Lista de sugestões de filmes interessantes. Cada postagem traz foto, breve sinopse, censura, diretor, distribuidora, elenco, responsáveis pelo roteiro, musica e fotografia. Com o eterno deslumbramento de fã apaixonada, By Star Filmes acredita que o cinema emociona, ensina e é a melhor diversão.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Meia-Noite em Paris

Midnight in Paris * * *
(2011) 94 min (10 anos)

A função do artista não é sucumbir ao desespero mas sim encontrar um antídoto para o vazio da existência. 
Você tem uma voz clara e vibrante. Não seja tão derrotista.

França - Gil Pendler e sua noiva Inez estão hospedados no Hotel Bristol. O pai de Ignez veio em viagem de negócios e trouxe a esposa e o jovem casal. A mulher e a filha encaram a cidade como qualquer outro lugar onde se vai nas férias. Esse não é o caso de Gil. Apaixonado pela capital francesa, adoraria trocar sua casa com piscina, em Pasadena, Califórnia, por um pequeno sótão com clarabóia na cidade-luz, onde poderia escrever seu primeiro romance. Modesto, apesar de ser um roteirista requisitado em Hollywood, Gil adora caminhar pela cidade francesa, especialmente na chuva, quando acha Paris ainda mais bela.

Enquanto o romântico escritor passeia pelas ruas e parques, Inez vai às compras com a mãe ou sai com os amigos Carol e Paul. O arrogante professor foi convidado para dar uma palestra na Sorbonne e gosta de exibir seu conhecimento sobre arte e vinhos. Inez fica encantada e Gil contrariado com tanto pedantismo. Ele prefere voltar sozinho a pé para o hotel, mas se perde. Sentado na escadaria da igreja de St. Etienne du Mont, ouve o sino soar as primeiras badaladas da meia-noite. Um taxi antigo passa, a porta se abre e ele é convidado a entrar. Com alguma relutância Gil aceita a carona no Peugeot amarelo e embarca na maior aventura de sua vida, a caminho do encontro com tudo que mais admirava em Paris: os artistas e escritores que ali viveram nos anos 20. Tudo o mais vale a pena ser descoberto assistindo o filme - várias vezes, se possível. Paris é uma festa e esse tornou-se um dos meus favoritos do produtivo diretor do Brooklyn!

Tudo me agradou em Meia-Noite em Paris. Fui fisgada desde o primeiro fotograma, assim que surgiu a torre Eiffel vista das margens do Sena, sob uma luz quente, dourada. Seguem-se 3 minutos de imagens de jardins e praças, ruas arborizadas, das Igrejas do Sacré-Coeur e Notre Dame, do bateau mouche passando sob as pontes do rio, pequenos cafés, bistrôs e a moderna pirâmide do Louvre, que bem sintetiza a idéia de ligação entre o antigo e o novo. A trilha sonora contagiante traz o jazz de sempre, mais algumas  musicas de Cole Porter. O elenco está perfeito, e de tais atores não se espera menos. Minha surpresa ficou por conta de Owen Wilson como Gil, a versão mais agradável do personagem que representa o recalcitrante Woody Allen. 

Quanto à moral da história, não poderia ser mais útil: abaixo a nostalgia por uma Era de Ouro, que valoriza os tempos passados em detrimento do presente. Você gostaria de viver sem cinema, computador, Google Maps, vacina e ar condicionado?

Curiosidades:
Paul, Carol, Inez e Gil em Versailles
* Woody Allen ficou hospedado no Hotel Bristol durante as gravações.

* As locações do filme podem ser identificadas no blog movie-locations.

* Joseph Berger, em artigo para o NYT, explica detalhes sobre o relacionamento dos artistas e escritores que aparecem no filme.

Diretor: Woody Allen
Roteiro: Woody Allen
Musica original: Stephane Wrembel
Fotografia: Darius Khondji, Johanne Debas
Elenco: Owen Wilson, Rachel Adams, Marion Cotillard, Kurt Fuller, Mimi Kennedy, Michael Sheen, Carla Bruni, Yves Heck, Alison Pill, Tom Hiddleston, Adrien Brody, Kathy Bates, Léa Seydoux, Corey Stoll, Adrien de Van, David Lowe
Distribuidora: Paris Filmes

sábado, 26 de novembro de 2011

Confiar

Trust * *
(2010) 106 min (14 anos)

EUA, Wilmette, Illinois - Annie Cameron está com 14 anos e é linda, educada, estudiosa. Conta com uma boa amiga e se relaciona bem com a família. Os pais, Will e Lynn, criaram um lar agradável para os 3 filhos, dando atenção e carinho a cada um. Terminando o ensino fundamental, Annie é uma das meninas que não têm namorado na escola e isso parece incomodá-la.

