professora Corbac. Gérard Depardieu faz o papel do gorducho Igor, general do país vizinho. "A Cidade das Crianças" diverte e pode ser uma distração para os pequenos.

Diretor: Nicolas Bary
Roteiro: Nicolas Bary, Nicolas Peufaillit, Fabrice Roger-Lacan, baseado no livro "Timpetill - Die Stadt Ohne Eltern" de Henry Winterfield
Música: Frédéric Talgorn
Fotografia: Axel Cosnefroy
Elenco: Adèle Exarchopoulos, Baptiste Bétoulaud, Raphaël Katz, Léo Legrand, Florian Goutiéras, Martin Jobert, Lola Créton, Léo Paget, Julien Dubois, Mathieu Donné, Terry Edinval, Carole Bouquet, Armelle, Gérard Depardieu

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Os Piratas do Rock

The Boat that Rocked
(2009) 135 min (12 anos - linguagem obscena e nudez)



Inglaterra, 1966 - "A história se inspira no movimento das rádios piratas britânicas dos anos 60, que circulavam a costa da Inglaterra em barcos carregados de aparelhagem de transmissão. Enquanto os meios oficiais, como a BBC, só tocavam cerca de duas horas semanais de rock em suas rádios, os piratas veiculavam o novo som 24 horas por dia, ajudando a difundir a música que marcaria a juventude da década." (Omelete)


De tanto ver o trailer, perdi até a vontade de ver o filme; isso me acontece. A maior virtude dos "Piratas do Rock" é sua trilha sonora, maravilhosa e louvada por alguns adolescentes do século XXI. Não sendo um musical, foi colocado nessa categoria pela esplêndida e representativa seleção. O bom elenco, personagens simpáticos e a recriação de época impecável também recomendam. O desenvolvimento do roteiro não chegou a empolgar e me deixou, por vezes, um tanto sonolenta. Mas gostei da cena em que o cabeludo Bob se agarra à caixa que contem seus tesouros. Prefere naufragar com ela a deixar seus discos favoritos no fundo do mar. Compreendo o apego.

Para os menores de 14 anos vale uma conversinha amigável de advertência quanto à banalização do sexo.

Diretor: Richard Curtis
Roteiro: Richard Curtis
Fotografia: Danny Cohen
Elenco: Philip Seymour Hoffman, Kenneth Branagh, Bill Nighy, Tom Sturridge,
Emma Thompson, Tom Brooke, Rhys Darby, Nick Frost, Michael Thomas, Katherine Parkinson, Jack Davenport, Ralph Brown

*** excelente
** ótimo
* bom

Sem Asterisco - interessante

Pelos Meus Olhos

Te Doy Mis Ojos *
(2003) 102 min (16 anos)



Espanha - Numa noite de inverno, a assustada Pilar prepara a mala apressadamente, acorda o filho e foge do pequeno apartamento em Toledo. Embora ame o marido Antonio, tem o corpo e a alma feridos por sua violência brutal. Refugiada na casa da irmã Ana, começa a trabalhar na recepção de uma linda igreja, decorada com quadros de El Grecco. Pilar faz amizade com as colegas e, maravilhada, mergulha no mundo das belas artes.

Antonio sente falta da esposa, mas não se conhece, ou a ela. Num grupo de terapia para homens com o mesmo problema, descobre que precisa identificar os primeiros sinais de ira e afastar-se, até conseguir se acalmar. Quando procura Pilar está cheio de boas intenções, mas serão suficientes para evitar novas cenas de violência doméstica?

A mãe de Pilar suportou os maus-tratos do próprio marido, a quem ainda visita no cemitério. Além do terapeuta, é o comportamento amável do companheiro de Ana que se contrapõe ao machismo extremado dos personagens masculinos. Como uma nota engraçada, John é escocês e usa o saiote típico na cena de casamento. Um homem não precisa usar saias para ser gentil, mas deve confiar na esposa, colaborar na educação dos filhos e ajudar nas tarefas de casa.

"Pelos Meus Olhos" cria um clima de muita emoção e suspense, o que justifica plenamente os 7 prêmios Goya que recebeu da Academia Espanhola de Cinema em 2003: filme, direção, ator, atriz, coadjuvante (Candela Peña faz a irmã de Pilar), roteiro, fotografia e som.

Diretora: Icíar Bollaín
Roteiro: Icíar Bollaín, Alicia Luna
Música: Alberto Iglesias
Fotografia: Carles Gusi
Elenco: Laia Marull, Luis Tosar, Candela Peña, Rosa Maria Sardà, Kiti Manver, Sergi Calleja, David Mooney, Chus Gutiérrez, Elena Irureta

domingo, 13 de dezembro de 2009

Tempos de Paz

Tempos de Paz
(2009) 81 min (12 anos)

Brasil - No final da 2ª Guerra Mundial, o governo de Getúlio Vargas acaba de soltar os presos políticos e a polícia está se adaptando aos novos tempos. No mesmo período, muitos imigrantes europeus desembarcam no cais 22 do porto do Rio de Janeiro. Sofridos, tendo perdido família, casa e pátria, querem recomeçar a vida. No dia 18 de abril de 1945, o ator polonês Clausewitz é separado da fila e interrogado pelo agente da alfândega Segismundo. O ex-torturador da polícia política do presidente Vargas suspeita que o ator seja um fugitivo nazista e exige que interprete uma cena dramática que o faça chorar, ou será embarcado de volta para a Europa.

"Com uma cenografia impecável e uma dupla de atores centrais em perfeito entrosamento e de timing artístico incontestável, o filme tem momentos interessantíssimos, embora o hermetismo do texto fique melhor para o meio para qual foi escrito.A força das palavras de Clausewitz perde um pouco do impacto, pois o cinema tem uma linguagem visual completamente diferente do teatro."
(Ricardo Pinto em Cinema em Cena)

Bonitas as filmagens de arquivo na abertura do filme e a homenagem final pela colaboração na construção do Brasil dos imigrantes Paulo Ronai, Otto Maria Carpeaux, Ziembinski "e (a) tantos outros que a guerra tornou brasileiros".


