Lista de sugestões de filmes interessantes. Cada postagem traz foto, breve sinopse, censura, diretor, distribuidora, elenco, responsáveis pelo roteiro, musica e fotografia. Com o eterno deslumbramento de fã apaixonada, By Star Filmes acredita que o cinema emociona, ensina e é a melhor diversão.

sábado, 31 de dezembro de 2011

Contra o Tempo

Source Code *
(2011) 93 min (12 anos)

EUA - Um homem descobre-se sentado numa cabine de trem, em frente a uma mulher chamada Christina Warren. A mulher parece conhecê-lo pelo nome de Sean Fentress, mas ele não parece conhecê-la e está incerto quanto à própria identidade. Depois de 8 minutos, uma bomba explode no trem e o homem acorda dentro de uma cápsula metálica. 


Através da tela de um computador, a Capitã Colleen Goodwin da Força Aérea explica-lhe que ele é na verdade Colter Stevens, piloto de helicóptero que serviu no Afeganistão. Sua missão agora é descobrir o terrorista que plantou uma bomba no trem que se dirigia a Chicago. Para executar essa tarefa, os cientistas militares utilizam o programa Código-Fonte, que permite reencenar os fatos a partir da identidade de alguém compatível, que tenha estado presente no local da ação nos últimos 8 minutos de vida.

Stevens não lembra de ter se envolvido no projeto Código-Fonte. Sua última memória é de estar voando sob fogo inimigo no Afeganistão. Mas isso já não interessa, agora ele deve assumir o corpo do professor Fentress, reviver a explosão inúmeras vezes, até conseguir desarmar a bomba, descobrir quem é o culpado e avisar a capitã Goodwin. Essa é a única maneira de impedir que o terrorista detone uma outra bomba no centro de Chicago, matando milhões de pessoas. (traduzido e adaptado da sinopse do IMDB)

Bons atores, uma direção firme, cenário caprichado, uma história razoavelmente plausível e embarco feliz na suspensão de descrença, até que um absurdo grosseiro me jogue de volta à realidade. Não fico procurando inconsistências, quero ser enganada! Nesse esquema fica mais fácil se divertir e gostar de Contra o Tempo, dirigido por Duncan Jones, o criativo autor de Lunar.

Diretor: Duncan Jones
Roteiro: Ben Ripley
Musica: Chris Bacon
Fotografia: Don Burgess (O Livro de Eli, Encantada, Homem-Aranha, Náufrago, Forrest Gump)
Elenco: Jake Gyllenhaal, Michelle Monaghan, Vera Farmiga, Jeffrey Wright, Michael Arden, Pierre Leblanc, Joe Cobden, Russell Peters
Distribuidora: Imagem Filmes

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Melancolia

Melancholia * *
(2011) 129 min (14 anos)

Uma catástrofe parece iminente. O azulado planeta Melancolia avança em direção à Terra. A mídia publica previsões sobre a colisão inevitável, assim como opinião de alguns cientistas, que acreditam numa passagem próxima a nossa órbita e posterior afastamento, um fenômeno magnífico de ser observado. Assim pensa John, como explica repetidamente para o filho Leo e a esposa Claire. O casal possui uma propriedade belíssima, cercada por um parque e um amplo gramado. Na mansão está para acontecer a recepção do casamento de Michael e Justine, irmã de Claire. Apesar da ocasião festiva, percebe-se um clima tenso que prenuncia acontecimentos indesejados.

São poucas as pessoas conhecidas a quem eu indicaria o filme de Lars Von Trier. Muitos poderão ficar aborrecidos por conviver 126 minutos com as duas personagens principais. Filhas de um pai imaturo e de uma mãe amarga, Claire e Justine tentam encontrar seu quinhão de felicidade. Em vão. Por que os fantásticos artistas escandinavos, protegidos do berço ao túmulo contra as vicissitudes da existência, criam personagens tão infelizes na maioria dos filmes que chegam por aqui? Em Melancholia não é diferente. Duas irmãs em situação material mais do que confortável, tendo pessoas que as amam e a quem podem amar, carecem de paz interior. A depressiva Justine está mais preparada para a catástrofe, para ela difícil é viver a rotina diária. A dedicada e ansiosa Claire vive a agonia de perder seus amores.
Ophelia de Millais


Foi a beleza das imagens que tornou o filme de Lars von Trier tão essencial para mim. É fantástica a visão do planeta Melancolia jogando sua luz azul sobre o imenso gramado, se contrapondo ao luar que ilumina a outra metade da cena. Como são elegantemente filmados os passeios a cavalo das duas irmãs, ou a representação de Justine vestida de noiva flutuando no rio, como a Ophelia do pintor John Everett Millais!  A pintura de Millais retratava Ofélia, personagem de Shakespeare em Hamlet, antes de afogar-se num rio da Dinamarca. Mais importante do que a própria história, foi o requinte estético que me deixou apaixonada. Charlotte Gainsbourg e Kirsten Dunst estão magníficas como Claire e Justine. Acho que vou alugar em blu-ray para rever o filme.

Curiosidades:
* A inspiração para Melancolia foi uma experiência pessoal do diretor. Lars fez terapia para superar uma crise depressiva. O analista lhe disse que pessoas deprimidas tendem a ficar mais calmas em situações de grande estresse, pois já esperam que coisas ruins vão acontecer. A história foi desenvolvida como um estudo sobre a psiquê humana durante um desastre (Wikipedia).

* As cenas externas foram rodadas no castelo de Tjolöholms. As internas foram gravadas em estúdio, na Suécia, em Trollhättan.

Diretor: Lars von Trier
Roteiro: Lars von Trier
Musica: preludio da ópera Tristão e Isolda, de Richard Wagner
Fotografia: Manuel Alberto Claro
Elenco: Kirsten Dunst, Charlotte Gainsbourg, Kiefer Sutherland, Charlotte Rampling, Stellan Skarsgard, Alexander Skarsgard, John Hurt, Cameron Spurr, Udo Kier, Jesper Christensen
Distribuidora: California Filmes

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Um Conto Chinês

Un Cuento Chino * *
(2011) 93 min (12 anos)

Argentina - Um casal de jovens chineses passeia de barco pelo rio. Pássaros voam pelo ar e a calma é tanta que nenhuma brisa agita as águas ou as folhas das árvores. Jun, o chinês enamorado, busca disfarçadamente a caixinha onde colocou duas alianças de ouro. E, então, o impensável acontece e muda sua vida para sempre. Na cena seguinte, ele é jogado para fora de um táxi em movimento na cidade de Buenos Aires. Assaltado pelo motorista, Jun fica sem dinheiro e não fala uma palavra de espanhol. 

Quem o auxilia é Roberto, um argentino de meia-idade, veterano da guerra das Malvinas e dono da loja de ferragens De Cesare, uma pessoa metódica com sérios problemas de relacionamento. Roberto confere o número de pregos nas caixas, dorme pontualmente às 23 horas, coleciona histórias fantásticas do jornal e compra pequenos bibelôs de vidro, em homenagem à memória da mãe que mal conheceu. 

