Lista de sugestões de filmes interessantes. Cada postagem traz foto, breve sinopse, censura, diretor, distribuidora, elenco, responsáveis pelo roteiro, musica e fotografia. Com o eterno deslumbramento de fã apaixonada, By Star Filmes acredita que o cinema emociona, ensina e é a melhor diversão.

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Tudo por Você

My One and Only *
(2009) 108 min (14 anos)



EUA, 1953 - Ainda há mulheres que pensam que a vida não tem sentido se não estiverem com um homem a seu lado. Esse era o caso da bela Ann Devereaux. Casada com Dan, líder de uma banda e compositor da canção de sucesso que dá nome ao título do filme em inglês, a loura e elegante sra. Devereaux descobre que o esposo tem outras distrações. Numa saída cinematográfica, ela esvazia o cofre do banco e parte de Nova Iorque com os dois filhos adolescentes, num vistoso Cadillac Coupe de Ville conversível azul. Sua meta: dar uma lição no marido e encontrar um outro parceiro bem colocado na sociedade.

De NY para Boston, Pittsburgh e St. Louis, Ann sai em busca dos ex-namorados. Mas os tempos são outros; apesar da bela aparência, a ultrajada esposa já entrou nos quarenta e carrega 2 rapazes a tiracolo, George e o meio-irmão Robbie. Com o orçamento minguado, as perspectivas diminuindo, a esforçada Ann tenta ser uma boa mãe e manter a família unida.

Pessoas que usam e abusam de ditados costumam ser divertidas. As máximas de Ann e seu bom-humor incansável tornam a personagem de Renée Zellwegger encantadora. Não para o caçula George, que está cansado desse otimismo incurável que lhe parece completamente infundado. O adolescente quer voltar a morar em Nova Iorque com o pai. Será que é isso o que Dan quer?

Pais egocêntricos, que não entendem os filhos e que não os conhecem, infelizmente são uma realidade comum. Contudo é inútil culparmos pais, filhos ou amigos por nos amarem à sua própria maneira e não do jeito que preferiríamos. Manda a sabedoria que gostemos sem cobranças, aceitando o que as pessoas queridas podem nos dar. George faz esse aprendizado, enquanto Ann se esforça por conhecer melhor o filho caçula.

A história baseia-se vagamente nas memórias de um artista muito conhecido em décadas passadas. Em 2009, o bem-humorado GH foi homenageado com uma estrela da fama no Hollywood Walk Of Fame, em Hollywood Blvd, California. Nessa página, o ator conversa sobre o filme. "Tudo por Você" é envolvente, agradável, e caiu nas graças até do exigente crítico americano Roger Ebert.



Diretor:
Richard Loncraine
Roteiro: Charlie Peters
Música: Mark Isham
Fotografia: Marco Pontecorvo
Elenco: Renée Zellwegger, Kevin Bacon, Chris Noth, Logan Lerman, Eric McCormack, Mark Rendall, Nick Stahl, Steven Weber, David Koechner, Phoebe Strole, Joe Tunney
Distribuidora: California Filmes

Metal

Metal: a Headbanger’s Journey * * *
(2005) 98 min (14 anos)


Com o braço apertado num manguito, imobilizado a cada 10 minutos, controlando o que como e faço durante 24 horas, estava pronta para assistir, compreender e adorar essa jornada pelo mundo metaleiro. A irritação provocada pelo MAPA para verificação de hipertensão arterial realçou a experiência inesquecível do primeiro contato com letras e músicas desse estilo extremo. Já conhecia alguns artistas de fotos e videoclips. O ruído não me seduzira, sou da fase dos sons melodiosos, e o separei no rol das esquisitices.

Mas, depois de assistir ao documentário canadense, algo mudou. Já compreendo as origens, influências e símbolos desta expressão musical rebelde, além de conhecer o sexagenário (em 4 de fevereiro) Alice Cooper, Bruce Dickinson, Dee Snider, Black Sabbath, Iron Maiden e Sam Dunn. Sam Dunn é o antropólogo-metaleiro canadense que dirige o documentário! Se você estiver entediado, ansioso e, sobretudo, enraivecido, jogue-se no Heavy Metal, cante com voz gutural, salte e faça caretas. Não há estresse que resista.

Só não escolha músicas da banda Metallica, afinal de contas eles detonaram o Napster. E há também uns noruegueses meio esquisitos – confundiram as coisas e queimaram umas igrejas. Estão na cadeia. Afinal, como disse o músico Tom Araya (com ligeiros cortes): “O mal está em todos os lugares. Está em todos nós. Algumas pessoas não conseguem controlar tanto quanto outras. Independente da religião em que você acredita, ou o que você acha certo, todos sabem o que é errado. Todos sabem que há coisas que você não faz e as pessoas que não entendem isso ou não acreditam nisso, não estão realmente ligadas com elas mesmas espiritualmente.”

Curiosidades:
* Na Noruega, a prisão perpétua equivale a uma sentença de 21 anos.

* Varg Vikernes saiu da prisão em 13 de maio de 2009. Ele ficou preso aproximadamente 16 anos.


Sam Dunn e Scot McFadyen

Diretor: Sam Dunn, Scot McFadyen, Jessica Joy Wise
Roteiro: Sam Dunn, Scot McFadyen, Jessica Joy Wise
Fotografia: Brendan Steacy
Montagem: Mike Munn
Distribuidora: Europa Filmes

"Desde os 12 anos de idade, eu tive que defender meu amor pelo "heavy metal" contra os que dizem que é uma forma menos válida de música. Minha resposta agora é que ou você sente, ou não. Se o metal não te dá aquela sensação esmagadora de poder que eriça os pelos da nuca, você pode nunca chegar lá, e quer saber de uma coisa? Tudo bem, porque, a julgar pelos 40.000 metaleiros a minha volta, nós estamos indo muito bem sem você." (Sam Dunn)

*** excelente
** ótimo
* bom

Sem Asterisco - interessante

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Toninho Muricy - Técnico de Som Direto

O cinema nacional já não precisa de legenda. Até alguns anos atrás ficava difícil compreender o que diziam os atores nos filmes brasileiros. A solução era habilitar a legenda, como faria qualquer estrangeiro. Não mais! Atualmente, graças ao trabalho de técnicos de som como Toninho Muricy e aos novos equipamentos no mercado, a qualidade do som é excelente. Numa entrevista aos 'produtores.com.br', Toninho explica a importância do trabalho de captação de som direto.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

O Julgamento de Paris

Bottle Shock *
(2008) 108 min (14 anos)



'Vinho é a luz do sol retida pela água' (Galileu Galilei)

EUA, 1976 - Steven Spurrier tem uma adega no centro de Paris, a 'Cave de la Madeleine'. O proprietário inglês se auto-denomina fundador da Academia de Vinhos, mas nas prateleiras de sua loja não há diversidade, a procedência da bebida é predominantemente francesa, além de 1 Riesling e 3 Chianti. Para divulgar a Cave de la Madeleine, Steven tem a idéia de aproveitar o bicentenário da Independência dos EUA. A idéia é reunir juízes franceses e fazer uma degustação às cegas entre os vinhos californianos e franceses.