Há 2 meses Annie se comunica com Charlie através de um chat para adolescentes. Na sala de conversa da internet, Charlie se apresenta como um aluno de 16 anos da Califórnia. Ele compreende Annie e lhe dá conselhos para conseguir entrar no time de vôlei do colégio. Charlie diz que sua mãe é professora de autistas e o pai trabalha na ESPN. Bom demais para ser verdade, como diz Will, o pai de Annie. 

Will nem desconfia do quanto está certo. Pouco a pouco, o estranho vai ganhando a confiança da adolescente, afirmando que ela é especial e madura para sua idade. Mesmo assustada quando Charlie confessa ser mais velho do que dissera antes, Annie mantem o relacionamento, envia fotos e aceita convite para um encontro. Ela está completamente cega para o perigo que corre com essa atitude.

Confiar é um filme tenso, emocionante e paradoxal. Alguns de meus filhos ficaram com raiva da menina! Já os mais moços e eu nos comovemos com a incapacidade de Annie para compreender a situação, insistindo que vivera um caso de amor, enquanto seus pais sentem que estão vivendo uma história de horror. A ironia é que Will trabalha em campanhas de publicidade que reforçam a sensualidade das jovens modelos.

Chama a atenção na trama a absurda falta de discrição da autoridade policial, que não poupou a adolescente de uma situação embaraçosa no colégio. As consequências foram tão severas quanto o abuso de que Annie foi vítima por parte do pedófilo. É preciso delicadeza e sensibilidade para lidar com esses casos e não aumentar o dano já causado. A descrição do predador sexual é bastante plausível. Charlie se mostra divertido, incentivador, compreensivo, sempre cobrindo a jovem de elogios. Um verdadeiro psicopata, sem a mínima dose de empatia por suas vítimas. O elenco está espetacular, admiravelmente bem conduzido por David Schwimmer, o Ross da série Friends, em sua estréia como diretor de um longa metragem.

Como proteger nossos filhos? Como prepará-los para a vida? A resposta imediata que me veio à cabeça foi a frase: 'Eis que vos envio como ovelhas no meio de lobos. Sede, pois, prudentes como serpentes e simples como pombas.' (Mt 10, 16) Informação, franqueza, supervisão atenta. Mas não há garantias, e rezar por eles certamente ajuda. Um dos melhores conselhos que ouvi sobre educação dizia para evitar televisão e computador no quarto dos filhos. Queria ter seguido esta sugestão... Televisão e internet controlados, no mínimo, garantem melhores notas na escola.

Curiosidade:
* David Schwimmer é um diretor ativo do Rape Treatment Centre (Centro de Tratamento do Estupro), em Santa Monica, Califórnia. O Centro é especializado em ajudar as vítimas de abuso sexual. David também fez campanha para banir as chamadas drogas do estupro. (Movie Ramble)

Diretor: David Schwimmer
Roteiro: Andy Bellin e Robert Festinger
Musica: Nathan Larson
Fotografia: Andrzej Sekula
Elenco: Clive Owen, Catherine Keener, Liana Liberato, Viola Davis, Jason Clarke, Chris Henry CoffeyZoe Levin, Zanny Laird, Spencer Curnutt, Aislinn DeButch, Inga Wilson
Distribuidora: Swen Filmes

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Michael Jackson - A Vida de Um Icone

Michael Jackson: The Life of An Icon *
(2011) 156 min (Livre)
O filme capta o verdadeiro caráter, humor e sensibilidade do meu filho (Katherine Jackson)

EUA - O produtor David Geist deixa um retrato compreensivo de um dos mais completos músicos de nossa geração, através de depoimentos da família, amigos, e artistas que conviveram com ele, como Smokey Robinson e Dionne Warwick.

