Downton Abbey

Downton Abbey * * *
(2010) feito para a TV inglesa (12 anos)

Inglaterra, 1912 - Ísis, a labradora roliça de pelo claro, acompanha o Earl de Grantham num passeio pelo amplo gramado de sua propriedade. Uma janela da mansão é aberta para o verde, alguém toca a campainha no salão e a empregada sobe as escadas. A panela de cobre ferve sobre o fogo, o mordomo verifica a mesa posta para o almoço, medindo as distâncias entre os talheres e a louça com brasão. Uma pétala cai do arranjo de rosas sobre a mesa, enquanto a arrumadeira limpa o lustre de cristal. Assim começa um novo dia em Downton Abbey, lar dos condes de Grantham há muitas décadas. Robert Crawley, o atual conde, mora no lar de seus ancestrais com a esposa Cora e as três filhas. De acordo com as leis da época, Mary, Edith e Sybil não podem herdar o título, nem a propriedade do pai. O próximo na linha de sucessão seria um primo dos Crawley, desaparecido na viagem inaugural do RMS Titanic.

As esperanças da família se voltam para o jovem advogado Matthew, filho único da viúva Isobel Crawley. Os dois são convidados para morar numa residência dentro dos domínios do conde. O casamento de Matthew com uma das primas seria o arranjo perfeito, mas os tempos mudaram e os jovens já não se submetem facilmente a este tipo de esquema. Os muitos serviçais de Downton Abbey se dividem em suas preferências pelos patrões e as intrigas se multiplicam nos elegantes ambientes.

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Quem gostou de Assassinato em Gosford Park, de Robert Altman, certamente vai amar esta série britânica, que foi ao ar na Globosat HD, entre maio e julho de 2012. Já saiu em DVD no Brasil. Guimarães Video Club (Ruas das Laranjeiras 462, lj. 4) tem um exemplar da primeira temporada. A série premiadíssima traz tudo o que a gente gosta: cenário magnífico, vilões detestáveis, personagens carismáticos e bem delineados, emoção, suspense, reviravoltas, um tanto de drama, animado pelo humor irônico de Maggie Smith, e mais atuações impecáveis de todo elenco, elegantemente vestido por Jenny Beavan. A terceira temporada será apresentada aos ingleses em setembro de 2012. Para nós brasileiras, que amamos intrigas e filmes de época, é possível recorrer ao site Intertainer e assistir online com legendas em português. Parece que, no total, serão pelo menos cinco temporadas, de acordo com Michael Ausiello, do TVline.

Curiosidade:
* A fictícia Downtown Abbey na realidade é Highclere Castle, lar da família Carnarvon desde 1679. Lord George Carnarvon, o quinto Earl, patrocinou a expedição do egiptologista Howard Carter, que descobriu a tumba do faraó Tutankhamun, em 1922. Em Highclere Castle pode-se visitar a máscara mortuária do faraó menino na Exposição Egípcia. Mais informações palpitantes no blog Jane Austen's World.

* Lady Fiona, atual Condessa de Carnarvon, escreveu um livro sobre Lady Almina e a verdadeira Downton Abbey, onde relata a real transformação de Highclere Castle em hospital, durante a Primeira Grande Guerra, o que foi aproveitado na segunda temporada da série. Para mais informações, leia entrevista na página da PBS. Lady Almina foi esposa de George Carnarvon, o patrocinador da descoberta do túmulo de Tutankhamun, no Vale dos Reis. Almina era filha ilegítima do banqueiro Alfred de Rothschild e levou para o casamento (1895) um dote de 30 milhões de libras, mais renda anual, em valores atuais.

* Já está à venda o box dos DVDs da 1ª a 3ª temporadas. Pesquise no Buscapé para encontrar o melhor preço. No Brasil, o canal GNT (541) deve passar a quarta temporada em Abril de 2014. A quinta temporada está programada para o segundo semestre na Inglaterra. Há rumores de que o escritor Julian Fellowes não prosseguirá na minissérie, mas irá para os EUA escrever sobre uma família americana de Nova Iorque.

Diretor: Brian Percival, Ben Bolt, Brian Kelly, Andy Goddard, James Strong, Ashley Pearce
Roteiro: Julian Fellowes (autor de Gosford Park, A Jovem Rainha Vitoria)
Musica: John Lunn
Fotografia: Gavin Struthers, David Katznelson, David Marsh
Figurino: Jenny Beavan (O Discurso do Rei, Cranford, Gosford Park, Uma Janela para o Amor)
Elenco: Hugh Bonneville, Elizabeth McGovern, Maggie Smith, Penelope Wilton, Michelle Dockery, Dan Stevens, Laura Carlmichael, Jim Carter, Brendan Coyle, Jessica Brown Findlay, Joanne Froggatt, Siobhan Finneran, Rob James-Collier, Phyllis Logan, Sophie McShera, Lesley Nicol, David Rob, Thomas Howes, Allen Leech, Kevin Doyle, Amy Nuttal, Rose Leslie, Zoe Boyle
Distribuidora: Universal