Diretor: Daniel Filho
Roteiro: Bosco Brasil
Música: Egberto Gismonti
Fotografia: Tuca Moraes
Elenco: Tony Ramos, Dan Stulbach, Louise Cardoso, Ailton Graça

Falando Grego

My Life in Ruins
(2009) 94 min (12 anos)



Grécia - "Kefi" para os gregos é o espírito de alegria, paixão, exuberância. Geórgia perdeu seu "kefi", junto com o namorado e o emprego na universidade de Atenas. Apaixonada pela cultura grega, ainda tenta interessar um grupo de turistas na mitologia e no passado da República Helênica. Em vão. Americanos e canadenses preferem tomar sorvete, ir à praia ou comprar lembranças de viagem. Nico, o guia do outro grupo, satisfaz esses desejos e deixa a história de lado, por isso é designado para os melhores hotéis e viaja no ônibus com ar condicionado. Geórgia está prestes a abandonar o país e a profissão quando conhece Irv e o motorista Poupi. O que parecia uma tragédia grega ainda pode ter um final feliz.

As virtudes de "Falando Grego" resumem-se em um cenário magnífico, uma trilha sonora alegre e algumas cenas de "Zorba o Grego". Não espere mais nada e você ainda pode se distrair visitando a Acrópolis, em Athenas, e outras belas ruínas da moderna Hélade. Sempre fico um pouquinho triste quando vejo bons atores, como Richard Dreyfuss, participando de produções pouco criativas e superficiais.

Diretor: Donald Petrie
Roteiro: Mike Reiss
Música: David Newman
Fotografia: José Luis Alcaine
Elenco: Nia Vardalos, Richard Dreyfuss, Alexis Georgoulis, Alistair McGowan

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Uma Prova de Amor

My Sister's Keeper
(2009) 109 min (Livre)



EUA, Los Angeles - Anna Fitzgerald foi concebida geneticamente para ser compatível com Kate, sua irmã mais velha, que tem um tipo raro de leucemia desde pequena. Enquanto o pai trabalha no corpo de bombeiros, a mãe Sara deixou o escritório de advocacia para se dedicar integralmente aos cuidados com a menina. O terceiro filho, Jesse, não recebe toda a atenção que precisa. Ao apresentar dislexia na escola, é enviado a um colégio interno especializado, até superar seu problema, pois a mãe não tem como ajudá-lo. Sara está totalmente comprometida com a missão de salvar a vida de Kate.

Momentos alegres em família são intercalados com internações, cirurgias, transplante de medula e doações de sangue de Anna para Kate. Para surpresa dos médicos, Kate ultrapassa a expectativa de vida inicial e chega aos 16 anos. Devido a complicações renais, precisa de um transplante de rim, mas a doadora habitual se rebela. Anna contrata o advogado Campbell Alexander para obter na corte de justiça a emancipação médica de seus pais. De acordo com o anúncio de televisão, o jurista tem sucesso em 91% dos casos. Sara se zanga, pois não está preparada para aceitar os fatos e desistir da luta.

"Uma Prova de Amor" foi o filme que fez minha filha caçula soluçar no cinema. Alertadas, as irmãs mais velhas e eu nos preparamos para verter lágrimas de esguicho! O relato de abertura nos prendeu, história e artistas nos comoveram, e a fotografia de Caleb Deschanel é bonita (Crônicas de Spiderwick, Paixão de Cristo, Anna e o Rei). Mas, se o filme não chegou a nos ferir a alma, pode se prestar a interessantes discussões de bioética.

Certo crítico viu um debate implícito entre os pro-vida e os pro-escolha. Deduziu que uma pessoa favorável ao aborto apoiaria a recusa de Anna, enquanto os defensores da vida exigiriam que a menina doasse o rim. Não vejo assim. Todo doente tem o direito a ser bem cuidado, amparado em suas necessidades básicas de ar, alimento, alívio da dor, conforto emocional e espiritual. Meios extraordinários, como geração de irmãos para doação de órgãos, desrespeitam a liberdade e ultrapassam até o bom senso.

Diretor:
Nick Cassavetes
Roteiro: Jeremy Leven e Nick Cassavetes, baseado em romance de Jodi Picoult
Música: Aaron Zigman
Fotografia: Caleb Deschanel
Elenco: Abigail Breslin, Sofia Vassilieva, Cameron Diaz, Jason Patric, Evan Elligson, Alec Baldwyn, Heather Walquist, David Thornton, Joan Cusack, Thomas Dekker

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Confissões de uma Garota de Programa

The Girlfriend Experience
(2009) 77 min (14 anos)



EUA - "Confissões de uma Garota de Programa" mostra alguns dias na vida de Christine Brown, conhecida como Chelsea, uma acompanhante de Manhatan que desempenha o papel de namorada por US$ 2.000,00 a hora. Imune à crise que atravessa o país, sua agenda está sempre ocupada. A elegante jovem acredita em consultar a compatibilidade do dia do seu nascimento com o dos clientes. Ela sente que isso lhe dá controle sobre sua própria vida. Independente, Christine divide o elegante apartamento em que mora com o compreensivo Chris, um personal trainer que aceita seu estilo de vida. Mas há um custo nesta maneira de viver, que se faz sentir no desligamento emocional de Chelsea, que, na realidade, não estabelece vínculo significativo com homem algum, apenas uma falsa intimidade.

O filme pode ser um pouquinho confuso. "Quem é esse homem mesmo?", me perguntei várias vezes. Mas é discreto (14 anos), bem feito, cria um clima. Steven Soderbergh acertou ao escolher como protagonista a artista de filmes adultos Sasha Gray. Ela é bastante convincente como Chelsea. E o diretor (Che, Onze Homens e um Segredo) leva competência a tudo o que faz.

Diretor: Steven Soderbergh
Roteiro: David Levien & Brian Koppelman
Música: Ross Godfrey
Fotografia: Steven Soderbergh (como Peter Andrews)
Elenco: Sasha Gray, Chris Santos, Philip Eytan, Peter Zizzo, Vincent Dellacera, David Levien, Mark Jacobson, Steve Klapper, Dennis Shields, Ben Finkelstein, Caitlin Lyon

sábado, 5 de dezembro de 2009

Surpresas do Amor

Four Christmases
(2008) 88 min (12 anos)



EUA - Há tres anos, Brad e Kate evitam passar o dia de Natal com seus parentes. Filhos de pais divorciados, em famílias um tanto disfuncionais, precisariam peregrinar por quatro festas diferentes. Como desculpa, costumam inventar viagens em projetos voluntários para ajudar pessoas carentes em países exóticos. No dia em que devem embarcar para as ilhas Fiji, uma densa neblina cobre a baía de San Francisco (linda a imagem da Golden Gate entre as nuvens!) . Todos os vôos são suspensos. Mas o pior está por vir: diante do placar, mostrando o cancelamento dos vôos, uma repórter da TV entrevista o casal, em coloridos trajes típicos de turista nos trópicos, em frente ao balcão da companhia aérea. Na cena seguinte, em roupas negras, quase emburrados, Brad e Kate viajam de carro para a primeira reunião de família. Feliz Natal?