O documentário começa com a gravação do pedido de socorro feito da casa de Michael para o telefone de Emergência 911, em junho de 2009. O DVD inclui muitas entrevistas, fotos de família e aparição em shows, desde a época de Michael pequeno, sua participação no Jackson 5, até sua carreira solo. Entre os filmes, está aquele do ensaio em que o cabelo de MJ pegou fogo num acidente no palco.

Quem viu as fotos do menino alegre, que levava sua arte a sério já aos 5 anos, cantando e dançando com a alma de um verdadeiro profissional, não poderia acreditar na campanha difamatória que o acompanhou nos seus últimos anos de vida. Ficou-me um forte sentimento de injustiça que ainda me assombrava depois de sua morte. Não aceitei a versão que a mídia sensacionalista divulgava e senti minha alma lavada com esse documentário. Vale a pena, e deixa uma saudade danada de seus shows e apresentações!

Diretor: Andrew Eastel
Editado: Paul Holland
Participação: David Gest, Katherine Jackson, Tito Jackson, Rebbie Jackson
Distribuidora: Universal

Tributo a Michael deixado na casa dos Jackson em Gary, Indiana (Wikipedia)

domingo, 20 de novembro de 2011

Jean de Florette

Jean de Florette * *
(1986) 116 min (14 anos) feito para TV

França, 1920 - O coletor de impostos Jean Cadoret deixa a cidade grande quando herda de sua mãe uma propriedade na Provence. Para lá se muda com a pequena Manon e a esposa Aimée, uma jovem cantora de ópera que não hesita em trocar o palco pelo campo na companhia da família. Jean é um homem confiante, trabalhador, tem um coração tão amável que faz esquecer a corcunda que traz às costas. Ele permite que o casal de posseiros que mora em suas terras permaneça. Baptistine e o marido ficam muito agradecidos e ajudam a família parisiense como podem.

Os Cadoret têm tudo para serem felizes em suas terras férteis, exceto água. Dois vizinhos gananciosos bloquearam a nascente da fazenda para forçar a venda por um baixo preço. Cesar e Ugolin são os últimos descendentes da rica família Soubeyran. Tio e sobrinho também escondem dos habitantes da vila o fato de Jean ser filho de Florette, ex-moradora que deixou a aldeia para se casar com um ferreiro da cidade vizinha e rival. Os dois alimentam histórias que deixam os moradores com má vontade para com os novos proprietários. E começam as tribulações de Jean de Florette. Sem água, seu sonho de plantar legumes e criar coelhos pode virar pesadelo.

Preciso agradecer meu amigo Renato a sugestão e insistência para que alugasse Jean de Florette e sua sequência, A Vingança de Manon. Renato é cinéfilo exigente e apaixonado por filmes de época; faz poucas recomendações e jamais me arrependo de aceitá-las. Passei ótimos momentos com essa história emocionante, que traz Gérard Depardieu tão novinho, apresentando-se ao lado de sua esposa na vida real, Elizabeth. Dez anos e dois filhos depois o casal se separou, uma pena!

Elizabeth e Gérard Depardieu
A fotografia do filme é linda e o roteiro enxuto, mas rico em personagens notáveis. Em 1988, Jean de Florette ganhou o BAFTA de melhor filme em língua estrangeira, fotografia e roteiro adaptado, enquanto Daniel Auteuil foi premiado como melhor ator coadjuvante.  O DVD traz um extra - não veja! - pois adianta demais sobre a sequência da história. Pode ser visto ao final de A Vingança de Manon.

Diretor: Claude Berri
Roteiro: Claude Berri e Gérard Brach, baseado no livro de Marcel Pagnol, L'eau des Collines
Musica: Jean-Claude Petit
Fotografia: Bruno Nuyttien
Elenco: Gérard Dépardieu, Yves Montand, Daniel Auteuil, Elizabeth Dépardieu, Ernestine Mazurowna, Margarita Lozano, Marc Betton
Distribuidora: Versatil Home Video

A Vingança de Manon

Manon des Sources * * *
(1986) 110 min (14 anos) feito para TV

França, 1930 - Continuação do filme  Jean de Florette, dez anos depois. Aimée Cadoret retornou à cidade, onde voltou a cantar ópera, mas Manon preferiu continuar no campo com a senhora Baptistine. A filha de Jean e Aimée tornou-se uma linda pastora de cabras. Tendo descoberto a verdade sobre as ações desprezíveis de Cesar e Ugolin Soubeyran, a camponesa os detesta, assim como evita os moradores da aldeia. Só Bernard Olivier, o novo professor da escola local, desperta sua curiosidade. Manon viu nele um homem de bom coração, tal como seu pai Jean.

