Lista de sugestões de filmes interessantes. Cada postagem traz foto, breve sinopse, censura, diretor, distribuidora, elenco, responsáveis pelo roteiro, musica e fotografia. Com o eterno deslumbramento de fã apaixonada, By Star Filmes acredita que o cinema emociona, ensina e é a melhor diversão.

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Quem Viu, Quem Matou

Murder, She Said *
(1961) 85 min (10 anos) preto e branco

Inglaterra - Quem é esta senhora de cabelos brancos, adepta de sapatos fortes, que devora livros de mistério enquanto sorve uma xícara de chá? Trata-se de Miss Jane Marple, moradora da pequena cidade de St. Mary Mead, uma solteirona corajosa, que não recua diante de nada quando se trata de resolver um crime. 

Instalada em sua confortável cabine, Miss Marple vê as costas de um homem pela janela do vagão do trem que passa na direção contrária. O homem não percebe que é observado, pois está totalmente empenhado em estrangular uma jovem mulher.

Miss Marple denuncia o assassinato à polícia, mas não há corpo ou qualquer evidência que corrobore seu depoimento. Isso não detém a idosa britânica. Na companhia de Mr. Stringer, o encarregado da biblioteca da cidade, Jane começa suas próprias investigações, disfarçada como funcionária da linha férrea. Sua pesquisa conduz ao muro da mansão Ackenthorpe. Para penetrar na propriedade, em busca do cadáver e do criminoso, Miss Marple procura uma agência de empregos e se candidata a uma vaga como doméstica para todo serviço, uma espécie em extinção, muito valorizada pelas famílias afluentes da vila, inclusive os Ackenthorpe.

Graças ao Inspetor Maigret (de Georges Simenon) e Miss Marple, passei horas deliciosas na juventude. A senhora inglesa sempre foi minha detetive favorita - entre os vários criados por Agatha Christie - e Margaret Rutherford a intérprete que mais se aproximou da minha ideia desta formidável personagem. Em "Quem Viu, Quem Matou" o diretor George Pollock consegue recriar o clima de suspense e humor encontrado nos livros da prolífica autora, mas a ação não se passa na pacata vila de St. Mary Mead. Uma lástima, bastante compensada pelas virtudes do filme e do elenco. Destaco as atuações da premiada Margareth Rutherford e de Ronnie Raymond, que interpreta Alexander Eastley, o pernóstico descendente dos Ackenthorpe. No delicioso blog "in so many words" há uma resenha do filme, em inglês.

Miss Marple e Alexander
Curiosidade:
* O filme apresenta várias diferenças em relação ao livro "4:50 from Paddington", também chamado de "What Mrs. McGillicuddy Saw". No livro é Mrs McGillicuddy, grande amiga de Mrs. Marple, quem vê o crime pela janela do trem. Também não existe Mr. Stringer, no filme interpretado por Stringer Davis, marido de Margareth Ruherford na vida real.

Diretor: George Pollock
Roteiro: David D. Osborne, baseado no romance de Agatha Christie "4:50 from Paddington". Foi
publicado no Brasil como "A Testemunha Ocular do Crime", pela Nova Fronteira.
Musica: Ron Goodwin
Fotografia: Geoffrey Faithfull
Diretor de Arte: Harry White
Elenco: Margaret Rutherford, Arthur Kennedy, Ronnie Raymond, Muriel Pavlow, Stringer Davis, James Robertson Justice, Joan Hickson, Ronald Howard, Thorley Walters, Lucy Griffiths, Gordon Harris
Distribuidora: Warner Home Video

*** excelente
** ótimo
* bom

Sem Asterisco - interessante

terça-feira, 28 de outubro de 2014

O Grande Hotel Budapeste

The Grand Budapest Hotel * *
(2014) 99 min (14 anos)

"Na fronteira mais oriental do continente europeu, a ex-república de Zubrowka foi um dia sede de um império." Uma jovem de capa e boina atravessa o velho cemitério da cidade de Lutz e pendura uma chave no monumento àquele que era considerado um tesouro nacional, o autor de "O Grande Hotel Budapeste". Em 1985, o escritor gravou um depoimento, explicando a origem de suas inspirações. Foram muitas as pessoas que lhe trouxeram fatos e histórias para serem contados. Ao escritor bastou olhar e ouvir com atenção.

Em 1968, quando precisou recuperar-se de uma "febre do escriba", o autor passou o mês de agosto na cidade de Nebelsbad, no "Grande Budapeste", um hotel fascinante e bem planejado, na região alpina. Era baixa estação e o estabelecimento já saíra de moda. Um dos raros personagens que povoavam os vastos espaços era M. Mustafa, o atual proprietário da "velha ruína encantada." De acordo com Mustafa, tudo começou com o dedicado concierge M. Gustave, sua amizade com o lobby boy Zero e a paixão de Zero pela confeiteira Agatha...

Você gostou de "Moonrise Kingdom"? Então não pode perder "O Grande Hotel Budapeste"! O novo filme do diretor Wes Anderson tem aquele apuro visual, trilha sonora de primeira e um elenco inigualável. Ganhou o David di Donatello como Melhor Filme Estrangeiro de 2014.