Não quis nem saber a nota no imdb. Escolhi o filme pelo tema e pela presença de Reese Witherspoon. De quebra, tive a surpresa de encontrar, como coadjuvantes, Robert Duvall, Sissy Spacek, Jon Voight, Mary Steenburgen, uma deliciosa trilha sonora natalina e todos aqueles enfeites, cores e brilhos desta festa maravilhosa. "Surpresas do Amor" tem altos e baixos. Aborda superficialmente o tema do egoísmo, medo de compromisso , a valorização da paternidade e das famílias, mesmo imperfeitas. Minha paixão pelo Natal me leva por caminhos sinuosos e desiguais...

Diretor: Seth Gordon
Roteiro: Matt Allen, Caleb Wilson, Jon Lucas, Scott Moore
Música: Alex Wurman
Fotografia: Jeffrey L. Kimball
Elenco: Reese Witherspoon, Vince Vaughn, Robert Duvall, Sissy Spacek, John Voight, Mary Steenburgen, Jon Favreau, Dwight Yoakam, Tim McGraw, Kristin Chenoweth,

Arraste-me para o Inferno

Drag me to Hell * *
(2009) 99 min (14 anos)



"Eu suplico e você me humilha?"

EUA, Califórnia - Em 1969, um casal de mexicanos corre até a casa de Shaun San Dena. Eles querem que a médium livre seu filho das forças malignas que o assombram há 3 dias.

Quarenta anos depois, em Los Angeles, vive a loura, linda e meiga Christine Brown. Sua aparência frágil destoa da função que exerce no banco em que trabalha. Ela é responsável pela seção de empréstimos da agência e espera ser indicada para o cargo de gerente, assim que fechar um grande contrato. Mas há um concorrente à vaga, o qual usa métodos desleais para impressionar o chefe, Sr. Jacks. Se depender das artimanhas do novato Stu Rubin, Christine não mudará de mesa.

Assim, quando a senhora Ganush diz que esteve doente e precisa renovar a hipoteca mais uma vez, Christine endurece o coração e nega. A velha cigana explica que perderá a casa, onde morou a vida inteira, se ajoelha e suplica. Mas a jovem quer provar ao chefe que é capaz de tomar decisões difíceis. Enfurecida, Sylvia Ganush precisa ser retirada à força pelos seguranças do banco. Para satisfazer seu desejo de vingança, a bruxa lança a maldição de Lâmia sobre Christine, que buscará forças aliadas para contrapor aos espíritos malévolos que vêm assombrá-la.

"Arraste-me para o Inferno" é uma experiência única para os apaixonados por filmes de horror e suspense; gente estranha que gosta de levar susto e ser aterrorizado, entre as quais me incluo. Tem os elementos clássicos do gênero: espíritos, insetos, gatos, sombras ameaçadoras, objetos que se movem, lances de humor negro, além de uma doce protagonista, que provoca empatia imediata e me lembrou a jovem Clarice Starling, diante do assustador Hannibal Lecter. Tanto Christine como Clarice tentam esquecer a infância pobre no interior. O filme é perfeito para uma sessão-pipoca; só para aqueles que têm estômago forte e não ficam enjoados à toa.

Curiosidade:
* A placa do Oldsmobile amarelo de Sylvia Ganush é 99951. Lendo de cabeça para baixo, fica IS666 (é 666 - o número da besta). O carro, na realidade, pertence ao diretor Sam Raimi e já apareceu em seus outros filmes, Evil Dead I e II.


Diretor: Sam Raimi
Roteiro: Sam Raimi, Ivan Raimi
Música: Christopher Young
Fotografia: Peter Deming
Elenco: Alison Lohman, Justin Long, Lorna Raver, Dileep Rao, David Paymer, Adriana Barraza, Reggie Lee

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

UP - Altas Aventuras

Up * *
(2009) 96 min (Livre)



EUA - Quando crianças, Carl Fredricksen e Ellie tornaram-se amigos inseparáveis a partir da admiração de ambos pelo famoso explorador de 24 anos, Charles Muntz. Ellie e Carl sonham repetir suas aventuras e conhecer o Paraíso das Cachoeiras. "Up" começa com um breve noticiário em preto e branco, sobre o mundo perdido na América do Sul. Posteriormente, Charles Muntz desaparece com o dirigível "Spirit of Adventure", numa expedição para provar a veracidade de suas descobertas à comunidade científica.

O tranquílo Carl e a animada Ellie lêem juntos, fazem piqueniques, sonham, planejam um futuro comum, casam-se, amparam-se na tristeza, cuidam da casa, envelhecem juntos. O sonho da viagem foi sendo sempre adiado por imprevistos da vida. Mas, no início da história, Carl já está viúvo, morando sozinho na aconchegante casinha com varanda, emoldurada por pequeno gramado, em que viveu com sua amada Ellie.

Batidas na porta de entrada vêm quebrar a rotina. A visita inesperada é Russell, um pequeno Explorador da Natureza, tribo 54, Cabana do Vapor 12. O rechonchudo menino de 8 anos, vestido como escoteiro, precisa ajudar um idoso para ganhar um distintivo e passar à categoria de Grande Explorador. Será que o recluso Carl estará aberto a essa nova aventura? Vale muito a pena conferir a resposta.

Fomos assistir "Up" no cinema, para aproveitar a novidade em 3 dimensões. Um dos filhos se recusava a nos acompanhar porque o filme era dublado. Não adiantava meu argumento de que todo desenho animado é dublado; ele preferia ficar em casa. À última hora, felizmente, foi convencido por uma das irmãs. Nesta primeira experiência, me emocionou bastante a doce história de amor entre Carl e Ellie. Enfim, personagens principais que podem não ser jovens e lindos.

Ao rever "Up" , me chamaram a atenção as cores alegres, o desenho perfeito em detalhes, o cenário maravilhoso, baseado nos "tepuis " (montanha em forma de mesa) da Venezuela. Os extras do DVD nos levam à cachoeira mais alta do mundo, Santo Angel, onde a água evapora antes de tocar o chão, e ao Monte Roraima, local de difícil acesso que serviu de inspiração para o ambiente do filme.

Mas, provavelmente, o maior encanto para mim, depois do romance do casal Fredricksen, foi a amizade que se desenvolveu entre Carl e Russell: assistir o idoso largar a bengala, tomar sorvete na calçada e rejuvenescer, participando da vida do menino esquecido pelo pai. Viver o papel de avô deu sentido à vida de Carl e tornou Russell mais feliz.