A boa ação de Roberto vai ser mais penosa do que ele imaginara. A embaixada da China precisa de tempo para localizar o tio que Jun veio encontrar. Enquanto isso, não há como abrigar o jovem recém-chegado. Cabe ao mal-humorado Roberto alojá-lo, o que lhe parece insuportável. Quem fica encantada com a novidade é Mari, que já teve um caso com Roberto e é apaixonada por seu ar de sofrimento e bom coração. 

Um Conto Chinês é um filme singelo, agradável, sustentado pelas interpretações de Ricardo Darín e Ignacio Huang, como Roberto e Jun. Mais uma dessas histórias bem contadas que o cinema argentino produz em abundância. O absurdo que acontece na vida de Jun foi inspirado num fato real ocorrido em alto mar com um barco pesqueiro japonês, como relata Jorge Pereira no site C7nema.

Diretor: Sebastian Borensztein
Roteiro: Sebastian Borensztein
Musica: Lucio Godoy
Fotografia: Rolo Pulpeiro
Elenco: Ricardo Darín, Muriel Santa Ana, Ignacio Huang, Enric Cambray, Iván Romanelli
Distribuidora: Paris Filmes


quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Gente de Sorte

The Lucky Ones
(2008) 112 min (12 anos - linguagem inapropriada e cena de relacionamento sexual)

EUA - Três combatentes do exército americano voltam do Iraque e, no aeroporto, percebem que não há voos disponíveis para seus destinos. O improvável trio consegue um carro para alugar e segue em uma viagem cheia de obstáculos, mas também marcada pelo bom humor, solidariedade e companheirismo. Depois de se ferir em uma patrulha de rotina, TK recebeu uma licença para visitar sua noiva. O sargento Cheever está ansioso para voltar para a esposa e o filho. Chegando em casa, em St. Louis, ele recebe uma notícia boa e outra má. A boa é que o filho Scott foi aceito na Universidade de Stanford. Agora Cheever precisa conseguir 20.000 dólares para a faculdade. Já a ingênua Colee deseja conhecer a família do namorado que morreu em combate. Alem da sorte de serem sobreviventes, Cheever, TK e Colee têm mais em comum do que poderiam imaginar. (adaptado da capa do DVD)


Os três artistas principais criaram personagens simpáticos, sinceros e afetuosos. Os protagonistas interagem com tanta naturalidade que imediatamente embarcamos na sua trajetória, apesar de alguns eventos meio espantosos. O vínculo que se desenvolve entre eles nos induz a permanecer em sua companhia. Se na vida constatamos o quanto amigos de infância são insubstituíveis, histórias como essa lembram a importância de estarmos abertos às pessoa novas que cruzam nosso caminho, e que podem se transformar em grandes amizades.




Diretor: Neil Burger
Roteiro: Neil Burger & Dirk Wittenborn
Musica: Rolfe Kent
Fotografia: Declan Quinn
Elenco: Tim Robbins, Rachel McAdams, Michael Peña, Molly Hagan, Mark L. Young, Howard Platt, Arden Myrin, Coby Goss, John Heard, Jennifer Joan Taylor
Distribuidora: PlayArte Home Video

Um Sonho de Amor

Io Sono l'Amore *
(2009) 120 min (16 anos - cenas de nudez e sexualidade)

Italia, Milão - A tradução do título italiano é Eu Sou o Amor, tirado de uma linha da ária La Mamma Morta (1896),  de Umberto Giordano. No filme de Luca Guadagnino, a personagem Emma Recchi (Tilda Swinton) poderia representar o amor. Discreta, dedicada, atenta ao bem-estar da família e das pessoas próximas, está sempre pronta a agradar e servir. Emma cumpre à risca os deveres do papel de esposa de Tancredi, rico empresário milanês do setor de tecidos.  Mãe de três filhos adultos -  Edoardo,  Elisabetta e Gianluca - vivendo confortavelmente na mansão dos Recchi, conta com a ajuda da fiel Ida e de uma equipe de empregados. Tem a sua disposição muito mais do que o necessário. 

Mas a elegante Emma não é feliz, está meio morta emocionalmente, como revela seu sorriso melancólico. Quando ela se expressa é através da cor vibrante de alguns vestidos. Nascida na Russia como Kietish, sua alma apaixonada foi domesticada pelas maneiras contidas da sogra Allegra e de Tancredi, que a rebatizou como Emma. A esposa parece deslocada em meio aos rituais familiares e ao luxo dos amplos espaços da villa italiana.

Tudo muda quando ela conhece Antonio, amigo de Edoardo e seu futuro sócio num restaurante. O chef prepara pratos deliciosos que despertam os sentidos de Emma de uma prolongada letargia. Ambos têm em comum o gosto pela cozinha e se sentem imediatamente atraídos um pelo outro. O perigo ronda a aparente felicidade da família Recchi.

Cenário e figurinos magníficos, além da música majestosa de John Adams, são os destaques de Um Sonho de Amor. A beleza da Villa Necchi Campiglio, mansão da década de 30 escolhida como lar dos Recchi, é digna das melhores páginas da revista Architectural Digest. Tilda Swinton comentou que foi uma locação perfeita porque buscavam uma casa que fosse 'parte palácio, parte museu e parte prisão'. A comida foi inspirada pela cozinha de Carlo Cracco, proprietário do restaurante milanês Cracco Peck

Diretor: Luca Guadagnino
Roteiro: Luca Guadagnino & Barbara Alberti & Ivan Cotroneo & Walter Fasano
Musica: John Adams
Fotografia: Yorick Le Saux
Elenco: Tilda Swinton, Flavio Parenti, Edoardo Gabbriellini, Alba Rohrwacher, Pippo Delbono, Diane Fleri, Maria Paiato, Marisa Berenson, Gabriele Ferzetti, Waris Ahluwalia, Mattia Zaccaro
Cenario: Monica Sironi
Figurino: Antonella Cannarozzi
Distribuidora: Paris Filmes

sábado, 24 de dezembro de 2011

Pro Dia Nascer Feliz

Pro Dia Nascer Feliz
(2006) 88 min (Livre)
Se o ensino estivesse melhorando, a gente não precisava do programa de quotas.

Brasil - O documentário de João Jardim é um retrato das escolas brasileiras de ensino médio. Mostra a realidade de professores e alunos desestimulados, assim como a importância das atividades extra-curriculares, sejam bandas de música, percussão, grupos de dança ou auto-expressão. Foram escolhidos seis colégios de São Paulo, Rio de Janeiro e do Nordeste. As cenas gravadas encontraram os estudantes nas salas de aula, corredores, e pátios, assim como os professores reunidos em conselho de classe, avaliando os alunos difíceis. A escola bonita e bem cuidada é valorizada, seja pública ou particular. 

