Lista de sugestões de filmes interessantes. Cada postagem traz foto, breve sinopse, censura, diretor, distribuidora, elenco, responsáveis pelo roteiro, musica e fotografia. Com o eterno deslumbramento de fã apaixonada, By Star Filmes acredita que o cinema emociona, ensina e é a melhor diversão.

terça-feira, 28 de maio de 2013

O Impossível

The Impossible * *
(2012) 114 min (12 anos)

Tailândia - Em 2004, Maria e Henry Bennet levaram os três filhos para passar as férias de Natal em Khao Lak. Hospedados num hotel à beira-mar, Lucas, Simon e Thomaz viveram com os pais momentos de completa felicidade sob as palmeiras e um sol generoso. A tragédia chegaria na manhã de 26 de dezembro na forma de uma avassaladora tsunami. A onda colossal formou-se às 00:58:53 UTC - quando um choque das placas subterrâneas convulsionou o fundo do Oceano Índico - viajou quilômetros, até alcançar as terras de 14 países, matando mais de 230 mil pessoas.

A tsunami que chegou à costa oeste da Tailândia encontrou a família Bennet relaxando na piscina do hotel. A enchente que se seguiu ao choque inicial separou o casal para diferentes áreas da região. Mesmo bastante ferida, Maria conseguiu agarrar-se a Lucas e Henry alcançou Simon e Thomaz. O resto da história relata tentativas desesperadas de sobrevivência, a busca de uns pelos outros e os gestos de solidariedade que iluminaram esses momentos.

Quando Maria e Lucas chegam ao hospital, a situação é dramática, pois não há estrutura suficiente para atender a tantos feridos. Os pacientes permanecem deitados sobre as macas, ainda enlameados, à espera de cuidados e cirurgias. Lucas fica sentado perto da mãe até que Maria pede que ele vá ajudar outras pessoas, pois ele é bom nisso. Nesse momento ele esquece seu sofrimento e começa a procurar os parentes dos outros internados.

"O Impossível" foi filmado na Espanha e na Tailândia, no já reconstruído Orchid Resort Hotel. Muitos dos extras que trabalham no filme são reais sobreviventes da tsunami. Em 2012, no Festival de Cinema de Toronto, Naomi Watts, Ewan McGregor e os jovens que interpretaram seus filhos tiveram a oportunidade de conhecer a verdadeira família Belon, na qual se baseou essa história. A família na realidade é espanhola mas na época vivia no Japão. (imdb) Naomi Watts e Tom Holland, que interpretou Lucas, o filho mais velho do casal, foram indicados para vários prêmios e ganharam alguns pelo desempenho notável. Graças ao trabalho dos dois, meu filho biólogo e eu vertemos lágrimas abundantes assistindo "O Impossível", sob o olhar divertido da filha do meio que, nesse dia, estava um tanto insensível.

Curiosidade:
* Tomas Alvarez-Belon tinha 8 anos quando a família se separou por dois dias, depois da chegada da tsunami. Agora com 17, Tomas escolheu estudar no Atlantic College, no País de Gales, por causa do seu reconhecido programa de treinamento de salva-vidas. (BBC)
familia Belon

Diretor: Juan Antonio Bayona
Roteiro: Sergio G. Sanchez
Musica: Fernando Velázquez
Fotografia: Óscar Faura
Elenco: Naomi Watts, Ewan McGregor, Tom Holland, Samuel Joslin, Oaklee Pendergast, Geraldine Chaplin, Sönke Möhring
Distribuidora: Paris Filmes

*** excelente
** ótimo
* bom
Sem Asterisco - interessante
No *
(2012) 118 min (14 anos)

"A Fé. É isso que vai mudar o Chile. Esse país precisa de um ato divino."