O inglês viaja para Napa Valley em busca de competidores de qualidade. Steven quer ser levado a sério e faz questão de pagar a prova de vinho em cada vinícola. Todos os produtores estão animados querendo participar, menos Jim Barrett, do Chateau Montelena. Jim pensa que essa é apenas uma jogada para humilhar os produtores do Novo Mundo. Seu filho Bo, um surfista que não parece levar nada a sério, acredita na oportunidade de divulgação e entrega duas garrafas de chardonnay Chateau Montelena para o julgamento em Paris. O resultado já é história, mas vale a pena conhecer essa dramatização bem-humorada dos fatos.

Curiosidades:
* As cenas parisienses foram filmadas em Sonoma (California), com automóveis emprestados pelo Arcane Auto Society car club. Os proprietários foram usados como extras nas cenas de rua que mostraram os carros.

* O verdadeiro Jim Barrett, dono do Chateau Montelena, aparece no filme como o proprietário do vinhedo que serve uma amostra de vinho para Steven Spurrier.


Os verdadeiros Jim Barrett e Bo

* Mike Grgich, o verdadeiro enólogo do Chateau Montelena, começou a trabalhar na propriedade em 1972. Ele aparece em várias cenas na propriedade, quando Jim Barrett tira amostras de vinho dos barris. Atualmente Mike possui sua própria vinícola, a Grgich Hills Estates, onde produz um vinho orgânico, livre de pesticidas ou fertilizantes artificiais.


Miljenko "Mike" Grgich

Diretor:
Randall Miller
Roteiro: Jody Savin & Randall Miller e Ross Schwartz
Música: Mark Adler
Fotografia: Michael J. Ozier
Elenco: Chris pine, Bill Pullman, Alan Rickman, Dennis Farina
Distribuidora: California

The Beatles Explosão

The Beatles Explosion
(2007) 102 min



Documentário inédito sobre a explosão da carreira dos rapazes de Liverpool na década de 60. Contém muitas entrevistas e coletivas de imprensa, noticiário e apresentações na TV, uma visão dos bastidores da filmagem de A Hard Day's Night, a primeira viagem dos Beatles aos EUA e a performance do grupo numa peça de Shakespeare na televisão inglesa.

A gritaria das fãs é a trilha sonora mais constante deste documentário, e até cansa um pouco, assim como a obsessão dos jornalistas com a origem do corte de cabelo dos quatro Beatles. Se no começo do filme John, Paul, Ringo e George estão soltos, alegres, sinceros, nos minutos finais parecem quase entediados. Compreensível, dada a repetição das perguntas nas entrevistas. Para os fãs vale a pena, para os outros, uma curiosidade.

Diretora: Sandy Oliveri
Distribuidora: Focus


*** excelente
** ótimo
* bom

Sem Asterisco - interessante

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Meu Malvado Favorito

Despicable Me *
(2010) 95 min (Livre)

EUA - Em uma tranquila vizinhança de subúrbio, entre lindas casinhas com jardim e cercas brancas, existe uma casa escura e um jardim morto. Este é o esconderijo de Gru, um solteirão malvado que planeja dominar o mundo com seu exército de mínions. Armado com um arsenal de raios congelantes, veículos prontos para batalha na terra e no ar, Gru quer ser o vilão mais temido, derrotando quem lhe atravesse o caminho. Eis que três garotinhas órfãs batem-lhe à porta e gradualmente mudam sua vida. Margô, Edith e Agnes vêem no poderoso Gru um pai em potencial. (adaptado da capa do DVD)

Da noite para o dia, Gru deixa de ser o centro das atenções, quando a mídia começa a especular sobre a identidade do ladrão de uma das pirâmides do Egito. Ele não se conforma com um posto secundário e planeja voltar à cena roubando a lua. Para conseguir o equipamento necessário, Gru tenta um empréstimo no banco. Há poucos vilões mais empedernidos do que os agiotas. Pelo menos no cinema e na literatura, o destino dos ambiciosos é desastroso e faz bom negócio quem troca poder por amor. A companhia das meninas, a admiração e o afetuoso olhar da pequena Agnes vão aquecendo o coração do malvado egoísta. O sentimento de ser amado é um poderoso transformador de almas.

A história de 'Meu Malvado Favorito' é engraçada, Steve Carrell como Gru está excelente e as órfãs são adoráveis, especialmente Agnes, a menina que gostava de unicórnios. Foi uma surpresa agradável reconhecer a voz de Julie Andrews como a mãe do vilão. Faça-se um favor e assista o filme na versão original; esqueça a dublagem em português!



Diretor:
Chris Renaud, Pierre Coffin
Roteiro: Ken Daurio, Cinco Paul, baseado na história de Sergio Pablos
Música: Heitor Pereira, Pharrell Williams
Vozes: Steve Carrell, Russell Brand, Julie Andrews, Kristen Wiig, Miranda Cosgrove, Dana Gaier, Elsie Fisher, Will Arnett, Danny McBride, Jemaine Clement, Jack McBrayer, Mindy Kaling, Ken Jeong
Distribuidora: Universal

*** excelente
** ótimo
* bom

Sem Asterisco - interessante

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

A Origem

Inception * *
(2010) 147 min (14 anos)



Dom Cobb é o melhor especialista na arte de roubar segredos no subconsciente de pessoas adormecidas. Cobb e sua equipe usam todos os artifícios para criarem um ambiente onírico crível que lhes permita extrair as informações desejadas por clientes corporativos. No mundo real, Dom é esperado por James e Philippa, os filhos que ele não pode abraçar porque está impedido de entrar nos EUA. Surge uma oportunidade de realizar esse desejo quando o empresário Saito pede que ele implante uma idéia na mente de Robert Fischer Jr., herdeiro de uma empresa rival. Para ajudá-lo nesta missão, Cobb recruta e treina Ariadne, uma brilhante arquiteta. Ambos criam o cenário dos sonhos, influenciam suas trajetórias e níveis. Sonho dentro do sonho? Realidade ou imaginação?

"Oh meu Deus, que filme complicado! Mas o que foi que aconteceu mesmo, você entendeu? Acho que vou ter que assistir de novo!" Aflita por não compreender imediatamente, exclamava e perguntava, exatamente como detesto que os outros façam durante a sessão. Me sentia no mais difícil dos labirintos que a arquiteta dos sonhos Ariadne desenhou quando foi desafiada por Dom Cobb. Os ambientes são magníficos, desde a primeira cena na praia quando o espião é envolvido pelas ondas até ser capturado. Ali já é possivel perceber que se está no umbral de um mundo magnífico. Para quem gosta de entender tudinho, uma boa opção é consultar a sinopse do imdb, depois de assistir o filme é claro, pois o resumo está cheio de spoilers. Confesso que não tive paciência.

