Lista de sugestões de filmes interessantes. Cada postagem traz foto, breve sinopse, censura, diretor, distribuidora, elenco, responsáveis pelo roteiro, musica e fotografia. Com o eterno deslumbramento de fã apaixonada, By Star Filmes acredita que o cinema emociona, ensina e é a melhor diversão.

domingo, 30 de junho de 2013

Hitchcock

Hitchcock *
(2012) 98 min (12 anos)

EUA - Em 1959, o diretor inglês Alfred Hitchcock está no auge da carreira em Hollywood e mora com a esposa, Alma Reville, numa casa ampla com piscina. Hitch está inquieto, em busca de assunto para o próximo filme. Contra a vontade de todos, sua escolha recai sobre "Psycho", a história dos crimes cometidos pelo serial killer Ed Gein em Wisconsin. Devido à recusa do estúdio em financiar o projeto, Alfred hipoteca sua linda propriedade para levantar o capital necessário.

Alma Reville aguenta o impacto dessa notícia, mas ressente-se da obsessão do marido em controlar a atriz protagonista do filme e prefere manter-se à margem das gravações. Em vez de colaborar com ele, como sempre fazia, Alma restringe sua participação ao mínimo e começa a ajudar o amigo Whitfield Cook a escrever o próprio roteiro, numa isolada casa de praia. Hitch corre o risco de perder o lar e a esposa.

Antes que se pense mal do casal Hitchcock, é bom que se diga que seu matrimônio foi dos mais felizes de Hollywood, completando 53 anos de vida em comum. Também sua propriedade jamais foi hipotecada. Diante da relutância da Paramount, o diretor aceitou receber seu pagamento apenas ao final do projeto. Só que disso eu não sabia, e fiquei bastante tensa imaginando toda sorte de desgraças, como deve acontecer num bom filme de suspense. Mais detalhes podem ser lidos na entrevista de Patrick McGilligan, autor do livro "Alfred Hitchcock: A Life in Darkness and Light"

Apesar da postura empertigada, Sir Alfred Joseph Hitchcock tinha um ar maroto, que extravasava nas apresentações do programa de TV "Alfred Hitchcock Presents(1955-1962) e nas breves aparições que fazia em seus próprios filmes. Era uma delícia extra para os fãs. Se "de gênio e de louco, todos nós temos um pouco", Alfred extrapolava na genialidade e na obsessão pelas louras misteriosas. Mas o que importa mesmo é que o criativo diretor inglês deixou uma obra marcante, que tem divertido e assustado gerações. Já no "Hitchcock" de Sacha Gervasi, quem brilha é Helen Mirren, como a eficiente e discreta Alma Reville. O elenco como um todo se sai muito bem.
Hitch e Alma

Curiosidade:
* Sobre o belo trabalho de Danny Elfman na criação da trilha sonora, há várias páginas na web, que deixo aqui registradas para o deleite daqueles que amam a música, como meu amigo Bruno Knott, do blog Cultura Intratecal. (AwardslineFilmtracks, Scoretrack)

* Hitchcock era católico e estudou numa escola dos jesuítas, o Saint Ignatius College, em Stamford Hill, em Londres.

* Em 7 de março de 1979, ao receber o prêmio do American Film Institute, Hitchcock fez o seguinte agradecimento: "Peço permissão para mencionar pelo nome apenas quatro pessoas que me deram a maior afeição, apreciação, encorajamento e constante colaboração. O primeiro nome pertence a um editor de filmes, o segundo a um roteirista, o terceiro é o da mãe da minha filha Pat e o quarto é o de uma cozinheira tão boa que realizava milagres numa cozinha doméstica, e seus nomes são Alma Reville." (biografia no imdb)

Diretor: Sacha Gervasi
Roteiro: John J. Laughlin, baseado no livro de Stephen Rebello, "Alfred Hitchcock and the Making of Psycho"
Musica: Danny Elfman
Fotografia: Jeff Cronenweth
Elenco: Anthony Hopkins, Helen Mirren, Scarlett Johansson, Toni Collette, Dany Huston, Jessica Biel, James D'Arcy, Ralph Macchio, Paul Schackman, Kurtwood Smith
Distribuidora: Fox Film

*** excelente
** ótimo
* bom
Sem Asterisco - interessante

quinta-feira, 27 de junho de 2013

César Deve Morrer

Cesare Deve Morire *
(2012) 74 min (Livre)

Italia - Os internos de Rebibbia, prisão de segurança máxima de Roma, encenaram a peça "Julio Cesar" de William Shakespeare no palco da instituição penal. Graças ao registro dos irmãos Paolo e Vittorio Taviani, chegam até nós os ensaios, a escolha do elenco e todo o trabalho de produção desta atividade cultural. 

