Lista de sugestões de filmes interessantes. Cada postagem traz foto, breve sinopse, censura, diretor, distribuidora, elenco, responsáveis pelo roteiro, musica e fotografia. Com o eterno deslumbramento de fã apaixonada, By Star Filmes acredita que o cinema emociona, ensina e é a melhor diversão.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Mandela - Luta pela Liberdade

Goodbye Bafana *
(2007) 118 min (10 anos)

"Se quem está no poder nega sua liberdade, o único caminho para a liberdade será o poder."



África do Sul - "Na África do Sul da Apartheid, nos anos 60, o agente penitenciário James Gregory (Joseph Fiennes) é promovido para uma prisão de segurança máxima em uma ilha próxima à Cidade do Cabo. Por ter crescido perto de uma comunidade negra, ele é um dos poucos brancos que sabe fluentemente o dialeto Xhosa, por isso consegue uma vaga como chefe do setor de censura no prédio onde está preso o perigoso terrorista Nelson Mandela (Dennis Haysbert). Lá, ele cuidará das cartas que chegam e saem da ilha, para se certificar de que a comunicação dos criminosos seja segura.


Acostumado com o fato de que os negros querem matar todos os brancos para tomar a África para si, Gregory e sua família não se incomodam com a hostilidade e violência com que este povo é tratado, assim como pensa toda a população branca. Porém, com a convivência com Mandela, o agente passa a ver que nem tudo é como as autoridades lhe contam. À medida que o líder negro conta para ele suas convicções e os ideais pelos quais seu povo luta, o carcereiro vai notando que talvez ele esteja do lado errado, o lado dos verdadeiros terroristas. Com mulher e dois filhos para criar, sem chance de outra profissão fora da vida militar, James fica em um impasse sobre o que deve fazer com o futuro de sua carreira.


O respeito pela figura de Nelson Mandela se torna maior, assim como suas atitudes em prol do governo atual parecem resultar em tragédias das quais ele se sente culpado. Pressionado para ficar, já que é o único a entender o dialeto dos negros, Gregory precisa tomar decisões que influenciarão no futuro do país e que poderão fazer com que se funde uma nova África do Sul.
Baseado na biografia do carcereiro que acompanhou a prisão de Nelson Mandela por uma grande parte dos 27 anos em que ficou preso, "Mandela - A Luta Pela Liberdade" é dirigido pelo dinamarquês Bille August, o mesmo de "Casa dos Espíritos" e "Os Miseráveis". Para o papel do líder africano, foi escolhido Dennis Haysbert, conhecido por representar o presidente estadunidense no seriado 24 Horas. O filme participou da seleção oficial do Festival de Berlim de 2007, onde conquistou o Prêmio da Paz."
http://www.guiadasemana.com.br/film.asp?id=11&cd_film=2276

Nelson Mandela

Diretor: Bille August
Roteiro: Greg Latter, baseado no livro de James Gregory e Bob Graham
Música: Dario Marianelli
Fotografia: Robert Fraisse
Elenco: Joseph Fiennes, Dennis Haysbert, Diane Kruger, Shiloh Henderson, Tyrone Keogh, Patrick Lyster, Faith Ndukwana.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Persépolis

Persepolis *
(2007) 95 min (12 anos) preto/branco e cores



conselho da avó para Marji: "Você vai encontrar muitos idiotas na vida. Se eles te magoarem, lembre-se de que o fazem porque são estúpidos. Não reaja à sua crueldade. Não há nada pior do que amargura e vingança. Mantenha sua dignidade e seja verdadeira."

Irã, Teerã - Marjane Satrapi cresceu no Irã durante a Revolução Islâmica. Com seu jeito apaixonado, a menina de 8 anos acompanha as crenças políticas familiares, torcendo pela derrubada do regime do Xá. Contudo a tomada do poder pelos fundamentalistas revela-se pior que o governo anterior. As mulheres são obrigadas a usar o véu, a oposição é encarcerada e fuzilada, a liberdade reduz-se ainda mais no Irã.