As gravações de "A Origem" ocorreram nos EUA, Inglaterra, Japão, Canada, França e Marrocos.

Diretor: Christopher Nolan
Roteiro: Christopher Nolan
Música: Hans Zimmer
Fotografia: Wally Pfister
Elenco: Leonardo DiCaprio, Joseph Gordon-Levitt, Ellen Page, Marion Cotillard, Michael Caine, Tom Hardy, Ken Watanabe, Tom Berenger, Cillian Murphy, Dileep Rao, Lukas Haas, Pete Postlewaite
Distribuidora: Warner Brothers Pictures

3 Homens e uma Noite Fria

Kolme viisasta miestä
Three Wise Man
(2008) 98 min (16 anos)



Finlandia - São comuns nos filmes escandinavos personagens sérios, frios, contidos, de poucas palavras e grandes sofrimentos trancados no peito. Em tudo semelhantes aos três homens de meia idade, amigos de longa data, que se reencontram acidentalmente na noite de Natal. O volúvel Erkki é fotógrafo e sofre de uma doença grave, o ator Rauno partiu para a França e demorou a perceber que sentia falta da família, o policial Matti tem problemas com a esposa grávida. Ela deu à luz o bebê no dia de Natal, mas parece que Matti não é o pai da menina.

Num karaoke-bar Erkki, Rauno e Matti bebem todas, cantam as mágoas e vão da reserva à sinceridade em alguns goles. O filme é interessante, diferente, mas exige tolerância nos momentos em que os amigos pegam o microfone e soltam a voz. Não é para qualquer um. Meu marido, um homem de meia idade exigente, apreciou bastante. Já os filhos, que estavam por perto na hora da cantoria, entraram no quarto perguntando horrorizados: "O que é isso?" Todos apreciam música, mas não as populares finlandesas, eu acho. Para falar a verdade, gostei mesmo dos últimos minutos, pois adoro Natal, o amanhecer e abraços de reconciliação.

Curiosidades:

* O diretor Mika Kaurismäki estudou cinema na Alemanha e mora no Brasil desde 1992. A gravação de "3 Homens e uma Noite Fria" foi feita em Helsinki, durou menos de 1 semana e os atores principais colaboraram com improvisações.


Mika Kaurismäki

Diretor: Mika Kaurismäki
Roteiro: Mika Kaurismäki
Fotografia: Rauno Ronkainen
Elenco: Pertti Sveholm, Kari Heiskanen, Timo Torikka, Irina Björklund, Tommi Eronen, Elena Spirina, Riitta Haivukanen, Pirkko Hämäläinen, Aake Kalliala, Peter Franzén
Distribuidora: Imovision

domingo, 12 de dezembro de 2010

O Pequeno Nicolau

Le Petit Nicolas * * *
(2009) 91 min (Livre)



França - Nicolau é feliz. Tem pais gentis, bons amigos na escola, uma professora amável. O menino se sente tão bem com sua vida que não consegue imaginar coisa melhor no futuro. Fica difícil responder à pergunta da professora: 'O que você deseja ser quando crescer?' Mas o inesperado acontece e ameaça esse mundo perfeito. Nicolau surpreende uns olhares, ouve uma conversa entre os pais, imagina que a mãe está grávida e que será abandonado na floresta como o Pequeno Polegar. Solidários, os amigos da turma se mobilizam para ajudá-lo a se livrar do indesejável bebê.


Em 1975 ganhamos de presente o primeiro volume das aventuras do Pequeno Nicolau, editora Artenova, tradução de Marcelo Corção. Me encantei com a capa e as engraçadas ilustrações de Jean-Jacques Sempé para o texto de René Goscinny, mas estava no penúltimo ano da faculdade, com uma filha de 2 anos, esperando o segundo. Na hora de contar histórias dava preferência aos livros que podiam ser lidos inteiros de uma vez e o 'Pequeno Nicolau' foi ficando na estante. Ano passado foi convertido nessa comédia inocente ambientada nas décadas de 50/60. A música é deliciosa, ótimo o roteiro e o elenco impecável. O diretor quis uma interpretação natural e escolheu crianças sem experiência de palco. Foram mais de 900 testes até chegar ao engraçado grupo selecionado. 'O Pequeno Nicolau' agradou toda a família, incluindo minha caçula, a única que já tinha lido o livro.

O filme foi todo gravado em Paris.


Desenho de Sempé


Diretor: Laurent Tirard
Roteiro: Laurent Tirard & Grégoire Vigneron, Alain Chabat, baseado nos personagens de René Goscinny & Jean-Jacques Sempé
Música: Klaus Badelt
Fotografia: Denis Rouden
Elenco: Maxime Godart, Valérie Lemercier, Kad Merad, Sandrine Kiberlain, François-Xavier Demaison, Michel Duchaussoy, Daniel Prévost, Michel Galabru, Vincent Claude, Charles Vaillant, Victor Carles, Benjamin Averty, Damien Ferdel, Virgile Tirard, Elisa Heusch, Germain Petit Damico, Louise Bourgoin, Nathalie Cerda
Distribuidora: Imovision

sábado, 11 de dezembro de 2010

Diário de um Banana

Diary of a Wimpy Kid *
(2010) 92 min (10 anos)



EUA - Ninguém merece ter um irmão mais velho tão detestável quanto Rodrick Heffley! Mas Gregg não tem como evitá-lo, assim como também precisa enfrentar a assustadora experiência de entrar para o ginásio e ser popular. Não ser alto, bonito e 'descolado' pode levar ao ostracismo. E então ninguém quer sentar ao seu lado na cantina do colégio. No filme 'O Diário de um Banana', a "praga do queijo mofado" simboliza essa atitude de transformar alunos desajeitados em excluídos sociais.

Nas sucessivas tentativas de impressionar os colegas e se sair bem no álbum da escola, nada acontece como Gregg planeja e ele vai se afundando cada vez mais. Enquanto isso, Rowley Jefferson, seu melhor amigo, é um guri autêntico que valoriza os relacionamentos, ainda gosta de brincar como criança e não se envergonha disso. Quem tem mais chance de sucesso?

"Diário de um Banana" flui bem e conta com ótimo elenco. A história é centrada nas crianças e os pais pertencem a um mundo paralelo, com raras intercessões na trajetória dos jovens, a maioria equivocada. Quantas vezes, com a melhor das intenções, os pais metem os pés pelas mãos na educação dos filhos! Os Heffley parece que nem desconfiam de estarem criando um adolescente sádico e um garoto manipulador. Os pais de Rowley Jefferson enxergam um pouco melhor. Felizmente, existem crises de consciência e novas chances! Quem nunca se sentiu fraco e vulnerável atire a primeira pedra.