Highclere Castle

Millennium 3 - A Rainha do Castelo de Ar

Luftslottet som sprängdes

The Girl Who Kicked the Hornet's Nest

(2009) 146 min (16 anos)

Suécia - Lisbeth Salander sobrevive à tentativa de assassinato e é levada para o hospital em Gothenburg, onde o cirurgião remove balas de sua cabeça, ombro e quadril. Alexander Zalachenko, pai e inimigo da jovem, também se recupera em outro quarto do mesmo hospital. Graças ao dr. Jonasson, o neurologista encarregado de sua recuperação, Lisbeth só recebe visitas da advogada Annika, irmã do jornalista Mikael Blomkvist, da revista Millennium. Os Blomkvist e o hacker Plague buscam estabelecer uma defesa sólida, que possa inocentá-la no processo em que é acusada por homicídio. Para isso, terão que convencer Salander a revelar fatos ocultos do seu passado perante o tribunal, além de desvendar segredos do poderoso grupo que apoia Alexander Zalachenko.

Melhor que o segundo (A Menina que Brincava com Fogo) e inferior ao primeiro (Os Homens que Não Amavam as Mulheres), A Rainha do Castelo de Ar fecha a trilogia do Millennium. O encerramento nem encantou, nem chegou a decepcionar. Divertimento morno. Valeu pelo sorriso de Lisbeth Salander.

Diretor: Daniel Alfredson

Roteiro: Ulf Ryberg, baseado no livro de Stieg Larsson

Musica: Jacob Groth

Fotografia: Peter Mokrosinski

Elenco: Michael Nyqvist, Noomi Rapace, Annika Hallin, Mikael Spreitz, Anders Ahlbom, Georgi Staykov, Lena Endre, Peter Andersson

Distribuidora: Vinny Filmes

O Exótico Hotel Marigold

The Best Exotic Marigold Hotel * *
(2011) 123 min (10 anos)

- Como o senhor aguenta esse país? O que vê nele que eu não vejo?

- As luzes, as cores, sorrisos. O modo de as pessoas verem a vida como um privilégio, e não um direito.

India - Sete cidadãos britânicos são atraídos pela propaganda do Exótico Hotel Marigold para os "idosos e belos". Chegam a Jaipur, India, sem idéia de serem os primeiros clientes da pousada, encantados com as promessas otimistas do entusiasmado gerente Sonny Kapoor. O grupo reúne o juiz Graham Dashwood, a dona-de-casa recentemente viúva, Evelyn, o casal Doug e Jean Ainslie, e três solteiros: Muriel, Madge e Norman. A surpreendente Evelyn começa um blog para relatar suas aventuras na Índia.

Os sabores apimentados da comida afetam a todos, mas os sons, luzes, cores e os sorrisos dos locais têm efeitos variados sobre os recém-chegados. Eles irritam a exasperada Jean Ainslie, que rejeita a experiência e prefere ficar no hotel, lendo sem parar, quando não está espionando o simpático juiz Graham. Os outros, aos poucos, vão interagindo entre si e com os moradores da cidade. Apesar dos muitos preconceitos de Muriel Donnelly, ela é a única a dar atenção à moça encarregada da limpeza, que não fala inglês e integrava a casta dos "intocáveis", a mais desprezada na hierarquia da sociedade hindu.

Enquanto os ingleses se adaptam, o desorganizado Sonny tenta levantar um empréstimo para ampliar o hotel. Seus irmãos possuem dois terços da propriedade e sua mãe quer atraí-lo para Nova Delhi, onde até já escolheu uma noiva que ela julga adequada para ele. Seria uma ideia razoável se o romântico gerente não estivesse apaixonado pela bela Sunaina, atendente de um serviço de telemarketing.

Acredito que sejam os mais velhos a se encantarem com os personagens do Exótico Hotel Marigold, mas minhas filhas mais novas gostaram bastante, especialmente de Doug Ainslie, interpretado pelo engraçado Bill Nighy, que neste filme está incrivelmente discreto. Maggie Smith, Judi Dench e Tom Wilkinson usam seu inquestionável talento para transformar Muriel, Evelyn e o juiz Graham em nossos mais íntimos e queridos amigos. A humildade e acolhimento dos hindus têm um efeito transformador sobre os idosos ingleses, que se abrem para novas oportunidades. Demonstrações de gentileza e tolerância tornam o filme agradável, assim como as cores luminosas dos ambientes da Índia, valorizados pela fotografia de Ben Davis. As cenas iniciais, ainda na Inglaterra, são filmadas em tons mais frios, em azul e verde. Já estou com saudades de alguns hóspedes do Exótico Hotel Marigold.

janeaustenfilmclub

Curiosidade:
* O livro que a senhora Ainslie está lendo é "Tulip Fever" (1999), da escritora Deborah Moggach. Deborah é a autora de "These Foolish Things", livro no qual foi baseado  o roteiro do "Exótico Hotel Marigold". Existe um projeto de filmagem do romance "Tulip Fever", que já se arrasta há bastante tempo.