Para evitar que a revolucionária Marjane se envolva em problemas, a família resolve enviá-la a Viena, para estudar no Liceu Francês. É difícil para a menina separar-se dos pais carinhosos e da vovó interessante, que cheira a jasmim e banha os seios em água gelada, para mantê-los firmes. Viena, Teerã e Paris são o cenário das aventuras de Marji.


Persépolis venceu o British Film Institute Award (2007), ganhou o prêmio do juri no Festival de Cannes (2007) e o prêmio do público no Festival de Cinema Internacional de São Paulo (2007) , entre outros prêmios.


Diretor: Vincent Paronnaud, Marjane Satrapi
Roteiro: Vincent Paronnaud, Marjane Satrapi, baseado nas histórias em quadrinho de Marjane Satrapi
Música: Olivier Bernet
Vozes de: Chiara Matroianni, Catherine Deneuve, Danielle Darrieux.

*** excelente
** ótimo
* bom

Sem Asterisco - interessante

Obrigado por Fumar

Thank You for Smoking * *
(2005) 92 min (12 anos)


Crítica de Marcelo Carvalho, do blog "O que der e vier" http://marcelopcarvalho.wordpress.com/ Assino embaixo.

"O filme retrata a vida de Nick Naylor (Aaron Eckhart), separado, pai de um filho de 12 anos, e que ganha a vida sendo o porta-voz da indústria tabagista (um lobista).

Um dos pontos altos dessa ótima comédia (será mesmo uma comédia?) são as argumentações de Nick, que encontra maneiras de defender o indefensável, um verdadeiro mestre da retórica, da argumentação e da negociação.

Nick reverte situações aparentemente irreversíveis, como por exemplo no início do filme, em um programa de auditório em que precisa debater com a presidente das “mães contra o fumo entre jovens”, a representante da “associação do pulmão”, o representante do “serviços humanos e de saúde” com um estudante que está com câncer terminal por fumar. Nick, que estava ali para ser massacrado, se safa ao argumentar que é do interesse dessas associações que esse jovem morra, pois isso reforça suas bandeiras, ao passo que a indústria do cigarro perderia um cliente. Em seguida, anuncia uma campanha de US$ 50 milhões para prevenir o fumo infantil e cumprimenta o garoto, finalizando sua participação bem sucedida no programa e deixando louco o senador Finistirre, seu opositor antitabagista, supostamente “do bem”, mas que na verdade é um oportunista.

Em outro episódio em que se discutia a colocação de uma caveira nos maços de cigarro, Nick novamente se supera. Ao ser perguntado se ele tinha consciência que o cigarro fazia mal, ele respondeu: “lógico, todo mundo sabe que faz mal.” O seu argumento era que, se todo mundo sabe, não há necessidade da caveira.

Em outra passagem muito boa, em que uma reportagem denegrindo sua imagem é publicada por uma jornalista com quem havia feito sexo, Nick diz que aprendeu que “é perigoso transar com jornalistas”, desmoralizando a matéria e sua autora. Ele não se importa com o que é certo ou errado, mas sim em vender as suas ideias.

Em uma das cenas mais importantes, Nick leva uma mala de dinheiro ao caubói de Marlboro que, por estar com câncer, denunciava a indústria tabagista. O caubói não acredita do que vê (estava sendo comprado) e Nick então diz a ele para chamar a imprensa, mostrar a mala, e devolver todo o dinheiro, destruindo a indústria tabagista e virando herói. O caubói, então, reflete e diz: “mas e minha família?”, mostrando que, no fundo, ele não era eticamente mais correto do que Nick ou a indústria que representava.

Há, como tema principal, o dilema ético, tanto das corporações como das pessoas. No caso de Nick, esse dilema se mostra especialmente na relação com seu filho, que se envergonha do trabalho do pai, que é legal, mas imoral. Nick explica ao filho que é preciso pagar a hipoteca e para isso é necessário ter “flexibilidade moral”. O filho aprende a respeitar o ponto de vista do pai, mas o pai também acaba mudando pela influência do filho.

