Lista de sugestões de filmes interessantes. Cada postagem traz foto, breve sinopse, censura, diretor, distribuidora, elenco, responsáveis pelo roteiro, musica e fotografia. Com o eterno deslumbramento de fã apaixonada, By Star Filmes acredita que o cinema emociona, ensina e é a melhor diversão.

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terça-feira, 21 de outubro de 2014

Uma Juíza sem Juízo

9 Mois Ferme *
9 Month Stretch
(2013) 82 min (14 anos)

França - Ariane Felder é uma esbelta juíza de quarenta anos, de hábitos severos, solteira convicta, totalmente dedicada aos processos do tribunal. Durante a festa de Reveillon no Palácio da Justiça, um grupo de animados colegas de trabalho quer sua participação e vai buscá-la no escritório. Para misturar-se ao clima de bagunça, Ariane bebe algumas taças de champanhe, ao lado do risonho De Bernard. Quando consegue sair do prédio, no início da madrugada, está trôpega, ainda levando na cabeça uma longa peruca branca, usada nas cortes francesas. Seis meses depois, a juíza descobre-se grávida, sem ter qualquer ideia sobre como isso aconteceu. 

Ariane começa uma investigação particular para descobrir o pai da criança. De Bernard é o primeiro suspeito e uma pesquisa sobre seus ascendentes não ajuda a tranquilizar a mãe relutante. Depois de um teste de DNA, surge o nome do verdadeiro pai do bebê. Mais assustada ainda fica a juíza. O resultado indica Bob Nolan, um ladrão contumaz, perseguido como suposto autor de um crime bárbaro. Nolan teria sido surpreendido durante o roubo ao apartamento de um senhor de 83 anos. Fugiu depois de serrar braços e pernas do idoso, além de ter comido seus olhos. 

Através das câmeras de vigilância do bairro, Ariane descobre que passou os primeiros minutos do novo ano discursando para um grupo de prostitutas. Desagradadas de suas palavras, elas protestaram vivamente. Foi resgatada por Bob Nolan da confusão armada. Continuou conversando com Bob na rua, até o momento em que se atirou sobre ele e liberou toda sua própria fúria sexual.

Conhecendo sua fama de juíza séria, e ignorando a gravidez, Bob pede ajuda a Ariane para descobrir falhas no processo que o incriminam injustamente. Ele pode ser um ladrão, pessoa de pouca instrução, um arrombador experiente, mas seria incapaz de agredir um idoso, e muito menos de comer-lhe os olhos. Bob dá valor à vida humana.

br.cinema.yahoo.com
"Uma Juíza sem Juízo" foi indicado para seis categorias do César. Venceu como Melhor Roteiro Original e Melhor Atriz (Sandrine Kiberlain). É uma comédia inteligente, interpretada por um elenco admirável. Surpreendeu-me descobrir que o ator Albert Dupontel (Um Lugar na Plateia, No Mundo do Poder) é também um diretor competente. Aliás, como tantos outros atores-diretores. O divertido filme orienta o olhar para além dos preconceitos, da mania de rotular as pessoas, e nos poupa de soluções holywoodianas. Mais importante ainda, sugere que uma criança é sempre um dom, ainda que seja concebida em circunstâncias desfavoráveis. E que as almas simples podem superar em sabedoria os muito instruídos.

Curiosidades:
* Para escrever o roteiro, Albert Dupontel inspirou-se no documentário "10e chambre, instants d'audience", de Raymond Depardon. A juíza Michèle Bernard-Requin aparece no documentário e interpreta a presidente do tribunal em "Uma Juíza sem Juízo".

* Nos noticiários da TV aparecem Terry Gillian e o ator Jean Dujardin, como tradutor na linguagem de sinais. (Rubens Ewald Filho)

Diretor: Albert Dupontel 
RoteiroAlbert Dupontel, Héctor Cabello Reyes, Olivier Demangel
Musica: Christophe Julien
Fotografia: Vincent Mathias
Elenco: Sandrine Kiberlain, Albert Dupontel, Nicolas Marié, Philippe Uchan, Christian Hecq, Philippe Duquesne, Bouli Lanners, Michèle Bernard-Requin
Distribuidora: Europa Filmes


*** excelente
** ótimo
* bom

Sem Asterisco - interessante

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Não Me Abandone Jamais

Never Let Me Go * *
(2010) 103 min (12 anos)

O que não sei ao certo é se nossas vidas foram tão diferentes das vidas das pessoas que salvamos. Todos morremos. Talvez nenhum de nós compreenda o que vivemos ou sinta que tivemos tempo suficiente.