Ugolin ganhou muito dinheiro com a plantação de flores nas antigas terras dos Cadoret. Seu tio Cesar quer que ele arranje uma esposa, afinal é preciso um herdeiro para o nome e o dinheiro da família Soubeyran. Ocasionalmente, o criador de cravos vê Manon banhando-se numa fonte nas montanhas e se apaixona. Orientado pelo tio, Ugolin compra uma elegante roupa de caçador e se declara à moça, antes que o professor o faça. Manon foge, repudia o agricultor e descobre um meio terrível de se vingar dele e de todos na aldeia. Desesperados, os aldeões lotam a Igreja e organizam uma procissão.

Em 1988, A Vingança de Manon ganhou o BAFTA para melhor filme de língua estrangeira e Emmanuelle Béart recebeu o CÉSAR como melhor atriz. Os dois títulos são merecidos - já se passaram 25 anos e continua uma obra emocionante. Veja os extras no DVD e saiba como Claude Berri convenceu Yves Montand a aceitar o papel de Cesar Soubeyran.

Curiosidade:
* Durante a procissão, o povo canta em dialeto provençal uma canção dedicada a Saint Gens.  A esse santo popular, que nasceu no início do século XII, as pessoas pedem a intercessão junto a Deus para que faça chover nos períodos de seca.

* Até a adolescência, Emmanuelle Béart morou numa fazenda com sua mãe e irmãos porque o pai, o cantor e poeta Guy Béart, não queria que os filhos fossem afetados pelo ambiente glamuroso de Paris. Ela foi casada com Daniel Auteuil de 1993 a 1995.

Quando Marcel Pagnol tinha 13 anos de idade, um camponês da sua Provence natal lhe contou a história de Manon. Uma espécie de figura lendária da região e protagonista de uma história envolvendo cobiça, amor e vingança, Manon teve a sua saga levada para o cinema pelo próprio Pagnol em 1952. Dez anos depois, insatisfeito com o resultado, Pagnol teve vontade de contar, por escrito, a história de Manon e de seu pai. O desejo deu origem a dois dos romances mais populares da França na segunda metade do século 20 – Jean de Florette e Manon des Sources, díptico reunido sob o título de L’Eau des Collines (A Água das Colinas). Assim, ao contrário de ser uma adaptação de romance ao cinema, as histórias de Jean de Florette e Manon tiveram origem no cinema e, apenas depois, se transformaram em romances. Adaptação houve por parte de Claude Berri, já em meados dos anos 80, quando levou de volta para o cinema os dois romances populares de Pagnol. (Estadão)

Diretor: Claude Berri
Roteiro: Claude Berri e Gérard Brach, baseado no livro de Marcel Pagnol, L'eau des Collines
Musica: Jean-Claude Petit
Fotografia: Bruno Nuyttien
Elenco: Emmanuelle Béart, Yves Montand, Daniel Auteuil, Hippolyte Girardot, Margarita Lozano, Elisabeth Dépardieu, Marc Betton, Gabriel Bacquier
Distribuidora: Versatil Home Video

A Árvore da Vida

The Tree of Life *
(2011) 138 min (10 anos)

EUA, Texas - Jack O' Brien teve 2 irmãos, companheiros de brincadeira na década de 50. Atualmente, mesmo tendo se tornado um profissional bem-sucedido e casado, parece ser um homem solitário e infeliz.

Esperei tanto por este filme, sabendo que deveria ter ido logo ao cinema para apreciá-lo melhor. E, no final, assistindo em casa, fiquei um tanto dividida entre o "gostei" e "é meio arrastado". A fotografia é linda, uma arte delicada do cinegrafista Emmanuel Lubezki. Há sequencias espetaculares, como  aquelas astrofísicas criadas por Douglas Trumbull, responsável pelos efeitos especiais de 2001, Uma Odisséia no Espaço. (Dennis Lim, para o New York Times) Outras são já conhecidas, como cataratas, as piscinas de lama borbulhante ou a nebulosa chamada de Olho de Deus, fotografada pelo telescópio Hubble. A música belíssima casa-se perfeitamente com o visual e o elenco atua com brilho.