Os presidiários mantiveram o sotaque de suas regiões de origem e, em suas vestes e cenário despojado, conseguem transmitir a universalidade do texto do dramaturgo inglês. Consequência da paixão com que os atores se envolvem na trama, "Cesar Deve Morrer" ressalta a importância da arte para o crescimento do indivíduo e a integração dos presidiários à sociedade. 

Quando uma obra de arte consegue atingir a emoção, ilumina recantos da alma que a razão por vezes não alcança, e pode abrir uma brecha na carapaça dos maus hábitos adquiridos, possibilitando a transformação da pessoa. Sobretudo num país com sede de educação, como o nosso, não podem faltar o estímulo à leitura de bons livros e a apreciação de todas as coisas belas que o ser humano já produziu. É nossa melhor chance de um verdadeiro progresso.

Curiosidades:
* "Em média, 65% dos presos italianos voltam a cometer crimes depois de soltos, mas para os que fizeram teatro na prisão, não há quase nenhum caso" (Fabio Cavalli)

* Salvatore Striano cumpriu oito anos em Rebibbia. Depois de liberto, atuou em quatro filmes, só retornando à prisão para fazer o papel de Brutus.

* Os irmãos Taviani ouviram sobre o projeto de atuação dos prisioneiros, entraram em contato com o diretor Fabio Cavalli, sugeriram a peça de Shakespeare e gravaram toda a experiência. (imdb)
Paollo e Vittorio Taviani

Diretores: Paolo e Vittorio Taviani
Roteiro: Paolo e Vittorio Taviani, baseado na peça "Julius Caesar", de William Shakespeare.
Musica: Giuliano Taviani, Carmelo Travia
Fotografia: Simone Zampagne
Elenco: Cosimo Rega (Cassio), Salvatore Striano (Bruto), Giovanni Arcuri (Cesare), Antonio Frasca (Marcantonio), Juan Dario Bonetti (Decio), Vincenzo Gallo (Lucio), Rosario Majorana (Metello), Francesco De Masi (Trebonio), Gennaro Solito (Cinna), Vittorio Parrella (Casca), Pasquale Crapetti (legionario), Francesco Carusone (indovino), Fabio Cavalli (diretor do teatro), Maurilio Giaffreda (Ottavio)
Distribuidora: Europa Filmes



*** excelente
** ótimo
* bom
Sem Asterisco - interessante

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Colegas

Colegas *
(2012) 103 min (10 anos)

Para aqueles que, apesar das adversidades, conseguem com um simples sorriso enxergar a felicidade nas pequenas coisas da vida. (Marcelo Galvão)

Marcio, Stalone e Aninha adoram cinema e sabem de cor os diálogos de vários filmes. Os três inspiram-se nas aventuras de "Thelma e Louise" e fogem de uma instituição para portadores com Síndrome de Down. Pilotando o Karman-Ghia do jardineiro Arlindo, os jovens trocam os uniformes listrados por fantasias e viajam de São Paulo à Buenos Aires, atrás da realização de seus sonhos: voar, casar-se e conhecer o mar. Atrás deles vão agentes da lei, pois o trio de aventureiros em fuga usou uma arma de brinquedo para assaltar lojas de conveniência.

O diretor Marcelo Galvão dedicou "Colegas" ao seu tio Márcio, que é portador da síndrome de Down. Márcio colaborou na criação do filme. Embora tenha começado a produção do roteiro em 2006, Marcelo Galvão teve dificuldade em conseguir patrocínio, pois os investidores duvidavam que o público quisesse ver um filme em que os protagonistas tivessem a trissomia do cromossomo 21. "Colegas" foi premiado no Festival de Gramado e merece uma conferida.