Kathy H, Ruth e Tommy cresceram num internato inglês, como tantas outras crianças sem pais.  Tranquílos, bem comportados, os meninos e meninas produzidos geneticamente levam uma vida saudável, assistem às aulas, criam desenhos para a galeria de Madame e brincam juntos no jardim de Hailsham, sem jamais se afastar dos limites da propriedade. Com alegre expectativa, os internos aguardam a chegada das caixas cheias de brinquedos e objetos descartados por outras pessoas.  Mas, para as crianças da instituição dirigida por Miss Emily, são tesouros cobiçados.

Desde cedo, a introspectiva Kathy sentiu-se atraída por Tommy, mas foi Ruth quem começou a namorá-lo na adolescência.  Quando mais tarde são transferidos para os alojamentos, Kathy se inscreve para o treinamento como assistente de doadores de órgãos, uma tarefa da qual se orgulha e que a leva por vários cantos do país, afastando-a da convivência com os amigos.

"Não Me Abandone Jamais" cria uma realidade alternativa, mostrando que, em 1967, a ciência evoluiu ao ponto de elevar a expectativa de vida humana além dos 100 anos.  Em termos éticos, o custo tornou-se exorbitante, sacrificando o conceito de humanidade.  De maneira semelhante, em nossa história recente, escravos, mulheres e crianças foram considerados criaturas incompletas ou inferiores, propriedade de patrões, maridos e pais. Os nazistas se sentiam tão superiores aos demais que usaram prisioneiros judeus como cobaias em experimentos científicos.  Seremos agora mais razoáveis, sensíveis e conscientes?  Só assim os fatos dessa história sinistra jamais se tornarão reais, e esse será apenas mais um filme de ficção científica.

Houve um cuidado especial em escolher crianças que se parecessem com os protagonistas adultos.  Ensaiaram sempre juntos para acentuar a continuidade. Carey Mulligan, Andrew Garfield e Keira Knightley ajudaram seus colegas mais jovens com sugestões na atuação.  O elenco é um dos pontos fortes do filme, assim como a trilha sonora.  Fotografia e cenários criam um visual sóbrio, antigo, suave.  As gravações foram feitas na Escócia e Inglaterra.

Diretor: Mark Romanek
Roteiro: Alex Garland, baseado em romance de Kazuo Ishiguro
Musica: Rachel Portman
Fotografia: Adam Kimmel
Elenco: Carey Mulligan, Andrew Garfield, Keira Knightley, Isobel Meikle-Small, Charlie Rowe, Ella Purnell, Sally Hawkins, Charlotte Rampling, Nathalie Richard
Distribuidora: Fox Video 

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Você Não Conhece Jack

You Don't Know Jack *
(2010) 134 min (14 anos) feito para TV

EUA - Filho de imigrantes sobreviventes do Genocídio Armênio (1915), o patologista americano Jacob Kevorkian impressionou o mundo ao defender o direito de morrer dos doentes em grande sofrimento.  O 'Doutor Morte', como foi conhecido, facilitou a eutanásia de 130 pacientes.  Auxiliado pela irmã Margo Janus e pelo amigo Neal Nicol, o médico filmou as entrevistas com as pessoas que solicitaram sua ajuda, assim como os procedimentos de suicídio assistido.   

Mas isso não impediu Jack de achar chocante o governo federal autorizar a morte de pacientes em coma por privação de alimento e água, como aconteceu com Terri Schiavo. O processo cruel não deveria ser utilizado nem em animais.

Jack Kevorkian passou 8 anos na prisão, condenado por assassinato em 2º grau.  Solto em 2007, aos 79 anos, ainda estava vivo quando foi realizado o documentário da HBO.  Elogiou Al Pacino por sua interpretação. O patologista faleceu recentemente (3 de junho de 2011).

O filme de Barry Levinson acertou no tom para mostrar a personalidade excêntrica do médico americano. Inteligente, autêntico, estudioso, dotado de senso de humor e criatividade, pintava, escrevia, tocava flauta. Testemunhar a dolorosa agonia dos últimos dias da própria mãe, sem ter uma fé que desse sentido ao sofrimento, levou-o a usar seus múltiplos dons de uma maneira sinistra, ainda que movido pela piedade. Curiosamente, Kevorkian era grande admirador de Johan Sebastian Bach, o músico alemão que compunha para Deus.  No DVD há entrevista com Jack Kevorkian, Al Pacino e outros participantes da história de vida do Dr. Morte.