No final do filme, há a sensação de que Nick é, em algum grau, honesto. Pelo menos não é lobo em pele de cordeiro – ganha a vida assim e não esconde de ninguém. Quem é pior, ele ou o senador, que defende uma causa nobre, mas com meios e interesses longes de ser nobres. Por isso, Nick Naylor acaba passando mais por mocinho do que vilão – não sei se pela caracterização do personagem em si ou pelo reconhecimento de que talvez todos nós tenhamos um pouco de “engrenagens do sistema”…

Um filme irônico, inteligente e agradável de assistir. E que passa longe do famigerado “politicamente correto”. Recomendo."

Nicke e seus amigos "lobistas da morte"

Diretor: Jason Reitman

Roteiro: Jason Reitman, baseado em livro de Christopher Buckley

Música: Rolfe Kent

Fotografia: Jim Whitaker

Elenco: Aaron Eckhart, Maria Bello, Robert Duvall, Katie Holmes, Rob Lowe e William H. Macy.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Às Margens do Rio Sagrado

Water *
(2005) 117 min (14 anos)

"Por muito tempo acreditei que Deus era a verdade. Mas hoje eu sei, que a única verdade é Deus. A perseguição da verdade é inestimável para mim. Eu acredito que será o mesmo para vós." (Mahatma Ghandi)



India, Banaras, 1938 - Água do rio Ganges, água da chuva; as águas se misturam às lágrimas das viuvas hindus no ashram, onde vivem juntas, separadas da família e da sociedade, prisioneiras dos costumes até o fim da vida. De acordo com a tradição dos livros sagrados só têm 3 opções após a morte do marido: casar com o irmão mais moço do falecido, se a família permitir, matar-se na pira funerária ou viver em celibato e disciplina.


Aos 8 anos, Chuyia já é viuva, embora sequer se recorde do dia do casamento. Está destinada a uma meia-vida, pois metade de sua alma foi levada pelo marido. Ela espera que a mãe venha resgatá-la da casa das viúvas, mas isso não acontece. Protegida pela incansável Shakuntala, desafiando a desagradável Madhumati, Chuyia faz amizade com Kalyani, a bela jovem que também é viuva desde a infância. Por acaso elas conhecem Narayan, jovem advogado, adepto do Mahatma Gandhi, que está prisioneiro de fato dos ingleses, mas cujas idéias voam livres pela India, entusiasmando as almas jovens na busca da verdade.

A diretora Deepa Mehta enfrentou oposição de grupos hindus fundamentalistas. Precisou encerrar as filmagens em Varanasi, devido à pressão do líder do governo em Uttar Pradesh. Quatro anos depois a produção foi retomada no Sri Lanka.

"Deepa Mehta comoveu-se com a situação precária das viúvas indianas. Segundo os censos de 2001, existem cerca de 34 milhões de viúvas neste país, a viverem em condições miseráveis, de acordo com um texto religioso que conta com mais de dois mil anos de vida.

Depois de um grupo de fundamentalistas hindus terem destruído por completo o cenário onde a realizadora estava a filmar, na Índia, Deepa Mehta recriou a cidade de Varanasi e o rio Ganjes no Sri Lanka. No elenco, conta-se com a beleza de Lisa Ray, com a super estrela de Bollywood, John Abraham, e com a sensibilidade e ternura de Sarale. Esta a criança de sete anos, nascida no Sri Lanka, descoberta por Deepa Metha, que nunca tinha actuado antes, não sabia uma palavra de indiano ou de inglês. Aprendeu as palavras foneticamente, com a ajuda de um tradutor." (Ana Rita Madruga)


"Às Margens do Rio Sagrado" é um filme belo e delicado, que emociona. Faz parte de uma trilogia, iniciada em 1996, com "Fogo" (Fire) e continuada com "Terra" (Earth), de 1998.