Diretor: John Madden
Roteiro: Ol Parker, baseado no livro "These Foolish Things", de Deborah Moggach
Musica: Thomas Newman (Entre Irmãos, Histórias Cruzadas, Um Sonho de Liberdade, Encantador de Cavalos, Foi Apenas um Sonho)
Fotografia: Ben Davis (O Retorno de Tamara, Kick Ass - Quebrando Tudo, O Ritual)
Elenco: Maggie Smith, Judi Dench, Tom Wilkinson, Bill Nighy, Penelope Wilton, Celia Imrie, Ronald Pickup, Dev Patel, Tena Desae, Lillete Dubey, Diana Hardcastle, Rajendra Gupta
Distribuidora: Fox Filmes

"No fim, tudo dá certo. Então, se não está tudo certo, ainda não é o fim."

Jogos Vorazes

The Hunger Games *
(2012) 142 min (14 anos)

EUA - Há 74 anos os Jogos Vorazes são transmitidos ao vivo pela TV de Panem, nação constituída de uma capital rica (Capitol), rodeada de 12 distritos mais pobres. No começo de sua história, um 13º distrito rebelou-se contra o governo central e foi eliminado. Como castigo e lembrança desta revolta, a capital força as outras regiões do país a enviarem anualmente um rapaz e uma jovem entre 12 e 18 anos, escolhidos por sorteio, para lutarem até a morte de 23 combatentes. Só pode haver 1 vencedor. Os distritos mais ricos treinam seus adolescentes desde cedo e os melhores se apresentam aos 18, mas nunca houve voluntários nos locais mais pobres, até que Katniss Everdeen se oferece no lugar da irmã caçula. Junto a ela, como o "tributo" masculino do 12º distrito, é sorteado o simpático Peeta Mellark, filho único da padeira local.

Logo o casal descobre que é preciso agradar a audiência do programa para conseguir patrocinadores, que, em momentos vitais, podem enviar remédios, comida, e qualquer outra coisa necessária à sobrevivência dos competidores. Em casa, Katniss costumava caçar esquilos na floresta para melhorar a alimentação da mãe e da irmã Primrose, o que aumenta sua chance de sobrevivência no mato, mas ainda lhe faltam recursos para agradar o público. A equipe de conselheiros (figurinista, maquiador, estrategista) do 12º distrito faz o possível para ajudar a jovem de 16 anos a se apresentar de maneira a ganhar pontos e voltar para junto da família.

Tendo visto o trailer de Jogos Vorazes inúmeras vezes, já estava predisposta a um certo tédio, não fosse o entusiasmo de minha filha caçula, que se prontificou a me fazer companhia e assistir o filme pela 3ª vez. Sabendo que Alice é uma cinéfila exigente, elevei minhas expectativas e não me decepcionei. O ambiente da pré-produção dos jogos é colorido, vibrante, introduzindo o apresentador Caesar (Stanley Tucci), com seus impecáveis cabelos azuis e sorriso artificial sempre pronto para as câmeras. Esse preâmbulo dos combates me lembrou dos concursos de Miss Brasil, que eu adorava. Nos jogos propriamente ditos, houve emoção bastante e suspense suficiente até o fim, que ainda sugere uma possível continuação. Bom divertimento.

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Curiosidade:
* As filmagens foram realizadas na Carolina do Norte.

* O nome fictício do país, Panem, deriva de "Panem et Circenses" (pão e circo), termo usado nos últimos dias do Império Romano, quando o governo mantinha as massas satisfeitas com espetáculos violentos e mortais, como as lutas dos gladiadores no Coliseu.

* Woody Harrelson é vegetariano na vida real. Por isso, durante os banquetes, o personagem Haymitch só aparece bebendo ou comendo as sobremesas e vegetais.

