A Dama de Ferro

The Iron Lady *
(2011) 105 min (12 anos)

Inglaterra - Contada pela diretora Phyllida Lloyd, a história da Primeira Ministra britânica tornou-se um tanto melancólica. A mulher forte, que marcou uma época e tomou decisões difíceis para preparar a Inglaterra para o futuro, aparece já idosa, confusa, tentando adaptar-se à realidade da perda do marido Denis. Margaret dialoga com ele como se ainda estivesse vivo e separa suas roupas para doação. Fatos do presente evocam alguns momentos importantes do passado em flashbacks.

Meryl Streep incorporou a Primeira Ministra inglesa, não há dúvida, e a maquiagem de J. Roy Helland colaborou para essa transformação. Os dois merecem os Oscars recebidos e, se o filme está nesse blog com uma estrelinha, foi devido ao trabalho de ambos. Mas ficou faltando mostrar na tela de que maneira as idéias e ações de Margaret Thatcher foram importantes na modernização da Inglaterra. Também senti falta de um encontro entre a ministra e a Rainha. Um diálogo entre Meryl Streep e, quem sabe, Helen Mirren, teria sido eletrizante. 


Contudo, o que mais me incomodou mesmo, foi a ênfase na fase debilitada de uma pessoa que enfrentou e venceu tantas dificuldades. Concordando ou não com a administração da Dama de Ferro, não há como negar sua coragem e determinação.

Diretora: Phyllida Lloyd

Roteiro: Abi Morgan

Musica: Thomas Newman

Fotografia: Elliot Davis

Elenco: Meryl Streep, Jim Broadbent, Iain Glen, Alexandra Roach, Olivia Colman, Harry Lloyd, Susan Brown, Roger Allam, Nicholas Farrell, Nick Dunning

Distribuidora: Paris Filmes

Precisamos Falar sobre Kevin

We Need to Talk about Kevin * *
(2011) 113 min (16 anos)

EUA - O bebêzinho que chora sem parar torna-se o menino que se recusa a falar "mamãe", brincar ou abandonar as fraldas - Kevin é um osso duro de roer. Eva Katchadourian até se esforçou, mas não estava preparada para as exigências especiais desse relacionamento complicado entre mãe e filho. Recorreu ao pediatra e ao marido em vão. Eles não vêem nada de anormal em Kevin. O menino logo percebe que é fácil agradar o pai e mantê-lo como aliado.

Quando a família aumenta com a chegada de uma menina, Kevin vive um breve momento de insegurança. Pela primeira vez demonstra interesse e afeto pela mãe, se aconchegando enquanto ela lê em voz alta a história de Robin Hood. Mas a atitude conciliadora não perdura e a pequena Celia crescerá tentando agradar esse irmão mais velho difícil e hostil.

São as notícias de um tumulto no colégio que levam Eva à escola, em busca de Kevin. A mãe se sente culpada pela falta de comunicação entre eles e por ter machucado o filho no passado. Ela está longe de imaginar as consequências do distanciamento entre o arrogante adolescente e o mundo.

Entre Eva e Kevin há certa semelhança, que não é só física. Quando os dois saem juntos para a comemoração do aniversário de 16 anos, Kevin faz notar à mãe a severidade dela em avaliar os outros. Eva acabara de usar palavras ásperas para julgar os hábitos alimentares das pessoas gordas. Mas ela parece a única interessada em desvendar os meandros dos pensamentos do filho.

Diferente de outros filmes sobre violência juvenil, Precisamos Falar sobre Kevin apresenta a história pela ótica materna. A adaptação cinematográfica do livro de Lionel Shriver é forte, tensa, impactante, uma obra inesquecível. Editado com vários flashbacks, os cortes de cabelo de Tilda Swinton se tornam a melhor dica para localizar rapidamente a história no tempo. Cabelos médios no presente e bem curtos no passado. Seu desempenho é admirável, como sempre. Se desejar ler mais sobre o filme, depois de assisti-lo, veja a crítica de Roger Ebert (em inglês) e/ou o comentário "O que Podemos Fazer pelo Kevin?" (em português) no blog A Sorrir.