Diretora: Deepa Mehta
Roteiro: Deepa Mehta, com diálogos de Anurag Kashyap
Música: Mychael Danna, A.R. Rahman
Fotografia: Giles Nuttgens
Elenco: Sarala, Seema Biswas, Lisa Ray, John Abraham, Manorama.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

O Dia em que a Terra Parou

The Day the Earth Stood Still * * *
(1951) 92 min (12 anos - hoje em dia deveria ser livre!) Preto e Branco



Estados Unidos, Washington - Uma espaçonave aterrissa na capital dos EUA e dela surge um alienígena, escoltado por Gort, um ameaçador robô, com grande poder de destruição. "Desapontado em seus esforços de encontrar-se com os líderes mundiais e alertá-los de que a Terra está à beira da extinção, o alienígena Klaatu vai para as ruas. O pedido de paz de Klaatu recebe a solidariedade de uma jovem e bela mulher e de um eminente cientista, mas o resto da humanidade reage com desconfiança, medo e violência. Com o tempo se esgotando, Klaatu é forçado a demonstrar seus fantásticos poderes em uma exibição espantosa ..." (capa do DVD)

A versão de 1951 ainda prende a atenção, apesar de quase sexagenária. Ficou na memória de muitos a história e a frase "Klaatu barada nicto", que Klaatu ensina a Helen para chamar Gort. Vale a pena ver ou rever, pois, aparentemente, é bem mais emocionante do que a versão atual. A conferir.

Curiosidade:
* um dos motivos pelos quais Michael Rennie foi escolhido para o papel de Klaatu foi o fato de ser relativamente desconhecido pela audiência americana. Desta forma poderia mais facilmente ser aceito como um alienígena.

* o Exército recusou-se a participar depois de ler o roteiro. A Guarda Nacional não teve os mesmos escrúpulos e prontamente ofereceu sua cooperação.

* Para aumentar o senso de realidade, vários jornalistas foram chamados para interpretarem eles mesmos.

* Em Junho de 2008, "O Dia em que a Terra Parou", de Robert Wise, ocupava o 5º lugar na lista de 10 melhores filmes de Ficção Científica do American Film Institute.


Diretor: Robert Wise
Roteiro: Edmund H. North, baseado no conto de Harry Bates, "Farewell to the Master".
Música: Bernard Herrmann
Fotografia: Leo Tover
Elenco: Michael Renni, Patricia Neal, Sam Jaffe, Billy Gray.

Na Mira do Chefe

In Bruges * *
(2008) 107 min (16 anos)


Bélgica, Bruges – Harry Waters tem três filhos e gosta de crianças. Por isso o gângster inglês fica bastante contrariado quando um de seus capangas mata acidentalmente um menino, logo na sua missão inicial. Os matadores Ray e Ken são enviados a Bruges, na época do Natal, sem maiores explicações. Lá devem aguardar instruções no hotel. Na primeira noite Harry liga em vão, pois os dois saíram para conhecer melhor a mais bem conservada cidade medieval belga.


Diante do magnífico cenário, Ken e Ray tiveram reações opostas. O jovem irlandês ficou inquieto e entediado, enquanto Ken dedicou-se ao turismo cultural, aproveitando o passeio de barco pelos canais, visitando as belas igrejas e museus. Até o infantil Ray admirou-se ante o “Juízo Final”, o tríptico do pintor Jeronymus Bosch. Sem juízo, em pouco tempo o criminoso meio simplório briga com turistas, interpela um anão americano, penetra na filmagem de uma cena de rua, apenas para conhecer a misteriosa Chloe e agride o ex-namorado da moça. E então Harry liga pela segunda vez. O que ele deseja? Só Ken está no quarto, esperando as instruções...



“Na Mira do Chefe” tem script e direção excelentes, um elenco esplêndido, boa música, bela fotografia e locação especial. É um filme imperdível, com boa nota no site de cinema imdb.com ( 8,1 em 13/01/09). Difícil não gostar. Só o título em português poderia ser mais criativo e menos revelador, mais de acordo com o nível do filme, que já levou o "British Independent Film Award" pelo roteiro e o "Globo de Ouro" de melhor ator para Colin Farrell (Ray).



Diretor: Martin McDonagh

Roteiro: Martin McDonagh

Música: Carter Burwell

Fotografia: Eigil Bryld

Elenco: Colin Farrell, Brendan Gleeson, Ralph Fiennes, Clémence Poésy Jérémie Rénier.


terça-feira, 13 de janeiro de 2009

O Escafandro e a Borboleta

Le Scaphandre et le Papillon *
(2007) 112 min (10 anos)




“Quero ver meus filhos... Mesmo um esboço de pai, um fragmento de pai, ainda é um pai.”