Curiosidade:
* A síndrome de Down, ou trissomia do cromossomo 21, é o distúrbio genético mais comum, estimado em 1 a cada 1000 nascimentos. "Pessoas com síndrome de Down têm apresentado avanços impressionantes e rompido muitas barreiras. Em todo o mundo, há pessoas com síndrome de Down estudando, trabalhando, vivendo sozinhas, se casando e chegando à universidade." (wikipedia)


Diretor: Marcelo Galvão
Roteiro: Marcelo Galvão
Musica: Ed Cortes
Fotografia: Rodrigo Tavares
Elenco: Ariel Goldenberg, Rita Pokk, Breno Viola, Lima Duarte, Rui Unas, Deto Montenegro
Distribuidora: Europa Filmes

*** excelente
** ótimo
* bom
Sem Asterisco - interessante

sábado, 22 de junho de 2013

O Filho do Outro

Le Fils de l'Autre *
(2012) 105 min (14 anos)

Israel - Prestes a completar 18 anos, Joseph Silberg se apresenta para o exame médico, antes de cumprir os três anos de serviço nas forças de defesa israelenses. A testagem do seu sangue mostra que Joseph não pode ser filho de Orith e Alon Silberg. Depois de uma rápida investigação, o hospital descobre que um outro menino havia nascido na mesma noite e que, devido à confusão causada por um bombardeio, os bebês haviam sido trocados. 

Além da surpresa e sofrimento que tal notícia provoca nas famílias, há um dado complicador. Alon Silberg é coronel do exército israelita e seu filho biológico Yacine foi criado pelo casal palestino Leïla e Saïd Al Bezaaz.

Passado o susto da novidade, as duas mães estão prontas para conhecer e amar seus filhos biológicos. Assim também as filhas pequenas de ambas, que vão brincar juntas com suas bonecas. São os homens das duas famílias que resistem à ideia. Para o coronel Silberg e o engenheiro árabe Saïd, o conflito entre seus países forma uma barreira emocional que os impede de se aproximarem de seus filhos biológicos. Mas, quando os jovens se tornam amigos, os pais começam a rever suas posições iniciais.

O título "O Filho do Outro" poderia sugerir, a princípio, a ideia de infidelidade da médica francesa Orith Silberg, noção logo descartada. As mães e as duas meninas estão curiosas por conhecer e satisfeitas por ter mais alguém na família para amar. Leïla aconselha seu magoado primogênito a desculpar o irmão Yacine por ter nascido judeu: "Você precisa abrir seu coração, eu sei o quanto ele é grande." Laços de sangue ou culturais são fortes, mas os vínculos criados pelo amor são indestrutíveis, como bem sabem pais e mães de filhos adotivos.

Curiosidade:
* Os irmãos Al Bezaaz jogavam futebol e eram fãs do Brasil.


Diretora: Lorraine Lévy
Roteiro: Lorraine Lévy, Nathalie Saugeon, baseado na ideia original de Noam Fitoussi
Musica: Dhafer Youssef
Fotografia: Emmanuel Soyer
Elenco: Emmanuelle Devos, Pascal Elbé, Jules Sitruk, Mehdi Dehbi, Areen Omari, Khalifa Natour
Distribuidora: Imovision

*** excelente
** ótimo
* bom
Sem Asterisco - interessante

Alon, Orith, Leïla e Saïd

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Caça aos Gângsteres

Gangster Squad * *
(2013) 112 min (16 anos)

EUA, 1949 - No alto de uma colina, um homem é amarrado a dois carros por fortes correntes. Ali perto, alguns cachorros selvagens mostram os dentes, antevendo a refeição que os aguarda. Apesar das súplicas, o prisioneiro tem seu corpo destroçado e é devorado pelos cães. Depois de dominar Detroit, Chicago e Nova Iorque, a máfia voou para a costa oeste. Mickey Cohen foi enviado a Los Angeles para fazer dinheiro com todo tipo de negócios escusos. 

Caçula de seis irmãos, Mickey era recém-nascido quando o pai morreu, o mafioso judeu começou a vida como pugilista. Não fumava ou bebia, tinha o hábito de lavar as mãos compulsivamente, sobretudo depois de cumprimentar pessoas. Cohen era proprietário de uma loja de roupas e não repetia terno, cuidava da imagem, gostava de dar entrevistas e era assunto frequente dos jornais, para os quais mostrava uma face simpática. Com mão de ferro, na surdina, Mickey dirigia casas de prostituição, controlava o jogo, mantendo juízes e policiais na sua folha de pagamento. 

Para libertar a cidade, o chefe de polícia Bill Parker criou uma Divisão de Inteligência, formada por um grupo de policiais cumpridores dos deveres. O primeiro escolhido foi o sargento John O'Mara, ex-herói de guerra que fizera treinamento no Campo X. O'Mara teve carta branca para escolher os membros do esquadrão especial que arriscaria tudo para expulsar a máfia da Cidade dos Anjos. John contou com a  intuição da esposa Connie para identificar companheiros não só habilidosos, mas determinados e fiéis.