Diretor: Gary Ross (Seabiscuit)
Roteiro: Gary Ross e Suzanne Collins e Billy Ray, baseado no livro de Suzanne Collins
Musica: James Newton Howard
Fotografia: Tom Stern (J. Edgar, Além da Vida, Gran Torino)
Elenco: Jennifer Lawrence, Stanley Tucci, Woody Harrelson, Toby Jones, Donald Sutherland, Alexander Ludwig, Willow Shields, Liam Helmsworth, Elizabeth Banks, Josh Hutcherson, Kimiko Gelman, Lenny Kravitz
Distribuidora: Paris Filmes

A Vida em um Dia

Life in a Day
(2011) 89 min (12 anos)

Os diretores britânicos Tony e Ridley Scott pediram a milhares de pessoas do mundo inteiro que filmassem um dia em suas vidas e respondessem a algumas perguntas básicas: "Do que você tem medo?", "O que você ama?". Receberam 80 mil inscrições com 4500 horas de filmagens colocadas no youtube, vindas de 192 países. "Cineastas do mundo inteiro, profissionais e amadores, contribuíram para uma cápsula do tempo em vídeo para que futuras gerações possam ter uma idéia realista de como as pessoas viviam no dia 24 de julho de 2010." (capa do DVD)

A Vida em um Dia traz cenas tão variadas como são as condições de vida na Terra: bonitas, bucólicas, engraçadas, algumas violentas - como o registro de um espancamento - editadas de forma dinâmica e valorizadas pela trilha sonora de bom gosto. Poderia ser mais emocionante, pois parece um enorme videoclipe, mas que sua inclusão no By Star seja vista como minha homenagem a Tony Scott, falecido ontem na cidade de Los Angeles. 

Diretor: Kevin Macdonald

Musica: Harry Gregson-Williams, Matthew Herbert

Fotografia: Soma Helmi

Edição: Joe Walker

Produtores: Tony Scott, Ridley Scott

Distribuidora: Vinny Filmes

O Porto

Le Havre * * *
(2011) 93 min (12 anos)

França - Marcel Marx ganha uns tostões como engraxate na cidade portuária de Le Havre, onde mora numa casinha modesta e arrumada pela esposa estrangeira Arletty.  Na volta do trabalho, o idoso passa em frente à porta aberta da padaria e pega furtivamente uma baguete. Por isso não é de se estranhar que, avistando Marcel, o merceeiro do bairro logo tente cerrar a porta de sua loja, já que o engraxate é bom de conversa e ruim de pagamento. 

Enquanto Arletty esquenta o jantar, Marcel toma uma bebida com os conhecidos no bar da loura Claire. Isso resume sua rotina diária de trabalho e pequenos prazeres, até o dia em que o africano Idrissa surge em seu caminho. O menino, clandestino do Gabão, chegou ao porto num container que devia desembarcar em Londres e, desde então, está sendo procurado pela polícia. O velho francês, casado com uma bondosa imigrante, se sensibiliza com a sorte do africano, assim como seus vizinhos de bairro. Mas entre os moradores do Le Havre há um coração empedernido que não hesita em fazer uma denúncia. Idrissa corre o risco de se juntar aos outros clandestinos que viajaram com ele. Arletty adoece, fica hospitalizada, e não quer que os médicos revelem ao marido a gravidade de seu estado. A felicidade de Marx está por um fio.

O Porto é um conto delicioso sobre esperança, compaixão e solidariedade entre os desprovidos de fortuna, envolvendo personagens muito humanos. Como pode ter saído da mesma cabeça que concebeu A Garota da Fábrica de Caixas de Fósforo? Minha admiração pelo finlandês Aki Kaurismäki só fazia crescer, enquanto as cenas se sucediam como pinceladas leves numa aquarela marinha. Elenco digno, fotografia expressiva e um toque extra de poesia quando a câmera fecha numa cerejeira em flor. Filme para exercitar a sensibilidade.

Curiosidade:

* Kati Outinen interpreta Arletty e foi Iiris, a garota da fábrica de caixas-de-fósforo, assim como Elina Salo agora interpreta Claire, a proprietária do bar, e foi a mãe de Iiris, no filme "A Garota da Fábrica de Caixas-de-Fósforo" (1990).

Diretor: Aki Kaurismäki
Roteiro: Aki Kaurismäki
Musica: o roqueiro Roberto Piazza, conhecido como Little Bob, se apresenta  com uma música inteira
Fotografia: Timo Salminen
Elenco: André Wilms, Kati Outinen, Blondin Miguel, Jean-Pierre Darroussin, Evelyne Didi, Quoc Dung Nguyen, François Monniè, Roberto Piazza, Elina Salo, Pierre Étaix, Jean-Pierre Léaud, Myriam Piazza, Laika
Distribuidora: Imovision

Poder Sem Limites

Chronicle *
(2012) 84 min (14 anos)

EUA - O desgraçado Andrew Dettmer está num beco e não vê saída. O pai alcoólatra desconta nele as frustrações de uma aposentadoria precoce, a mãe gentil tem câncer e precisa de remédios caríssimos contra a dor, Andrew não tem amigos, nem namorada, e costuma sofrer bullying na escola. A pessoa mais próxima é seu filosófico primo Matt, que resolve ajudá-lo, convidando-o para uma festa. Andrew aceita o convite e vai acompanhado de sua nova filmadora, pois lhe parece mais fácil enfrentar o mundo através das lentes da câmera.