Diretor: Barry Levinson
Roteiro: Adam Mazer, baseado no livro 'Between the Dying and the Dead', de Neal Nicol e Harry Wylie.
Musica: Marcelo Zarvos
Fotografia: Eigil Bryld
Elenco: Al Pacino, Brenda Vaccaro, John Goodman, Susan Sarandon, Danny Huston, James Urbaniak
Distribuidora: Warner Bros

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Uma Prova de Amor

My Sister's Keeper
(2009) 109 min (Livre)



EUA, Los Angeles - Anna Fitzgerald foi concebida geneticamente para ser compatível com Kate, sua irmã mais velha, que tem um tipo raro de leucemia desde pequena. Enquanto o pai trabalha no corpo de bombeiros, a mãe Sara deixou o escritório de advocacia para se dedicar integralmente aos cuidados com a menina. O terceiro filho, Jesse, não recebe toda a atenção que precisa. Ao apresentar dislexia na escola, é enviado a um colégio interno especializado, até superar seu problema, pois a mãe não tem como ajudá-lo. Sara está totalmente comprometida com a missão de salvar a vida de Kate.

Momentos alegres em família são intercalados com internações, cirurgias, transplante de medula e doações de sangue de Anna para Kate. Para surpresa dos médicos, Kate ultrapassa a expectativa de vida inicial e chega aos 16 anos. Devido a complicações renais, precisa de um transplante de rim, mas a doadora habitual se rebela. Anna contrata o advogado Campbell Alexander para obter na corte de justiça a emancipação médica de seus pais. De acordo com o anúncio de televisão, o jurista tem sucesso em 91% dos casos. Sara se zanga, pois não está preparada para aceitar os fatos e desistir da luta.

"Uma Prova de Amor" foi o filme que fez minha filha caçula soluçar no cinema. Alertadas, as irmãs mais velhas e eu nos preparamos para verter lágrimas de esguicho! O relato de abertura nos prendeu, história e artistas nos comoveram, e a fotografia de Caleb Deschanel é bonita (Crônicas de Spiderwick, Paixão de Cristo, Anna e o Rei). Mas, se o filme não chegou a nos ferir a alma, pode se prestar a interessantes discussões de bioética.

Certo crítico viu um debate implícito entre os pro-vida e os pro-escolha. Deduziu que uma pessoa favorável ao aborto apoiaria a recusa de Anna, enquanto os defensores da vida exigiriam que a menina doasse o rim. Não vejo assim. Todo doente tem o direito a ser bem cuidado, amparado em suas necessidades básicas de ar, alimento, alívio da dor, conforto emocional e espiritual. Meios extraordinários, como geração de irmãos para doação de órgãos, desrespeitam a liberdade e ultrapassam até o bom senso.

Diretor:
Nick Cassavetes
Roteiro: Jeremy Leven e Nick Cassavetes, baseado em romance de Jodi Picoult
Música: Aaron Zigman
Fotografia: Caleb Deschanel
Elenco: Abigail Breslin, Sofia Vassilieva, Cameron Diaz, Jason Patric, Evan Elligson, Alec Baldwyn, Heather Walquist, David Thornton, Joan Cusack, Thomas Dekker

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Inteligência Artificial e a Bioética



Os extras de "A. I. - Inteligência Artificial" precisam ser vistos pelos que amam o cinema. São uma aula de como se faz cada etapa de um filme complexo, por gente que entende do assunto. Stanley Kubrick colaborou com o roteiro, storyboards (desenhos), sugestão da música (o "Cavaleiro da Rosa" - de Strauss), da seqüência de palavras para ativar o robô e a escolha de Steven Spielberg como aquele que teria sensibilidade para contar esta história.