A situação mais difícil encontra-se nas instituições que atendem as favelas da periferia, onde o tráfico de drogas compete com uma escola despreparada para tal realidade. Indivíduos delinquentes aliciam os jovens para a vida curta no mundo dos tóxicos. Lá está o depoimento de quem não vê problema em roubar, e até matar, pois o castigo máximo são 3 anos de reclusão. 

Existe solução a curto prazo, as experiências que deram certo comprovam. No Rio temos a Escola Municipal João de Deus, um pequeno colégio da Penha que alcançou média 7,8 nas provas do Ideb, em 2009. Numa entrevista para o Jornal Futura, a diretora Luciana Landrino conta como a leitura e a produção de textos melhorou o desempenho dos alunos. Com trabalho e boa vontade há luz no fim do túnel. Ronan faz um longo comentário sobre Pro Dia Nascer Feliz no site Passa Palavra.


Curiosidade:
* Filmado em Itaquaquicetuba (Escola Estadual Parque Piratininga II, SP), São Paulo (Colégio Santa Cruz), Manari (Pernambuco) e Rio de Janeiro (Escola Guadalajara)

Diretor: João Jardim
Roteiro: João Jardim
Musica: Dado Villa-Lobos
Fotografia: Gustavo Hadba
Distribuidora: Copacabana Filmes

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Papai Noel das Cavernas

Rare Exports *
(2010) 82 min (14 anos)

Finlândia, Laponia - Faltam poucos dias para o Natal. No alto do monte Korvatunturi, uma equipe de americanos faz escavações a 486 metros de profundidade. Ao encontrar serragem debaixo do gelo, o chefe da expedição dá ordens expressas: - Continuem cavando, mas sigam fielmente as novas regras. Não fumem ou xinguem! À distância, dois garotos finlandeses observam a movimentação. Pietari e Juuso cortaram a cerca de metal que protegia a área para espiar o que estava acontecendo.

Na volta para casa, eles conversam sobre Papai Noel. Juuso afirma que é apenas uma invenção e Pietari resolve investigar por conta própria. Consultando vários livros, descobre que as lendas antigas pintavam Papai Noel como uma entidade maligna que punia as crianças malvadas. Algumas ilustrações mostravam um  idoso sinistro com chifres longos e retorcidos que batia nas crianças ou jogava-as num caldeirão fervente.

Pietari e Juuso
O Natal se aproxima e Pietari observa pegadas na neve perto da janela de seu quarto. Ele acha que deve ser Papai Noel que veio pegá-lo. No dia 23 de dezembro, Juuso e Pietari saem com os adultos para capturar o rebanho de renas que volta para a região. Quando só duas retornam, o grupo atribui a culpa às escavações do grupo de americanos. Chegando ao acampamento em Korvatunturi, descobrem que está deserto. Coisas estranhas acontecem neste Natal...

O filme finlandês tem um roteiro interessante, diferente, que transforma o doce velhinho de roupas vermelhas num monstro cruel. Nossa tradição plasmou a figura de Papai Noel a partir de São Nicolau, o bondoso bispo grego de Mira (atualmente Turquia), nascido de pais ricos na cidade de Patara. Seguindo os ensinamentos de Jesus, Nicolau usou sua herança para ajudar os pobres, doentes e sofredores. A festa de São Nicolau (270-343) é comemorada no dia 6 de dezembro na Igreja Católica.
São Nicolau por Thomas Nast




A versão americana da lenda de Papai Noel diz que ele mora no Polo Norte. Para a tradição inglesa, o bom velhinho habita as montanhas Korvatunturi, na Lapônia.


Curiosidade
* A imagem sorridente de um idoso gorducho, de barbas brancas e roupa vermelha, tornou-se popular a partir do século 19, devido à influência de um poema de Clement Clarke Moore (A Visit from St. Nicholas) e das ilustrações do cartunista Thomas Nast. Essa imagem foi aproveitada pelo artista Haddon Sundblom nos anúncios da Coca-Cola, a partir de 1931.

Diretor: Jalmari Helander
Roteiro: Jalmari Helander
Musica: Juri Seppä, Miska Seppä
Fotografia: Mika Orasmaa
Elenco: Onni Tommila, Jorma Tommila, Ilmari Järvenpää, Peeter Jakobi, Tommi Korpela, Rauno Juvonen, Per Christian Ellefsen
Distribuidora: California Filmes

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

O Menino de Ouro

Foster *
(2011) 90 min (12 anos)

Inglaterra - Alec e Zooey Morrison adoram o mundo das crianças. Ele tem uma fábrica de brinquedos em Londres e ela é escritora e proprietária de uma livraria especializada em literatura infantil. O casal se ama mas o relacionamento entre eles já foi melhor. A crise econômica mundial afetou as vendas da empresa de brinquedos e Zooey não consegue ficar grávida. Desde que perderam o filho Samuel num acidente, uma tristeza sólida habita esse lar. O quarto do menino permanece trancado como os sentimentos dos Morrison. 

Zooey pensa que adotar seria uma boa idéia. Alec não está tão entusiasmado, mas concorda em visitar Lange, uma instituição que abriga crianças à espera de adoção. Entrando na mansão, Zooey nota, e é notada, por um menino de 7 anos. De terno, gravata, chapéu e óculos, Eli parece um homenzinho. A senhora Lange faz algumas perguntas e despede o casal. Dias depois desta experiência, Eli aparece sozinho na porta dos Morrison, trazendo sua mala e documentação. Surpreendidos, Alec e Zooey acolhem o menino e coisas maravilhosas começam a acontecer.

Que delícia reconhecer a inglesa Hayley Mills (Pollyanna) como a elegante e discreta senhora Lange! Mas foi a mãe de Zooey (a atriz Anne Reid) minha personagem favorita do filme. Vestida em indumentárias vibrantes, ela lê histórias para os pequenos clientes da livraria. A simpática senhora parece estar em paz consigo mesma, satisfeita com o que a vida lhe traz. Seu espírito é tudo o que se deseja ter, especialmente no tempo do Natal. O Menino de Ouro é um filme agradável, que pode ser visto por toda família, mesmo os menores de 12 anos.

Anne Reid

Curiosidade:
* O filme foi gravado em Londres, durante 6 semanas

Diretor: Jonathan Newman
Roteiro: Jonathan Newman
Musica: Mark Thomas
Fotografia: Dirk Nel
Elenco: Toni Collette, Ioan Gruffudd, Maurice Cole, Richard E. Grant, Anne Reid, Hayley Mills, Robert Morgan
Distribuidora: California Filmes

domingo, 18 de dezembro de 2011

Toda Forma de Amor

Beginners *
(2010) 105 min (12 anos)

EUA, 2003 - O artista gráfico Oliver Fields colecionava alguns fracassos amorosos até conhecer a francesa Anna, apenas alguns meses depois do falecimento do pai, Hal Fields. Hal viveu sempre ao lado da mesma mulher e declarou-se homossexual logo após a morte da melancólica esposa Georgia. Ele já estava com 75 anos. O fato de descobrir-se com câncer pouco depois complicou, mas não mudou seu projeto de recomeçar a vida. Graças a sua postura positiva frente a doença e a determinação de viver com alegria o tempo que lhe restava, pai e filho se reaproximam.  E, enfim, aumentam as chances de um relacionamento significativo entre a imprevisível Anna e o tristonho Oliver.