Diretora: Lynne Ramsay
Roteiro: Lynne Ramsay & Rory Kinnear, baseado no livro da escritora Lionel Shriver
Musica: Jonny Greenwood
Fotografia: Seamus McGarvey (O Garoto de Liverpool, Desejo e Reparação, As Horas, Alta Fidelidade)
Elenco: Tilda Swinton, John C. Reilly, Ezra Miller, Jasper Newell, Rock Duer, Ashley Gerasimovich, Siobhan Fallon Hogan
Distribuidora: Paris Filmes

Roubo nas Alturas

Tower Heist
(2011) 104 min (12 anos)

EUA - Um homem mergulha e parece voar sobre a imensa nota de 100 dólares que decora o fundo da piscina de uma cobertura em Nova Iorque. Literalmente, ele parece nadar em dinheiro, como todos os outros proprietários do exclusivo The Tower, um prédio cujo maior luxo é a equipe de funcionários. O atendimento 24 horas é personalizado e os empregados conhecem detalhes do gosto de cada morador. O gerente Josh Kovacs não admite o uso de celulares no horário de trabalho, para que não se distraia essa equipe modelo, tão especial que não aceita gorjeta.

Certa manhã, Josh testemunha o que lhe parece o sequestro de Arthur Shaw, o morador da cobertura com quem costuma jogar xadrez. Mas a realidade não é bem essa, e o investidor de Wall Street pode ter aplicado um golpe que inclui as economias do fundo de pensão dos funcionários do prédio. Kovacs sente-se responsável e fará de tudo para reaver o dinheiro dos colegas, inclusive contratar Slide, um ladrão tagarela de sua vizinhança. Juntam-se ao gerente nessa empreitada seu cunhado Charlie, o ascensorista Enrique, a camareira Odessa, o porteiro Lester e Fitzhugh, o inquilino que já perdeu o emprego, apartamento e a família. Sobrou pouco a perder. 

Roubo nas Alturas é uma comédia inocente e mirabolante, para ser vista sem ilusões. Gostei da fotografia de Dante Spinotti e do espírito de serviço da equipe do prédio, cuidadosa nos menores detalhes, um modelo para qualquer empresa que pretenda ser nota dez. Alan Alda está quase malévolo como Arthur Shaw.

Diretor: Brett Ratner
Roteiro: Ted Griffin e Jeff Nathanson
Musica: Christophe Beck
Fotografia: Dante Spinotti (Amigas para Sempre, O Último dos Moicanos, Fogo contra Fogo, Los Angeles, Cidade Proibida, O Informante)
Elenco: Ben Stiller, Eddie Murphy, Alan Alda, Casey Affleck, Matthew Broderick, Gabourey Sidibe (Preciosa), Tea Leoni, Stephen McKinley Henderson, Judd Hirsch, Michael Peña
Distribuidora: Universal

2 Coelhos

Dois Coelhos
(2012) 101 min (16 anos)

Brasil, São Paulo - Um terrível acidente deixa um professor universitário sem família. O jeitinho brasileiro leva o responsável ao exílio ... na Flórida. De volta a sua cidade, Edgar é assaltado no sinal. Perde 15 reais, o relógio e celular. Depois de conversar com o pai no seu restaurante, elabora um plano mirabolante para equilibrar a balança da justiça e punir a corrupção e a ganância, pelo menos no seu caso particular.

Um filme divertido, com uma edição ágil que garante o ritmo alucinante. Mal começou e parece que 2 Coelhos já termina. O elenco está ótimo, especialmente Marat Descartes como o bandido Maicom. Os capangas desajeitados são o lado engraçado da trama. O lado triste faz parte da nossa realidade - são os roubos, tiroteios, a violência explícita das ruas ou dissimulada nos gabinetes da justiça e da política -  mencionada pelo professor universitário durante uma aula. Não dá para esquecer os dólares escondidos na cueca.