Inspirado em fatos reais, o roteiro de Will Beall, aliado à direção ágil de Ruben Fleischer, prende a atenção desde a primeira cena, misturando drama, romance, ação e suspense. A escolha do elenco já evidencia o cuidado com que os produtores levaram adiante "Caça aos Gângsteres". Sean Penn interpreta um Mickey Cohen mais feroz do que revelam as gravações da época, acessíveis nos bônus do filme, que apresentam o mafioso como um  homem sorridente. Aliás, os extras de "Caça aos Gângsteres" justificam alugar o blu-ray porque trazem informações sobre a produção do filme e sobre os personagens reais desta guerra pelo controle de L.A.

Curiosidade:
* No filme "Caça aos Gângsteres", o chefe Bill Parker organiza o grupo de policiais para caçar Mickey Cohen. Na vida real, o esquadrão se reuniu para impedir que outros mafiosos tomassem o lugar de Mickey, que foi preso por não pagar impostos.

Diretor: Ruben Fleischer (Zumbilândia)
Roteiro: Will Beall, baseado no livro de Paul Lieberman "Gangster Squad"
Musica: Steve Jablonsky
Fotografia: Dion Beebe (O Suspeito, Memorias de Uma Gueixa)
Elenco: Sean Penn, Ryan Gosling, Josh Brolin, Emma Stone, Nick Nolte, Robert Patrick, Giovanni Ribisi, Michael Peña, Anthony Mackie, Mireille Enos
Distribuidora: Warner

*** excelente
** ótimo
* bom
Sem Asterisco - interessante

domingo, 16 de junho de 2013

Os Miseráveis

Les Misérables * *
(2012) 158 min (14 anos)

França, 1815 - Jean Valjean, o prisioneiro de número 24601, é colocado em liberdade condicional depois de passar 19 anos na cadeia. Seu crime foi ter roubado um pão para saciar a fome do sobrinho pequeno, agravado por diversas tentativas de fuga. Jean Valjean deverá carregar para sempre um documento amarelo onde estará registrado que é um ex-condenado perigoso.

Ameaçado pelo severo guarda Javert e rejeitado por todos que examinam sua carta de identificação, Jean Valjean só recebe ajuda do bispo da cidade de Digne. O sacerdote oferece comida e abrigo ao faminto ex-prisioneiro. Mas durante a noite Jean Valjean foge com objetos de prata da casa episcopal e é capturado pela polícia. Para sua surpresa, o bispo não o denuncia, afirmando que a prataria foi um presente e que ele esqueceu o mais importante, dois valiosos candelabros.

Valjean fez bom uso desta generosidade, deixou de lado a mágoa pelo tratamento cruel e abraçou o projeto de tornar-se um homem bom. Adotou o nome de Monsieur Madeleine, começando um empreendimento que deu certo.  Na sua empresa trabalha Fantine, uma jovem esforçada que entrega todo o salário ao casal que cuida de sua filha Cosette. Desgraçadamente, o encarregado da fábrica despede Fantine e o destino coloca a pequena Cosette sob a proteção do regenerado empresário.

Jean Valjean e o bispo de Digne
Baseado no romance de Victor Hugo, a história de "Os Miseráveis" abrange tanto os que carecem do pão de cada dia, quanto os encarcerados, ou o casal Thenardier, dois espertalhões que não perdem a oportunidade de enganar o próximo, e até o policial Javert, vítima da dureza do próprio coração. Contudo, mesmo a criatura mais pecadora tem salvação, por isso o bispo preferiu confiar em Jean Valjean e acreditar em sua capacidade de mudança.

Se você assistiu ao musical na Broadway ou em Londres, não procure comparações ou vai deixar de aproveitar o que o filme de Tom Hooper tem de positivo. A escolha de ótimos atores como protagonistas - Hugh Jackman e Anne Hathaway - enfatizou a carga dramática do enredo. Entre meus intérpretes favoritos estão as crianças, Gavroche e a Cosette pequena, além do casal romântico Amanda Seyfried (Cosette adulta) e Eddie Redmayne (Marius), que brilham no quesito voz e afinação. A atual versão de "Os Miseráveis" acrescenta um belo cenário e uma eficiente reconstituição de época ao romance de Victor Hugo. O DVD já está à venda por R$ 39,90. O blu-ray traz extras interessantes. Para pesquisar o preço, clique aqui.

a cidade de Digne
Curiosidade:
* O Bispo de Digne é interpretado por Colm Wilkinson, que foi o primeiro Jean Valjean nas apresentações de "Os Miseráveis" em Londres e Nova Iorque.