Chile, 1988 - Pressionado pela comunidade internacional, o ditador Augusto Pinochet aceita realizar um plebiscito nacional para definir sua continuidade ou não no poder. Acreditando que esta seja uma oportunidade única de pôr fim à ditadura, os líderes da oposição resolvem contratar René Saavedra (Gael García Bernal) para coordenar a campanha contra a manutenção de Pinochet. Com poucos recursos e sob a constante observação dos agentes do governo, Saavedra consegue criar uma campanha consistente que ajuda o país a se ver livre da opressão governamental. (AdoroCinema)

Nem a oposição acreditava que pudesse ganhar o plebiscito, queria apenas ocupar espaço. Mas o publicitário René Saavedra tem esperança e percebe que, se o povo sente medo, é importante evitar cenas que retratem a violência do regime na campanha e, em vez disso, apresentar uma mensagem de alegria, que valorize a possibilidade de mudança.

Semana passada, o jornalista William Wack entrevistou o presidente da Alemanha para o programa Milênio, no canal Globonews. O presidente Joachim Gauck é um ex-pastor luterano nascido na Alemanha Oriental durante a Segunda Guerra. Wack perguntou qual a grande alegria de sua vida e Joachim respondeu que a grande experiência de sua vida foi quando as pessoas da Alemanha Oriental perderam o medo e se voltaram contra a ditadura comunista. Não há maior alegria do que vivenciar a libertação. 

Também foi imensa a emoção que senti vendo pela televisão os alemães demolirem o muro de Berlim, em 9 de novembro de 1989. A experiência da liberdade é embriagadora. Como é importante que os jovens, 
hitfix
que não viveram sob uma ditadura, saibam que precisamos vigiar para impedir que, sob qualquer pretexto, queiram tolher-nos os direitos individuais ou nossa busca da verdade. O filme "No" me fez reviver as lembranças da época em que nós brasileiros também vivemos oprimidos. Hoje, mães brasileiras sentem outros tipos de medo - "será que meus filhos chegarão em casa em segurança?" - mas, ditadura, nunca mais!

Diretor: Pablo Larraín
Roteiro: Pedro Peirano, baseado na peça inédita El Plebiscito, de Antonio Skarmeta
Musica: Carlos Cabezas
Fotografia: Sergio Armstrong
Diretora de Arte: Estefania Larraín
Elenco: Gael García Bernal, Alfredo Castro, Antonia Zegers, Luis Gnecco,Marcial Tagle, Néstor Cantillana, Jaime Vadell, Pascal Montero
Distribuidora: Imovision

*** excelente
** ótimo
* bom
Sem Asterisco - interessante

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Django Livre

Django Unchained * *
(2012) 166 min (16 anos)

EUA, 1858 - Dois anos antes do início da Guerra Civil, o dentista alemão King Schultz conduz seu cavalo Fritz à frente de uma carroça fechada, adornada com um enorme dente branco no teto. Essa visão baloiçante costuma intrigar os passantes e dá uma vantagem ao engraçado doutor. No momento, Schultz busca o escravo Django, única pessoa que pode ajudá-lo a identificar os criminosos irmãos Brittle, já que o precioso dentista mudou de profissão e tornou-se um caçador de recompensa. Em troca da ajuda, o alemão oferece a Django sua liberdade, além de uma participação no prêmio. O escravo aceita porque tem como principal objetivo encontrar e comprar a alforria de sua esposa Broomhilda von Shaft, de quem foi violentamente separado. O dr. King fica encantado pela história da escrava com nome de princesa alemã e conta a Django sobre a lenda de Brünnhilde, como foi envolvida por um círculo de fogo e resgatada pelo herói Siegfried. Juntos, europeu e americano, partem na sua própria jornada heroica.