O elenco é impecável, com destaques para Chistopher Plummer, Ewan Mc Gregor e Arthur, o esperto cachorrinho de Hal, um adorável terrier Jack Russell. Aparentemente, o filme baseia-se em fatos da vida do diretor-roteirista Mike Mills.

Vale a pena ler a boa análise feita por Wanderley Teixeira no seu blog Raining Frogs.

Diretor: Mike Mills
Roteiro: Mike Mills
Musica: Roger Neill, David Palmer, Brian Reitzell
Fotografia: Kasper Tuxen
Elenco: Ewan McGregor, Christopher Plummer, Mélanie Laurent, Goran Visnjic, Kai Lennox, Mary Page Keller, Keegan Boos, China Shavers, Melissa Tang, Amanda Payton, Luke Diliberto, Lou Taylor Pucci, Bambadjan Bamba, Hana Hwang, Samuel T. Ritter
Distribuidora: Universal

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Clara e Francisco

Chiara e Francesco
(2007) 3 horas e 20 min (Livre)

Coversblog
Italia - Francisco, filho de um rico comerciante de tecidos de Assis, com ambição de se tornar um fidalgo cavaleiro. Clara, de linhagem nobre, prometida em casamento ao jovem Ranieri di Bernardo. Chamados por Deus a viver a perfeição do Evangelho, Clara e Francisco trocaram o conforto da família para viver a corajosa opção de seguir Jesus na mais absoluta pobreza. De sua resposta generosa, teve início na Igreja a grande família franciscana, com sua mensagem de paz e amor, hoje espalhada no mundo inteiro. Clara e Francisco é um filme de valor pela veracidade histórica. (capa do DVD)

Estava triste de não ter colocado no blog um filme natalino antes de viajar. Seria uma comemoração do Advento. Eis que meu primo João elogia a história dos santos de Assis. De início me pareceu um filme mais antigo e me surpreendeu saber que era uma produção de apenas 4 anos atrás. À medida em que as vidas de Francisco e Clara avançavam, os detalhes técnicos perdiam importância e o valor humano se impôs. Dois santos generosos, simples, humildes e alegres, que prezavam o silêncio para estar diante de Deus. São exemplos que atraem, comovem. 

Um grupo de irmãos franciscanos está morando no Cosme Velho, na Toca de Assis. Às vezes são vistos caminhando aos pares pela rua das Laranjeiras. Que valorosos vizinhos! Para completar: diz-se que São Francisco de Assis criou o presépio, inspirado no Evangelho de São Lucas. Assim está contado em Clara e Francisco.  E, por isso, já tenho meu filme de preparação para o Natal! Viajo feliz!

Adoração dos Pastores, Angelo Bronzino

Curiosidade:
O presépio é talvez a mais antiga forma de caracterização do Natal. Sabe-se que foi São Francisco de Assis, na cidade italiana de Greccio, em 1223, o primeiro a usar a manjedoura com figuras esculpidas formando um presépio, tal qual o conhecemos hoje. A idéia surgiu enquanto o santo lia, numa de suas longas noites dedicadas à oração, um trecho de São Lucas que lembrava o nascimento de Cristo. Resolveu então montá-lo em tamanho natural, em uma gruta de sua cidade. O que restou desse presépio encontra-se atualmente na Basílica de Santa Maria Maior, em Roma. (Catequisar.com)

* As filmagens foram feitas na Umbria, na cidade de Gubbio, que fica a uns 44 km ao norte de Assis.

Diretor: Fabrizio Costa
Roteiro: Francisco Arlanch, Salvatore Basile
Musica: Marco Frisina
Fotografia: Giovanni Galasso
Elenco: Ettore Bassi, Mary Petruolo, Gabriele Cirilli, Luigi Diberti, Fabio Camilli, Ivano Marescotti, Antonella Fattori, Vincent Riotta, Ivan Franek, Roberto Nobile, Fabrizio Bucci, Angela Molina, Lando Buzzanca.
Distribuidora: Paulina Multimidia

domingo, 4 de dezembro de 2011

Um Breve Intervalo


Se Deus quiser, no momento em que essa postagem aparecer no blog, estarei incomunicável, bem sentada e um pouco apertada na poltrona de um Boeing 777 da United Airlines. Ficarei ausente por 9 dias, hospedada no Hotel DoubleTree, em Skokie. Na locadora, já deixei reservados os lançamentos de dezembro. Assim a volta fica ainda mais agradável e a vida volta à doce rotina.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Meia-Noite em Paris

Midnight in Paris * * *
(2011) 94 min (10 anos)

A função do artista não é sucumbir ao desespero mas sim encontrar um antídoto para o vazio da existência. 
Você tem uma voz clara e vibrante. Não seja tão derrotista.

França - Gil Pendler e sua noiva Inez estão hospedados no Hotel Bristol. O pai de Ignez veio em viagem de negócios e trouxe a esposa e o jovem casal. A mulher e a filha encaram a cidade como qualquer outro lugar onde se vai nas férias. Esse não é o caso de Gil. Apaixonado pela capital francesa, adoraria trocar sua casa com piscina, em Pasadena, Califórnia, por um pequeno sótão com clarabóia na cidade-luz, onde poderia escrever seu primeiro romance. Modesto, apesar de ser um roteirista requisitado em Hollywood, Gil adora caminhar pela cidade francesa, especialmente na chuva, quando acha Paris ainda mais bela.

Enquanto o romântico escritor passeia pelas ruas e parques, Inez vai às compras com a mãe ou sai com os amigos Carol e Paul. O arrogante professor foi convidado para dar uma palestra na Sorbonne e gosta de exibir seu conhecimento sobre arte e vinhos. Inez fica encantada e Gil contrariado com tanto pedantismo. Ele prefere voltar sozinho a pé para o hotel, mas se perde. Sentado na escadaria da igreja de St. Etienne du Mont, ouve o sino soar as primeiras badaladas da meia-noite. Um taxi antigo passa, a porta se abre e ele é convidado a entrar. Com alguma relutância Gil aceita a carona no Peugeot amarelo e embarca na maior aventura de sua vida, a caminho do encontro com tudo que mais admirava em Paris: os artistas e escritores que ali viveram nos anos 20. Tudo o mais vale a pena ser descoberto assistindo o filme - várias vezes, se possível. Paris é uma festa e esse tornou-se um dos meus favoritos do produtivo diretor do Brooklyn!