Robert Capron como Rowley Jefferson

Curiosidade:
* A mãe de Rowley Jefferson é interpretada por Kaye Capron, a mãe verdadeira de Robert Capron. Os dois dançam juntos numa ótima cena.



Diretor: Thor Freudenthal
Roteiro: Jackie Filgo & Jeff Filgo e Gabe Sachs & Jeff Judah, baseado na obra de Jeff Kinney: "Diary of a Wimpy Kid"
Música: Theodore Shapiro
Fotografia: Jack Green
Elenco: Zachary Gordon, Robert Capron, Rachael Harris, Steve Zahn, Devon Bostick, Chloë Grace MoretzKaran Brar, Alex Ferris, Grayson Russell, Laine MacNeil, Andrew McNee, Belita Moreno, Kaye Capron
Distribuidora: Fox Video Brasil

sábado, 4 de dezembro de 2010

Os Fantasmas Contra-Atacam

Scrooged *
(1988) 101 min (Livre)



'Não havia memória de ninguém ter parado alguma vez na rua para lhe dizer carinhosamente: "Meu caro Scrooge, como vai você? Quando vem me visitar?" Nunca um mendigo lhe estendeu a mão pedindo uma esmola; nunca uma criança lhe perguntou que horas eram; nunca uma mulher ou homem se acercou dele para indagar um caminho. Até pareciam conhecê-lo os próprios cães dos ceguinhos; e quando ele se aproximava, puxavam o dono para o vão de uma porta e deixavam a passagem livre, abanando ao mesmo tempo a cauda, como se dissessem: "Antes ser cego do que ter o mau olhar desse homem!" Que importava isso a Scrooge? O que lhe convinha e satisfazia era passar ao lado das multidões evitando-as, deixando as simpatias a respeitável distância.' ('Um Conto de Natal' de Charles Dickens)

EUA - Um Ebenezer Scrooge moderno, Frank Cross é um tirano cínico no mundo das comunicações. Tornou-se o mais jovem chefe de uma companhia de televisão mas não se relaciona com ninguém, não tem amigos, apenas interesses e ambição. Na véspera do Natal, Frank recebe a visita de três espectros divertidos que tentarão fazê-lo reavaliar sua maneira de ser. A fadinha bruta é meu fantasma favorito. Desde então, nas poucas vezes em que reconheci a atriz Carol Kane em algum papel no cinema, não podia deixar de rir, lembrando das lições que aplicou no atormentado executivo.

'Os Fantasmas Contra-Atacam' é mais uma das inúmeras versões do conto de Dickens: "A Christmas Carol". A mensagem otimista combina com esse período natalino. Por piores que sejam nossos erros, sempre é possível recomeçar e ser feliz, quando se abre o coração para o próximo e se decide viver com Amor. Adoro! Mas aguardo ainda uma refilmagem moderna que divirta, toque o coração e se grave na mente para sempre, que se torne um clássico como a obra de Charles Dickens. Será pedir demais?

Curiosidades:

* Os irmãos de Bill Murray (Brian, John e Joel) fazem pontas no filme, assim como Lee Majors, Miles Davis, Robert Goulet e a ginasta olímpica Mary Lou Retton.



Diretor:
Richard Donner
Roteiro: Mitch Glazer, & Michael O'Donoghue, baseado em "Um Conto de Natal" de Charles Dickens
Música: Danny Elfman
Fotografia: Michael Chapman
Elenco: Bill Murray, Karen Allen, Alfre Woodard, David Johansen, Carol Kane, Bobcat Goldthwait, Robert Mitchum, John Forsythe, John Glover
Distribuidora: Paramount

Shirley Valentine

Shirley Valentine *
(1989) 104 min (14 anos)



Inglaterra, Liverpool - Shirley Valentine tornou-se uma aluna rebelde depois de ser menosprezada pela diretora da escola. Engraçada, irreverente, despertava admiração nas colegas de turma. Apaixonada por Joe Bradshaw, casou-se e virou uma dona-de-casa exemplar, totalmente dedicada aos cuidados da família. O tempo passou, o relacionamento com o marido estagnou, os filhos seguiram seu rumo e Shirley se viu falando com as paredes, mais especificamente a da cozinha. Para quem mais se queixar se a vida se resume a fazer bife às quintas-feiras e ovos com batatas-fritas às terças? Depois de um desentendimento com Joe, Shirley aceita o convite da amiga Jane para passar duas semanas na Grécia e deixa lar e marido para trás. Quem sabe ela conseguirá realizar o sonho de assistir o por-do-sol na praia, tomando um cálice de vinho branco?

Shirley Valentine-Bradshaw vive a versão feminina do dilema de 'Shrek Para Sempre'. Sente saudades de si mesma, anseia conhecer o mundo, expandir-se além das quatro paredes do lar. Mas esse não é o sonho de Joe, nem de alguns turistas que ela encontra em Mykonos. Parece que esses viajantes ligam o espírito crítico para avaliar, comparar, julgar e condenar o que desconhecem. Deixam de aprender sobre outras culturas e de aproveitar as belezas que existem em todos os recantos desse vasto mundo.

Durante as férias longe de casa, Shirley se reencontra, aprende a viver com mais prazer e sentido. Na Inglaterra, Joe também realiza uma viagem interior, em busca dos verdadeiros sentimentos por sua mulher. Essa é uma comédia divertida, que alerta sobre os perigos de se deixar a rotina dominar a vida e, sobretudo, o risco de se permitir que a má vontade envenene um relacionamento. Revendo agora, achei o ritmo um pouco mais lento do que eu me lembrava. A comédia nota 10 na década de 90, para mim virou 8,5 em 2010. Mas minha filha adolescente assistiu até o fim.

Curiosidades:
* O filme foi rodado na ilha de Mykonos e Londres. A cena em que a limosine passa por uma poça e ensopa Shirley foi gravada em Bloomsbury Street, em frente ao Marlborough Hotel.

* A atriz Pauline Collins também interpretou Shirley no palco, sendo premiada com o Tony, Lawrence Olivier e Drama Desk. Ganhou o BAFTA de Melhor Atriz pelo papel no filme.



Diretor: Lewis Gilbert
Roteiro: Willy Russell
Música: Willy Russell
Fotografia: Alan Hume
Elenco: Pauline Collins, Tom Conti, Alison Steadman, Bernard Hill, Julia McKenzie, Tracie Bennett, Joanna Lumley, Sylvia Sims, George Costigan, Anna Keaveney, Gillian Kearney (Shirley jovem)
Distribuidora: Paramount

Shrek Para Sempre

Shrek Forever After * *
(2010) 93 min (Livre)



Shrek realizou todos os seus sonhos. Por que não se sente feliz? O ogro casou-se com Fiona, o amor da sua vida, tem 3 filhos que o adoram, muitos amigos, mora num espaçoso tronco próprio no meio da floresta, mas ainda assim os dias parecem todos iguais e ele está insatisfeito. Shrek vive uma crise de meia idade e sente falta de uma época em que era temido, um ogro de verdade, quando se divertia o tempo inteiro, fazendo o que queria sem se importar com os outros.