Durante a festa, os primos encontram Steve, um aluno popular com muita ambição política e alguma audácia. Steve é o primeiro a pular dentro de um buraco no terreno, de onde emanavam ruídos estranhos. Debaixo do solo descobrem um estranho artefato cristalino e luminoso que parece vivo. Os estudantes voltam à superfície sem saber que algo neles mudou. Além de frequentes sangramentos nasais, os três adquirem o poder de mover coisas. Eles se divertem descobrindo, exercitando e fortalecendo esse talento. Inicialmente fazem algumas brincadeiras juvenis, que só têm graça para eles. À medida em que seus poderes aumentam, as diferenças de personalidade de cada um se tornam mais nítidas, amplificadas por esta nova força. Matt acredita que grandes responsabilidades acompanham grandes poderes, mas Andrew discorda completamente da frase de Peter Parker e se julga acima de qualquer um. O anti-herói  ilustra sua posição levitando e implodindo uma aranha. Quem será capaz de conter tamanha ira?

Poder Sem Limites é ótimo para assistir junto a uma bacia de pipoca, partilhada com amigos e família na maior tela possível. Assisti sozinha, uma pena, pois não levei fé na capa tristonha e nem tive tempo para revê-lo em sessão conjunta. Foram tantos os DVDs que chegaram ao mesmo tempo, nessa semana, que uns 12 se empilhavam na minha estante. Hesitando entre ver mais e escrever no By Star, nem pesquisei no imdb ou nos blogs cinéfilos. Fui no escuro e como me diverti! Só depois descobri que já tinha lido a respeito no Cultura Intratecal. Bruno Knott também gostou muito.

Diretor: Josh Trank
Roteiro: Max Landis, baseado numa história de Trank e Landis
Fotografia: Matthew Jensen (Game of Thrones, True Blood)
Musica: trilha sonora, de acordo com o IMDB
Elenco: Dane DeHaan, Alex Russell, Michael B. Jordan, Michael Kelly, Ashley Hinshaw
Distribuidora: Fox Film do Brasil

Conspiração Americana

The Conspirator *
(2010) 122 min (12 anos)

EUA - Abraham Lincoln foi assassinado em 15 de abril de 1865, aos 56 anos, quando assistia à peça Our American Cousin no Teatro Ford, em Washington. Ao mesmo tempo sofreram atentados o Vice-Presidente e o Secretário de Estado. Quinze dias depois, o ator John Wilkes Booth, assassino de Lincoln, foi morto na Virgínia ao resistir à prisão. Pela conspiração contra o presidente que emancipou os escravos, preservou a unidade do país e modernizou a economia, oito civis foram imediatamente presos e julgados num tribunal militar. Entre eles, Mary Elizabeth Jenkins Surratt, proprietária da pensão onde os conspiradores costumavam encontrar-se, também mãe do suspeito John Surratt Jr., ainda foragido.

Vários advogados recusaram-se a defender a sra. Surratt, até que o caso foi impingido a Frederick Aiken, um capitão licenciado do exército da União, herói de guerra aos 27 anos. O relutante defensor inicialmente acredita na culpa de sua cliente, mas, à medida em que avança nas investigações, começa a perceber que Mary está sendo usada como isca para captura do filho. Um padre confessor e o jovem advogado são o único apoio da ré, a quem é negado um julgamento justo por seus pares, como manda a Constituição americana. Tudo conspira para tornar Mary Surratt a primeira mulher a ser executada pelo governo federal dos Estados Unidos.

Conspiração Americana me inquietou; enquanto as cenas se sucediam, sentia verdadeiro horror pelo abuso de poder, pelas arbitrariedades cometidas contra os direitos da acusada. Só pensava "Cadê os jornais da oposição?" Realmente, naquelas circunstâncias, ao fim de uma sofrida guerra civil, era difícil fazer diferente, conseguir neutralizar o generalizado desejo de vingança. Mas o filme de Robert Redford desperta nossa sede pela verdadeira Justiça e Liberdade de Imprensa. Ao ser preso, meses depois, John Harrison Surratt Jr enfrentou um tribunal civil e foi absolvido.

Mary Surratt (Wikipedia)

Curiosidade:
* Conspiração Americana é a primeira produção da American Film Company. A companhia foi fundada em 2008, por Joe Ricketts, para produzir histórias verdadeiras sobre o passado da América, na crença de que a realidade é mais surpreendente e interessante do que a ficção. Muitos diálogos são tirados diretamente dos transcritos do julgamento de Mary Surratt.

* o visual sóbrio do filme foi inspirado nas fotografias do período. Newton Thomas Sigel conseguiu esse efeito limitando o uso de luzes fortes e artificiais.