Monte Roraima

Diretor: Pete Docter, Bob Peterson
Roteiro: Bob Peterson e Pete Docter, baseado em história de Pete Docter, Bob Peterson, Tom McCarthy
Música: Michael Giacchino

*** excelente
** ótimo
* bom

Sem Asterisco - interessante

sábado, 28 de novembro de 2009

Amantes

Two Lovers *
(2008) 110 min (14 anos)



EUA, Nova Iorque - Um jovem caminha pela ponte Brighton, no Brooklyn, carregando roupas num cabide, onde se lê mensagem da tinturaria: "Amamos nossos clientes". Um som forte, ritmado, que lembra o ruído de máquinas numa fábrica, o acompanha. O rapaz sobe na divisória e se deixa cair, de pé, na água fria. Com os braços levantados, seu corpo vai lentamente afundando, enquanto recorda a imagem e as palavras de uma mulher: "Leonard, te amo, mas vou embora." Voltando à superfície, grita por socorro e é auxiliado pelos transeuntes. Confuso e embaraçado, só quer se afastar das pessoas e ir embora.

Vendo-o chegar encharcado, murmurando explicações insuficientes, seus pais deduzem que Leonard se entregou ao desespero mais uma vez. Numa tentativa de ajudá-lo, apresentam-lhe Sandra, filha de um casal amigo, possível comprador da tinturaria da família. Há um interesse mútuo imediato entre os jovens, para satisfação de todos. A intenção dos pais amorosos é que Leonard continue a trabalhar na tinturaria e se case com Sandra. Enfim, tudo estaria resolvido se, no caminho de Leonard, não aparecesse a loura e esguia Michelle. Fascinado pelo seu jeito desprotegido e sofisticado, ele se sente compelido a conquistar a nova vizinha. Não esmorece nem ao descobrir que ela usa drogas e tem um amante casado.

Nesse triângulo, Sandra quer cuidar de Leonard, que deseja salvar Michelle. A morena é calma, gentil, carinhosa e incentiva o gosto do namorado pela fotografia. Seus encontros com Leonard se dão em ambientes fechados e acolhedores. Contrastando, é no topo do edifício em que moram, onde um vento gelado despenteia os cabelos lisos de Michelle, que os vizinhos se procuram. A diferença de clima representa o que esperar do convívio com cada uma das moças. Leonard deve decidir se prefere o carinho tranquilo ou uma vida provável de paixão e turbulência. O que você escolheria?

"Amantes" tem ótimas performances do elenco e um roteiro bem desenvolvido. O personagem de Leonard Kraditor foi escrito tendo Joaquin Phoenix em mente: "uma alma atormentada, solitária, perdida, comovente" (palavras do diretor). Se ele não tivesse aceito o papel, o filme não teria sido realizado. A trilha sonora é um envolvente caso à parte.

Diretor: James Gray
Roteiro: James Gray & Ric Menello
Fotografia: Joaquín Baca-Asay
Elenco: Joaquín Phoenix, Gwyneth Paltrow, Vinessa Shaw, Isabella Rossellini, Elias Koteas, Moni Moshonov, Bob Ari

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Intriga Internacional

North by Northwest * *
(1959) 136 min (14 anos)

EUA - Saindo do escritório, em Nova Iorque, o ocupado publicitário Roger O. Thornhill passa na frente de um casal e entra correndo no táxi amarelo, acompanhado pela secretária. Entre as últimas instruções do dia, Roger recomenda que telefone para sua mãe, marcando um compromisso. Chegando ao Oak Room bar, no Hotel Plaza, onde já é aguardado, o executivo se dá conta de que sua assistente não tem o telefone do lugar em que sua mãe se encontra.

Nesse instante, passa um mensageiro pelo saguão do hotel chamando: "Mr. Kaplan, Mr. George Kaplan". Roger se volta para o rapaz, pensando enviar um telegrama. Isso chama a atenção de dois homens, pois, do seu ponto de vista, Thornhill parece estar respondendo ao mensageiro. Assim começam as desventuras do publicitário que parecia tão aquinhoado pela sorte. Confundido com um agente secreto, ele é raptado pelos dois capangas, e se envolverá de tal forma numa série de acidentes, que nem a própria mãe acreditará em sua inocência.

"Intriga Internacional" me magnetizou pela elegante composição da imagem, direção segura, ritmo ágil, locações incríveis e pela simpatia de Cary Grant, que adiciona leveza e humor num filme de suspense, junto a Jessie Royce Landis, impagável no papel de sua mãe Clara. Mas meu Hitchcock favorito ainda é "O Terceiro Tiro" (The Trouble with Harry).
Jessie Royce Landis

Desta vez, meu bom amigo Tomás venceu minha relutância em rever os clássicos, acenando com os Extras do DVD. Aliás, isso nunca falha, bons extras me fascinam. As novas edições dos filmes de Hitchcock costumam ter Bônus de alta qualidade. No caso de "Intriga Internacional", além do making of, há um documentário sobre o estilo único de Alfred Hitchcock e outro sobre Cary Grant, enriquecido com entrevistas de amigos, ex-esposas, comentários de uma historiadora de cinema, mais filmagens de arquivo, fotos e trechos dos filmes em que atuou. No conjunto, um trabalho esplêndido de pesquisa, incluindo depoimentos de Martin Scorcese, William Friedkin, Guillermo del Toro, sobre a obra do mestre do suspense, católico e inglês de nascimento. Dava para perder?

Hitchcock está fácil de identificar, aparece logo no começo do filme

Diretor:
Alfred Hitchcock
Roteiro: Ernest Lehman
Música: Bernard Herrmann
Fotografia: Robert Burks
Elenco: Cary Grant, Eva Marie Saint, James Mason, Jessie Royce Landis, Martin Landau

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Adoração

Adoration
(2008) 101 min (14 anos)



Canada - No final do ano, as famílias se preparam para o Natal em Toronto, enfeitando casas e jardins. Simon é um adolescente órfão criado pelo impulsivo, mas dedicado, tio materno. Tom nunca descobriu sua vocação, diz o avô Morris ao neto que vai visitá-lo no hospital. Por isso Tom ganha a vida como rebocador de carros estacionados irregularmente. Em compensação, o ancião só tem palavras de elogio para Rachel, a mãe de Simon, que vai registrando no celular todas as informações sobre a morte dos pais.