França, Pas-de-Calais - Jean-Dominique Bauby tem 43 anos, é editor da revista francesa de moda “Elle”, apaixonado pela vida e pelas mulheres. Mas seus vínculos mais fortes são com os 3 filhos e Papinou, seu pai já idoso. Subitamente, enquanto dirigia um belo carro esporte, Jean-Do teve um derrame cerebral. Vinte dias depois, ele acorda numa cama do Hospital Berck-sur-mer. Está lúcido, mas sofre de uma rara paralisia, conhecida como“locked–in syndrome”. O único movimento que lhe resta no corpo é o do olho esquerdo.

A fonoaudióloga Claude Mendibil sugere um método de comunicação. Coloca as letras do alfabeto num cartão, na ordem em que aparecem com mais frequência na língua francesa. Bauby deve escolher as letras piscando, enquanto são lidas em voz alta. Assim vai formando palavras, frases, parágrafos, até escrever o livro “O Escafandro e a Borboleta”, publicado em 1997. Através da imaginação e memória, o jornalista conseguiu fugir da prisão da imobilidade. “Eu podia imaginar qualquer coisa, qualquer um, qualquer lugar... Flutuar nas ondas de Martinica... Dar asas as minhas fantasias de menino e minhas ambições de adulto.”

A linda fotografia de Janusz Kaminski “enche a tela de vida e beleza, libertando o filme de qualquer traço depressivo." (Roger Ebert)

O "Escafandro e a Borboleta ganhou o BAFTA de Melhor Roteiro Adaptado. Recebeu 4 indicações ao Oscar, nas categorias de Melhor Diretor, Melhor Fotografia, Melhor edição e Melhor Roteiro Adaptado. Ganhou os prêmios de Melhor Diretor e o Grande Prêmio Técnico, no Festival de Cannes.

Diretor: Julian Schnabel
Roteiro: Ronald Harwood, baseado no livro de Jean-Dominique Bauby
Música: Paul Cantelon
Fotografia: Janusz Kaminski
Elenco: Matthieu Amalric, Emmanuelle Seigner, Max Von Sidow, Anne Consigny, Marie-Josée Croze

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Jogo de Cena


Jogo de Cena *
(2007) 107 min (Livre)

Rio de Janeiro, Teatro Glauce Rocha - Atendendo a um anúncio de jornal, oitenta e três mulheres contaram suas histórias de vida num estúdio. Em junho de 2006, vinte três foram selecionadas e filmadas no Teatro Glauce Rocha, relatando ao diretor Eduardo Coutinho os momentos mais dramáticos vividos por elas. Foram os instantes que deixaram marcas, boas ou sofridas. Em setembro do mesmo ano, atrizes interpretaram as histórias contadas pelas personagens escolhidas.

Os relatos se sucedem e a força das relações pai, mãe e filhos fica evidente nas lágrimas e sorrisos exibidos na tela. Entre as dores, fica patente a incapacidade de alguns homens abraçarem a função paterna. Como resultado, se repetem as histórias de pais que desejam tocar a vida longe da mulher e dos filhos. Difícil saber se o vazio maior fica naquele que parte ou na família que resiste. É muito bonito contemplar o deslumbramento da mulher com os filhos, a maternidade e sua própria capacidade de amar.

Diretor: Eduardo Coutinho
Fotografia: Jacques Cheuiche
Elenco: Andrea Beltrão, Marília Pera, Fernanda Torres, Aleta Gomes Vieira, Claudiléia de Lemos, Mary Sheyla, Gisele Alves Moura, Débora Almeida, Sarita Houli Brumer, Lana Guelero, Jeckie Brown, Maria de Fátima Barbosa, Marina d'Elia.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Virando a Mesa

Just Add Water
(2008) 95 min (16 anos)



EUA, Califórnia - Ray Tuckby leva uma vida modesta e rotineira, na pequena cidade de Trona, dominada por uma quadrilha de adolescentes. Um dia, ao chegar mais cedo em casa, encontra a mulher com o amante. Sua vida muda. Ele, que casara por obrigação, julgando ter engravidado a exigente namorada, depois do choque inicial, redescobre o prazer das pequenas coisas. Põe fim à monotonia de uma existência sem perspectivas. Encorajado por um empresário recém-chegado à comunidade, Ray Tuckby recomeça a sonhar e encontra forças para enfrentar a gangue de parasitas que domina Trona. Finalmente!