Também o tema é fascinante: a cisão interna de Jack O'Brien, como o garoto dividido entre as lições de um pai severo, materialista, e a mãe, mais amorosa e espiritual. Esse drama é contextualizado na linha do tempo entre o nascimento e o fim de uma Terra já sem vida, orbitando em torno da anã branca que um dia foi nosso sol. (Wikipedia) Que representamos nós na história de nosso planeta?

Tal desolação combina com o sentimento de frustração do pai que buscava o sucesso e não vê valor nas próprias realizações. Sua presença contribuía para a sensação de ameaça que permeia a ação, oscilando entre momentos de violência, solicitações de afeto e instruções sobre como ser esperto nessa vida. É triste testemunhar a desilusão de quem sente ter abraçado os sonhos errados.

Quem aposta na evolução espiritual, no caminho da graça, tem mais chance de alcançar a felicidade nessa Terra, ainda que desconheçamos o que nos aguarda depois. O que me lembra o "Discurso Bom para um Garoto", feito pelo tio Hub (Robert Duvall) no filme Lições para Toda Vida. São aquelas coisas nas quais vale a pena acreditar.

Diretor: Terrence Malik 
Roteiro: Terrence Malik
Musica: Alexandre Desplat
Fotografia: Emmanuel Lubezki (Queime Depois de Ler, Filhos da Esperança, A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça, A Princesinha)
Elenco: Brad Pitt, Sean Penn, Jessica Chastain, Hunter McCracken, Laramie Eppler, Tye Sheridan, Fiona Shaw, Joanna Going, Samantha Martinez
Distribuidora: Imagem Filmes

sábado, 12 de novembro de 2011

Minhas Tardes com Margueritte

La Tête en Friche *
(2010) 78 min (12 anos)

França - Já na meia-idade, Germain Chazes ainda mora na pequena cidade em que nasceu. Aí planta verduras, faz serviços variados, observa os pombos no parque e frequenta o bar, onde costuma jogar com colegas, que se divertem debochando de sua simplicidade. Ocasionalmente encontra-se com a jovem Annette, bela motorista de ônibus a quem ele trata sem qualquer deferência. Quase analfabeto, meio bronco, desconhece a identidade do pai e se relaciona mal com a mãe, pessoa arisca de temperamento difícil. 

Quando nada mais espera da vida, numa tarde em que passeava no parque, Germain encontra Margueritte Van de Veld, uma senhora de 95 anos, meiga e sorridente, mulher culta que ama os livros. A delicadeza da anciã e a leitura de passagens selecionadas de 'A Peste', de Albert Camus, expandem o universo do homem simplório de bom coração. Ele descobre as palavras, a poesia, o afeto; sua sensibilidade é despertada, ele se apaixona pelos mundos maravilhosos que vivem nas páginas dos bons livros. Os amigos inicialmente não compreendem nada, pois Germain não bebe mais e começa a falar palavras estranhas. Ele foi encantado pela magia da literatura e do respeito. 

Minhas Tardes com Margueritte é um filme agradável, daqueles que repousam o espírito. Gérard Dépardieu e Gisèle Casadesus estão esplêndidos, atuando com total naturalidade e emoção. A atriz completou 97 anos em 14 de junho. São muito bonitas as palavras que arrematam a história, como um poema de Germain para Margueritte.
Annette e Germain



Curiosidade:
* O filme foi rodado na cidade de Pons, em Charante-Maritime

Diretor: Jean Becker
Roteiro: Jean Becker, Jean-Loup Dabadie, baseado no livro de Marie-Sabine Roger, 'La Tête en Friche'
Musica: Laurent Voulzy
Fotografia: Arthur Cloquet
Elenco: Gérard Depardieu, Gisèle Casadesus, Sophie Guillemin, Claire Maurier, Maurane, Jean-François Stévenin, Anne Le Guernec, Lyès Salem, Amandine Chauveau, Florian Yven
Distribuidora: Imovision

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Johann Sebastian Bach - O Mestre da Música

Johann Sebastian Bach
(1985) 350 min (14 anos) mini-série feita para TV

By Star Filmes
Alemanha - Mini-serie alemã sobre a vida adulta de Johann Sebastian Bach (1685-1750). A trajetória do músico alemão foi sofrida, em constantes conflitos com autoridades e colegas professores, que não avaliavam o alcance do seu talento. Em sua época, Bach era conhecido como músico, um organista excepcional, e não era considerado grande compositor, exceto por uns poucos admiradores contemporâneos sensíveis à beleza de sua arte.