Na escola, a professora de francês pede aos alunos que traduzam uma antiga notícia de jornal. O artigo fala de um frustrado atentado a bomba em avião cujo destino era Israel. Um homem colocou explosivos na bagagem da mulher grávida. Simon tem a idéia de escrever o trabalho da perspectiva do bebê, ainda na barriga da mãe. Sabine que, além de ensinar francês, também é responsável pelas aulas de teatro, sugere a Simon que desenvolva a história e a apresente como exercício dramático, levando os colegas a pensarem que era ele realmente aquela criança. Envolvido pelo projeto, o adolescente passa a discuti-lo na internet com pessoas de diferentes opiniões: entre elas uma sobrevivente de campo de concentração e um neo-nazista que afirma que o holocausto não existiu.

O diretor canadense Atom Egoyan baseou-se no "Hindawi Affair". Na manhã de 17 de abril de 1986, os agentes de segurança israelense do Aeroporto de Heathrow descobriram explosivos semtex na bagagem de Anne Mary Murphy. A irlandesa grávida ia embarcar num vôo da El Al para Tel Aviv com 375 passageiros. Aparentemente ela desconhecia o conteúdo da valise, que foi preparada pelo noivo jordaniano Nezar Hindawi. Anne Mary pensava estar indo ao encontro da familia dele. O terrorista foi condenado a 45 anos de prisão (Wikipedia).
A câmera sossegada de "Adoração" alinhava melodiosamente as visões de cada personagem em sua busca pela verdade, conciliação e alívio da dor.

Diretor: Atom Egoyan
Roteiro: Atom Egoyan
Música: Mychael Danna
Fotografia: Paul Sarossy
Elenco: Devon Bostick, Arsinée Khanjian, Scott Speedman, Rachel Blanchard, Noam Jenkins

domingo, 22 de novembro de 2009

A Culpa é do Fidel!

La Faute à Fidel! * *
Blame it on Fidel!
(2006) 95 min (Livre)



França, 1970 - Anna de la Mesa tem 9 anos, mora em Paris com os pais e irmão caçula, leva uma vida regrada e tranquila, dividida entre a escola católica e a família. A menina quer ser uma dama como a vovó. Ensina aos primos umas regras de etiqueta à mesa, treina a maneira elegante de beber champanhe e não gosta de correrias infantis. Depois da morte do tio espanhol, um comunista atuante, as coisas começam a mudar.

Os pais se engajam na política, alugam um apartamento menor, onde são visitados por pessoas desconhecidas, entre as quais homens barbudos. Babás de diferentes nacionalidades se sucedem, solidariedade é a palavra de ordem, mas Anna não pode assistir às lições de catecismo. Anna se assusta com essas novidades e desconfia que os pais se tornaram seguidores de Fidel, o líder terrível que confiscou tudo de Filomena, sua babá cubana. Quem está certo, quem está errado? Com o passar do tempo a menina vai amadurecendo sua visão do mundo.

Nina Kervel-Bey, a atriz, pequena só no tamanho, que interpreta Anna de la Mesa, exprime no rostinho sério as nuances de sentimento que agitam sua personagem. O filme é bonito, agradável, humano e ajuda a quem não viveu esse período da história recente a entender melhor o que se passou. O site Omelete tem uma análise muito bem feita e interessante sobre "A Culpa é do Fidel", com comentários pessoais de Camila Guimarães. Na película argentina "Kamchatka", ambientada no mesmo período, os pais são mais bem sucedidos em manter na clandestinidade um ambiente alegre para o filho. Outro filme que vale a pena ser visto.

Diretora: Julie Gravas
Roteiro: Julie Gravas, Arnaud Cathrine, baseado na novela "Tutta Colpa di Fidel"
Música: Armand Amar
Fotografia: Nathalie Durand
Elenco: Nina Kervel-Bey, Julie Depardieu, Stefano Accorsi, Martine Chevallier, Olivier Premier, Marie-Noëlle Bordeaux, Christiana Markou, Thi Thy Tien N'Guyen

A Era da Inocência

L'Âge des Ténèbres * *
(2007) 99 min (16 anos - nudez, relação sexual , insinuação de sexo oral, assassinato, mutilação)


Canadá - Jean Marc LeBlanc é um desalentado funcionário público de Quebec. De nada adiantam as palestras sobre terapia do riso ou feng shui, das quais é obrigado a participar com os colegas antes do expediente, ele não vê futuro em sua vida pessoal ou profissional. A cada dia Jean Marc se vê impotente diante das queixas dos cidadãos frente a leis absurdas que controlam o dia a dia dos canadenses. A sociedade politicamente correta transformou o vício do tabaco em crime, "negro" é uma não-palavra que não pode ser pronunciada. Em casa, ele é ignorado pela mulher e duas filhas, Mégane e Coralie. A esposa Sylvie é corretora de imóveis bem-sucedida, não tem tempo para ele e está sempre falando ao telefone. As meninas, de 13 e 15 anos, seguem pelo mesmo caminho: ou estão ouvindo seus ipods ou jogando frente a tv.

Jean Marc visita semanalmente a mãe esclerosada numa clínica e sofre ao observar o total desligamento da única pessoa que lhe permite demonstrações de afeto. O imaginoso funcionário elabora um mundo de sonhos onde se refugia para ser jovem, cantor, escritor ou político famoso e atrair belas mulheres, especialmente uma carinhosa, loura e compreensiva top-model. Quando a esposa Sylvie parte para Toronto ele tenta conhecer alguém real numa série de encontros relâmpago. Mas a pretendente Beatrice de Sabóia quer viver o período medieval no presente. Será essa a solução para trazer alguma cor ao mundo do funcionário sonhador?

Em contraste com o mundo cinzento da realidade, as fantasias de Jean Marc se expressam em tons mais vibrantes. São vermelhos e muito femininos os sapatos da jornalista imaginária que lhe concede favores sexuais ou as vestes da modelo Veronica Star.

"A Era da Inocência" é o último filme da trilogia do canadense Denys Arcand sobre a desintegração da sociedade ocidental contemporânea. Houve quem não gostasse do final ( que não desejo adiantar), mas não foi meu caso. Fiquei bem satisfeita com a solução do roteirista-diretor, sobretudo com as últimas imagens, acompanhadas de bela música. Assisti até o fim a lista de créditos para prolongar ainda alguns segundos o alento de viver numa era de inocência. Mas muito feliz voltei às comodidades da vida moderna, como o uso do Google para pesquisa de imagens, já antecipando nosso delicioso almoço em família, sem TV, é claro.