Serão nossas lembranças sempre acuradas? Cuidado com o que você sonha, pois seus desejos podem se realizar, sobretudo se quem te ajuda chama-se Rumpelstiltskin! Aliado das bruxas e fiel apenas às próprias ambições, o mágico realizador de desejos faz um pacto com Shrek: viver um dia como um ogro de verdade em troca de um dia do qual nem se lembra. Shrek assina o contrato e terá que lidar com as consequências.



É comum as continuações de campeões de bilheteria decepcionarem. Não é o caso de 'Shrek Para Sempre', que traz "tiradas de humor formidáveis, especialmente as protagonizadas pelo Burro e pelo Gato de Botas (genialmente dublado por Antonio Banderas), assim como muita ação e temas musicais modernos, perfeitamente escolhidos, incluindo os graciosíssimos bailes provocados pelo feitiço do flautista de Hammelin. (...) é uma aventura simples e heróica, cheia de perigos e humor, e cujo ponto forte é o coração puro do herói, capaz de sacrificar a vida por aqueles que ama." (Decine21) Sabedoria desejável é distinguir onde mora a verdadeira felicidade.


Diretor: Mike Mitchell
Roteiro: Josh Klausner, Darren Lemke
Música: Harry Gregson-Williams
Fotografia: Yong Duk Jhun
Vozes: Mike Myers, Eddie Murphy, Cameron Diaz, Antonio Banderas, Julie Andrews, John Cleese, Walt Dohrn, Craig Robinson, Cody Cameron, Conrad Vernon, Chris Miller, Mike Mitchell, Jon Hamm
Distribuidora: Dreamworks

*** excelente
** ótimo
* bom

Sem Asterisco - interessante

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Quando Me Apaixono

Then She Found Me
(2007) 101 min (12 anos)



EUA, Nova Iorque - A professora April Epner vive cercada de crianças, mas nenhuma é sua. Casada com um colega imaturo, aos 39 anos sabe que tem pouco tempo para realizar o sonho de conceber um filho. A perspectiva de adoção não a atrai, tendo sido ela mesma adotada, pois julgava entrever um olhar mais terno de sua mãe adotiva para o caçula, filho biológico. Certa manhã em que chegava à escola, April descobre que o marido não pretende assumir a responsabilidade de uma família, já que abandonou casa e trabalho. A seguir, sua mãe adotiva morre e o emissário de uma suposta mãe biológica entra em contato. Antes que a professora se dê conta, a apresentadora de televisão Bernice Graves invade sua vida com todo o afeto e exuberância de que é capaz.

Mais um filme sobre o desejo e dificuldades da maternidade. Não acrescenta muito nesse aspecto, mas me interessou por ser o filme de estréia de Helen Hunt na direção. Com frequência atores se transformam em competentes diretores. Helen se beneficiará à medida em que tiver mais experiência. Um bônus delicioso é a atuação de Bette Midler, uma atriz versátil e divertida como Bernice Graves, a efusiva entrevistadora que insiste em dourar a realidade.

Além de Bette Midler, o cinema americano é pródigo em comediantes notáveis: Carol Burnett, Madeline Kahn, Lily Tomlin, Goldie Hawn e Diane Keaton. Shirley MacLaine esteve brilhante na comédia-drama 'Flores de Aço' (Steel Magnolias). Nas ilhas britânicas, a rainha do humor sutil chama-se Maggie Smith. Quem lembrar de outros nomes, por favor, complete a lista.

Curiosidade:
* Ahmed Salman Rushdie, o escritor hindu condenado à morte pelo Aiatolá Khomeini, interpreta o dr. Masani, médico que faz a ultrassonografia em April.

* Quando Tim Robbins dirigiu seu primeiro filme, Bob Roberts (1992), Helen Hunt fez uma breve aparição como repórter de TV. Na estréia de Helen na direção, Robbins devolveu a gentileza e aparece rapidamente como um dos entrevistados no show de Bernice Graves.



Diretora: Helen Hunt
Roteiro: Alice Arlen e Victor Levin e Helen Hunt, baseado no romance de Elinor Lipman
Música: David Mansfield
Fotografia: Peter Donahue
Elenco: Helen Hunt, Bette Midler, Colin Firth, Matthew Broderick, Ben Shenkman, Salman Rushdie, Lynn Cohen, Tommy Nelson, David Callegati, Daisy Tahan
Distribuidora: Europa Filmes

Irmãos de Sangue

Leaves of Grass * *
(2008) 104 min (14 anos)


EUA - O filósofo Bill Kincaid ilustra a nova face da racionalidade do pensamento, escreve artigos e livros, dá aulas na Universidade de Brown, em Rhode Island, onde é adorado pelos alunos, sobretudo pelas alunas. Moderado, estudioso, modesto, discreto, procura manter à distância estudantes apaixonadas e a própria família, em tudo seu oposto. Em Little Dixie, o irmão gêmeo Brady Kincaid construiu uma fazenda hidropônica que está produzindo a sétima geração de maconha de alta qualidade. Daisy Kincaid, a mãe dos gêmeos, internou-se voluntariamente num asilo. Ela é a moradora mais jovem e acompanha à distância a carreira do filho famoso. O imponderável age no mundo ordenado de Bill na forma de um telefonema que leva o professor de volta à Oklahoma, ao encontro da família. Ao que tudo indica, Brady foi morto a flechadas.

Não me lembro de ter lido nada sobre "Irmãos de Sangue" e ignorava o nome do diretor-ator. Quando recebo uma pilha de filmes na locadora preciso me agarrar em algo, especialmente se não há tempo para pesquisas no site do imdb. Foram os nomes de Edward Norton e Susan Sarandon que me chamaram a atenção. São artistas exigentes, que não costumam se meter em roubada.

Norton é um de meus atores favoritos e está brilhante como sempre, interpretando Bill e Brady, cada um com seu jeito próprio de falar e se mover. 'Juntos' na tela transmitem aquela sensação de familiaridade e camaradagem até quando não se entendem. O roteiro inteligente mantem constantes o interesse, o humor, e dá um tratamento afetuoso a todos os personagens. Uma jóia rara descoberta quase por acaso. Roger Ebert faz uma análise amigável de 'Leaves of Grass' em seu site. Vale a pena ler, depois de ver o filme.

Curiosidade:
* Tim Blake Nelson escreveu o roteiro tendo Edward Norton em mente para interpretar os papéis dos gêmeos. Não haveria segunda opção se Norton recusasse. Felizmente o ator estava tão interessado em participar do filme que aceitou metade do pagamento que costuma receber.