Se os filmes do Tarantino não pingassem tantas cenas sangrentas, ainda gostaríamos deles? De minha parte acho que sim, talvez gostasse ainda mais. Chega um momento em que tanto sangue espalhado repugna, mas tudo o mais é tão espetacularmente bom, que compensa com sobra. Como já é tradição nos filmes de QT, "Django Livre" traz uma história emocionante, cenografia e fotografia perfeitas, músicas deliciosas, direção precisa, excelentes desempenhos de artistas bem selecionados e toques de humor, além do charme da presença do diretor numa cena secundária. Em meio ao marasmo de semanas de filmes medíocres, chegou com a força explosiva de uma bofetada. "Django Livre" levou dois Oscars e o BAFTA de Melhor Roteiro Original e Melhor Ator Coadjuvante para Christoph Waltz, como o impagável e cômico dr. King Schultz. Franco Nero, marido de Vanessa Redgrave e ator de tantos western spaghetti, faz uma ponta como Amerigo Vessepi. Para quem tiver fôlego, vale a pena ler a crítica de Roger Ebert sobre o filme.
Broomhilda von Shaft

Diretor: Quentin Tarantino
Roteiro: Quentin Tarantino
Fotografia: Robert Richardson (Kill Bill, Bastardos Inglórios, Ilha do Medo, O Encantador de Cavalos, Platoon)
Elenco: Christoph Waltz, Jamie Foxx, Leonardo DiCaprio, Samuel L. Jackson, Kerry Washington, Walton Goggins, Don Johnson, Dennis Christopher, Franco Nero, James Remar, Dana Gourrier, Nichole Galicia, Laura Cayouette, Bruce Dern, Quentin Tarantino
Distribuidora: Sony Pictures

*** excelente
** ótimo
* bom
Sem Asterisco - interessante

segunda-feira, 20 de maio de 2013

O Idiota do Meu Irmão

Our Idiot Brother
(2011) 89 min (14 anos)

EUA - Ned vende produtos da fazenda numa barraca na feira local. O policial Washburn aproxima-se e pergunta se ele sabe onde comprar maconha. Ned responde que não diria mesmo se soubesse. Washburn explica que teve uma semana difícil e precisa relaxar. Ned fica com pena e passa um saquinho de maconha junto com um vegetal, dizendo que é grátis. O oficial insiste em pagar e, assim que Ned aceita, lhe dá voz de prisão. O ingênuo rapaz vai para a cadeia, de onde é solto alguns meses depois por bom comportamento. De volta à fazenda, Ned descobre que a namorada o trocou por outro. Pior ainda, ela não permite que ele leve ou se despeça de Willie Nelson, seu cachorro de estimação.

Sem ter para onde ir, Ned vai passando da casa da mãe para o apartamento de cada uma de suas três irmãs, causando problemas em toda parte pela sua simplicidade e falta de malícia. Ele não mente nem engana. Será que a cadeia é o melhor lugar para ele?

"O Idiota do Meu Irmão" é uma comédia agradável, sem pretensões, dessas próprias para desanuviar a vida, mas interpretada por ótimos atores. É impossível não simpatizar imediatamente com Paul Rudd, pois ele tem o sorriso franco e um olhar de criança. Sua caracterização torna Ned uma pessoa encantadora pela sua crença na bondade humana e a atenção absoluta que dá a cada pessoa. Imprudência para escolher parceiros românticos e vender maconha foram seus maiores pecados, além de uma perigosa indiscrição ao revelar fatos passíveis de provocar muita confusão. Cuidando do que se fala, deve ser ótimo ter um Ned por perto. Prefiro o título do filme no imdb: "Nosso Irmão sem Noção".

Diretor: Jesse Peretz
Roteiro: Evgenia Peretz & David Schisgall, baseado em história de Jesse Peretz & Evgenia Peretz & David Schisgall
Musica: Eric D. Johnson, Nathan Larson
Fotografia: Yaron Orbach
Elenco: Paul Rudd, Elizabeth Banks, Emily Mortimer, Zooey Deschanel, Bob Stephenson, Adam Scott, Steve Coogan, Rashida Jones, Sterling Brown, Kathryn Hahn, T. J. Miller, Matthew Mindler, Hugh Dancy, Janet Montgomery, Shirley Knight
Distribuidora: California Filmes

*** excelente
** ótimo
* bom
Sem Asterisco - interessante

sábado, 18 de maio de 2013

A Viagem

Cloud Atlas * *
(2012) 172 min (16 anos)
Não importa se nascemos de um tanque ou de um útero; somos todos Puro-sangue.