A região chamada Germânia constituía a parte central do Sacro Império Romano-Germânico. A Alemanha só surgiu como um Estado-nação em 1871. Para sobreviver, um artista deveria oferecer seu trabalho às igrejas locais ou aos príncipes de cada região, assinando contratos que colocavam os músico como servos da corte. Bach teve bons e maus senhores, morreu pobre, mas criou obras alegres, inspiradoras, de uma beleza sem igual. 

A primeira cena da mini-série abre no palácio da Corte Real de Dresden, onde o organista francês Louis Marchand toca cravo para a elegante platéia, usando uma peruca empoada e um casaco brilhante de cor púrpura, todo enfeitado de rendas. Depois da apresentação, o músico explica à platéia porque foi dispensado de Versailles após 10 anos. A seguir, na sóbria Weimar, o irascível duque Wilhelm de Saxe-Weissenfels está zangado porque Bach desobedeceu suas ordens e tocou na capela do Castelo Vermelho. O desentendimento entre eles acabará levando o compositor à prisão. Esse é apenas um dos muitos aborrecimentos e privações de uma vida de trabalho intenso. Johann Sebastian só encontrará conforto na música, que ele compunha para Deus, e no afeto de suas duas esposas, Maria Bárbara e Anna Magdalena. Com elas teve 20 filhos, alguns deles músicos reconhecidos. 

O filme de Lothar Bellag tem um roteiro inicialmente confuso, dividido em 4 episódios: O Desafio, Se estás comigo..., Tempestade e Anos, A Ordem das Estrelas. Na passagem do 1º para o 2º episódio recorri a Wikipedia para tirar algumas dúvidas sobre a biografia do compositor, especialmente a identidade dos nobres que vão surgindo na história. Há pouca informação sobre a produção do filme, que apresenta um elenco correto, com destaque para a voz da soprano que dubla Anna Magdalena Bach. Parece uma boa reconstituição de época com belas locações, costumes e música excelente. Para os apreciadores do compositor alemão, uma experiência imperdível. Talvez se constasse 'Jesus Alegria dos Homens' na trilha sonora, o filme teria ganhado uma estrelinha. Esperei 350 minutos pela minha música favorita...

Johann Sebastian Bach
Curiosidades:
* Bach era um luterano devoto e nenhuma análise de sua obra será completa sem levarmos em conta sua profunda religiosidade. Em muitas partituras encontram-se as inscrições 'Jesu juva' (Ajuda, Jesus!) ou 'Soli Deo Gloria' (Para a Glória de Deus Somente). Sua biblioteca particular continha mais de 80 obras teológicas, que não apenas lia mas comentava nas margens. (Wikipedia)

* Jesus Alegria dos Homens (Jesus bleibet meine Freude) é o coral final da cantata 'Herz und Mund und Tat und Leben' (Coração e Boca e Ações e Vida), escrita em Leipzig, em 1716. Embora seja a 32ª cantata composta por Bach, das que sobreviveram, foi-lhe dado o número BWV 147 no catálogo de suas obras. (Wikipedia)

Diretor: Lothar Bellag
Roteiro: Lothar Bellag, Klaus Eidam
Fotografia: András Szalai
Elenco: Ulrich Thein, Angelika Waller, Jaroslav Storansk, Franziska Troegner, Ferencs Bacs, Rosemarie Bärhold
Distribuidora: Versatil Home Video

*** excelente
** ótimo
* bom

Sem Asterisco - interessante

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Visões de Um Crime

Faces In The Crowd 
(2011) 102 min (16 anos - violência e cena de relacionamento sexual)

EUA - A professora primária Anna Marchant sobrevive ao ataque de um serial killer, mas sofre uma pancada na cabeça, que afeta o funcionamento do lobo temporal e ela perde a capacidade de distinguir rostos de pessoas conhecidas (prosopagnosia). Isso a torna especialmente vulnerável, pois não consegue lembrar da face do assassino, que tem todas as suas informações, já que roubou sua bolsa e celular. Anna é a única testemunha que pode levá-lo à prisão. Antes de eliminá-la, ele pretende se divertir e começa a cercá-la em toda parte. 

