Lista de sugestões de filmes interessantes. Cada postagem traz foto, breve sinopse, censura, diretor, distribuidora, elenco, responsáveis pelo roteiro, musica e fotografia. Com o eterno deslumbramento de fã apaixonada, By Star Filmes acredita que o cinema emociona, ensina e é a melhor diversão.

quinta-feira, 28 de abril de 2016

Brooklin

Brooklyn * * *
(2015) 111 min (14 anos)

Irlanda/EUA - Rosa e Eilis Lacey moram com a mãe viuva em Enniscorthy, no sudeste da Irlanda. Rosa trabalha como escriturária numa firma e Eilis presta serviço aos domingos na loja da implacável senhorita Kelly. Enfrentando a má vontade da patroa, a jovem explica que deixará o serviço por motivo de viagem à América. Um padre conhecido da irmã havia lhe conseguido emprego como vendedora numa loja de departamento do Brooklin, bairro cheio de emigrantes irlandeses. Em vez de desejar sorte à funcionária, Miss Kelly comenta secamente que Rosa terá que arcar sozinha com a responsabilidade da mãe até o final de sua vida. Assim, Eilis deixa para trás as duas pessoas que mais ama no mundo, para dividir uma cabine econômica com uma desconhecida, no navio que conduz mais uma leva de passageiros esperançosos, rumo à terra das oportunidades. 

Chegando aos Estados Unidos, Eilis se hospeda na pensão irlandesa para moças de Madge Kehoe, no Brooklin. A proprietária comanda a conversa na mesa do jantar com mão de ferro. A primeira carta recebida de casa, deixa a tímida Eilis em prantos. Mas, aos poucos, vai ganhando desenvoltura no trabalho, começa um curso de contabilidade, e é a unica das pensionistas que se propõe a ajudar o padre Flood na festa de final de ano para idosos irlandeses. De vez em quando, a recém chegada frequenta um baile, onde conhece Tony Fiorello, um rapaz bem intencionado que se apaixona por ela. A vida fica mais rica e promissora. Então chegam notícias amargas da velha Irlanda. O coração de Eilis se divide.

Deixarei que outros louvem o roteiro, a perfeição técnica deste filme e a interpretação sensível e poderosa dos atores. Além da beleza da fotografia e da fiel reconstituição de época, foram os tipos humanos que me impressionaram em "Brooklin". Entre outros, o padre dedicado a fazer o bem, a irmã altruísta que engendra uma oportunidade para a irmã caçula e a protagonista, ainda muito jovem, que enfrenta o medo e embarca na única saída visível para a independência. Do lado menos amável, há a rigorosa e carismática senhora Kehoe, a dona da pensão, que acaba se rendendo aos bons modos e a simplicidade de Eilis, assim como a mesquinha senhorita Kelly, a ex-patroa irlandesa. No conjunto, parece que personagens saídos dos romances de Dickens e Jane Austen desembarcaram em Nova Iorque na década de 50. Uma delícia. Indicado aos Oscar de Melhor Filme, Melhor Atriz e Melhor Roteiro Adaptado. Ganhou o BAFTA como Melhor Filme Inglês em 2016.

Curiosidade: (Imdb)
* A Brooklin do filme foi gravada na verdade em Montreal, por razões econômicas. Apenas dois dias da produção foram rodados no Brooklin, um para as tomadas dos exteriores dos prédios em "brownstone", um tipo de rocha sedimentar ou arenito, e o outro para filmar em Coney Island.

* Saoirse Ronan (Eilis Lacey) nasceu no Bronx, em Nova Iorque, mas foi criada na Irlanda, de pais irlandeses. Ela considera "Brooklin" seu filme mais pessoal e a primeiras vez que usou o sotaque irlandês. Mas o dialeto do personagem é diferente do que usa na realidade. No filme ela usa um sotaque de Wexford, porque sua personagem é de Enniscorthy, mas na vida real, Saoirse fala com o sotaque de Dublin.

Diretor: John Crowley
Roteiro: Nick Hornby, baseado no romance de Colm Tóibín
Musica: Michael Brook
Fotografia: Yves Bélanger
Designer de Produção: François Séguin
Diretores de Arte: Irene O'Brien, Robert Parle
Figurino: Odile Dicks-Mireaux
Elenco: Saoirse Ronan, Emory Cohen, Jim Broadbent, Julie Walters, 
Distribuidora: Paris Filmes

*** excelente
** ótimo
* bom

Sem Asterisco - interessante

terça-feira, 12 de abril de 2016

Morangos Silvestres

Smultronstället * * *
Wild Strawberries
(1957) 95 min (Livre)



Suécia - Sentado em frente à escrivaninha em seu escritório, o professor Eberhard Isak Borg se apresenta como um médico solitário de 78 anos e informa que receberá uma homenagem na cidade de Lund. Depois de uma noite inquieta, durante a qual tem um sonho atribulado, Isak avisa à Agda, sua empregada há 40 anos, que deseja viajar de carro, e não de avião, como fora combinado. Nessa viagem, o doutor Borg e a nora Marianne começam a se conhecer melhor e dão uma carona à jovem Sara e seus dois pretendentes: um ateu e um religioso.

Acredito que estivesse com uns 8 anos quando meus pais foram ao cinema assistir "Morangos Silvestres". O filme já deveria ser classificado como Livre para todas as idades, mas nessa época eram as histórias da Disney e de Frank Capra que me seduziam. Por incrível que pareça, só ontem assisti, pela primeira vez, essa joia deixada pelo diretor sueco! As reflexões sobre a solidão e os distúrbios nos diversos tipos de relacionamento humano são apresentados de forma bem mais otimista do que em outras obras do cineasta. E é a possibilidade de superá-los que torna essa experiência mais adorável. O solitário professor se deixa contaminar com a alegria dos três jovens que encontra ao visitar a casa onde morou com a família. Parece tirar o coração do casulo onde seu infeliz casamento o enclausurou. Mais adiante o doutor faz uma parada para cumprimentar a mãe de 95 anos, uma figura independente e severa, que não aproveita essa tentativa de aproximação.


À parte a profundidade freudiana dos dramas de Bergman, são fascinantes suas composições da imagem. Nesse filme, como em "Fanny & Alexander", percebe-se a influência estética do pintor sueco Carl Larsson, especialmente nas lembranças do dr. Isak Borg na casa paterna. 

As aquarelas de Larsson retrataram sobretudo seus 8 filhos com a designer Karin, na colorida casa de Lilla Hyttnäs, em Sundborn. Bergman imaginou Isak numa família de dez irmãos e primos, em cenário que se inspira na luminosa decoração da casa de campo do pintor sueco e seu entorno. O ambiente alegre suaviza a carga dramática dos sentimentos do idoso personagem de "Morangos Silvestres". O filme foi indicado ao Oscar e ao BAFTA, e ganhou o Globo de Ouro como Melhor Filme Estrangeiro em 1960; uma obra-de-arte que resistiu com brilho à passagem do tempo.

Diretor: Ingmar Bergman
Roteiro: Ingmar Bergman
Musica: Erik Nordgren
Fotografia: Gunnar Fischer
Designer de Produção: Gittan Gustafsson
Elenco: Victor Sjöström, Ingrid Thulin, Bibi Andersson, Gunnar Björnstrand, Jullan Kindahl, Naima Wifstrand, Max von Sydow
Distribuidora: Versátil Home Video

*** excelente
** ótimo
* bom

Sem Asterisco - interessante
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