Tudo me agradou em Meia-Noite em Paris. Fui fisgada desde o primeiro fotograma, assim que surgiu a torre Eiffel vista das margens do Sena, sob uma luz quente, dourada. Seguem-se 3 minutos de imagens de jardins e praças, ruas arborizadas, das Igrejas do Sacré-Coeur e Notre Dame, do bateau mouche passando sob as pontes do rio, pequenos cafés, bistrôs e a moderna pirâmide do Louvre, que bem sintetiza a idéia de ligação entre o antigo e o novo. A trilha sonora contagiante traz o jazz de sempre, mais algumas  musicas de Cole Porter. O elenco está perfeito, e de tais atores não se espera menos. Minha surpresa ficou por conta de Owen Wilson como Gil, a versão mais agradável do personagem que representa o recalcitrante Woody Allen. 

Quanto à moral da história, não poderia ser mais útil: abaixo a nostalgia por uma Era de Ouro, que valoriza os tempos passados em detrimento do presente. Você gostaria de viver sem cinema, computador, Google Maps, vacina e ar condicionado?

Curiosidades:
Paul, Carol, Inez e Gil em Versailles
* Woody Allen ficou hospedado no Hotel Bristol durante as gravações.

* As locações do filme podem ser identificadas no blog movie-locations.

* Joseph Berger, em artigo para o NYT, explica detalhes sobre o relacionamento dos artistas e escritores que aparecem no filme.

Diretor: Woody Allen
Roteiro: Woody Allen
Musica original: Stephane Wrembel
Fotografia: Darius Khondji, Johanne Debas
Elenco: Owen Wilson, Rachel Adams, Marion Cotillard, Kurt Fuller, Mimi Kennedy, Michael Sheen, Carla Bruni, Yves Heck, Alison Pill, Tom Hiddleston, Adrien Brody, Kathy Bates, Léa Seydoux, Corey Stoll, Adrien de Van, David Lowe
Distribuidora: Paris Filmes

sábado, 26 de novembro de 2011

Confiar

Trust * *
(2010) 106 min (14 anos)

EUA, Wilmette, Illinois - Annie Cameron está com 14 anos e é linda, educada, estudiosa. Conta com uma boa amiga e se relaciona bem com a família. Os pais, Will e Lynn, criaram um lar agradável para os 3 filhos, dando atenção e carinho a cada um. Terminando o ensino fundamental, Annie é uma das meninas que não têm namorado na escola e isso parece incomodá-la.

Há 2 meses Annie se comunica com Charlie através de um chat para adolescentes. Na sala de conversa da internet, Charlie se apresenta como um aluno de 16 anos da Califórnia. Ele compreende Annie e lhe dá conselhos para conseguir entrar no time de vôlei do colégio. Charlie diz que sua mãe é professora de autistas e o pai trabalha na ESPN. Bom demais para ser verdade, como diz Will, o pai de Annie. 

Will nem desconfia do quanto está certo. Pouco a pouco, o estranho vai ganhando a confiança da adolescente, afirmando que ela é especial e madura para sua idade. Mesmo assustada quando Charlie confessa ser mais velho do que dissera antes, Annie mantem o relacionamento, envia fotos e aceita convite para um encontro. Ela está completamente cega para o perigo que corre com essa atitude.

Confiar é um filme tenso, emocionante e paradoxal. Alguns de meus filhos ficaram com raiva da menina! Já os mais moços e eu nos comovemos com a incapacidade de Annie para compreender a situação, insistindo que vivera um caso de amor, enquanto seus pais sentem que estão vivendo uma história de horror. A ironia é que Will trabalha em campanhas de publicidade que reforçam a sensualidade das jovens modelos.

Chama a atenção na trama a absurda falta de discrição da autoridade policial, que não poupou a adolescente de uma situação embaraçosa no colégio. As consequências foram tão severas quanto o abuso de que Annie foi vítima por parte do pedófilo. É preciso delicadeza e sensibilidade para lidar com esses casos e não aumentar o dano já causado. A descrição do predador sexual é bastante plausível. Charlie se mostra divertido, incentivador, compreensivo, sempre cobrindo a jovem de elogios. Um verdadeiro psicopata, sem a mínima dose de empatia por suas vítimas. O elenco está espetacular, admiravelmente bem conduzido por David Schwimmer, o Ross da série Friends, em sua estréia como diretor de um longa metragem.

Como proteger nossos filhos? Como prepará-los para a vida? A resposta imediata que me veio à cabeça foi a frase: 'Eis que vos envio como ovelhas no meio de lobos. Sede, pois, prudentes como serpentes e simples como pombas.' (Mt 10, 16) Informação, franqueza, supervisão atenta. Mas não há garantias, e rezar por eles certamente ajuda. Um dos melhores conselhos que ouvi sobre educação dizia para evitar televisão e computador no quarto dos filhos. Queria ter seguido esta sugestão... Televisão e internet controlados, no mínimo, garantem melhores notas na escola.

Curiosidade:
* David Schwimmer é um diretor ativo do Rape Treatment Centre (Centro de Tratamento do Estupro), em Santa Monica, Califórnia. O Centro é especializado em ajudar as vítimas de abuso sexual. David também fez campanha para banir as chamadas drogas do estupro. (Movie Ramble)

Diretor: David Schwimmer
Roteiro: Andy Bellin e Robert Festinger
Musica: Nathan Larson
Fotografia: Andrzej Sekula
Elenco: Clive Owen, Catherine Keener, Liana Liberato, Viola Davis, Jason Clarke, Chris Henry CoffeyZoe Levin, Zanny Laird, Spencer Curnutt, Aislinn DeButch, Inga Wilson
Distribuidora: Swen Filmes

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Michael Jackson - A Vida de Um Icone

Michael Jackson: The Life of An Icon *
(2011) 156 min (Livre)
O filme capta o verdadeiro caráter, humor e sensibilidade do meu filho (Katherine Jackson)

EUA - O produtor David Geist deixa um retrato compreensivo de um dos mais completos músicos de nossa geração, através de depoimentos da família, amigos, e artistas que conviveram com ele, como Smokey Robinson e Dionne Warwick.

O documentário começa com a gravação do pedido de socorro feito da casa de Michael para o telefone de Emergência 911, em junho de 2009. O DVD inclui muitas entrevistas, fotos de família e aparição em shows, desde a época de Michael pequeno, sua participação no Jackson 5, até sua carreira solo. Entre os filmes, está aquele do ensaio em que o cabelo de MJ pegou fogo num acidente no palco.

Quem viu as fotos do menino alegre, que levava sua arte a sério já aos 5 anos, cantando e dançando com a alma de um verdadeiro profissional, não poderia acreditar na campanha difamatória que o acompanhou nos seus últimos anos de vida. Ficou-me um forte sentimento de injustiça que ainda me assombrava depois de sua morte. Não aceitei a versão que a mídia sensacionalista divulgava e senti minha alma lavada com esse documentário. Vale a pena, e deixa uma saudade danada de seus shows e apresentações!