Diretor: Robert Redford
Roteiro: James D. Solomon
Musica: Mark Isham
Fotografia: Newton Thomas Sigel (Casa Comigo?, Os Suspeitos)
Elenco: James McAvoy, Robin Wright, Evan Rachel Wood, Kevin Kline, Tom Wilkinson, Colm Meaney, Danny Huston, Justin Long
Distribuidora: Imagem Filmes

As Neves do Kilimanjaro

Les Neiges du Kilimandjaro *
(2011) 107 min (impróprio para menores de 12 anos)

França, Marselha - Michel e Marie-Claire Marteron estão juntos há 30 anos, têm um casal de filhos e três netos. Moram perto do mar, possuem um carro, a casa em que habitam é própria e gostam de receber família e amigos para um churrasco nos finais de semana. Algumas décadas atrás os Marteron  talvez reprovassem este estilo de vida por considerá-lo tipicamente "burguês".

Como um dos dirigentes do sindicato de estaleiros, cabe a Michel escolher os vinte operários que serão demitidos por conta da crise econômica. O sindicalista acha que um sorteio evita favorecimentos e inclui seu nome na urna entre os outros. E a sorte, ou azar, seleciona Michel Marteron como um dos futuros desempregados. Sendo um dos profissionais mais antigos, contratado numa época em que a globalização ainda não afetara as condições de trabalho, sua aposentadoria forçada lhe permite alguma tranquilidade no tempo livre, que ele pensa aproveitar junto a sua amada Marie-Claire.

O aniversário de casamento dos Marteron é festejado na sede do sindicato com um bolo que parece uma montanha de profiteroles. Todos são convidados. Num clima de alegria e confraternização, os dois recebem um presente que supera todas as suas expectativas: uma viagem à Tanzânia, no ponto mais alto da África, onde poderão contemplar as neves do Kilimanjaro (montanha branca, em suaíli). Dias depois, o medo substitui o contentamento, quando são ameaçados e agredidos por dois criminosos que levam a caixa com as passagens e dinheiro. Por acaso, Michel descobre o paradeiro de um dos ladrões e o denuncia à polícia. Quando tudo parecia resolvido, o casal Marteron começa a inquietar-se com o destino da família de um dos assaltantes.

As Neves do Kilimanjaro inspirou-se em poema de Victor Hugo, "Les Pauvres Gens". Michel e Marie-Claire são pessoas comuns, guiadas pela consciência e pelo desejo de agir bem, o que os leva a abrir o coração. O talento dos artistas principais os transformam em criaturas muito reais e humanas. A trilha sonora é leve, toques de humor misturam-se ao drama, resultando num divertimento agradável que faz pensar. Um de meus personagens favoritos é o garçom jovial que descobre a bebida certa para o momento de cada cliente. Para problemas de amor, Marie Brizzard, porque o aniz nos lábios é como um beijo. Para situações da vida, sugere Metaxa, que vem da ensolarada Grécia, e, para combater a tristeza, nada como um vigoroso chocolate quente. Não é perfeito?

Diretor: Robert Guédiguian
Roteiro: Robert Guédiguian, Jean-Louis Milesi, inspirado no poema "Les Pauvres Gens" de Victor Hugo
Musicas: "Many Rivers to Cross", escrita por Jimmy Cliff, cantada por Joe Cocker/ "Heart of Glass", de Deborah Harry e Chris Stein, cantada por Blondie/ "Kilimandjaro", canção de Pascal Danel com letra de Michel Delancray
Fotografia: Pierre Milon
Elenco: Ariane Ascaride, Jean-Pierre Darroussin, Gérard Meylan, Marilyne Canto, Anaïs Demoustier, Adrien Jolivet, Grégoire Leprince-Ringuet, Karole Rocher, Yann Loubatière,
Distribuidora: Imovision

Pacto de Sangue

Les Lyonnais
(2012) 102 min (16 anos)

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França, Lyon - Edmond Vidal, o Momon, cresceu num acampamento cigano e sentiu na pele o preconceito dos colegas de escola. Foi quando conheceu e teve a ajuda de Serge Suttel. Tornaram-se companheiros inseparáveis na juventude. Os dois estavam juntos quando Serge furtou um punhado de cerejas numa quitanda. O proprietário fez a denúncia e os jovens foram levados para a delegacia. Amigo leal, Momon recusou-se a denunciar Serge e teve o mesmo destino, alguns anos passados na prisão. Dali os amigos saíram para iniciar a vida no crime organizado, especialmente assaltos cujo produto dividiam com um partido político de direita. Com a ajuda de outros companheiros, tornaram-se ladrões conhecidos nos anos 70 como "Gang des Lyonnais" (gangue dos lioneses), um grupo ativo que não costumava sujar as mãos de sangue. 