Curiosidade:
* As locações do filme aconteceram na Alemanha e na Polônia. A recepção do hotel foi gravada na Görlitzer Warenhaus, uma antiga loja de departamento que tinha um átrio gigantesco. Foi uma das poucas lojas de departamento a sobreviver à 2ª Guerra Mundial na Alemanha.

* Zubrowka é um tipo de vodka polonesa, destilada de centeio. Bastante conhecida na Europa Central.

* Todo o elenco hospedou-se no mesmo hotel durante as gravações. O diretor insistiu que todos fossem maquiados no lobby, para dar maior urgência ao processo e começar as filmagens mais cedo. O proprietário do hotel também aparece no filme como extra, trabalhando na recepção do "Grande Budapeste". No final do dia, a equipe tornava a encontrar o proprietário na recepção de seu próprio hotel.

Diretor: Wes Anderson
Roteiro: Wes Anderson, inspirado em escritos de Stefan Zweig (Beware of Pity e The Post Office Girl)
Musica: Alexandre Desplat
Fotografia: Robert D. Yeoman
Designer de Produção: Adam Stockhausen
Diretores de Arte: Stephan Gessler, Gerald Sullivan, Steve Summersgill
Elenco: Ralph Fiennes, Tony Revolori, F. Murray Abraham, Saoirse Ronan, Jude Law, Tom Wilkinson, Tilda Swinton, Adrien Brody, Willem Dafoe, Jeff Goldblum, Harvey Keitel, Bill Murray, Edward Norton, Léa Seydoux, Owen Wilson, Bob Balaban
Distribuidora: Fox Filmes

*** excelente
** ótimo
* bom

Sem Asterisco - interessante

terça-feira, 21 de outubro de 2014

Uma Juíza sem Juízo

9 Mois Ferme *
9 Month Stretch
(2013) 82 min (14 anos)

França - Ariane Felder é uma esbelta juíza de quarenta anos, de hábitos severos, solteira convicta, totalmente dedicada aos processos do tribunal. Durante a festa de Reveillon no Palácio da Justiça, um grupo de animados colegas de trabalho quer sua participação e vai buscá-la no escritório. Para misturar-se ao clima de bagunça, Ariane bebe algumas taças de champanhe, ao lado do risonho De Bernard. Quando consegue sair do prédio, no início da madrugada, está trôpega, ainda levando na cabeça uma longa peruca branca, usada nas cortes francesas. Seis meses depois, a juíza descobre-se grávida, sem ter qualquer ideia sobre como isso aconteceu. 

Ariane começa uma investigação particular para descobrir o pai da criança. De Bernard é o primeiro suspeito e uma pesquisa sobre seus ascendentes não ajuda a tranquilizar a mãe relutante. Depois de um teste de DNA, surge o nome do verdadeiro pai do bebê. Mais assustada ainda fica a juíza. O resultado indica Bob Nolan, um ladrão contumaz, perseguido como suposto autor de um crime bárbaro. Nolan teria sido surpreendido durante o roubo ao apartamento de um senhor de 83 anos. Fugiu depois de serrar braços e pernas do idoso, além de ter comido seus olhos. 

Através das câmeras de vigilância do bairro, Ariane descobre que passou os primeiros minutos do novo ano discursando para um grupo de prostitutas. Desagradadas de suas palavras, elas protestaram vivamente. Foi resgatada por Bob Nolan da confusão armada. Continuou conversando com Bob na rua, até o momento em que se atirou sobre ele e liberou toda sua própria fúria sexual.

Conhecendo sua fama de juíza séria, e ignorando a gravidez, Bob pede ajuda a Ariane para descobrir falhas no processo que o incriminam injustamente. Ele pode ser um ladrão, pessoa de pouca instrução, um arrombador experiente, mas seria incapaz de agredir um idoso, e muito menos de comer-lhe os olhos. Bob dá valor à vida humana.

br.cinema.yahoo.com
"Uma Juíza sem Juízo" foi indicado para seis categorias do César. Venceu como Melhor Roteiro Original e Melhor Atriz (Sandrine Kiberlain). É uma comédia inteligente, interpretada por um elenco admirável. Surpreendeu-me descobrir que o ator Albert Dupontel (Um Lugar na Plateia, No Mundo do Poder) é também um diretor competente. Aliás, como tantos outros atores-diretores. O divertido filme orienta o olhar para além dos preconceitos, da mania de rotular as pessoas, e nos poupa de soluções holywoodianas. Mais importante ainda, sugere que uma criança é sempre um dom, ainda que seja concebida em circunstâncias desfavoráveis. E que as almas simples podem superar em sabedoria os muito instruídos.

Curiosidades:
* Para escrever o roteiro, Albert Dupontel inspirou-se no documentário "10e chambre, instants d'audience", de Raymond Depardon. A juíza Michèle Bernard-Requin aparece no documentário e interpreta a presidente do tribunal em "Uma Juíza sem Juízo".