* Muitos artistas do competente elenco de apoio são cantores que trabalharam nas produções do musical em Londres e Nova Iorque.

Diretor: Tom Hooper
Roteiro: William Nicholson & Alain Boublil e Claude-Michel Schönberg & Herbert Kretzmer, baseado no romance "Les Misérables" (1862), de Victor Hugo
Musica: Claude-Michel Schönberg
Fotografia: Danny Cohen (O Discurso do Rei)
Elenco: Hugh Jackman, Anne Hathaway, Russell Crowe, Amanda Seyfried, Eddie Redmayne, Colm Wilkinson, Samantha Barks, Helena Bonham Carter, Sacha Baron Cohen, Aaron Tveit, Daniel Huttlestone, Isabelle Allen
Distribuidora: Universal

*** excelente
** ótimo
* bom
Sem Asterisco - interessante

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Priscilla, a Rainha do Deserto

The Adventures of Priscilla, Queen of The Desert * *
(1994) 103 min (16 anos)
(Agressão física, conflitos psicológicos, insinuação de sexo e temática com impropriedade)

Australia - Fabulosas, elas chegaram e conquistaram a todos. Este filme australiano incrivelmente criativo, visualmente maravilhoso e incomparavelmente divertido conta a história de três drag queens, desbravando a vastidão do deserto australiano. (capa do DVD)

Na verdade, "Priscilla, a Rainha do Deserto" conta a história de duas drag queens e uma transsexual. Bernadette Bassenger passou pela cirurgia radical e detesta ser chamada por seu nome de batismo (Ralph). Junto às amigas Mitzi Del Bra (Anthony) e Felicia Jollygoodfellow (Adam), atua num show transformista em Sidney. 

Anthony recebe um convite para fazer o show num hotel cassino na longínqua cidade de Alice Springs. Bernadette aceita participar para se distrair e esquecer a morte de seu jovem namorado Trumpet. Adam sempre quis se apresentar no King's Canyon, no centro da Austrália, maquiado, usando um vestido longo Gaultier, de paetês, salto e tiara. É dele a iniciativa de comprar um velho ônibus e batizá-lo de Priscilla. Assim começa a aventura dos três numa viagem de 30 horas e 2780 km de muitas peripécias.

Quem viu Terence Stamp como General Zod, em "Superman II" ou Sargento Troy, em "Longe Deste Insensato Mundo", talvez não pudesse imaginar a versatilidade do ator inglês. Numa entrevista ao BFI, Terence conta que "Beau Geste" (1939) foi o primeiro filme que assistiu. A imagem de Gary Cooper como um soldado da legião estrangeira causou forte impressão no menino de 4 anos. Depois de ter interpretado vários machões, Terence Stamp transforma Bernie numa senhora que se veste discretamente durante o dia, despreza fofocas e futilidades, bebe sem perder a classe e tem um soco poderoso. À noite a história muda. Com saltos altos, roupas coloridas e engraçadas, muito brilho, perucas e maquiagem, ela dança e dubla sucessos musicais junto aos colegas travestis. O dinâmico Adam é seu oposto, totalmente escandaloso, adora chamar a atenção. Anthony surpreende os amigos quando revela ser casado. O segundo segredo ele deixa para contar quando chegam na cidade de Alice Springs. O filme trata superficialmente a questão de identidade e orientação sexual dos protagonistas.

Assim como Terence Stamp, a dupla Guy Pearce e Hugo Weaving convence, tornando reais os transformistas australianos. O roteiro do filme mistura equilibradamente humor e drama. Guarda-roupa e maquiagem são divertidos e exuberantes, contrastando com a paisagem árida do outback australiano.  A fotografia é gloriosa, mas, para mim, coisa rara, o que tornou "Priscilla, a Rainha do Deserto" realmente inesquecível foi sua trilha sonora contagiante.

Curiosidades
* O personagem de Hugo Weaving baseou-se na drag queen australiana Cindy Pastel, que tem companheira e filho.

* Bill Hunter (que interpreta Bob) estava filmando "Priscilla" e "O Casamento de Muriel" ao mesmo tempo. Em cada um dos filmes ele precisava ter tamanhos de cabelo e barba diferentes. Além de precisar se deslocar de uma cidade para outra.