Diretor: Andrew Eastel
Editado: Paul Holland
Participação: David Gest, Katherine Jackson, Tito Jackson, Rebbie Jackson
Distribuidora: Universal

Tributo a Michael deixado na casa dos Jackson em Gary, Indiana (Wikipedia)

domingo, 20 de novembro de 2011

Jean de Florette

Jean de Florette * *
(1986) 116 min (14 anos) feito para TV

França, 1920 - O coletor de impostos Jean Cadoret deixa a cidade grande quando herda de sua mãe uma propriedade na Provence. Para lá se muda com a pequena Manon e a esposa Aimée, uma jovem cantora de ópera que não hesita em trocar o palco pelo campo na companhia da família. Jean é um homem confiante, trabalhador, tem um coração tão amável que faz esquecer a corcunda que traz às costas. Ele permite que o casal de posseiros que mora em suas terras permaneça. Baptistine e o marido ficam muito agradecidos e ajudam a família parisiense como podem.

Os Cadoret têm tudo para serem felizes em suas terras férteis, exceto água. Dois vizinhos gananciosos bloquearam a nascente da fazenda para forçar a venda por um baixo preço. Cesar e Ugolin são os últimos descendentes da rica família Soubeyran. Tio e sobrinho também escondem dos habitantes da vila o fato de Jean ser filho de Florette, ex-moradora que deixou a aldeia para se casar com um ferreiro da cidade vizinha e rival. Os dois alimentam histórias que deixam os moradores com má vontade para com os novos proprietários. E começam as tribulações de Jean de Florette. Sem água, seu sonho de plantar legumes e criar coelhos pode virar pesadelo.

Preciso agradecer meu amigo Renato a sugestão e insistência para que alugasse Jean de Florette e sua sequência, A Vingança de Manon. Renato é cinéfilo exigente e apaixonado por filmes de época; faz poucas recomendações e jamais me arrependo de aceitá-las. Passei ótimos momentos com essa história emocionante, que traz Gérard Depardieu tão novinho, apresentando-se ao lado de sua esposa na vida real, Elizabeth. Dez anos e dois filhos depois o casal se separou, uma pena!

Elizabeth e Gérard Depardieu
A fotografia do filme é linda e o roteiro enxuto, mas rico em personagens notáveis. Em 1988, Jean de Florette ganhou o BAFTA de melhor filme em língua estrangeira, fotografia e roteiro adaptado, enquanto Daniel Auteuil foi premiado como melhor ator coadjuvante.  O DVD traz um extra - não veja! - pois adianta demais sobre a sequência da história. Pode ser visto ao final de A Vingança de Manon.

Diretor: Claude Berri
Roteiro: Claude Berri e Gérard Brach, baseado no livro de Marcel Pagnol, L'eau des Collines
Musica: Jean-Claude Petit
Fotografia: Bruno Nuyttien
Elenco: Gérard Dépardieu, Yves Montand, Daniel Auteuil, Elizabeth Dépardieu, Ernestine Mazurowna, Margarita Lozano, Marc Betton
Distribuidora: Versatil Home Video

A Vingança de Manon

Manon des Sources * * *
(1986) 110 min (14 anos) feito para TV

França, 1930 - Continuação do filme  Jean de Florette, dez anos depois. Aimée Cadoret retornou à cidade, onde voltou a cantar ópera, mas Manon preferiu continuar no campo com a senhora Baptistine. A filha de Jean e Aimée tornou-se uma linda pastora de cabras. Tendo descoberto a verdade sobre as ações desprezíveis de Cesar e Ugolin Soubeyran, a camponesa os detesta, assim como evita os moradores da aldeia. Só Bernard Olivier, o novo professor da escola local, desperta sua curiosidade. Manon viu nele um homem de bom coração, tal como seu pai Jean.

Ugolin ganhou muito dinheiro com a plantação de flores nas antigas terras dos Cadoret. Seu tio Cesar quer que ele arranje uma esposa, afinal é preciso um herdeiro para o nome e o dinheiro da família Soubeyran. Ocasionalmente, o criador de cravos vê Manon banhando-se numa fonte nas montanhas e se apaixona. Orientado pelo tio, Ugolin compra uma elegante roupa de caçador e se declara à moça, antes que o professor o faça. Manon foge, repudia o agricultor e descobre um meio terrível de se vingar dele e de todos na aldeia. Desesperados, os aldeões lotam a Igreja e organizam uma procissão.

Em 1988, A Vingança de Manon ganhou o BAFTA para melhor filme de língua estrangeira e Emmanuelle Béart recebeu o CÉSAR como melhor atriz. Os dois títulos são merecidos - já se passaram 25 anos e continua uma obra emocionante. Veja os extras no DVD e saiba como Claude Berri convenceu Yves Montand a aceitar o papel de Cesar Soubeyran.

Curiosidade:
* Durante a procissão, o povo canta em dialeto provençal uma canção dedicada a Saint Gens.  A esse santo popular, que nasceu no início do século XII, as pessoas pedem a intercessão junto a Deus para que faça chover nos períodos de seca.

* Até a adolescência, Emmanuelle Béart morou numa fazenda com sua mãe e irmãos porque o pai, o cantor e poeta Guy Béart, não queria que os filhos fossem afetados pelo ambiente glamuroso de Paris. Ela foi casada com Daniel Auteuil de 1993 a 1995.

Quando Marcel Pagnol tinha 13 anos de idade, um camponês da sua Provence natal lhe contou a história de Manon. Uma espécie de figura lendária da região e protagonista de uma história envolvendo cobiça, amor e vingança, Manon teve a sua saga levada para o cinema pelo próprio Pagnol em 1952. Dez anos depois, insatisfeito com o resultado, Pagnol teve vontade de contar, por escrito, a história de Manon e de seu pai. O desejo deu origem a dois dos romances mais populares da França na segunda metade do século 20 – Jean de Florette e Manon des Sources, díptico reunido sob o título de L’Eau des Collines (A Água das Colinas). Assim, ao contrário de ser uma adaptação de romance ao cinema, as histórias de Jean de Florette e Manon tiveram origem no cinema e, apenas depois, se transformaram em romances. Adaptação houve por parte de Claude Berri, já em meados dos anos 80, quando levou de volta para o cinema os dois romances populares de Pagnol. (Estadão)

Diretor: Claude Berri
Roteiro: Claude Berri e Gérard Brach, baseado no livro de Marcel Pagnol, L'eau des Collines
Musica: Jean-Claude Petit
Fotografia: Bruno Nuyttien
Elenco: Emmanuelle Béart, Yves Montand, Daniel Auteuil, Hippolyte Girardot, Margarita Lozano, Elisabeth Dépardieu, Marc Betton, Gabriel Bacquier
Distribuidora: Versatil Home Video

A Árvore da Vida

The Tree of Life *
(2011) 138 min (10 anos)

EUA, Texas - Jack O' Brien teve 2 irmãos, companheiros de brincadeira na década de 50. Atualmente, mesmo tendo se tornado um profissional bem-sucedido e casado, parece ser um homem solitário e infeliz.