Diretor: Afonso Poyart
Roteiro: Afonso Poyart
Musica: Andre Abujamra, Marcio Nigro
Fotografia: Carlos Andre Zalasik
Elenco: Fernando Alves Pinto, Alessandra Negrini, Caco Ciocler, Marat Descartes, Djair Guilherme, Roberto Marchese, Thaide, Thogun, Neco Villa Lobos, Aldine Muller
Distribuidora: Imagem Filmes

Um Dia

One Day *
(2011) 107 min (12 anos)

Independente do que aconteça amanhã, nós curtimos hoje. Seremos amigos

movie poster

Inglaterra - Em 15 de julho de 2006, Emma Morley mergulha com seu antiquado maiô negro nas águas azul-claro da piscina. Depois de nadar, pedala sua bicicleta pela cidade ao encontro de Dexter Mayhew. Os dois se aproximaram ao final da comemoração de sua formatura na Universidade de Edimburgo, exatamente em 15 de julho de 1988, festa de São Swithin. Passaram a noite e o dia juntos e depois se separaram, apesar da empatia que nasceu entre eles. Duas pessoas tão diferentes, mas com o mesmo senso de humor. 

Emma queria ser escritora e se mudou para Londres, enquanto o desorientado Dex desejava se divertir e namorar todas as mulheres pelas quais se sentisse atraído. Sendo uma jovem razoável, Emma percebeu que o melhor para ambos seria manter um relacionamento de amizade. Suas vidas tomaram rumos separados, se envolveram com pessoas diferentes, brigaram um com o outro, se reconciliaram, e o vínculo entre eles permaneceu. Em algum momento Em e Dex se darão conta da verdadeira natureza de seus sentimentos?

Anne Hathaway e Jim Sturgess estão ótimos como os dois protagonistas, 100% convincentes. Um Dia tem momentos tocantes e bons diálogos, contudo falta algo. Ao final fica um sabor amargo das oportunidades perdidas. Só tomamos conhecimento de fatos importantes porque são mencionados de passagem, coisas que gostaria de ter visto! Ao final me ocorre que os progenitores precisam ter paciência com os filhos, com suas imaturidades e indecisões profissionais, mas um descendente como Dexter Mayhew põe seriamente à prova as virtudes dos pais. Nada como uma boa mulher para fazer vir à tona o que há de melhor num homem.

Daily Mail

Diretor: Lone Sherfig (Educação)
Roteiro: David Nicholls, baseado em seu próprio romance
Musica: Rachel Portman
Fotografia: Benoît Delhomme
Elenco: Anne Hathaway, Jim Sturgess, Jodie Whittaker, Patricia Clarkson, Rafe Spall, Ken Stott, Heida Reed, Romola Garai, Maisie Fishbourne, Emilia Jones, Eden Mengelgrein, Kayla Mengelgrein, Tom Mison, Sébastien Dupuis
Distribuidora: Universal

Noite de Ano Novo

New Year's Eve
(2011) 117 min (10 anos)

EUA - O que o diretor Garry Marshall parece ter feito foi uma promoção da cerimônia do reveillon na cidade de Nova Iorque. O filme Noite de Ano Novo segue os preparativos de várias criaturas nas horas que antecedem a festa em Times Square. São personagens variados cujos caminhos se cruzam e, às vezes, o desafio é imaginar quem vai ficar com quem. De sobra, umas palavras edificantes sobre amor, perdão e segundas chances.

Há o padrinho de casamento que pega uma carona porque tem um compromisso na cidade, o mal-humorado que fica preso no elevador com uma nova vizinha, os casais grávidos que disputam o prêmio do 1º bebê a nascer, a mãe de adolescente que se aborrece porque a filha quer estar com os amigos na passagem do ano, um paciente de câncer que recusa tratamento mas quer assistir uma bola de 12 metros de diâmetro, iluminada por LEDs coloridos, descer do mastro no alto do edifício nº 1 de Times Square. E ainda faltam mais alguns personagens! 