* Para marcar o local onde o ônibus estava enguiçado, Adam solta uma boneca inflável vestida de vermelho no meio do deserto. Depois dos créditos finais há uma cena rápida mostrando onde a boneca finalmente aterriza.

* O diretor Stephan Elliott faz uma pequena aparição como o porteiro do hotel.

Diretor: Stephan Elliott
Roteiro: Stephan Elliott
Musica: Guy Gross
Fotografia: Brian J Breheny
Elenco: Terence Stamp, Hugo Weaving, Guy Pierce, Bill Hunter, Julia Cortez, Sarah Chadwick, Mark Holmes, Rebel Penfold-Russell
Distribuidora: MGM

Trilha Sonora
1. "I've Never Been to Me" – Charlene
2. "Go West" – Village People
3. "Billy Don't Be a Hero" – Paper Lace
4. "My Baby Loves Lovin'" – White Plains
5. "I Love the Nightlife" – Alicia Bridges
6. "Can't Help Lovin' That Man" – Trudy Richards
7. "I Will Survive" – Gloria Gaynor
8. "A Fine Romance" – Lena Horne
9. "Shake Your Groove Thing" – Peaches & Herb
10. "I Don't Care if the Sun Don't Shine" – Patti Page
11. "Finally" – CeCe Peniston
12. "Take a Letter Maria" – R. B. Greaves
13. "Mamma Mia" – ABBA
14. "Save the Best for Last" – Vanessa Williams
15. "I Love the Nightlife" – Alicia Bridges
16. "Go West"  – Village People
17. "I Will Survive" – Gloria Gaynor
18. "Shake Your Groove Thing" – Peaches & Herb
19. "I Love the Nightlife" – Alicia Bridges

*** excelente
** ótimo
* bom
Sem Asterisco - interessante

terça-feira, 4 de junho de 2013

As Vantagens de Ser Invisível

The Perks of Being a Wallflower * *
(2012) 102 min (14 anos)

EUA - Chegar ao primeiro ano do ensino médio pode ser causa de alegria para muitos, mas para o tímido Charlie é motivo de grande ansiedade. A escola é nova e ele nunca foi popular. Educado, estudioso, bonito e inteligente, tem medo de se expor e responder às perguntas dos professores. Charlie preferia passar despercebido, não ser notado nem pelas respostas corretas, para não incentivar sentimentos negativos em colegas pouco gentis. Contudo o professor de inglês percebe que ali mora uma alma sensível e passa a lhe sugerir livros extras para melhorar sua forma de expressão. 

Charlie não desperta o interesse em ninguém da turma, mas chama a atenção dos veteranos Patrick e sua meio-irmã Sam. Os dois convidam o adolescente para festas e o introduzem no grupo de amigos. O calouro fica maravilhado com a participação dos novos colegas na apresentação de "The Rocky Horror Picture Show." Mesmo atraído por Sam, Charlie acha que não tem chance alguma com ela. Com medo de perder sua amizade, deixa-se seduzir por uma outra garota do grupo. 

Em casa, Charlie assiste sua irmã Candance ser agredida pelo namorado e, a pedido dela, não conta nada para os pais. O adolescente não é mesmo de se abrir com ninguém, desde que sua querida tia Helen morreu. Charlie prefere escrever cartas para um interlocutor anônimo. Depois de usar LSD numa festa, o adolescente passa mal e é encontrado pela polícia caído na neve. Só então os pais percebem que Charlie está com sérios problemas e precisa muito de ajuda.

"As Vantagens de Ser Invisível" é um filme que desperta emoções visíveis. O ator Logan Lerman já foi Percy Jackson, no filme de Chris Columbus (2010), e o filho de Christian Bale, em "Os Indomáveis" (2007). Logan tem aquele rosto atraente, simpático, e o olhar confiável que conquista fãs na hora. No minuto seguinte já se está torcendo por ele, sofrendo com suas tristezas. O mesmo fenômeno acontece na presença de Paul Rudd que, em "As Vantagens de Ser Invisível", interpreta seu professor de inglês. Reparem na maravilhosa fotografia de Andrew Dunn.

Curiosidades: (imdb)
* Tanto Logan Lerman quanto Emma Watson estrearam num filme de Chris Columbus.

* Emma Watson contou não ter querido assistir suas cenas de beijo e a cena do "Rocky Horror Show"

* O diretor Stephen Chbosky foi influenciado por dois de seus filmes favoritos: "Sociedade dos Poetas Mortos" (Dead Poets Society) e "Clube dos Cinco" (The Breakfast Club).

