Des Hommes et des Dieux * * *
Of Gods and Men
(2010) 122 min (12 anos)
- Estamos como pássaros pousados num galho. Não sabemos se vamos sair daqui.
- Os pássaros somos nós. O galho, vocês. Se forem embora, não vamos ter onde pousar.
Argélia, 1996 - Uma vila formou-se a partir da fundação do mosteiro trapista de
Tibhirine, em 1938. No coração das montanhas do
Maghreb, 90 km ao sul de Alger, oito monges
cistercienses franceses gastavam os dias a meditar, ler e entoar hinos de louvor na capela do monastério. Também trabalhavam a terra, criavam abelhas, vendiam o mel nas feiras e atendiam os habitantes da vila, aconselhando, preenchendo documentos, auxiliando-os sempre que necessário. O irmão Luc dava consultas médicas de 2ª a 6ª feira, pela manhã e à tarde. Além de remédios, seus pacientes podiam ganhar sapatos ou outro objeto encontrado nas caixas de doações. Formou-se um forte vínculo entre os moradores locais e os religiosos, que eram convidados para as celebrações no vilarejo.
Os líderes da comunidade islâmica começaram a se preocupar depois que uma jovem de 18 anos foi esfaqueada e atirada fora de um ônibus por não usar o véu (
hajib). Mesmo os imanes estavam sendo assassinados por grupos extremistas. As autoridades ofereceram proteção aos religiosos, mas Christian de Chergè, o prior do mosteiro, recusou. Alguns monges discordaram dessa orientação e abriu-se o debate sobre ficar ou partir. A ameaça pairava sobre todos pois a violência dos terroristas se intensificava. Era só uma questão de tempo para que o monastério também sentisse seus efeitos. A verdadeira natureza do que aconteceu naqueles dias ainda permanece envolta em névoa, como a derradeira cena do filme. (na
Wikipedia, um texto em francês sugere uma versão alternativa para os fatos)
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Mosteiro de Atlas, em Tibhirine |
Homens e Deuses emociona e fascina ao registrar, sob uma luz suave, a beleza austera da vida monástica. Aproximando-se de cada religioso, o filme do agnóstico Xavier Beauvois revela a individualidade dos monges em um ambiente famíliar amável. Parece fácil a convivência com pessoas que almejam a santidade. Vivem modestamente, estudando e buscando a Deus através da oração, do trabalho e do serviço ao próximo. Entre todos, encantaram-me pela bondade irresistível o encurvado Amédée e o asmático irmão Luc. Os idosos artistas que os interpretam mereciam alguns prêmios. Michael Lonsdale (Luc) ganhou o César de Melhor Ator Coadjuvante. Especialmente bonita é a ceia em comum numa noite de Natal. Os frades partilharam a refeição festiva com vinho, música (
Lago dos Cisnes) e alegria. No blog da distribuidora Imovision pode-se ler a
entrevista com o monge sobrevivente Jean-Pierre Schumacher que, aos 88 anos, vive agora no mosteiro de Fez, no Marrocos,
país onde Homens e Deuses foi gravado.
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Jean-Pierre Schumacher
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Curiosidade:
* São 9 os monges que aparecem no filme:
Christian de Chergé, 59 anos
Luc Dochier, 82 anos
Paul Favre-Miville
Michel Fleury, 52 anos
Christophe Lebreton, 45 anos
Bruno Lemarchand, 66 anos
Célestin Ringeard, 62 anos
Amédée Noto
Jean-Pierre Schumacher
Diretor: Xavier Beauvois
Roteiro: Etienne Comar, Xavier Beauvois
Conselheiro monastico: Henri Quinson
Fotografia: Caroline Champetier
Elenco: Lambert Wilson, Michael Lonsdale, Olivier Rabourdin, Philippe Laudenbach, Jacques Herlin, Loïc Pichon, Xavier Maly, Jean-Marie Frin, Olivier Perrier, Abdelhafid Metalsi, Sabrina Ouazani, Farid Larbi
Distribuidora: Imovision