A nota de "Virando a Mesa" no imdb, em 1/01/2009, é 5,8 (688 votantes) . Contudo, depois de alguns meses, ele permanecia na minha memória. Achei que merecia uma chance. Penso que a humildade e mansidão de Ray conquistaram a mim e alguns jovens menores de 18, que deram 8,4 para o filme. Nem tanto... Um sóbrio 7 parece suficiente.

Diretor: Hart Bochner
Roteiro: Hart Bochner
Música: John Swihart
Fotografia: Aaron Barnes
Elenco: Dylan Walsh, Tracy Middendorf, Jonah Hill, Danny DeVito, Lucy DeVito.

Nossa Vida sem Grace

Grace is Gone
(2007) 85 min (14 anos)

EUA, Minnesota - Stan Philipps é o vulnerável gerente de uma loja de produtos para o lar. Motivar os vendedores, para que funcionem como uma equipe, é uma de suas tarefas diárias. Em casa, ele cuida maquinalmente das filhas Heidi (12 anos) e Dawn (8 anos), enquanto a esposa Grace serve no Iraque, guerra que ele apoia e onde não serve por ter problemas nos olhos. Phillips funciona como um substituto materno de segunda linha. Depois de receber a visita matinal de dois oficiais do exército americano, Stan não tem coragem de contar às filhas que não verão mais a mãe.

Impulsivamente, toma a decisão de levá-las de carro a "Enchanted Gardens" (Jardins Encantados), o parque favorito de Dawn, na Flórida. No caminho, passa na casa dos pais, onde reencontra o irmão. Nessa viagem, Stan recomeça a vida, procura aproximar-se das filhas, comunicar-se e divertir-se com elas, construindo relacionamentos mais significativos.

Um parque de diversões não é ambiente para se contar novidades deste tipo. Para isso existe a natureza, com seu efeito restaurador sobre as pessoas. Diante do mar, sentados os 3 juntos, amorosamente Stan revela a triste verdade. O trabalho de John Cusack é especialmente comovente, traduzindo em gestos e palavras a ternura de um pai bondoso.

Diretor: James C Strouse
Roteiro: James C Strouse
Música: Clint Eastwood (pois é, a música 'Grace is Gone' foi composta pelo Clint!)
Fotografia: Jean-Louis Bompoint
Elenco: John Cusack, Shélan O'Keefe, Gracie Bednarczyk, Marisa Tomei.

A história foi inspirada numa viagem semelhante, feita vários anos antes, pelo diretor do filme , James Strouse, com os dois filhos e seu irmão mais velho. "Nossa Vida sem Grace", originalmente, seria dirigido por Rob Reiner. Na impossibilidade de fazê-lo, foi substituído na direção pelo escritor do roteiro.

História de um Massacre

Shake Hands with the Devil 
(2007) 112 min (16 anos)


Ruanda - O general canadense Romeo Dallaire é enviado pela ONU a Ruanda. O objetivo de sua missão é evitar, sem tomar partidos, que um conflito étnico transforme-se em tragédia. À medida que o perigo aumenta, outros países vão retirando seus compatriotas e funcionários, mas Dallaire recusa-se a abandonar os milhares de refugiados que estão sob sua proteção. Os recursos são poucos, a equipe de 454 dedicados soldados é pequena para alimentar e atender 32.000 tutsis e hutus moderados, abrigados dentro das instalações administrada pelas Nações Unidas.  