Logo nas primeiras imagens, quando aparece a bela entrada da FAO Schwarz, uma vasta loja de brinquedos, inesquecível até para quem foi criança há décadas atrás, soube que poderia passar uns momentos alegres e despreocupados, SE não exigisse demais. Afinal, já tinha ouvido as gargalhadas debochadas e comentários pouco elogiosos de meus filhos mais velhos, que assistiram o filme antes, enquanto eu estava no computador. Mas preferi aproveitar a rápida viagem pela cidade de Nova Iorque. Ainda me pergunto se muitos dos conhecidos atores, depois de terem lido o roteiro, não aceitaram o convite para filmar por puro amor a NY.

led news

Diretor: Garry Marshall

Roteiro: Katherine Fugate

Musica: John Debney

Fotografia: Charles Minsky

Elenco: Katherine Heigl, Josh Duhamel, Hilary Swank, Michelle Pfeiffer, Zac Efron, Robert De Niro, Halle Berry, Sarah Jessica Parker, Abigail Breslin, Jon Bon Jovi, Cary Elwes, Carla Gugino, Sofía Vergara, James Belushi, Ashton Kutcher, Hector Elizondo, John Lithgow, Jessica Biel, Tom Hines, Sarah Paulson, Til Schweiger, Seth Meyers, Ryan Seacrest, Matthew Broderick, Michael Bloomberg, Fiona Choi

Distribuidora: Warner Home Video

Tudo pelo Poder

The Ides of March * *
(2011) 100 min (16 anos)

omelete

EUA - O diretor de comunicação Stephen Meyers sobe ao pódio num amplo auditório e faz o teste de som para a apresentação do governador Mike Morris, um dos candidatos democratas à presidência dos Estados Unidos. Embora jovem, Stephen é um assessor de imprensa disputado, tendo trabalhado em muitas campanhas. Ele sinceramente admira o governador da Pensilvania, acreditando que seja um político que fará diferença, cumprindo o que promete. 

O governador tem uma ligeira vantagem sobre o senador Pullman e a próxima eleição, em Ohio, vai indicar o candidato do partido democrata. Os consultores políticos e suas equipes trabalham em tempo integral, medindo palavras, construindo imagens, fazendo o necessário para levar seus candidatos à vitória, ainda que seja preciso descartar valores, intenções virtuosas ou até aliados, nesse processo. 

Tudo pelo Poder recebeu 4 indicações de prêmio: Globo de Ouro para Melhor Filme, Ator, Diretor e a indicação ao Oscar para Melhor Roteiro Adaptado. Acrescentaria de minha parte um Oscar de Melhor Elenco, pois reunir Philip Seymour Hoffman, Evan Rachel Wood, Ryan Gosling, George Clooney, Paul Giamatti e Marisa Tomei, confere credibilidade a qualquer produção. Eles estão excelentes. Observem quando Ryan Gosling empresta a Stephen Meyers um quase imperceptível ar de satisfação consigo mesmo, ao ser elogiado pelo adversário. Não é à toa que a soberba foi a causa do pecado original. Quanto ao comportamento indecoroso dos envolvidos na trama política, nada que já não tenhamos visto na realidade, ao norte e ao sul do Equador.

tv guide

Diretor: George Clooney
Roteiro: George Clooney & Grant Heslov e Beau Willimon, baseado na peça "Farragut North", de Beau Willimon
Musica: Alexandre Desplat
Fotografia: Phedon Papamichael
Elenco: Ryan Gosling, George Clooney, Philip Seymour Hoffman, Evan Rachel Wood, Paul Giamatti, Marisa Tomei, Jeffrey Wright, Max Minghella, Jennifer Ehle, Gregory Itzin, Michael Mantell
Distribuidora: California Filmes

Cavalo de Guerra

War Horse * *
(2011) 146 min (12 anos)

Miami Capas

Inglaterra, 1914 - O sol nasce nos campos de Devon. Por trás da cerca de madeira, Albert Narracott observa a égua castanha deitada de lado, acompanhada por três homens que falam palavras de incentivo. Encantado, o adolescente vê quando o potrinho firma as patas sobre a relva. Ele tem um losango branco na testa. 