Sob o céu estrelado, o velho Zachry desabafa diante da fogueira que ilumina a profunda cicatriz em sua face esquerda: "- Oh noite solitária. E os bitolados berram. O vento congela os ossos. Um vento como esse, cheio de vozes. Aos gritos, os ancestrais contam histórias, todas as vozes unidas em uma só."

1ª história: Em 1849, numa Ilha do Pacífico, o advogado Adam Ewing celebra um contrato com o reverendo Horrox. Contra a sua consciência, Ewing representa os interesses do sogro no mercado de escravos. Sufocado pelo calor e pela emoção ao assistir a cena do chicoteamento de um nativo Moriori, o advogado desmaia. 

2ª história: Em 1936, o inglês Robert Frobisher deixa a companhia de Rufus Sixmith para ajudar o compositor Vyvyan Ayrs a escrever sua última obra. Na mansão do famoso músico, Robert compõe o magnífico sexteto "Cloud Atlas". Nas horas livres, lê o diário de Adam Ewing e escreve para Sixmith.

3ª história: Em 1973, o físico Rufus Sixmith conhece a jornalista Luisa Rey num prédio da cidade de São Francisco, Califórnia. Os dois ficam presos um bom tempo no elevador e aproveitam para conversar. Posteriormente, Luisa encontra as cartas de Robert Frobisher para Sixmith enquanto procurava o relatório onde o físico apontava falhas num projeto de reator nuclear. 

4ª história: Em 2012, o editor Timothy Cavendish precisa fugir dos perigosos parentes de um escritor a quem deve dinheiro. Na viagem de trem para seu esconderijo, Timothy lê um manuscrito que lhe foi enviado: "Half Lives: The First Luisa Rey Mistery", uma versão romanceada da terceira história. Cavendish descreverá suas próprias aventuras num livro que vira bestseller. 

5ª história: Em 2144, Somni-451 é um clone fabricante, criado para trabalhar no restaurante de fast food Papa's Song, em Nova Seul. O propósito de sua existência, como a de suas colegas, é servir comida aos clientes. Morando em vãos na parede e jamais deixando o restaurante, os clones personificam o moderno tipo de escravidão. Sonmi descobre o cinema quando uma amiga a leva aos achados e perdidos do Papa's Song. Ali escondidas, as duas assistem num celular ao fragmento do filme "The Ordeal of Timothy Cavendish". O rápido segmento planta nas clones o desejo de lutar contra as injustiças, a partir da frase do personagem Cavendish no tribunal: "Não me sujeitarei a abuso criminoso". Somni une-se à resistência para divulgar um Manifesto sobre a verdade para toda a Terra e colônias em outros mundos.

6ª história: Em 2321, cento e seis anos após a Queda, quando Nova Seul foi invadida pelo mar, Zachry mora com sua irmã e sobrinha numa sociedade primitiva chamada o Vale. Os membros da tribo adoram Somni e fogem dos terríveis canibais Kuna. A vila recebe a visita de Menomyn, que pertence à evoluída comunidade dos Prescientes. Meronym precisa de um guia para atingir Cloud Atlas, uma estação de transmissão escondida nas montanhas, depois do território dos Kunas. A Presciente deseja enviar uma mensagem de socorro às colônias em outros planetas. Mesmo contrariado, Zachry parte nessa perigosa missão.

Como sugere Timothy Cavendish, vale a pena ter um pouco de paciência enquanto o roteiro de "A Viagem" vai e volta entre uma história e outra, dando um nó em nosso entendimento. Impressionante para uma produção independente, essa fascinante viagem custou 102 milhões de dólares, muito bem gastos. Meus segmentos favoritos foram os que retratam o futuro, como convém a uma fã de filmes de ficção científica. Nem sempre foi perceptível o alinhavado das histórias através dos vídeos e escritos. As cenas rápidas não permitiam acompanhar tantos detalhes, mas nada que não se resolva depois, adiantando e atrasando o DVD, assistindo mais uma vez. Alguns personagens apresentam um sinal de nascença com a forma de um cometa - são aqueles que se destacam pela ânsia de liberdade.