* O escritor e diretor Stephen Chbosky nasceu em Pittsburgh, onde o filme foi gravado. Quando ele era jovem, assistiu "The Rocky Horror Picture Show" no mesmo teatro em que foi filmado "As Vantagens de Ser Invisível".

Diretor: Stephen Chbosky
Roteiro: Stephen Chbosky, baseado em seu livro do mesmo nome, publicado em 1999
Musica: Michael Brook
Fotografia: Andrew Dunn (Assassinato em Gosford Park, Um Homem Bom)
Elenco: Logan Lerman, Emma Watson, Ezra Miller, Paul Rudd, Joan Cusack, Melanie Lynskey, Mae Whitman
Distribuidora: Paris Filmes

*** excelente
** ótimo
* bom
Sem Asterisco - interessante

segunda-feira, 3 de junho de 2013

E Se Vivêssemos Todos Juntos?

Et Si On Vivait Tous Ensemble? * *
(2011) 96 min (14 anos - cenas de nudez, insinuação de relação sexual e diálogos sobre sexualidade)

França - Amigos há mais de 40 anos, Annie, Jean, Claude, Albert e Jeanne começam a sentir o peso da idade. O filho do fotógrafo mulherengo Claude quer colocá-lo numa casa de repouso, desde que os médicos descobriram problemas em seu coração. Jean sempre foi um ativista político e agora sente-se ainda mais revoltado pois a polícia não parece levá-lo a sério. Albert  cola os rótulos dos vinhos que bebe e registra os acontecimentos importantes num caderno, temendo esquecê-los no momento seguinte. Sua memória recente está bastante prejudicada. 

As duas mulheres parecem em melhor forma, mas também têm seus problemas. A americana Jeanne está com câncer e a psicóloga Annie sente muito a falta dos netos. Contudo, quando estão juntos, os cinco esquecem as tristezas e passam momentos alegres. Por que não prolongar essa felicidade?

Os problemas do grupo de amigos são por demais familiares a todos os que envelhecemos e vemos envelhecer nossos pais. Os esquecimentos de Albert representam o grande temor da geração dos baby boomers (nascidos entre 1946 e 1964). Quem não tem medo da doença descoberta pelo psiquiatra alemão Alois Alzheimer? Albert não gosta de alemães, já que seu pai foi morto pelos nazistas. Pois, no filme "E Se Vivêssemos Todos Juntos?", quem se apresenta para auxiliar os idosos é o alemão Dirk, um estudante de antropologia. O projeto inicial era apenas levar a passear o cachorro de Albert, mas Dirk logo se envolve, ou é envolvido por Jeanne, no dia-a-dia dos cinco amigos. Numa consequência natural, eles viram sua tese de mestrado. Não há nada melhor do que a mistura de gerações e as trocas de experiências que daí decorrem.

Diretor: Stéphane Robelin
Roteiro: Stéphane Robelin
Musica: Jean-Philippe Verdin
Fotografia: Dominique Colin
Elenco: Guy Bedos (Jean), Geraldine Chaplin (Annie), Jane Fonda (Jeanne), Pierre Richard (Albert), Claude Rich (Claude), Daniel Brühl (Dirk), Bernard Malaka (Bernard), Camino Texeira (Maria), Gwendoline Hamon (Sabine), Shemss Audat (Soraya)
Distribuidora: Imovision

*** excelente
** ótimo
* bom
Sem Asterisco - interessante


domingo, 2 de junho de 2013

A Filha do Pai

La Fille du Puisatier *
(2011) 109 min (12 anos)

França - Uma jovem caminha pelo campo coberto de flores vermelhas, carregando uma cesta de palha. Dentro da cesta está a polenta que Patrícia Amoretti preparou para o almoço do pai Pascal. Chegando à beira de um riacho, a bela Patrícia vai tirar os sapatos quando é impedida por um desconhecido. O jovem de roupas claras é Jacques Mazel, piloto da força aérea e filho de um comerciante rico da cidade. Jacques levanta a moça no colo e carrega até a outra margem. Dali Patrícia segue ao encontro do pai e de Felipe, que o ajuda a explodir minas para cavar poços e encontrar água. 

Viúvo, pai de seis meninas, Pascal Amoretti enviou Patrícia para a cidade ainda pequena para que tivesse uma educação melhor, na companhia de uma senhora de posses. Quando sua protetora faleceu, Patrícia voltou para junto da família e passou a cuidar da casa e das irmãs menores. Orgulhoso da primogênita, Amoretti considera-a sua princesa e quer casá-la com alguém das redondezas, para que permaneça por perto. Felipe se candidata ao posto de genro de Pascal e é aceito, depois que revela possuir carro, uma casa e uma poupança. Só falta o consentimento de Patrícia, mas parece que seu coração não está mais disponível.