Albert acompanha o crescimento do potro e tenta cativá-lo. Batizado de Joey, o arredio animal cede às maneiras tranquilizadoras do jovem Narracott. Encontrando o tom adequado, conquista o coração do cavalo, conseguindo que execute tarefas para as quais não parecia capaz. 

O pai de Albert é arrendatário de uma fazenda e corre o risco de ser despejado. Por mais que se esforce, as coisas não dão certo para a família e Joey precisa ser vendido. O comprador é o Capitão Nicholls, um oficial da cavalaria britânica, de partida para a Primeira Guerra. Albert fica desesperado e, com lágrimas nos olhos, suplica ao militar para desfazer a compra. Penalizado, o oficial diz não poder atender a esse pedido e se compromete a cuidar bem de Joey. Mas, se é difícil dar garantias em tempos de paz, como fazê-lo durante uma guerra?

Steven Spielberg sabe humanizar situações bélicas; nunca se limita a infindáveis e monótonas troca de tiros. Um dos pontos altos de Cavalo de Guerra acontece justamente durante uma batalha, unindo personagens dos exércitos inimigos. Algo semelhante ocorreu no filme Feliz Natal (2005). 

norms online

Spielberg reuniu sua equipe costumeira, o que trouxe de volta a magnífica fotografia de Janusz Kaminski  e a música de John Williams. Entre os quatorze cavalos que deram vida a Joey, o principal foi Finder, que também interpretou Seabiscuit. O final de Cavalo de Guerra é bonito e comovente, digno dos clássicos, e faz justiça à história do animal admirável  que teve a sorte de cruzar o caminho de umas pessoas verdadeiramente humanas. 

Diretor: Steven Spielberg
Roteiro: Lee Hall e Richard Curtis, baseado no livro (1982) de Michael Morpurgo e na peça (2007) de Nick Stafford
Musica: John Williams
Fotografia: Janusz Kaminski (A.I., A Lista de Schindler, Jurassic Park)
Elenco: Jeremy Irvine, Emily Watson, David Thewlis, Peter Mullan, Niels Arestrup, Benedict Cumberbatch, Tom Hiddleston, Celine Buckens, Eddie Marsan, Liam Cunningham
Distribuidora: Walt Disney

Winter, O Golfinho

Dolphin Tale *
(2011) 112 min (Livre)

A verdade é que ninguém quer um animal com a deficiência dela

EUA - Na manhã ensolarada, golfinhos saltam e mergulham no azul do mar. Certa golfinha curiosa investiga os destroços de um barco de pesca naufragado. Em cima da água, o pescador do "Frankie's Gal" recolhe as armadilhas de siri.

O solitário Sawyer Nelson não vai bem nas aulas de recuperação do colégio e só se sente bem no isolamento do seu quarto, consertando modelos de helicóptero. A ausência do pai é compensada pelo primo Kyle, que foi a estrela do time de natação da escola, e é a pessoa que melhor se comunica com o menino. A tristeza de Sawyer aumenta quando Kyle é convocado pelo exército. Na hora da despedida, o nadador presenteia o primo com um canivete. 

Quando Sawyer está passeando de bicicleta na praia, vê um pescador tentando salvar um golfinho encalhado na areia, completamente imobilizado pelas cordas de uma armadilha para caranguejos. Sawyer usa o canivete para libertar o animal, enquanto outras pessoas chamam o resgate do Clearwater Marine Hospital. 