Este é um filme fraquinho mas que pode divertir os que gostam do gênero. Estava precisando de uma pequena dose de adrenalina e Visões de um Crime veio a calhar.  A história me lembrou a sensação desagradável que passa o espectador quando o casting (seleção de elenco) falha na escolha dos tipos, contratando atores semelhantes e dificultando o reconhecimento imediato de alguns personagens. Isso é raro, mas acontece e desvia a atenção da trama. Imagine alguém viver essa situação na vida real a ponto de desconhecer o próprio rosto no espelho! 

Foi interessante observar o trabalho da neurocientista dra. Langenkamp, levando Anna a aceitar sua condição e dando dicas para que superasse sua dificuldade a partir da observação de outras características pessoais, elaborando estratégias de reconhecimento: atenção para a voz, forma do corpo, cor de cabelo, modo de andar. A revolta ou as lamentações diante das contrariedades só atrapalham. Aceitar o inevitável, procurando os meios de minimizar o problema, são passos essenciais para conviver com qualquer limitação.

O filme foi gravado em Manitoba, no Canada.
Diretor: Julien Magnat
Roteiro: Julien Magnat
Musica: John McCarthy
Fotografia: René Ohashi
Elenco: Milla Jovovich, Julian McMahon, Sarah Wayne Callies, Michael Shanks, David Atrakchi, Valentina Vargas, Marianne Faithfull
Distribuidora: California Filmes

domingo, 6 de novembro de 2011

O Poder da Graça

The Grace Card
(2010) 102 min (12 anos)

EUA - Tudo pode mudar num instante... e leva uma vida para consertar. Quando Bill McDonald perde o filho pequeno num acidente, os 17 anos seguintes de amargura e dor corroem seu amor pela família e deixam-no zangado com Deus e o mundo. A raiva de MacDonald abala sua carreira profissional no departamento de polícia, deixando-o ressentido por não ser promovido. Em seu lugar é escolhido Sam Wright, um policial em ascenção na força. 

Sam é um amoroso pai de família e deseja tornar-se pastor, como seu avô George. A chefia do departamento junta Bill e Sam, uma dupla com nenhuma afinidade, esperando que a afabilidade de um vença o rancor do outro. Todos os dias temos a oportunidade de reconstruir relacionamentos e curar feridas emocionais profundas, aceitando e recebendo a graça de Deus. Ofereça o perdão e nunca subestime o poder do amor de Deus. (traduzido e adaptado do resumo do diretor David G. Evans para o IMDB)

O Poder da Graça é um filme sem pretensões, realizado com entusiasmo e fé por membros de uma Igreja Evangélica. Tem um jeito quase amador e hesitei alguns dias antes de colocá-lo no blog, mas uma cena não me saía da cabeça. Numa conversa com a terapeuta, o filho adolescente problemático de Bill McDonald culpa o pai pelo mau relacionamento familiar. A psicóloga faz refletir o jovem, ressaltando que o policial se afundava na dor, e quanto deveria ainda sofrer, antes que alguém lhe estendesse a mão? Era possível dar-lhe uma chance de recomeçar através de um gesto positivo - a iniciativa poderia partir do filho. Essa atitude dá a todos nós uma grande liberdade para romper um padrão negativo de relacionamento. 

Em vez de reagirmos automaticamente à negatividade dos outros, podemos manter a calma e agir a partir de nossos próprios princípios, dando ao outro a oportunidade de se reerguer. Isso me trouxe duas lembranças: o filme À Prova de Fogo sobre o Desafio do Amor, programa de 40 dias para salvar um relacionamento e o livro Sobrevivi para Contar de Immaculée Ilibagiza, sobrevivente do genocídio de 1994, em Ruanda. Ao perdoar os assassinos de sua família, Immaculée sentiu-se livre para reiniciar a vida. Isso é muito mais do que auto-ajuda, é autêntica salvação.