* Nos noticiários da TV aparecem Terry Gillian e o ator Jean Dujardin, como tradutor na linguagem de sinais. (Rubens Ewald Filho)

Diretor: Albert Dupontel 
RoteiroAlbert Dupontel, Héctor Cabello Reyes, Olivier Demangel
Musica: Christophe Julien
Fotografia: Vincent Mathias
Elenco: Sandrine Kiberlain, Albert Dupontel, Nicolas Marié, Philippe Uchan, Christian Hecq, Philippe Duquesne, Bouli Lanners, Michèle Bernard-Requin
Distribuidora: Europa Filmes


*** excelente
** ótimo
* bom

Sem Asterisco - interessante

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Viva a Liberdade

Viva la Libertà * *
(2013) 96 min (12 anos)
"É primavera, sutis véus de neblina 
circundam a montanha sem nome.
É minha essa figura de costas que caminha na chuva?"

Italia - Enrico Oliveri é senador de esquerda e secretário do principal partido de oposição ao governo da Italia. Como se não bastasse estar em baixa nas pesquisas eleitorais, Enrico é violentamente confrontado por uma professora de ensino médio durante um congresso do partido. Sem avisar seu braço direito, Andrea Bottini, o político parte durante a noite para se refugiar na casa de Danielle, uma amiga de infância, casada agora com o famoso cineasta Mung. O casal mora em Paris. Bottini telefona para a esposa de Oliveri, mas ela estava viajando e desconhece seu paradeiro. A última cartada do fiel assessor é ir no encalço de Giovanni Ernani, o irmão gêmeo de Enrico, um brilhante professor de filosofia, que acabou de sair de uma clínica psiquiátrica. O imprevisível gêmeo adora dançar e escreveu "A Ilusão de Viver".

Giovanni não sabe do irmão, mas aceita o desafio de substituí-lo em suas obrigações partidárias. Com as roupas e os óculos de Enrico, o professor toma o carro com motorista e vai ao encontro do público. Depois de jogar fora o rascunho de um discurso preparado de antemão para ele, Ernani é a cópia perfeita de Enrico, mas traz no rosto um sorriso maroto e surpreende a todos com citações poéticas, perguntas diretas e corajosas confissões de erro. Entre outras de suas contribuições valiosas está a rejeição de alianças partidárias banais, em prol de uma aliança com a consciência das pessoas. A esperança renasce nos eleitores italianos e ele dispara nas intenções de voto.

Enquanto isso, na França, Enrico deixou para trás os cabelos pintados, a burocracia e o distanciamento de toda gente. Dono de si, de volta à vida real, ele prepara um omelete, é capaz de conversar com uma criança e servir de ajudante de contra-regra num set de filmagem. Político e professor convergem numa mesma direção.

"Viva a Liberdade" traz o fantástico Toni Servillo ("A Grande Beleza") no duplo papel de Enrico-Ernani. Toni tem novamente a chance de colocar em uso sua simpatia e contagiante habilidade de dançarino. O filme é leve e empolgante, sobretudo quando nos traz a imagem do que gostaríamos de ver em nossos políticos: a sinceridade e o espírito publico. "Para derrotar esse governo, o pior da nossa história, é lícito aliar-se até com o diabo?" (...) "O consenso é coisa séria. Não tem nada a ver com alianças. A única aliança possível hoje é com a consciência das pessoas." Que maravilha seria resolvermos todos os nossos problemas com um haikai*, humor, musica e generosidade!  "Viva a Liberdade" ganhou o David de Donatello pelo Melhor Roteiro e o prêmio de Melhor Ator Coadjuvante foi para Valerio Mastrandrea, no papel de Andrea Bottini. Os sites Eye for Film (em inglês) e My Movies (em italiano) trazem belas crítica ao filme.

Curiosidades
* O personagem do cineasta Mung, marido de Danielle, mostra para Enrico um filme de arquivo com um depoimento de Federico Fellini, no qual o diretor italiano protesta contra a velhacaria bárbara da censura que devorava o cinema. (Ver capítulo 6, aos 76 minutos). 
"Felinni foi o artista que mais lutou para que a indecência não se tornasse um hábito." - conclui Mung.

* Haikai é uma forma poética de origem japonesa que valoriza a concisão e a objetividade.  Os poemas têm três linhas e são populares desde o século XVI.(wikipedia)

Diretor: Roberto Andò
Roteiro: Roberto Andò e Angelo Pasquini, baseado no livro "Il Trono Vuoto", de Andò.
Musica: Marco Betta
Fotografia: Maurizio Calvese
Designer de Produção: Giovanni Carluccio
Elenco: Toni Servillo, Valerio Mastrandrea, Valeria Bruni Tedeschi, Michela Cescon, Anna Bonaiuto, Eric Nguyen, Judith Davis, Andrea Renzi, Gianrico Tedeschi, Massimo De Francovich, Renato Scarpa, Lucia Mascino, Giulia Ando, Stella Kent.
Distribuidora: Paramount

*** excelente
** ótimo
* bom

Sem Asterisco - interessante

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

banner