Esperei tanto por este filme, sabendo que deveria ter ido logo ao cinema para apreciá-lo melhor. E, no final, assistindo em casa, fiquei um tanto dividida entre o "gostei" e "é meio arrastado". A fotografia é linda, uma arte delicada do cinegrafista Emmanuel Lubezki. Há sequencias espetaculares, como  aquelas astrofísicas criadas por Douglas Trumbull, responsável pelos efeitos especiais de 2001, Uma Odisséia no Espaço. (Dennis Lim, para o New York Times) Outras são já conhecidas, como cataratas, as piscinas de lama borbulhante ou a nebulosa chamada de Olho de Deus, fotografada pelo telescópio Hubble. A música belíssima casa-se perfeitamente com o visual e o elenco atua com brilho.

Também o tema é fascinante: a cisão interna de Jack O'Brien, como o garoto dividido entre as lições de um pai severo, materialista, e a mãe, mais amorosa e espiritual. Esse drama é contextualizado na linha do tempo entre o nascimento e o fim de uma Terra já sem vida, orbitando em torno da anã branca que um dia foi nosso sol. (Wikipedia) Que representamos nós na história de nosso planeta?

Tal desolação combina com o sentimento de frustração do pai que buscava o sucesso e não vê valor nas próprias realizações. Sua presença contribuía para a sensação de ameaça que permeia a ação, oscilando entre momentos de violência, solicitações de afeto e instruções sobre como ser esperto nessa vida. É triste testemunhar a desilusão de quem sente ter abraçado os sonhos errados.

Quem aposta na evolução espiritual, no caminho da graça, tem mais chance de alcançar a felicidade nessa Terra, ainda que desconheçamos o que nos aguarda depois. O que me lembra o "Discurso Bom para um Garoto", feito pelo tio Hub (Robert Duvall) no filme Lições para Toda Vida. São aquelas coisas nas quais vale a pena acreditar.

Diretor: Terrence Malik 
Roteiro: Terrence Malik
Musica: Alexandre Desplat
Fotografia: Emmanuel Lubezki (Queime Depois de Ler, Filhos da Esperança, A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça, A Princesinha)
Elenco: Brad Pitt, Sean Penn, Jessica Chastain, Hunter McCracken, Laramie Eppler, Tye Sheridan, Fiona Shaw, Joanna Going, Samantha Martinez
Distribuidora: Imagem Filmes

sábado, 12 de novembro de 2011

Minhas Tardes com Margueritte

La Tête en Friche *
(2010) 78 min (12 anos)

França - Já na meia-idade, Germain Chazes ainda mora na pequena cidade em que nasceu. Aí planta verduras, faz serviços variados, observa os pombos no parque e frequenta o bar, onde costuma jogar com colegas, que se divertem debochando de sua simplicidade. Ocasionalmente encontra-se com a jovem Annette, bela motorista de ônibus a quem ele trata sem qualquer deferência. Quase analfabeto, meio bronco, desconhece a identidade do pai e se relaciona mal com a mãe, pessoa arisca de temperamento difícil. 

Quando nada mais espera da vida, numa tarde em que passeava no parque, Germain encontra Margueritte Van de Veld, uma senhora de 95 anos, meiga e sorridente, mulher culta que ama os livros. A delicadeza da anciã e a leitura de passagens selecionadas de 'A Peste', de Albert Camus, expandem o universo do homem simplório de bom coração. Ele descobre as palavras, a poesia, o afeto; sua sensibilidade é despertada, ele se apaixona pelos mundos maravilhosos que vivem nas páginas dos bons livros. Os amigos inicialmente não compreendem nada, pois Germain não bebe mais e começa a falar palavras estranhas. Ele foi encantado pela magia da literatura e do respeito. 

Minhas Tardes com Margueritte é um filme agradável, daqueles que repousam o espírito. Gérard Dépardieu e Gisèle Casadesus estão esplêndidos, atuando com total naturalidade e emoção. A atriz completou 97 anos em 14 de junho. São muito bonitas as palavras que arrematam a história, como um poema de Germain para Margueritte.
Annette e Germain



Curiosidade:
* O filme foi rodado na cidade de Pons, em Charante-Maritime

Diretor: Jean Becker
Roteiro: Jean Becker, Jean-Loup Dabadie, baseado no livro de Marie-Sabine Roger, 'La Tête en Friche'
Musica: Laurent Voulzy
Fotografia: Arthur Cloquet
Elenco: Gérard Depardieu, Gisèle Casadesus, Sophie Guillemin, Claire Maurier, Maurane, Jean-François Stévenin, Anne Le Guernec, Lyès Salem, Amandine Chauveau, Florian Yven
Distribuidora: Imovision

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Johann Sebastian Bach - O Mestre da Música

Johann Sebastian Bach
(1985) 350 min (14 anos) mini-série feita para TV

By Star Filmes
Alemanha - Mini-serie alemã sobre a vida adulta de Johann Sebastian Bach (1685-1750). A trajetória do músico alemão foi sofrida, em constantes conflitos com autoridades e colegas professores, que não avaliavam o alcance do seu talento. Em sua época, Bach era conhecido como músico, um organista excepcional, e não era considerado grande compositor, exceto por uns poucos admiradores contemporâneos sensíveis à beleza de sua arte.

A região chamada Germânia constituía a parte central do Sacro Império Romano-Germânico. A Alemanha só surgiu como um Estado-nação em 1871. Para sobreviver, um artista deveria oferecer seu trabalho às igrejas locais ou aos príncipes de cada região, assinando contratos que colocavam os músico como servos da corte. Bach teve bons e maus senhores, morreu pobre, mas criou obras alegres, inspiradoras, de uma beleza sem igual. 

A primeira cena da mini-série abre no palácio da Corte Real de Dresden, onde o organista francês Louis Marchand toca cravo para a elegante platéia, usando uma peruca empoada e um casaco brilhante de cor púrpura, todo enfeitado de rendas. Depois da apresentação, o músico explica à platéia porque foi dispensado de Versailles após 10 anos. A seguir, na sóbria Weimar, o irascível duque Wilhelm de Saxe-Weissenfels está zangado porque Bach desobedeceu suas ordens e tocou na capela do Castelo Vermelho. O desentendimento entre eles acabará levando o compositor à prisão. Esse é apenas um dos muitos aborrecimentos e privações de uma vida de trabalho intenso. Johann Sebastian só encontrará conforto na música, que ele compunha para Deus, e no afeto de suas duas esposas, Maria Bárbara e Anna Magdalena. Com elas teve 20 filhos, alguns deles músicos reconhecidos. 