Diretor: David Evans
Roteiro: Howard Klausner
Fotografia: John Paul Clark
Elenco: Michael Joiner, Michael Higgenbottom, Louis Gossett Jr., Cindy Hodge, Joy Parmer Moore
Distribuidora: Sony Pictures Home

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Ramona e Beezus

Ramona and Beezus *
(2010) 103 min (Livre)
capas aventura
EUA - Filmes que nascem de livros costumam ser interessantes. Nunca tive oportunidade de ler nada escrito por Beverly Cleary (12/4/1916), mas a simpática senhora parece ser muito conhecida por três gerações de alunos americanos. Inspirada nas peripécias dos colegas de infância e na observação do mundo, Beverly criou personagens vivos, com quem as crianças podem se identificar. Ela conta com simplicidade e humor não apenas o que fazem, mas o que sentem. Quando surgiu a notícia de que esse filme seria produzido, muitas meninas se interessaram em viver o papel de Ramona, uma guria de 9 anos cheia de imaginação e talento para arranjar encrenca.

A família Quimby é composta dos pais Robert e Dorothy e mais três filhas: Beezus, Ramona e Roberta. Eles moram numa casa pequena, onde as duas mais velhas dividem o quarto e ajudam a cuidar da bebezinha Roberta. Rapidamente vê-se que é uma família feliz, com as dificuldades normais das famílias felizes. Já dizia Tolstoy: "Todas as famílias felizes se parecem; as infelizes o são cada uma a sua maneira." Um dia Robert perde o emprego e os Quimby acham mais difícil aceitar com calma as travessuras da filha do meio. A professora da turma, Mrs. Meacham, não deixa passar nada e Ramona teme o dia da entrega do boletim. É impossível ser tão perfeita quanto a irmã mais velha, que é bonita, popular e tem boas notas! Ainda bem que a tia Bea sabe ouvir e compreende tudo.

Ramona e Beezus é um filme bem-humorado sobre uma menina que ama sua família e faz o que pode para ajudá-la, ainda que sejam esforços desastrados. A história mostra que não importa quais os aborrecimentos ou tristezas, quando existe amor nos relacionamentos é possível crescer, em vez de afundar com as dificuldades.

Curiosidades:
* Beezus é o apelido de Beatrice, filha mais velha dos Quimby. Quando Ramona era pequenina, não conseguia pronunciar Beatrice e chamava a irmã de Beezus. Para desespero da mais velha, o apelido colou.

Beverly Cleary
* Beverly Cleary escreveu mais de 30 livros infantis. A autora passou os primeiros anos de vida numa fazenda em Yamhill, Oregon, uma cidade tão pequena que não tinha biblioteca. Beverly aprendeu a amar os livros graças à iniciativa de sua mãe. A sra. Cleary conseguiu que a Oregon State Library enviasse exemplares infantis para Yamhill e atuou como bibliotecária numa sala em cima de um banco. Posteriormente a família mudou-se para Portland, onde Beverly entrou para a escola na 1ª série. Infelizmente, seu primeiro ano foi difícil. Ela não gostou dos livros que deveria ler para o colégio e achou a professora desagradável. Mas tudo se resolveu a partir da segunda série, quando recuperou o prazer da leitura e conheceu sua professora favorita. (Wikipedia) No ano 2000, Beverly Cleary foi declarada uma "Lenda Viva" pela Biblioteca do Congresso Americano. Aos 96 anos, felizmente ainda está entre nós. (blog Expanding Life)

A tarefa de selecionar leitura para as crianças é delicada. Ler em voz alta para elas e levá-las a uma livraria infantil, para que escolham de acordo com seu gosto, costuma dar bom resultado. No Rio temos a sorte de existir a Livraria Malasartes (Shopping da Gávea, loja 367 - Telefone: 2239.5644), especializada em livros infantis, um paraíso para pais e filhos. Algumas vezes ia sozinha à loja do 3º andar para vasculhar novos tesouros para os pequenos, histórias que eu tinha prazer de ler para eles à noite, antes de dormir.

Diretora: Elizabeth Allen
Roteiro: Laurie Craig e Nick Pustay, baseado no livro Beezus and Ramona de Beverly Cleary
Musica: Mark Mothersbaugh
Fotografia: John Bailey
Elenco: Joey King, Selena Gomez, John Corbett, Sandra Oh, Bridget Moynahan, Ginnifer Goodwin, Josh Duhamel, Jason Spevack, Sierra McCormick, Hutch Dano, Aila McCubbing e Zanti McCubbing (Roberta)
Distribuidora: Fox Videos
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