Na abertura de "A Filha do Pai" ouve-se a romântica "Core 'ngrato", cantada por Enrico Caruso (1873-1921). Mesmo quem não gosta do gênero há de se impressionar com a qualidade da voz do tenor napolitano, considerado por Pavarotti o maior intérprete de música erudita de todos os tempos. Ouvindo a canção queixosa, imaginei que assistiria a uma tragédia sem remédio e preparei o coração. Mas o escritor Marcel Pagnol costuma ser gentil com seus personagens. Ao conhecer as meninas Amoretti e o engraçado Felipe, interpretado por Kad Merad, senti segurança e esperei pelo melhor. Promissora a estreia do ator Daniel Auteuil na direção.

Diretor: Daniel Auteuil
Roteiro: Daniel Auteuil, baseado no romance de Marcel Pagnol
Musica: Alexandre Desplat
Fotografia: Jean-François Robin
Elenco: Daniel Auteuil,  Astrid Bergès-Frisbey, Kad Merad, Sabine Azéma, Jean-Pierre Darroussin, Nicolas Duvauchelle, Emilie Cazenave
Distribuidora: Europa Filmes

*** excelente
** ótimo
* bom
Sem Asterisco - interessante




Curvas da Vida

Trouble with The Curve *
(2012) 111 min (12 anos)
"Talvez você queira algo que ele não possa te dar"

EUA - Durante décadas Gus Lobel descobriu fantásticos jogadores de baseball, como olheiro do Atlanta Braves. A informática chega ao esporte e jovens que dominam computadores e programas sofisticados ameaçam a renovação do contrato do idoso profissional. Para piorar a situação, Gus está enxergando mal mesmo de óculos. Sua garagem parece ter encolhido e ele vive tropeçando nos móveis. Preocupado com o amigo, o chefe dos olheiros do Atlanta Braves pede à filha de Gus que acompanhe o pai numa última viagem para avaliação de um atleta promissor que todos os clubes querem contratar. 

Mickey Lobel é uma jovem advogada que sonha tornar-se sócia no escritório onde trabalha como associada. Seus problemas de relacionamento com o pai só tornam mais difícil a missão da qual foi incumbida. Arriscando a desejada posição na empresa, Mickey pega o avião e vai atuar como os olhos de Gus. Nessa viagem, ela conhece um ex-jogador de baseball descoberto pelo pai. O simpático Johnny "A Chama" Flanagan pode ajudar a advogada a aproximar-se de Gus.

"Curvas da Vida" tem no elenco protagonista uma de suas forças. Amy Adams deixa de lado a alegre fragilidade de antigas personagens e encarna a esforçada advogada, ressentida pela aparente frieza paterna. Clint vive um Walt Kowalski ("Gran Torino") menos amargo e solitário. A bela fotografia de Tom Stern é outra das virtudes do filme. O diretor Robert Lorenz se saiu muito bem em sua estreia solo.


Curiosidades:
* Depois de atuar em "Gran Torino" (2008), Clint Eastwood afirmou que aquela seria sua última experiência como ator, embora pretendesse continuar dirigindo filmes. Essa mudança de ideia talvez tenha sido causada pela antiga cooperação entre Clint e o diretor de "Curvas da Vida", Robert Lorenz. Robert foi assistente de Clint Eastwood desde "As Pontes de Madison" (1995).

* É a quarta vez que Scott Eastwood trabalha em um filme com o pai. Em "Curvas da Vida", Scott aparece logo no princípio - aos 8 minutos de projeção - como o jogador Billy Clark, que não está jogando bem e é ajudado por Gus Lobel.

* Amy Adams nasceu em 1974. Embora não aparente, ela é 7 anos mais velha do que Justin Timberlake.

Diretor: Robert Lorenz
Roteiro: Randy Brown
Musica: Marco Beltrami
Fotografia: Tom Stern (Jogos Vorazes, Gran Torino)
Elenco: Clint Eastwood, Amy Adams, Justin Timberlake, John Goodman, Ed Lauter, Robert Patrick, Matthew Lillard, Scott Eastwood
Distribuidora: Warner

*** excelente
** ótimo
* bom
Sem Asterisco - interessante


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