À parte seu envolvimento nos roubos, Edmond Vidal manteve o sentimento familiar, o respeito a suas origens, o empenho com a palavra dada; casou-se com Janou e tiveram um menino. Em 1974, a polícia logrou descobrir o esconderijo da quadrilha e  foram todos presos. Depois de sua libertação por boa conduta, Momon afastou-se do crime e quis esquecer o passado - há 25 anos ele não burla a lei. Serge, contudo, não se arrependeu de nada, continua metendo-se em confusões e volta para a cadeia. Os antigos companheiros querem libertá-lo, mas Edmond pensa no quanto a esposa e os filhos já sofreram por seus erros passados. Dividido entre a lealdade com o amigo e o desejo de manter o carinho da família, Momon terceiriza a libertação de Serge. Foi um de seus maiores erros; os novos criminosos não seguem o mesmo código de conduta.

Vagamente inspirado no livro "Pour une Poignée de Cerises" , de Edmond Vidal, Pacto de Sangue é um drama de ação sóbrio, envolvente, com ritmo ágil que nos prende até o fim, tentando preencher as lacunas da trama.

Diretor: Olivier Marchal
Roteiro: Olivier Marchal, Edgar Marie, baseado na obra de Edmond Vidal
Musica: Erwann Kermovant
Fotografia: Denis Rouden
Elenco: Gérard Lanvin, Tchéky Karyo, Daniel Duval, Dimitri Storoge, Patrick Catalifo, Valeria Cavalli, Estelle Skornik, Olivier Chantreau, Stéphane Caillard
Distribuidora: California

O Grande Milagre

Big Miracle
(2012) 106 min (Livre)

EUA - O repórter Adam Carlson mal pode esperar sua chance de sair da pequena cidade do norte do Alasca para um mercado maior. Enquanto esse dia não chega, Adam se entrosa com os habitantes de Barrow, especialmente com Nathan, o esperto nativo inupiat de 11 anos, que convence o jornalista a registrar os malabarismos de um colega ao trenó. A contragosto, Adam atende o pedido do menino e, enquanto está observando o visor da filmadora, vê um esguicho de água se elevar da superfície gelada. O fenômeno se repete e o repórter descobre que uma família de baleias cinzentas da Califórnia ficou isolada do oceano pelo gelo. A intervalos regulares, elas sobem à superfície para respirar através de um buraco que ainda se mantém aberto. Mas, se a temperatura continuar caindo, o orifício se fechará e os enormes mamíferos morrerão sufocados.

Numa tentativa de salvá-los, Adam convoca Rachel Kramer, uma ativista do Greenpeace que foi sua namorada. A eles se juntam os caçadores de baleia inupiats, um magnata do petróleo, uma representante do gabinete do presidente dos Estados Unidos, a Guarda Nacional, um navio quebra-gelo soviético e toda população de Barrow. Diversos correspondentes internacionais voam para o Alaska e transmitem para o mundo inteiro os esforços da esquipe de resgate. De olhos na TV, todos torcem para que a família de baleias alcance o mar aberto e comece, enfim, sua migração anual de 9260 quilômetros.

Um filminho simpático, baseado na "Operation Breakthrough": o esforço internacional para libertar as baleias presas no gelo do Círculo Ártico, descobertas pelo caçador nativo Roy Ahmaogak em 7 de outubro de 1988. Será que fui uma das poucas pessoas desligadas que nunca ouviu falar da emocionante história de salvamento que uniu adversários dos dois lados da Guerra Fria? Nos créditos finais são mostradas imagens dos reais personagens desta aventura.

Curiosidade:
* Entre as filmagens de arquivo dos créditos finais aparece um clipe com uma jornalista esportiva. Trata-se de Sarah Palin - na época Sarah Heath - que depois se tornou Governadora do Alasca e candidata a vice-presidente dos EUA pelo Partido Republicano.

Diretor: Ken Kwapis
Roteiro: Jack Amiel & Michael Begler, baseado no livro de Thomas Rose "Freeing the Whales"
Musica: Cliff Eidelmann
Fotografia: John Bailey (Onde o Amor Está, Ramona e Beezus, Melhor é Impossível)
Elenco: Drew Barrymore, John Krasinski, Ahmaogak Sweeney, John Pingayak, Kristen Bell, Ted Danson, Kathy Baker, Dermot Mulroney, Stephen Root
Distribuidora: Universal

Protegendo o Inimigo

Safe House *
(2012) 115 min (14 anos)

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Africa do Sul - Matt Weston esmurra um saco de areia. Mais do que treinar, ele precisa descontar a frustração de estar 12 meses esperando alguma ação, numa casa vazia da Cidade do Cabo. O jovem agente da CIA esconde da namorada Ana Moreau a natureza de sua verdadeira ocupação. Quando pensava obter uma transferência, Matt recebe o primeiro "hóspede" no abrigo onde trabalha como "zelador". Tobin Frost, renegado ex-agente da CIA, entregou-se no Consulado Americano da Cidade do Cabo e foi transferido para a casa guardada por Matt Weston. Quando a equipe de agentes começa o interrogatório, o abrigo é atacado por mercenários. Tobin e Matt escapam com vida e precisam esconder-se até descobrir quem é o inimigo.