Diretor Tim Blake Nelson, caracterizado como Bolger, e Edward Norton

Diretor: Tim Blake Nelson
Roteiro: Tim Blake Nelson
Música: Jeff Danna
Fotografia: Roberto Schaefer
Elenco: Edward Norton, Susan Sarandon, Richard Dreyfuss, Keri Russel, Tim Blake Nelson, Melanie Lynskey
Distribuidora: California Filmes

domingo, 28 de novembro de 2010

Salt

Salt *
(2010) 100 min (14 anos)



EUA - Evelyn Salt foi torturada na Coréia do Norte, onde atuava como agente da CIA. Resgatada graças aos insistentes esforços do namorado Mike Krause, um aracnólogo alemão, casa-se com ele e continua a trabalhar no escritório da agência americana. No dia em que o casal comemorava aniversário de casamento, um dissidente russo denuncia Evelyn como agente dupla. Sua missão seria assassinar o presidente russo que virá a Nova Iorque para o funeral do vice-presidente americano. Preocupada com a segurança do marido, Salt parte numa fuga desesperada até o apartamento onde moram. Na sala há restos de um sanduíche meio comido, uma cadeira derrubada, mas Mike não está. Evelyn se arma, coleta uma aranha venenosa, uma valise negra já preparada e pega um ônibus para a cidade de Nova Iorque. Quem é realmente Evelyn Salt?

O australiano Phillip Noyce é um diretor danado de competente e isso transparece em cada cena de 'Salt'. Adoro filmes de ação bem feitos, absurdos ou não, mas a realidade intensa que vivemos nesse instante no Rio de Janeiro, quando as forças da ordem invadem o Complexo do Alemão, me pareceram mais espetaculares que a ficção. Escrevo o blog com os olhos na tela e os ouvidos no canal 40, Globonews. Não dá para desligar. Angelina Jolie se esmerou como Salt; deve ter adorado trabalhar novamente com um profissional do gabarito de Noyce.



Diretor: Phillip Noyce
Roteiro: Kurt Wimmer
Música: James Newton Howard
Fotografia: Robert Elswit
Elenco: Angelina Jolie, Liev Schreiber, Chiwetel Ejiofor, Daniel Olbrychski, August Diehl, Hunt Block, Olek Krupa, Corey Stoll
Distribuidora: Sony Pictures Home

sábado, 27 de novembro de 2010

Destinos Ligados

Mother and Child * *
(2009) 126 min (12 anos)



EUA, Los Angeles - Karen é uma fisioterapeuta irascível e amargurada que engravidou aos 14 e entregou a filha para adoção. Atualmente trabalha com idosos e mora com a mãe. Lidar com crianças é penoso para ela. Passa os momentos livres escrevendo longas cartas para a filha que não chegou a conhecer.

Lucy é casada e possui uma sofisticada padaria. Sente que falta uma criança em sua vida para que a felicidade seja completa, mas não poder ter filhos. A empresária convence o marido a entrar na fila de adoção.

Elizabeth é uma advogada inteligente, bonita, bem sucedida e durona. Não quer depender de ninguém e parece que muda de emprego e moradia quando ligações começam a se formar. No último trabalho envolve-se com o chefe do escritório, um viúvo com filhos criados. Como o destino há de ligar as três mulheres?

Fica logo evidente que Karen é a mãe de Elizabeth, pois o físico e as idades combinam. Pensei imediatamente: mais um desses filmes que mostram um pouco da vida de vários personagens pouco delineados que despertam pequena empatia. Como estava enganada! Eu ainda não conhecia o diretor Rodrigo García...

O diretor-escritor constrói a história de tal maneira que vamos mergulhando nas emoções dessas mulheres tão imperfeitas e humanas, mas sublimes nos seus sentimentos de maternidade. Toda mãe é louca, me dizia um velho amigo; louca de amor por seus filhos, acrescento eu. Nem sempre bem sucedidas, mas geralmente bem-intencionadas.

Annette Benning entrega-se completamente ao papel de Karen e sofre uma completa transformação frente a nossos olhos. Desempenho impressionante, merecedor de um Oscar. Todos os papéis femininos são fortes, bem desenvolvidos e interpretados, inclusive a emotiva religiosa que cuida das adoções. Desta vez os homens foram mero coadjuvantes. Nem todos apreciarão o filme.

"Tem um pouco de Manoel Carlos em Rodrigo García, não dá para negar. E esta afirmação não é jocosa, acreditem, consigo enxergar qualidades no texto do novelista brasileiro. Rodrigo García, que herdou a poesia de seu pai Gabriel García Márquez, consegue tirar de dramas familiares e situações rotineiras a sensibilidade exata para tratar de temas comuns a todo e qualquer ser humano. (...) García sensibiliza sem ser piegas, sem pairar no terreno conformista e óbvio do romantismo sobre a vida e sobre as relações familiares, trazendo para o público um quadro crível e um segundo ponto de vista sobre um tema tratado com maniqueísmo como a adoção." (seleção do texto de Wanderley Teixeira, do blog 'Raining Frogs')


Annette Benning como Karen, foto do New York Times
Diretor: Rodrigo García
Roteiro: Rodrigo García
Música: Edward Shearmor
Fotografia: Xavier Pérez Grobet
Elenco: Annette Benning, Naomi Watts, Kerry Washington, Jimmy Smits, Samuel L. Jackson, S. Epatha Merkerson, Cherry Jones, Elpidia Carrillo, Eileen Ryan, Shareeka Epps
Distribuidora: PlayArte Home Video

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

As Histórias de Jonathan Sperry

The Secrets of Jonathan Sperry
(2008) 90 min (Livre)



EUA - Durante o verão de 1970, Dustin decide cortar a grama dos vizinhos e juntar algum dinheiro. Parte do que recebe é gasto na lanchonete local, onde se reúne com o sensato Albert e o engraçado Mark, seus melhores amigos. O principal cliente de Dustin é Jonathan Sperry, um idoso simpático que sabe conversar com os jovens, além de preparar uma saborosa limonada, bolo de chocolate e outros lanches deliciosos. Sperry propõe desafios que incentivam os três amigos a estudar as Sagradas Escrituras. Ganhando familiaridade com a Bíblia sob a orientação do gentil Jonathan, os meninos se tornam mais confiantes, crescem em virtudes e resolvem alguns problemas que julgavam insolúveis. O maior desses problemas é Nick, um bullie que intimida todas as crianças da comunidade.

'As Histórias de Jonathan Sperry' será ferramenta útil especialmente aos catequistas, que precisam tornar atraente o ensino das Sagradas Escrituras. O filme mostra de maneira quase didática a capacidade transformadora da mensagem de Cristo. Algumas cenas são um pouco lentas, mas isso torna-se um detalhe insignificante diante do valor da mensagem.

Não reconheci o ator Gavin MacLeod que interpreta Jonathan Sperry. Quando mais jovem era o jornalista Murray Slaughter, o melhor amigo de Mary Tyler Moore, minha série favorita na década de 70. O irônico Murray está convincente como o piedoso Jonathan.