A golfinha de 3 meses é levada para o centro de salvamento e apelidada de Winter. Sawyer consegue participar do grupo de voluntários e técnicos que lutam para salvá-la. Devido aos ferimentos, a cauda precisa ser amputada, mas o valente animal se adapta e faz movimentos laterais curtos para flutuar. Com o tempo  desenvolve uma escoliose que pode danificar sua espinha. Winter precisa de uma cauda nova, mas quem já ouviu falar de uma prótese para golfinhos? A equipe do hospital para animais marinhos tenta de tudo, mas a própria existência do Clearwater Marine Hospital está ameaçada. O que se pode fazer contra a falta de  verbas e o furacão LeRoy? Mas as inspirações das crianças, o idealismo e engenhosidade de técnicos, mais o esforço de um grupo de paraplégicos e seus amigos podem fazer milagres.

filmequals

A brilhante estrela do filme é Winter, que interpreta ela mesma. Sawyer e sua família foram adicionados pelos roteiristas. Contudo, o adolescente Nathan Gamble criou um personagem intenso, que ganha nossa simpatia imediata. Fica evidente a incapacidade da escola em despertar sua vocação e integrá-lo à turma. Morgan Freeman dá um show de interpretação e alegria como dr. Cameron McCarthy.  A personagem do carismático doutor é uma fusão dos verdadeiros prostéticos Kevin Carroll e Dan Strzempka, da Flórida. Ambos desenvolveram um material à base de silicone que é utilizado em humanos e animais, o "WintersGel". Nos sites do Washington Post e da Wikipedia pode ser lida, em inglês, a verdadeira história de Winter. 

Diretor: Charlie Martin Smith

Roteiro: Karen Janszen e Noam Dromi

Musica: Mark Isham

Fotografia: Karl Walter Lindemlaub

Elenco: Winter, Nathan Gamble, Morgan Freeman, Ashley Judd, Kris Kristofferson, Cozi Zuehlsdorff, Harry Conick Jr., Austin Stowell, Austin Highsmith, Frances Sternhagen, Tom Nowicki

Distribuidora: Warner

O mar me chama outra vez

O imenso céu e o mar

E tudo que peço é um bom navio

e uma estrela para me guiar.

(Sea Fever, de John Masefield - o poema no original, em inglês, pode ser lido aqui)

O Espião que Sabia Demais

Tinker Taylor Soldier Spy * *
(2011) 127 min (14 anos)

Inglaterra, 1973 - O agente Jim Prideaux é secretamente convocado por Control, o chefe da inteligência britânica. "C", como assina o diretor do serviço secreto inglês (MI6), tem motivos para crer que haja um espião soviético entre seus veteranos.  O traidor usaria o codinome "Gerald". Difícil é acreditar que um dos 5 homens, que participam das decisões do serviço de inteligência há tanto tempo - Smiley, Alleline, Hadon, Bland e Esterhase - seja aliado do superior da espionagem russa, conhecido como Karla. Jim Prideaux viaja até a Hungria para recolher informações sobre o agente duplo.

Sentado numa pequena mesa do lado de fora de um café em Budapeste, Prideaux espera seu informante, enquanto conversa com um intermediário e observa o movimento a sua volta. O garçom que vem servi-los está visivelmente nervoso. Jim percebe que existe algo estranho na situação e quer se retirar, mas é tarde demais, ele já caiu na rede.

Como resultado da operação fracassada, Control é forçado à aposentadoria, assim como seus aliados no serviço secreto. Mas os rumores sobre a infiltração de um espião soviético chegam até o gabinete do Primeiro-Ministro. Seu representante convoca George Smiley, antigo colaborador de Control, para dar início a uma investigação secreta. Todos são suspeitos e treinados na arte da dissimulação.

Pelas virtudes do elenco, O Espião que Sabia Demais seria um filme Nota Dez. Mas um roteiro bastante embaralhado quase deu um nó nos meus neurônios. Há que se ter paciência para tolerar a frustração de não estar entendendo durante tantos minutos. As cenas se sucedem e fica a impressão de que algo nos escapou. Me senti em estado de alerta todo o tempo. Houve quem julgasse cansativo, sintam-se avisados. Dito isto é preciso valorizar as locações cuidadas, a sofisticada trilha sonora, o ótimo trabalho do diretor e a sutileza na interpretação do melancólico time de espiões. Dá vontade de rever para captar os detalhes.