Um filme de ação eficiente, recheado de perseguições e lutas muito bem coreografadas. Denzel Washington e Ryan Reynolds, que interpretam os dois protagonistas, estão em grande forma. Ótima diversão para aumentar a adrenalina e deixar o coração acelerado e a mente alerta. 

Diretor: Daniel Espinosa
Roteiro: David Guggenheim
Musica: Ramin Djawadi
Fotografia: Oliver Wood
Elenco: Denzel Washington, Ryan Reynolds, Brendan Gleason, Sam Shepard, Vera Farmiga, Nora Arnezeder, Rubén Blades, Liam Cunningham, Robert Patrick, Fares Fares
Distribuidora: Universal

Curiosidade:
* Originalmente, Protegendo o Inimigo se passaria nas favelas do Rio de Janeiro, mas a produção decidiu não filmar aqui por questões de segurança. (imdb)

Call the Midwife

Chamem a Parteira * * *
(2012) 355 min (12 anos) série da BBC

Inglaterra, 1957 - Aos 22 anos, Jenny Lee apresenta-se em Nonnatus House para integrar o grupo de enfermeiras que atende uma das áreas mais pobres de Londres. A princípio surpresa ao constatar que se trata de uma instituição religiosa, logo Jenny se acostuma aos hábitos e vozes afinadas entoando os ofícios na capela. As freiras anglicanas são experientes parteiras e profissionais de saúde.

Religiosas e enfermeiras revezam-se, atendendo chamados e fazendo o acompanhamento de rotina das grávidas. De bicicleta, em seus uniformes azuis, atravessam o bairro, realizando partos e visitando pacientes em casa. Os médicos são chamados apenas nas emergências.  As eficientes mulheres de Nonnatus House são testemunhas próximas das alegrias e dores da comunidade de Poplar, no East End de Londres. A última enfermeira a juntar-se ao grupo é a corpulenta Camilla Browne, ou Chummy, como gosta de ser chamada. Alta, estouvada e simpática, ela rouba o coração do policial Peter Noakes. Jenny Lee prefere dedicar-se integralmente aos pacientes e o que se passa em seu coração permanece um mistério.

A série da BBC reúne ingredientes poderosos: montes de emoção, drama, humor, casting perfeito, elenco magnífico, bela fotografia, primorosa direção de arte. De acordo com a análise do Telegraph, "a roteirista Heidi Thomas conseguiu injetar charme no realismo". Prestei alguma atenção à trilha sonora, mas foi difícil, tal meu envolvimento com os fatos vividos dentro e fora de Nonnatus House. Há um pouco de Doris Day e The Four Aces, como lembra a mencionada crítica do Telegraph.

Call the Midwife é uma adaptação das memórias de Jennifer (Lee) Worth (1935-2011), enfermeira britânica que posteriormente tornou-se professora de música. Seus livros (Call the Midwife, Shadows of the Workhouse, Farewell to the East End, In the Midst of Life) venderam  mais de um milhão de cópias no Reino Unido. A série da BBC alcançou enormes índices de audiência e as filmagens da próxima temporada começarão no segundo semestre de 2012. Como não existe o DVD no Brasil, nem deveria aparecer no By Star, mas a ansiedade em partilhar essa novidade foi grande. E, desde que outras séries inglesas (Downtown Abbey e Cranford) já foram lançadas por aqui, há grandes chances de que Call the Midwife também seja. Só me precipitei um pouquinho...

Trixie, Chummy, Jenny, Cynthia

Curiosidades:
* Muito antes que as memórias de Jennifer Worth fossem filmadas, a autora viu Miranda Hart e achou que ela seria perfeita para viver a desajeitada Chummy Browne. Miranda concordou em interpretar o papel se a história algum dia chegasse às telas.
* Na verdade, Jenny trabalhou no convento anglicano das Sisters of St John the Divine.
* Lydia e Eleanor, netas de Jennifer Worth, foram extras em um dos episódios. Eleanor pretende tornar-se parteira como a avó. (The Sun)

Diretores: Philippa Lowthorpe e Jamie Payne
Roteiro: Heidi Thomas
Musica: Peter Salem
Fotografia: Chris Seager
Elenco: Jessica Raine, Miranda Hart, Jenny Agutter, Pam Ferris, Helen George, Laura Main, Judy Parfitt, Bryony Hannah, Ben Caplan, Cliff Parisi, George Rainsford, Vanessa Redgrave (voz de Jenny já idosa, como narradora)