O filme de Lothar Bellag tem um roteiro inicialmente confuso, dividido em 4 episódios: O Desafio, Se estás comigo..., Tempestade e Anos, A Ordem das Estrelas. Na passagem do 1º para o 2º episódio recorri a Wikipedia para tirar algumas dúvidas sobre a biografia do compositor, especialmente a identidade dos nobres que vão surgindo na história. Há pouca informação sobre a produção do filme, que apresenta um elenco correto, com destaque para a voz da soprano que dubla Anna Magdalena Bach. Parece uma boa reconstituição de época com belas locações, costumes e música excelente. Para os apreciadores do compositor alemão, uma experiência imperdível. Talvez se constasse 'Jesus Alegria dos Homens' na trilha sonora, o filme teria ganhado uma estrelinha. Esperei 350 minutos pela minha música favorita...

Johann Sebastian Bach
Curiosidades:
* Bach era um luterano devoto e nenhuma análise de sua obra será completa sem levarmos em conta sua profunda religiosidade. Em muitas partituras encontram-se as inscrições 'Jesu juva' (Ajuda, Jesus!) ou 'Soli Deo Gloria' (Para a Glória de Deus Somente). Sua biblioteca particular continha mais de 80 obras teológicas, que não apenas lia mas comentava nas margens. (Wikipedia)

* Jesus Alegria dos Homens (Jesus bleibet meine Freude) é o coral final da cantata 'Herz und Mund und Tat und Leben' (Coração e Boca e Ações e Vida), escrita em Leipzig, em 1716. Embora seja a 32ª cantata composta por Bach, das que sobreviveram, foi-lhe dado o número BWV 147 no catálogo de suas obras. (Wikipedia)

Diretor: Lothar Bellag
Roteiro: Lothar Bellag, Klaus Eidam
Fotografia: András Szalai
Elenco: Ulrich Thein, Angelika Waller, Jaroslav Storansk, Franziska Troegner, Ferencs Bacs, Rosemarie Bärhold
Distribuidora: Versatil Home Video

*** excelente
** ótimo
* bom

Sem Asterisco - interessante

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Visões de Um Crime

Faces In The Crowd 
(2011) 102 min (16 anos - violência e cena de relacionamento sexual)

EUA - A professora primária Anna Marchant sobrevive ao ataque de um serial killer, mas sofre uma pancada na cabeça, que afeta o funcionamento do lobo temporal e ela perde a capacidade de distinguir rostos de pessoas conhecidas (prosopagnosia). Isso a torna especialmente vulnerável, pois não consegue lembrar da face do assassino, que tem todas as suas informações, já que roubou sua bolsa e celular. Anna é a única testemunha que pode levá-lo à prisão. Antes de eliminá-la, ele pretende se divertir e começa a cercá-la em toda parte. 

Este é um filme fraquinho mas que pode divertir os que gostam do gênero. Estava precisando de uma pequena dose de adrenalina e Visões de um Crime veio a calhar.  A história me lembrou a sensação desagradável que passa o espectador quando o casting (seleção de elenco) falha na escolha dos tipos, contratando atores semelhantes e dificultando o reconhecimento imediato de alguns personagens. Isso é raro, mas acontece e desvia a atenção da trama. Imagine alguém viver essa situação na vida real a ponto de desconhecer o próprio rosto no espelho! 

Foi interessante observar o trabalho da neurocientista dra. Langenkamp, levando Anna a aceitar sua condição e dando dicas para que superasse sua dificuldade a partir da observação de outras características pessoais, elaborando estratégias de reconhecimento: atenção para a voz, forma do corpo, cor de cabelo, modo de andar. A revolta ou as lamentações diante das contrariedades só atrapalham. Aceitar o inevitável, procurando os meios de minimizar o problema, são passos essenciais para conviver com qualquer limitação.

O filme foi gravado em Manitoba, no Canada.
Diretor: Julien Magnat
Roteiro: Julien Magnat
Musica: John McCarthy
Fotografia: René Ohashi
Elenco: Milla Jovovich, Julian McMahon, Sarah Wayne Callies, Michael Shanks, David Atrakchi, Valentina Vargas, Marianne Faithfull
Distribuidora: California Filmes

domingo, 6 de novembro de 2011

O Poder da Graça

The Grace Card
(2010) 102 min (12 anos)

EUA - Tudo pode mudar num instante... e leva uma vida para consertar. Quando Bill McDonald perde o filho pequeno num acidente, os 17 anos seguintes de amargura e dor corroem seu amor pela família e deixam-no zangado com Deus e o mundo. A raiva de MacDonald abala sua carreira profissional no departamento de polícia, deixando-o ressentido por não ser promovido. Em seu lugar é escolhido Sam Wright, um policial em ascenção na força. 

Sam é um amoroso pai de família e deseja tornar-se pastor, como seu avô George. A chefia do departamento junta Bill e Sam, uma dupla com nenhuma afinidade, esperando que a afabilidade de um vença o rancor do outro. Todos os dias temos a oportunidade de reconstruir relacionamentos e curar feridas emocionais profundas, aceitando e recebendo a graça de Deus. Ofereça o perdão e nunca subestime o poder do amor de Deus. (traduzido e adaptado do resumo do diretor David G. Evans para o IMDB)

O Poder da Graça é um filme sem pretensões, realizado com entusiasmo e fé por membros de uma Igreja Evangélica. Tem um jeito quase amador e hesitei alguns dias antes de colocá-lo no blog, mas uma cena não me saía da cabeça. Numa conversa com a terapeuta, o filho adolescente problemático de Bill McDonald culpa o pai pelo mau relacionamento familiar. A psicóloga faz refletir o jovem, ressaltando que o policial se afundava na dor, e quanto deveria ainda sofrer, antes que alguém lhe estendesse a mão? Era possível dar-lhe uma chance de recomeçar através de um gesto positivo - a iniciativa poderia partir do filho. Essa atitude dá a todos nós uma grande liberdade para romper um padrão negativo de relacionamento. 

Em vez de reagirmos automaticamente à negatividade dos outros, podemos manter a calma e agir a partir de nossos próprios princípios, dando ao outro a oportunidade de se reerguer. Isso me trouxe duas lembranças: o filme À Prova de Fogo sobre o Desafio do Amor, programa de 40 dias para salvar um relacionamento e o livro Sobrevivi para Contar de Immaculée Ilibagiza, sobrevivente do genocídio de 1994, em Ruanda. Ao perdoar os assassinos de sua família, Immaculée sentiu-se livre para reiniciar a vida. Isso é muito mais do que auto-ajuda, é autêntica salvação.

Diretor: David Evans
Roteiro: Howard Klausner
Fotografia: John Paul Clark
Elenco: Michael Joiner, Michael Higgenbottom, Louis Gossett Jr., Cindy Hodge, Joy Parmer Moore
Distribuidora: Sony Pictures Home
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