"A Viagem" é uma belíssima, sofrida e imaginosa trajetória sobre a busca da verdade e a luta pela liberdade em todos os tempos. A variedade e beleza dos cenários tornaram muito difícil selecionar as fotos para o blog. Vejam o filme! O americano Roger Ebert deixou uma crítica entusiasmada sobre "A Viagem". No site da Wikipedia, em inglês, há um quadro que mostra os vários personagens interpretados por cada um dos artistas principais. 


Diretores: Tom Tykwer, Lana e Andy Wachowski
Roteiro: Tom Tykwer, Lana e Andy Wachowski, baseado no livro "Cloud Atlas" de David Mitchell
Musica: Tom Tykwer, Johnny Klimek, Reinhold Heil
Fotografia: Frank Griebe, John Toll
Elenco: Tom Hanks, Halle Berry, Jim Broadbent, Susan Sarandon, Hugh Grant, Jim Sturgess, Doona Bae, Hugo Weaving, Ben Whishaw, James D'Arcy, Keith David, David Gyasi, Zhou Xun
Distribuidora: Imagem Filmes

*** excelente
** ótimo
* bom
Sem Asterisco - interessante

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Mãos Sobre a Cidade

Le Mani Sulla Città
(1963)  100 min (12 anos)

Itália - Em um bairro pobre de Nápoles, um edifício desaba causando morte e ferimentos em várias pessoas. A comissão que investiga o acidente trabalha para inocentar a prefeitura e Edoardo Nottola, o empresário e político responsável pela obra que precipitou o desastre. Seus colegas de partido querem abandoná-lo e desistem de apoiar sua candidatura ao cargo de comissário, mas a voz do dinheiro fala mais alto e Nottola usa toda sua influência para dar a última cartada. "Mãos sobre a Cidade" é um filme que impressiona pelo realismo e pela direção firme de Francesco Rosi. (adaptação da capa do DVD)

Toda vez que testemunho manobras políticas que priorizam vantagens para indivíduos ou partidos, em detrimento do bem comum, me lembro de Marcelina Pereira, mais conhecida como Dilô. Baiana, analfabeta, vascaína doente, jamais frequentara o Maracanã, pois sua religião proibia, mas acompanhava todos os jogos no radinho de pilha. Por sua influência torci pelo time do capitão Bellini um bom tempo, voltando depois às origens tricolores, ao familiar time das Laranjeiras. 

O outro interesse de Dilô era a política e não esqueço seus conselhos na hora de avaliar os candidatos. "Não importa o que eles dizem, vai descobrir o que eles fizeram". Marcelina era uma mulher inteligente, boa observadora do mundo dos homens, e os fatos do filme "Mãos Sobre a Cidade" não a surpreenderiam, como também já não nos surpreendem, pois vimos do que são capazes partidos de todas as tendências na luta por poder e dinheiro. Para nós vale o conselho da sábia cozinheira baiana - ao escolher um candidato, antes de acreditar em suas promessas, pesquise seus feitos, suas atitudes. E depois, vigie, escreva-lhe, incentive ou manifeste seu desagrado por e-mail. A querida Dilô ia adorar as possibilidades abertas pela internet.

Diretor: Francesco Rosi
Roteiro: Francesco Rosi, Raffaele La Capria, Enzo Forcella
Musica: Piero Piccioni
Fotografia: Gianni Di Venanzo
Elenco: Rod Steiger, Saldo Randone, Guido Alberti, Dandi Di Pinto, Carlo Fermariello, Vincenzo Metafora, Angelo D'Alessandro
Distribuidora: Magnus Opus

*** excelente
** ótimo
* bom
Sem Asterisco - interessante

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Lincoln

Lincoln * *
(2012) 150 min (12 anos)

EUA - Em janeiro de 1865, o presidente Abraham Lincoln iniciou seu segundo mandato com imensa popularidade, apesar da Guerra Civil que já durava quatro anos. Lincoln apressa-se a fazer passar a 13ª emenda, que libertará definitivamente os escravos. O partido republicano é favorável à abolição e tem maioria no Congresso, mas não chega a alcançar o número de adesões suficientes para mudar a Constituição. 