Diretor: Denys Arcand
Roteiro: Denys Arcand
Música: Philippe Miller
Fotografia: Guy Dufaux
Elenco: Marc Labrèche, Diane Kruger, Sylvie Léonard, Caroline Néron, Rufus Wainwright, Macha Grenon, Bernard Pivot, Michel Rivard, Camille Léonard Rioux

sábado, 21 de novembro de 2009

Harry Potter e o Enigma do Principe

Harry Potter and the Half-Blood Prince *
(2009) 153 min (12 anos)



Inglaterra - Harry Potter deve retornar para seu 6° ano de treinamento em Hogwarts. Depois da temível experiência com Lorde Voldemort é natural que esteja receoso. O diretor Dumbledore leva Harry até a casa do professor Horace Slughorn, a quem tenta convencer a dar aulas sobre poções na escola de magia. Dumbledore gostaria de colocar Harry sob a proteção de Slughorn pois o jovem vai precisar de toda a ajuda possível. Os Comensais da Morte já estão agindo no mundo dos "trouxas" e no dos feiticeiros. Varrendo as ruas de Londres como uma fumaça escura e violenta, destroem a loja de magia Borgin & Burks e a ponte do Milênio.

Na escola, o clima de romance está no ar e os pares começam a se formar. Harry e Hermione sofrem ao perceber que seus eleitos escolheram outros. Nas aulas de Poções Mágicas do professor Horace, cada aluno pega um livro no armário de madeira. O exemplar de Harry está todo anotado com instruções adicionais de um misterioso Príncipe Mestiço. Graças a essas instruções, ele vence o desafio do professor Slughorn e ganha um frasco com a Poção da Sorte. Harry vai precisar de cada gota para descobrir segredos e superar as ameaças que rondam Hogwarts.
"Harry Potter e o Enigma do Príncipe" tem a receita mágica para o sucesso: diretor competente, bom roteiro e música, elenco excepcional, bela fotografia. Quando o filme acabou lamentei não poder assistir logo ao desfecho da história. O sétimo e último da série virá em duas partes, previstas para 2010 e 2011 (Harry Potter e as Relíquias da Morte: Partes I e II). Nada a fazer, além de esperar.


Curiosidades: (do imdb)
* a participação de Maggie Smith foi discreta; a dama do teatro inglês completou as filmagens enquanto fazia radioterapia para tratar um câncer de seio.
* O diretor David Yates escolheu Hero Fiennes-Tiffin para interpretar Tom Riddle aos 11 anos pela semelhança do menino com o tio Ralph Fiennes, que interpreta Lorde Voldemort.
* Bruno Delbonnel foi escolhido para diretor de fotografia por David Yates: "A escolha dos ângulos, os close-ups radicais, o ritmo das cenas... É cheio de camadas, incrivelmente rico."

Os Comensais da Morte
Diretor: David Yates
Roteiro: Steve Kloves, baseado na obra de J. K. Rowlings
Música: Nicholas Hooper
Fotografia: Bruno Delbonnel
Elenco: Daniel Radcliff, Rupert Grint, Emma Watson, Jim Broadbent, Michael Gambon, Helena Bonham Carter, Tom Felton, Robbie Coltrane, Alan Rickman, Maggie Smith, Timothy Spall, David Thewlis, Julie Walters, Jessie Cave, Bonnie Wright, James Phelps, Oliver Phelps, Mark Williams, Evanna Lynch, Hero Fiennes-Tiffin, Anna Shaffer, Frank Dillane, Geraldine Somerville

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Há tanto Tempo que te Amo

Il y a longtemps que je t'aime *
(2008) 116 min (12 anos)



"Antes da faculdade, dei aula durante 10 anos na prisão (...) nada foi como era antes. Eu via tudo diferente. Os outros, o céu, o tempo que passa. Percebi que todos que conheci lá dentro eram como eu. Eles poderiam estar no meu lugar e eu no deles." (Michel)

França - "Juliette está prestes a sair da cadeia, onde permaneceu por 15 anos. Sua irmã caçula Léa a aguarda do lado de fora, para recebê-la em sua casa, onde vive com o marido Luc e duas filhas pequenas, vietnamitas e adotadas, além do sogro que perdeu a fala. A situação não é fácil porque Juliette cometeu o mais terrível dos assassinatos e nunca falou disso com ninguém, além de admitir a própria culpa. A reintegração à normalidade é difícil para Juliette. Sua ficha criminal produz rejeição na hora de buscar trabalho. Luc teme deixá-la tomando conta das meninas. Contudo a ex-presidiária encontra afeto e compreensão em sua irmã, no agente da condicional e em Michel, um professor universitário amigo de Léa." (Decine21)

Kristin Scott Thomas está excelente no papel de Juliette e o elenco como um todo não fica atrás. O desenrolar da história não constitui uma surpresa, pois o roteiro vai deixando indícios, mas prende a atenção e emociona até o fim. Vários temas são abordados: sofrimento, solidão, morte, dificuldade em abrir-se para o outro, sentimento de culpa e a família como fonte de afeto e acolhimento. O título "Há tanto tempo que te amo" vem da letra de uma canção do filme, o qual ganhou vários prêmios, inclusive o Bafta para Melhor Filme em Língua Estrangeira. As mais sensíveis podem ir preparando o lenço!

Diretor: Philippe Claudel
Roteiro: Philippe Claudel
Música: Jean-Louis Aubert
Fotografia: Jérôme Almeras
Elenco: Kristin Scott Thomas, Elsa Zylberstein, Serge Hazanavicius, Laurent Grévill, Frédéric Pierrot, Lise Ségur

A Vida Secreta das Abelhas

The Secret Life of Bees *
(2008) 109 min (16 anos)

EUA, 1964 - Aos 4 anos, Lily Owens testemunhou uma discussão violenta entre os pais. A menina apanhou no chão um revólver e quis entregar à mãe, mas a arma disparou acidentalmente, matando-a. Agora com 14 anos, Lili carrega a culpa de ter matado a pessoa a quem mais amava no mundo e deve conviver com o pai, a cada dia mais fechado e difícil. Quando sua babá e amiga Rosaleen é espancada por homens da comunidade, Lily toma a decisão de fugir com ela para impedir que seja morta. Numa sacola coloca roupas e a imagem da Madona negra que herdou da mãe. Lê-se no verso: Tiburon, Carolina do Sul. Para lá as duas se dirigem de carona.

Em Tiburon, Lily conhece August, May e June Boatwright. As independentes irmãs fabricam o mel mais delicioso da região e acolhem as fugitivas, cercando-as de carinho num ambiente alegre e espiritualizado. Lily e Rosaleen encontram um verdadeiro lar.