Diretor: Tomas Alfredson
Roteiro: Bridget O'Connor, Peter Straughan, baseado no romance de John le Carré
Musica: Alberto Iglesias
Fotografia: Hoytr Van Hoytema
Elenco: Mark Strong, John Hurt, Gary Oldman, Toby Jones, Ciarán Hinds, Colin Firth, Kathy Burke, Tom Hardy, Benedict Cumberbatch, Simon McBurney, Stephen Graham, Svetlana Khodchenkova, John le Carré (convidado na festa de Natal)
Distribuidora: PlayArte

Redenção

Machine Gun Preacher
(2011) 128 min (16 anos)

EUA/Sudão - "Será que Deus vai nos perdoar pelo que fizemos?" - Donnie pergunta a Sam Childers, seu amigo de infância. Os dois foram viciados em heroína e não hesitaram em matar e roubar para sustentar o vício. Algo da antiga violência permanece em Sam, mesmo depois de convertido ao Cristianismo numa igreja da Assembléia de Deus, na Pensilvania. De viciado apaixonado por motos e armas, Childers se transforma num pregador que não hesita em usar uma metralhadora contra o exército rebelde do Sudão, para salvar crianças órfãs. Chefiados pelo cruel Joseph Kony, os soldados do LRA saqueiam,estupram, incendeiam vilas e sequestram meninos ao norte de Uganda e ao sul do Sudão. Deixando na América sua esposa Lynn, a filha Paige e uma empresa de construção, Childers constrói e mantem um orfanato para abrigar 300 crianças órfãs.

A personalidade de Sam Childers parece bastante perturbada, do princípio ao fim do filme. O ex-presidiário não era um converso feliz, em paz com sua consciência, um marido ou pai ideal. Essa é a construção do personagem feita por Gerard Butler e deve ser fiel à autobiografia de Sam, Another Man's War. O verdadeiro Childers atesta que mais de 70% do que aparece no filme é real. Tomara que, atualmente, ele esteja mais tranquilo e presente na vida da família. Quanto à pergunta inicial de Donnie, já foi respondida ao bom ladrão há 2000 atrás. "Jesus, lembra-Te de mim quando vieres no teu Reino", ao que Cristo respondeu "Eu te garanto, hoje mesmo estarás comigo no Paraíso."
(Lc 23, 42-43)

Gerard e Sam

Curiosidade:

* As fotos que Sam mostra ao banqueiro são fotografias realmente tiradas por Sam Childers no Sudão. Elas também podem ser vistas nos créditos finais. (imdb trivia)

Diretor: Marc Foster
Roteiro: Fason Keller
Musica: Asche & Spencer
Fotografia: Roberto Schaefer
Elenco: Gerard Butler, Michelle Monaghan, Michael Shannon, Kathy Baker, Souleymane Sy Savane
Distribuidora: Imagem Filmes

Uma Vida Melhor

A Better Life
(2011) 98 min (14 anos)

EUA, Los Angeles - Carlos Galindo vive na clandestinidade há tempo suficiente para ter um filho nascido e criado nos Estados Unidos. Na casa pequenina dos Galindo, o pai dorme no sofá e deixa o quarto para o adolescente. Luis Galindo frequenta o colégio e namora Ruthie Valdez, sobrinha de um chefe de gangue local. O rapaz já conhece a violência das ruas mas ainda não pertence ao grupo. Chegará o momento em que deverá fazer sua escolha entre seguir o exemplo de Carlos ou dos parentes de Ruthie. O fato de não conseguir se relacionar com o pai e faltar à escola, coloca Luis em situação de risco.