Gavin MacLeod (como Murray) é o primeiro homem à esquerda

Diretor: Rich Christiano
Roteiro: Dave Christiano, Rich Christiano
Música: Jasper Randall
Fotografia: Philip Hurn
Elenco: Gavin MacLeod, Jansen Panettieri, Robert Guillaume, Frankie Ryan Manriquez, Allen Isaacson, Taylor Boggan, Mary Jeans McAdams, Bailey Garno
Distribuidora: Graça Filmes

domingo, 21 de novembro de 2010

Os Garotos Estão de Volta

The Boys Are Back
(2009) 104 min (14 anos)



Australia - Joe Warr vive no melhor dos mundos. O inglês é o principal repórter esportivo de um jornal australiano, tem lugar privilegiado em todas as competições e ainda ganha por isso. Ao voltar para casa é recebido por uma esposa gentil, inteligente e bela que cuida de Artie, o filho de seis anos do casal, além de manter o lar acolhedor e limpo.

Mas não há bem que sempre dure. A simpática e jovem Katy tem um câncer agressivo e morre em pouco tempo. Então, a ausência da figura que ama e cuida fere fundo os dois garotos. Para piorar a situação, a casa dos Warr se transforma no pesadelo de qualquer pessoa que preze ordem e limpeza. Além de roupas e pratos sujos espalhados por todo canto, Joe não obriga Artie sequer a escovar os dentes!

Dizem os educadores que crianças precisam de amor, disciplina, estímulo e exigência. Devem estar certos, pois quando um destes ingredientes falta, o resultado não costuma ser bom. Joe é ótimo em amor e estímulo, mas pouco sabe de disciplina e exigência. Na porta da sua geladeira está escrito "Just Say Yes" (Apenas diga Sim). Quando Harry Warr, o filho de 14 anos do seu primeiro casamento, vem da Inglaterra para morar com eles, estranha ainda mais esse ambiente caótico do que o calor sufocante da cidade australiana. De homem obcecado pelos esportes, Joe terá que se virar para compreender os filhos e garantir sua convivência junto a ele.

A indicação de impropriede é um tanto severa ao indicar o filme apenas para os maiores de 14 anos. Será que a zelosa censura teme que os jovens brasileiros sejam contaminados pelo exemplo de desordem e alimentação pouco saudável dos garotos Warr? Aliás, a censura em Singapura é ainda mais severa: 16 anos. Enquanto isso, na Alemanha, "Os Garotos Estão de Volta" é permitido aos maiores de 6 anos! Sabendo como os alemães têm fama de organizados, acho que suas crianças estão imunizadas desde o berço contra a bagunça.

Há um artigo interessante do escritor Simon Carr, publicado no Daily Mail em 27 de junho de 2009, intitulado "I want to die and be with Mummy". Simon é o verdadeiro Joe Warr, pai de Alexander e Hugo. O jornalista é menos bonito que Clive Owen, como se vê no retrato abaixo, mas o que interessa é que escreve muito bem e aprofunda algumas considerações do filme. Acompanha o artigo uma foto simpática de Susie Carr segurando Alexander ainda bebê.


Simon Carr com Hugo e Alexander

Diretor: Scott Hicks
Roteiro: Allan Cubitt, baseado nas memórias de Simon Carr (The Boys Are Back)
Música: Hal Lindes, interpretadas por Sigur Rós
Fotografia: Greig Fraser
Elenco: Clive Owen, Laura Fraser, Emma Booth, George Mackay, Nicholas McAnulty, Julia Blake, Nakia Pires, Chris Haywood, Erik Thomson, Natasha Little
Distribuidora: Califórnia

sábado, 20 de novembro de 2010

O Escritor Fantasma

The Ghost Writer * *
(2010) 128 min (12 anos)



EUA - 'O ex-primeiro ministro britânico Adam Lang prepara a publicação de suas memórias com a ajuda de um ghost writer. Mas o escritor aparece afogado na costa americana, perto de onde Lang tem uma esplêndida mansão. Tudo indica que a morte foi acidental e logo um substituto é contratado para dar forma às lembranças do político.' (Decine21) Mal começa a trabalhar, o novo escritor descobre indícios de que nem tudo é o que parece e começa suas próprias investigações.

Para mim, a grande figura do filme de Roman Polanski fica poucos instantes na tela. É o idoso pálido e enrugado, mas cheio de vida, que mora na praia de Martha's Vineyard e está muito bem interpretado por Eli Wallach. Ele tem presença, calor humano e a sinceridade que falta aos outros personagens, que parecem não ter vida própria, atuando sempre como profissionais e figuras públicas. Se eu fosse o escritor substituto, além do velho do mar, só confiaria no barman e no recepcionista do hotel das barcas. Os outros agem como robôs alienígenas suspeitos, especialmente quando gentis. Ao caracterizar o protagonista como solitário, sem família, o roteiro deixa o espectador preocupado com sua segurança.

Os filmes dos mestres do cinema já se revelam nos primeiros segundos de projeção, seja pela elegância dos créditos iniciais, pela música, ambiente ou enquadramento. Algo captura de imediato a atenção, despertando em mim até certa reverência. Lembro de meu tio Mário louvando as engraçadas e sangrentas "letrinhas" iniciais de 'A Dança dos Vampiros' (Polanski, 1967). Mesmo que o desenrolar do filme não seja tão empolgante, sempre há grandes momentos que se aproveitam. "O Escritor Fantasma" é obra de um mestre do suspense, com todos os ingredientes de belo acabamento e ritmo perfeito. Vida longa para o diretor polonês, que ele se torne um centenário ativo como o querido Manoel de Oliveira!



Diretor:
Roman Polanski
Roteiro: Robert Harris e Roman Polanski, baseado no romance "The Ghost", de Robert Harris
Música: Alexandre Desplat
Fotografia: Pawel Edelman
Elenco: Ewan McGregor, Pierce Brosnan, Kim Catrall, Olivia Williams, Tom Wilkinson, Jon Bernthal, James Belushi, Timothy Hutton, Eli Wallach, Kate Copeland, Glenn Conroy, Robert Pugh, Desirée Erasmus
Distribuidora: Paris Filmes

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

O Bem-Amado

O Bem-Amado *
(2010) 107 min (12 anos)



Na cidade de Sucupira o prefeito é assassinado e as novas eleições contrapõem o pitoresco Odorico Paraguaçu, autor de ditos impagáveis, e o combativo jornalista de esquerda Vladimir. Falastrões, populistas e corruptos, os dois são perfeitos exemplares de políticos ficha suja.

Odorico é simpático com os eleitores, recebe todos pessoalmente no palácio da prefeitura. Não conhece limites ou regras na vida pessoal ou profissional, além das que contribuem para suas conveniências. Sua idéia de boa administração é construir um cemitério para evitar que a viagem final dos sucupirianos seja para a cidade vizinha. Terminada a obra superfaturada - afinal o prefeito precisa se ressarcir dos gastos da campanha eleitoral! - falta um defunto para a inauguração. Ninguém morre na cidade faz tempo. E agora?