O desempenho de Dakota Fanning como Lily é convincente e tocante, a música é bonita. "A Vida Secreta das Abelhas" trata de preconceito, violência familiar, amizade e superação de problemas através do afeto.

Diretora: Gina Prince-Bythewood
Roteiro: Gina Prince-Bythewood, baseado em romance de Sue Monk Kidd
Música: Mark Isham
Fotografia: Rogier Stoffers
Elenco: Dakota Fanning, Queen Latifah, Jennifer Hudson, Alicia Keyes, Paul Bettany, Sophie Okonedo, Hilarie Burton, Tristan Wilds

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Stella

Stella *
(2008) 102 min (14 anos)



França - Stella tem 11 anos e mora num bar na periferia de Paris, frequentado por ex-ladrões e rejeitados pela sociedade. Seus pais estão ocupados demais para prestar atenção na filha, que precisa "se virar". Ela entende de futebol, sabe preparar drinks, conhece as regras de sinuca e jogos de carta, canta várias músicas de cor, mas desconhece o necessário para ser uma boa estudante. Em 1977, a menina é transferida para uma escola de ótimo nível, onde encontra Gladys, a melhor aluna da turma. Através desse relacionamento abre-se um novo mundo para Stella: o conforto de uma amizade verdadeira e a realidade maravilhosa da literatura. Sua vida está prestes a mudar para sempre.

"Stella" é autobiográfico, poderia chamar-se "Sylvie", o nome verdadeiro da roteirista e diretora. É um filme sensível que trata com honestidade os problemas familiares, escolares, o conflito entre os pais e a entrada no mundo adolescente. A pequena atriz Léora Barbara convence como protagonista, conquistando aos poucos nossa simpatia. Guillaume, filho de Gérard Depardieu, faz o papel de Alain, um frequentador do bar por quem Stella é platonicamente apaixonada. Em outubro de 2008 o ator morreu de complicações de uma pneumonia. Ele estava com 37 anos. "Stella" ganhou o prêmio de Melhor Roteiro no Festival de Flandres. O filme é uma excelente oportunidade para debater sobre a importância das boas amizades no amadurecimento.

Diretor: Sylvie Verheyde
Roteiro: Sylvie Verheyde
Música: NousDeux
Fotografia: Nicolas Gaurin
Elenco: Léora Barbara, Karole Rocher, Benjamin Biolay, Mélissa Rodriguès, Laëtitia Guérard, Guillaume Depardieu

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Jean Charles

Jean Charles
(2009) 91 min (14 anos - Exposição de cadáver, linguagem chula, prostituição)



Inglaterra - O filme de Henrique Goldman conta o período final da vida de Jean Charles de Menezes, mineiro da cidade de Gonzaga, que foi assassinado pela polícia no metrô de Londres. O jovem eletricista brasileiro foi confundido com Hussain Osman, um muçulmano suspeito de terrorismo. Entre os pertences de Hussain estava um cartão com o endereço do prédio em Tulse Hill, sul de Londres, onde Jean Charles morava com alguns primos.

A história trágica de Jean Charles é bem conhecida e nos desperta a curiosidade para conhecer os detalhes no filme. Mas foi a presença de Selton Mello e a paixão pela paisagem de Londres que me fizeram seguir até o fim. Houve um momento divertido: a apresentação de Sidney Magal num show na capital da Inglaterra. O cantor rouba a cena, acompanhado por dançarinas rebolantes em biquinis nas cores da nossa bandeira. No mais dá certa tristeza testemunhar a necessidade que leva jovens a emigrarem em busca de trabalhos de pouca qualificação para ajudar no sustento da família no Brasil.



Diretor: Henrique Goldman
Roteiro: Henrique Goldman, Marcelo Starobinas
Música: Nitin Sawhney
Fotografia: Guillermo Escalon
Elenco: Selton Mello, Vanessa Giácomo, Marek Oravec, Renu Setna, Luis Miranda, Sidney Magal

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Bakhita, a Santa

Bakhita *
Bakhita, The African Saint
(2009) 102 e 104 minutos (feito para a TV) (Livre)



"Felicidade é o Amor de Deus, que sempre me acompanhou de forma tão misteriosa. Mesmo antes de conhecê-lo" (Santa Josefina Bakhita)

Sudão e Italia - Nascida cerca de 1869, em Darfur, território do Sudão, a menina Bakhita viveu feliz seus primeiros anos, correndo pela savana junto aos irmãos e amigos. Pertenciam ao povo Daju, uma das etnias mais importantes do país. Ainda pequena foi raptada por homens de outra tribo que a venderam como escrava. Começava um período de tortura, humilhação e trabalho excessivo. Desta época ficou-lhe no corpo a marca de 144 cortes simétricos, como uma tatuagem.

"Puseram-me sal nas feridas, para ficarem por cicatrizar por muito tempo, testemunhando minha condição de escrava, um "objeto" na posse de uma família. Fiquei mais de um mês estendida nua numa esteira, sem me poder mexer, ardendo em febre e sem água para beber e lavar as feridas. Só não morri graças a um milagre do Senhor, que me havia destinado a "coisas mais altas"."

Giuseppina Margherita Fortunata, nome que adotou no batismo, foi baptizada, crismada e recebeu a Sagrada Comunhão das mãos do Patriarca de Veneza, a 9 de Janeiro de 1890. A 8 de Dezembro de 1896, em Verona, pronunciou os votos na Congregação das Irmãs Canossianas. Previamente foi necessário um julgamento, ante o tribunal da justiça veneziana, para que ela se tornasse uma pessoa livre. Irmã Bakhita jamais permitiu que os maus-tratos e preconceitos sofridos a transformassem numa pessoa ressentida ou vitimizada. Sua capacidade de perdão a liberta e nos encanta.

A atriz Fatou Kine Boye foi feliz ao interpretar o jeito simples, manso, humilde, o sorriso gentil e acolhedor de Josefina Bakhita, que, em 1º de outubro de 2000, foi aclamada santa pelo Papa João Paulo II, na praça de São Pedro, Roma. Mesmo dia da canonização de São Josemaria Escriva de Balaguer. Quem esteve presente à magnífica cerimônia percebeu, entre a multidão de mais de 300.000 pessoas, belas senhoras africanas em turbantes e vestidos coloridos, atraindo as câmeras e o interesse dos peregrinos. Se ali estavam pelo Fundador da Opus Dei, que tem obras na África, ou para homenagear a 1ª santa do continente, é difícil dizer. Só era fácil testemunhar a emoção e alegria, comum a todos. Tais sentimentos também enchem a alma de quem assiste o filme de Giacomo Campiotti.