Ao lado do conterrâneo Blasco Martinez, Carlos trabalha como jardineiro na ala nobre de Los Angeles. O mexicano vive modestamente, tentando não atrair a atenção das autoridades. Do alto das palmeiras da Califórnia, contempla a paisagem magnífica da cidade, de onde a vida parece isenta de problemas. Mas, quando Blasco quer voltar ao México e passar o negócio, Carlos não tem como comprar sua caminhonete e ferramentas, correndo o risco de ficar sem qualquer trabalho. Na falta de uma alternativa, Galindo pede o dinheiro emprestado à irmã Anita, a quem ele ajudou no passado. Se tudo correr bem, logo a dívida de 12.000,00 dólares será paga. 

Detesto quando protagonistas simpáticos pegam dinheiro emprestado. Não é à toa que prefiro comédias e ficção científica! Quando trago um drama para casa, costumo lembrar de minha filha do meio. Aos quatro anos, já vasculhava a sacola de filmes que chegava da locadora e dizia: "Gama não, mãe!" Até hoje, às vezes evita os dramas mais sofridos. Me esforço para não fazer o mesmo. Independente do gênero, se houver a chance do filme ter alguma virtude, eu encaro. No caso de Uma Vida Melhor, a música e o elenco ótimos, mais uma história que emociona, fizeram valer a pena.

foto de rediff movies

Curiosidade:
* O diretor Chris Weitz gosta de fazer as cenas perigosas do roteiro, antes de pedir que os atores a executem. Um stunt ensinou Weitz e Demian Bichir a subir numa palmeira. Embora o diretor tenha sido o primeiro a conseguir a façanha, Demian fez todas as cenas sozinho, sem dublê. (IMDB)

Diretor: Chris Weitz

Roteiro: Eric Eason, baseado em história de Roger L. Simon

Musica: Alexandre Desplat

Fotografia: Javier Aguirresarobe

Elenco: Demian Bichir, José Julián, Joaquín Cosio, Bobby Soto, Chelsea Rendon, Dolores Heredia, Carlos Linares, Gabriel Chavarria

Distribuidora: Paris Filmes

Contágio

Contagion
(2011) 106 min (12 anos)

EUA - Logo após o retorno de uma viagem de negócios a Hong-Kong, Beth Emhoff morre do que parece ser uma gripe forte. Seu filho morre pouco depois. Mitch, o marido de Beth, é colocado em quarentena. Constata-se que ele é imune, mas muitos outros sucumbem nos dias seguintes. Enquanto a infecção se alastra em progressão geométrica, nada parece deter o misterioso vírus. Desde que o contágio se dá pelo toque ou pelo ar, sugere-se que as pessoas permaneçam em casa, evitando aglomerações, até que a epidemia seja contida. As distribuições de comida providenciadas pelo governo não são suficientes para todos e o caos se instala na sociedade. A única esperança é a descoberta de uma vacina eficaz.

Contágio começa no dia 2. Apenas quando está terminando o filme descobrimos o que aconteceu no dia 1. Tudo muito plausível e tenso. Não houvesse tantos personagens envolvidos, talvez a emoção fosse ainda maior. Mas o drama se dilui pelo excesso de protagonistas. O tema é palpitante, direção segura, um elenco famoso e competente. 

O que achei mais impressionante foi descobrir que passamos a mão no rosto umas 3000 vezes por dia. Então, para evitar infecções, é vital mesmo lavar as mãos com frequência, sobretudo ao chegar da rua, e não ficar colocando-as na face. Importante instruir as crianças e, por via das dúvidas, providenciar aquelas garrafinhas de álcool em gel para bolsa...

Diretor: Steven Soderbergh

Roteiro: Scott Z. Burns

Musica: Cliff Martinez

Fotografia: Steven Soderbergh, como Peter Andrews

Elenco: Gwyneth Paltrow, Matt Damon, Kate Winslet, Jude Law, Laurence Fishburne, Marion Cotillard, Tien You Chui, Kam Tong Wong, Sanjay Gupta, Elliott Gould, John Hawkes, Jennifer Ehle

Distribuidora: Warner