Guel Arraes dirige com leveza, ritmo e humor a nova versão da obra de Dias Gomes, gravada em Alagoas, na pequena cidade de Marechal Deodoro (a cerca de 30 km de Maceió). Um grande time de atores cômicos, som e fotografia impecáveis tornam 'O Bem-Amado' uma sátira divertida ao mundo da política. Destaques para a interpretação exuberante de Marco Nanini como Odorico, Matheus Nachtergaele como seu discreto assessor e para Andrea Beltrão e Drica Moraes como as fogosas irmãs Dulcinéia e Judiceia Cajazeira.

Curiosidade:
*Guel Arraes é filho do ex-governador pernambucano Miguel Arraes.



Diretor:
Guel Arraes
Roteiro: Guel Arraes, Cláudio Paiva, baseado em peça de Dias Gomes
Música: Mauro Lima, Caetano Veloso
Fotografia: Dudu Miranda, Paulo Souza
Editor: Caio Cobra
Elenco: Marco Nanini, Matheus Nachtergaele, Andrea Beltrão, Zezé Polessa, Drica Moraes, José Wilker, Tonico Pereira, Caio Blat, Edmilson Barros, Maria Flor, Bruno Garcia
Distribuidora: Disney

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

A Batalha pelo Império

Confucius *
(2010) 125 min (14 anos)



'O código de ética Zhou nos ensina a valorizar a vida humana acima de tudo'

China - Mesmo em tempos de crise, deve-se prosseguir vivendo com arte, ética e benevolência. Sendo suave como a água, é possível vencer a agressão e arbitrariedade. Seja numa tijela, numa bacia onde se lavam as mãos, ou num filete escorrendo até encher a vasilha, são imagens de água as escolhidas pela diretora Hu Mei para abrir essa dramatização sobre a vida de Confúcio. Kong Qiu, Zhong Ni ou Confucius, seu nome latino, nasceu no ano 551 AC, em Tsou, uma pequena cidade no estado de Lu, hoje sul da província de Shantung. 'A Batalha pelo Império' apresenta o período dos 51 aos 73 anos do influente filósofo chinês. De prefeito da cidade de Zhongdu a ministro do reino e mestre difusor de ideais éticos de humanidade e harmonia.

Durante o reinado de Ding, três clãs disputavam o poder em Lu: os Jishi, os Shushi e Mengshi. Um senhor de terras tinha poder de vida e morte sobre seus escravos. Era comum enterrá-los vivos na tumba do mestre, junto aos animais favoritos e outros bens, quando da morte do proprietário. O governante Lu Dinggong escolheu Confucio como Ministro da Justiça para instaurar civilidade e progresso no reino. Em 497 AC, depois de algumas vitórias memoráveis pela engenhosidade e inteligência, o filósofo enfrentou oposição das famílias nobres e partiu para o exílio, viajando pela China. Em 484 AC retornou à terra de seus pais.

As filmagens foram realizadas em Hebei, China. Depois que o projeto foi anunciado houve algumas reações contrárias à escolha de Chow Yun-Fat, visto como um ator de filmes de kung fu. Nascido em Hong-Kong, questionava-se até sua capacidade de falar mandarim sem sotaque. Ele se saiu bem, para ouvidos estrangeiros, é claro, mas foi a direção de fotografia, beleza do vestuário e os ensinamentos de Confúcio e Lao Tse o que mais me impressionou no filme da diretora Hu Mei.


Diretora: Hu Mei
Roteiro: Chan Khan Jiang, Qi Tao He Yan Jiang, Hu Mei
Música: Zhao Ji Ping, Su Cong
Fotografia: Peter Pau
Elenco: Chow Yun-Fat, Zhou Xun, Chen Jianbin, Lu Yi, Chen Rui, Lu Yao, Qiao Zhenyu, Zhang Kaili, Chen Ran
Distribuidora: Flashstar

sábado, 13 de novembro de 2010

Um Anjo em Minha Mesa

An Angel at My Table - Trilogy * *
(1990) 158 min (16 anos)



'Não receies mais o calor do sol ou a fúria das tempestades invernais agora que se cumpriu a tua missão mundana.'

Nova Zelandia - A escritora Janet Paterson Frame (1924-2004) nasceu em Dunedin, a mais antiga cidade neozelandesa. É autora de romances, contos, poesia e três autobiografias, nas quais se baseia este filme da diretora Jane Campion. A história de vida da escritora levou-a de uma infância pobre mas feliz, ao lado de seus pais e irmãos, à internação por oito anos numa clínica de doentes mentais. Sua timidez, fobia social ou desejo de privacidade foram confundidos pelos médicos de Seacliff com esquizofrenia.


Seacliff Lunatic Asylum

Depois de tomar mais de 200 choques elétricos, escapou por pouco de uma lobotomia. O prêmio Hubert Church pelo livro de contos "A Lagoa" (Lagoon) valeu-lhe a liberdade. A vida de Janet recomeça a partir daí. Que alívio sentimos, ela e eu, quando o terapeuta lhe diz que está livre para recusar os convites sociais que não deseje aceitar!

A primeira parte de 'Um Anjo em Minha Mesa' se passa numa paisagem verde onde Nini, uma menina gorducha de cabelos vermelhos encaracolados lia, estudava e brincava com outras crianças, enquanto ovelhas saltavam pelos campos. A caracterização dos personagens nesta fase da vida de Janet Frame, o enquadramento e a escolha de luzes quentes me lembraram os encantadores quadros do pintor e ilustrador americano Norman Rockwell. Como sempre, o trabalho do diretor de fotografia Stuart Dryburgh é magnífico. Ele usou tons mais frios para apresentar a fase desesperadora da crise e internação em Seacliff. O filme interessa não só aos que conhecem os livros da escritora ou apreciam os filmes da diretora neozelandesa, mas a todos os que se comovem assistindo ao relato de uma história de vida muito dramática e bem contada.

Numa entrevista para o jornal ingles The Guardian, Jane Campion lembra seus encontros com a solitária escritora. 'Um Anjo em Minha Mesa' ganhou prêmios nos festivais de Veneza e Toronto, além de ser considerado Melhor Filme Estrangeiro pela Associação de Críticos de Chicago e pelo Independent Spirit Award.


Janet Frame com as três atrizes que a interpretam

Diretora: Jane Campion
Roteiro: Laura Jones, baseado nas autobiografias de Janet Frame: To the Is-Land, An Angel at My Table e The Envoy from Mirror City
Música: Don McGlashan
Fotografia: Stuart Dryburgh
Elenco: Kerry Fox, Alexia Keogh, Karen Fergusson, Iris Churn, Kevin J. Wilson, Jessie Mune, Melina Bernecker, Ailene Herring, Francesca Collins,
Distribuidora: Lume Filmes
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