Cenas especiais retratam o encontro de Bakhita menina com o leão na savana e o encantamento que, mais velha, experimenta ao chegar em Veneza e admirar o leão alado na praça e outras figuras familiares de animais que adornam os prédios da cidade. Sentiu-se em casa.
De Stardust

Diretor: Giacomo Campiotti
Roteiro: Giacomo Campiotti, Dino Leonardi Gentili, Filippo Gentili, Filippo Soldi, baseado no romance de Roberto Italo Zanini ( Bakhita, inchiesta su una Santa per il 2000)
Música: Stefano Lentini
Fotografia: Blasco Giurato
Elenco: Fatou Kine Boye, Stefania Rocca, Fabio Sartor, Francesco Salvi, Ludovico Fremont, Sonia Bergamasco, Ettori Bassi, Federica Baù, Ditta Teresa Acerbis

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

A Testemunha

Witness * * *
(1985) 112 min (12 anos)



EUA - Numa bela fazenda Amish vivem Samuel Lapp e a jovem mãe Rachel. A comunidade austera se reúne em torno dos dois no dia do enterro do chefe da família. Poucos dias depois, Rachel leva o filho de 7 anos a sua primeira viagem à Filadélfia. Encantado com as novidades, o menino vê mais do que gostaria. Por uma porta entreaberta no banheiro da estação, Samuel testemunha o assassinato de um homem. O policial encarregado do homicídio é John Book. Na delegacia, o honesto detetive percebe que o menino reconheceu, como um dos assassinos, um oficial do departamento de narcóticos. Para protegê-los, John Book acompanha a mãe e a criança de volta à comunidade religiosa, onde se mistura aos pacíficos fazendeiros de casacos escuros.

Pela pouca idade do ator Lukas Haas, Peter Weir não quis que assistisse á cena de assassinato, que ele julgava a mais violenta de sua carreira de diretor de cinema. Pediu que o menino imaginasse algo terrível e filmou em close seus lindos olhos escuros. De lá para cá, a escalada de violência nas telas deixou a cena de homicídio como algo leve, embora tensa. O magnífico roteiro, uma direção e elenco competentes mantem o interesse vivo durante todo o desenrolar da história. Há cenas memoráveis e inesquecíveis, comprovando que os grandes filmes permanecem vibrantes, sem recorrer ao abuso na exibição de sangue, tiroteios intermináveis e outros desfile de atrocidades.

Curiosidades:
* Antes de ser ator, Harrison Ford trabalhou como carpinteiro. Em "A Testemunha" teve a oportunidade de colocar estas habilidades em ação, além de cantar "Wonderful World", música escolhida por ele para a cena do celeiro.

* Na preparação para o papel de Rachel Lapp, Kelly McGillis morou com uma viúva Amish e seus 7 filhos durante algum tempo. Assim aprendeu sobre a rotina diária da família e a cadência no modo de falar.

* Viggo Mortensen aparece pela primeira vez no cinema, vivendo o papel de Moses Hochleitner.

* John Seale (Sociedade dos Poetas Mortos) foi o responsável pela bela fotografia de "A Testemunha". Pelo menos uma das cenas foi inspirada nas pinturas do holandês Jan Vermeer.



Diretor: Peter Weir
Roteiro: Earl W. Wallace & William Kelley, baseado em história de William Kelley e Pamella Wallace & Earl W. Wallace
Música: Maurice Jarre
Fotografia: John Seale
Elenco: Harrison Ford, Kelly McGillis, Josef Sommer, Lukas Haas, Danny Glover, Jan Rubes, Alexander Godunov, Viggo Mortensen

Star Trek

Star Trek *
(2009) 126 min (12 anos)



Ano 2233.64 - Os sensores da nave USS Kelvin enlouqueceram, aparentemente devido a uma tempestade cósmica. A Frota Estelar suspeita de um ataque klingon e recomenda cautela ao Capitão Robau. A verdade é mais nebulosa. De dentro da tempestade emergem múltiplos tentáculos afilados de uma nave escura em posição de ataque. As defesas evasivas da USS Kelvin falham e o capitão Robau é intimado a comparecer ante o inimigo. Antes de partir deixa o comando com George Kirk, recomendando que evacue a tripulação caso não volte em 15 minutos.

Diante de Nero, o agressivo comandante remulano, Robau é interrogado sobre a data estelar e o destino do Embaixador Spock. O comandante humano responde sobre o ano corrente, mas afirma desconhecer Spock. Frustrado com as respostas, Nero mata Robau e manda destruírem a USS Kelvin. Quando falha o piloto automático, o Capitão Kirk resolve permanecer na espaçonave para proteger a fuga da tripulação. Entre os que se salvam está sua esposa, em trabalho de parto. Nos 12 minutos que lhe resta, o casal se despede e escolhe o nome do bebê: Jim Kirk.

Alguns anos depois, a ação segue as estrepolias de James Tiberius Kirk em Iowa, EUA, e a vida comportada de Spock, em Volcano, vítima de bullying (intimidação verbal e/ou física) na escola por ser filho de uma terráquea. Sabemos que os dois meninos hão de se encontrar adiante.

Assisti a série na TV quando pequena e me perguntei se reencontraria a mágica de então no atual "Star Trek". Não me decepcionei; a direção é segura, há bons efeitos especiais, o elenco jovem está à altura e, em alguns casos, até supera o original. De sobra o roteiro trata de amizade, espírito de dever e sacrifício. Spock, jovem ou velho, permanece meu favorito.

"Vida longa e próspera!"

Curiosidades:
* Para aperfeiçoar a saudação vulcana, os dedos do ator Zachary Quinto (Spock) foram colados.
* O compositor Michael Giacchino decidiu usar o tema original de Star Trek (de Alexander Courage) nos créditos finais, que o diretor J. J. Abrams disse simbolizar o momento em que a equipe se forma.
* Steven Spielberg convenceu J. J. Abrams a dirigir o filme e aconselhou-o em algumas cenas de ação.



Diretor:
J. J. Abrams
Roteiro: Roberto Orci & Alex Kurtzman, baseado n série de TV escrita por Gene Rodenberry
Música: Michael Giacchino
Fotografia: Daniel Mindel
Elenco: Chris Pine, Zachary Quinto, Eric Bana, Leonard Nimoy, Zoe Saldana, John Cho, Anton Yelchin, Winona Ryder, Ben Cross, Karl Urban, Simon Pegg, Chris Hemsworth, Bruce Greenwood
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