De todos os filmes já feitos sobre o genocídio em Ruanda esse é o mais didático. Logo na abertura, relata como a situação começou. Antes da colonização belga, os ruandenses viviam como um só povo. A partir de 1916 foi introduzido um sistema de cartões de identificação que privilegiava a etnia minoritária dos tutsis, que passaram a ter preferência na educação, no trabalho e no poder. Em 1959, quando Ruanda se tornou independente, a Bélgica deixou para trás uma nação partida, dividida pelo ódio entre hutus e tutsis. Os hutus se rebelaram, tomaram o governo, exilaram e mataram os adversários.  

Em 1990, uma força multi-etnica tutsi invadiu Ruanda pela fronteira com Uganda. Em 1993 foi assinado um tratado de paz, protegido pelas Nações Unidas, mas desrespeitado pelas milícias hutus, que exterminavam os tutsis e os hutus moderados a golpes de facão. Tentando salvar o maior número de pessoas, Roméo Dallaire viu-se obrigado a negociar e apertar a mão de homens que incentivavam o extermínio de crianças e o estupro de mulheres, nesta sangrenta luta pelo poder.

Em 2005, o general foi eleito Senador pelo Canadá, onde combate o uso de crianças no exército e luta pela prevenção do genocídio.  Em Ruanda, o General Paul Kagame dirige um governo que está reconstruíndo o país num espírito de perdão e reconciliação. O exemplo de Nelson Mandela (África do Sul) mostra-se eficiente na tarefa de sanar as profundas feridas causadas pelo ódio e pela discriminação.

"Rwanda" e "Hotel Ruanda" são grandes filmes, feitos com arte, mais emocionantes. Precisam ser vistos. "História de um Massacre" tem valor didático e belíssimas paisagens daquela terra banhada em sangue. Que sejam uma nação, um povo.

Diretor: Roger Spottiswoode
Roteiro: Michael Donovan, baseado na autobiografia de Roméo Dallaire
Música: David Hirschfelder
Fotografia: Miroslaw Baszak
Elenco: Owen Sejake, Roy Dupuis, Michel Mongeau, Akin Omotoso

Estômago


Estômago * *
(2007) 100 min (16 anos) - seria mais adequado para os maiores de 18 anos

São Paulo - Raimundo Nonato louva os sabores e a história do queijo gorgonzola. Em vão, os companheiros não querem o queijo empestando o ambiente. O paraibano chegou a São Paulo inexperiente, com a mala e a fome. Sentando no botequim do seu Zulmiro, devorou 2 coxinhas e não teve como pagar. Lavar os pratos e a cozinha foi a saída honrosa. Em troca de teto e comida ele ficou, aprendeu, superando o patrão na arte dos pastéis e salgados. Nonato tem um dom para a culinária. Giovanni, dono do sofisticado restaurante Boccaccio, reconhece o talento do paraibano e o contrata como aprendiz. Lidando com iguarias mais caras, Raimundo adquire experiência gastronômica, mas pouca vivência fora da cozinha. Conhece Íria, uma prostituta gulosa a quem seduz com pratos bem temperados. Ele quer casar e ela aceita.

"Estômago" se passa em dois tempos, e o roteiro é habilidoso em costurá-los, despertando-nos o paladar como uma versão tupiniquim da "Festa de Babette". A arte fugaz das panelas desarma os espíritos e cria nos convivas a dependência do chef, criador de tais experiências maravilhosas. A música de Giovanni Venosta enfatiza de forma admirável o clima do filme.

O único tempero excessivo foi o abuso de palavrões, começando já na primeira cena. Desconcentra, quebra a suspensão de descrença; não há ganho. No mais, um filme inesquecível.

Diretor: Marcos Jorge
Roteiro: Lusa Silvestre, Marcos Jorge, Cláudia da Natividade e Fabrizio Donvito, baseado em argumento de Lusa Silvestre e Marcos Jorge. A história é inspirada no conto "Presos pelo Estômago", do livro "Pólvora, Gorgonzola e Alecrim", de Lusa Silvestre.
Música: Giovanni Venosta
Fotografia: Toca Seabra
Elenco: João Miguel, Fabíula Nascimento, Babu Santana, Carlo Brianni, Zeca Cenovicz.
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