Recado de Spielberg e Kubrick:
"Acho que devemos ter muito cuidado em como nós, como espécie, usamos a nossa genialidade. Somos uma espécie maravilhosa. E todos os anos criamos coisas que, dois anos antes, pareciam mágica para a maioria das pessoas. (...) Precisamos ter cuidado ao continuarmos a dar saltos em direção ao futuro que estamos criando. Assumir a responsabilidade pelas coisas que colocamos nesse planeta. E também pelas coisas que retiramos do planeta. (...) De certa forma precisamos ter limites para os nossos avanços, limites éticos, morais e limites que digam: - Ei, não podemos mexer com isso. Um pouco disso foi discutido em "O Parque dos Dinossauros" e muito foi discutido por Stanley Kubrick em A.I. - Inteligência Artificial." (Disco 2 de A.I./2002)

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Gattaca - uma Experiencia Genética

Gattaca * * *
(1997) 106 min

Diretor: Andrew Niccol
Roteiro: Andrew Niccol
Música: Michael Nyman
Fotografia: Slawomir Idziak
Elenco: Ethan Hawke, Jude Law, Uma Thurman, Gore Vidal, Alan Arkin

A Corporação Gattaca é uma empresa aero-espacial do futuro. Nesta época, os gens dos bebês são examinados ao nascer, para estabelecer seu lugar na sociedade. A discriminação dos gens substitui a religiosa, de raça ou gênero. Vincent é um dos últimos bebês gerados naturalmente ("child of God"). Míope, e portador de um problema cardíaco, espera-se que morra aos 30 anos.  Só lhe caberão empregos que não exijam grandes investimentos.  Seu sonho, de tornar-se astronauta e viajar para Saturno, é impossível. Diante da discriminação sofrida pelo primeiro filho, seus pais decidem que o segundo seja concebido de acordo com as técnicas de manipulação genética, para eliminar as doenças e defeitos congênitos da população humana.

Tudo estaria "perfeito", no "melhor dos mundos", não fosse o imponderável. Acidentes acontecem. Quando ocorrem, quem está mais preparado para lidar com isso? O desejo de superação do espírito humano viceja diante da adversidade. Quanto maior o obstáculo, maior a força.  Sabendo-se em desvantagem, Vincent não mede esforços para alcançar seu objetivo, ainda que precise ludibriar a vigilância da corporação, intensificada por uma investigação de assassinato. Com a ajuda de Jerome, paralítico por acidente, ele se passa por "válido", a quem é permitida a escolha de carreira.

Este filme dá o que pensar. Nossas "diferenças" individuais são uma vantagem ou um problema? Essa ânsia de perfeição física e saúde do corpo suplantou a busca do aperfeiçoamento do espírito. A ciência deve avançar com humildade, considerando a bioética, sempre. Colocar o desejo de lucros imediatos dos laboratórios na frente da prudência pode ameaçar o verdadeiro bem estar humano.

Entre as cenas deletadas está o FINAL original. Frases deslizam frente a um céu estrelado: "Em alguns anos, os cientistas irão concluir o Projeto do Genoma Humano, o mapeamento de todos os genes que compõem um ser humano. Nós evoluímos a tal ponto que podemos direcionar a nossa evolução. Se tivéssemos esse conhecimento antes, as seguintes pessoas nunca teriam nascido:

Abraham Lincoln - síndrome de Marfan
Emily Dickinson - Psicose maníaco-Depressiva
Van Gogh - Epilepsia
Albert Einstein - Dislexia
John Fitzgerald Kennedy - doença de Addison
Rita Hayworth - mal de Alzheimer
Ray Charles - Glaucoma
Stephen Hawking - Esclerose Lateral Amiotrófica
Jackie J. Kersee - Asma
Claro, outro nascimento que não teria ocorrido é o SEU."

Curiosidades:
* O nome "Gattaca" é composto das letras usadas para nomear os 4 diferentes nucleotídeos do DNA: guanina, adenina, tiamina, citosina.
* Os anúncios públicos no prédio da Corporação Gattaca são feitos em esperanto, uma língua artificialmente criada no século XIX.
* O personagem vivido por Jude Law pede para ser chamado por seu nome do meio, Eugene (Eugênio, em português). Eugene vem do grego e significa “bem nascido”. Eugenia (a ciência de melhorar as qualidades hereditárias de uma raça ou geração) é o tema central do filme.
* A música interpretada pelo pianista de 6 dedos é baseada em Impromptu in G Flat Major, Op. 90, No. 3 de Franz Schubert. Contudo os criadores fizeram um belo trabalho, incorporando harmonias e notas adicionais, para que só pudesse ser tocada com 12 dedos, como o personagem de Uma Thurman observa.
* O exterior e interior do prédio de Gattaca é, na verdade, o Marin County Civic Center, em San Rafael, California. Foi desenhado pelo famoso arquiteto americano Frank Lloyd Wright, em 1957.
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