Ocorre ao presidente usar de um subterfúgio para ganhar o apoio necessário de congressistas e eleitores: ele afirma que o fim da escravidão há de encerrar a guerra. Mas a notícia da chegada iminente de representantes dos estados do sul, com uma proposta de acordo de paz, torna mais urgente a votação, pois arruinará o argumento de Lincoln. Seus auxiliares oferecem empregos aos democratas escravagistas que não se reelegeram, em troca de apoio na votação da emenda. Uma estratégia pouco recomendável mas a qual muitos políticos de várias nacionalidades parecem sensíveis até os dias de hoje. 

Um dos méritos do filme de Spielberg é a autenticidade da produção, baseada em cartas e fotos da época. Mas o diretor parece ter priorizado de tal maneira o cuidado com a restauração fiel daquele período que deixou de lado a emoção. O diretor de arte de "Lincoln" reproduziu nos mínimos detalhes o gabinete do presidente; mandou fazer em estêncil um papel de parede idêntico. A figurinista Joanna Jonston copiou os vestidos da senhora Lincoln e o vestuário dos principais personagens. Joanna enviou ao Paquistão o pouco de renda que conseguira para que artesãos paquistaneses confeccionassem a metragem necessária para adornar um vestido da primeira-dama. Já Sally Fields colaborou engordando até chegar ao peso de Molly, como era chamada pelo marido. Nela e nos dois filhos concentra-se o que existe de emoção na história.

O conjunto da riqueza técnica, da maquiagem natural, aliados à atuação comedida e intensa de Daniel Day-Lewis, que se metamorfoseou no presidente americano, me levaram para dentro da tela, naqueles anos finais do século XIX. Mas, a partir do princípio de que muito se perde do que é dito ao público, em vez de ser mostrado, senti dificuldade em acompanhar os diálogos entre os políticos ou entre os colaboradores e Abraham Lincoln. Afinal quem sabe tais detalhes da história americana? Relevando esse desconforto importante, saí com a impressão de ter conhecido pessoalmente uma das mais notáveis figuras da história humana.

O filme se encerra com as palavras generosas do presidente, no discurso de 4 de março de 1865: "With malice toward none, with charity for all, with firmness in the right as God gives us to see the right, let us strive on to finish the work we are in, to bind up the nation's wounds, to care for him who shall have borne the battle and for his widow and his orphan, to do all which may achieve and cherish a just and lasting peace among ourselves and with all nations." (Sem malícia para com ninguém, com misericórdia para todos, com firmeza legítima, como Deus nos permitir vê-la, tratemos de esforçar-nos para concluir a tarefa de fechar as feridas da nação. De cuidar daquele que padeceu em batalhas, e de sua viúva, e de seu órfão, e de realizar tudo que possa trazer e acalentar uma paz justa e duradoura entre nós e com todas as nações.)

Diretor: Steven Spielberg
Roteiro: Tony Kushner, baseado em parte do livro de Doris Kearns Goodwin (“Team of Rivals: The Genius of Abraham Lincoln”)
Musica: John Williams
Fotografia: Janusz Kaminski (Cavalo de Guerra, Minority Report, A.I. Inteligência Artificial)
Elenco: Daniel Day-Lewis, Sally Fields, David Strathairn, Joseph Gordon-Levitt, Hal Holbrook, Tommy Lee Jones, James Spader, Gulliver McGrath, Gloria Reuben, Jeremy Strong
Distribuidora: Fox Filmes

*** excelente
** ótimo
* bom
Sem Asterisco - interessante

sábado, 11 de maio de 2013

Não Sei como Ela Consegue

I Don't Know How She Does It
(2011) 89 min (10 anos)

EUA - De dia, Kate Reddy é a eficiente executiva de uma empresa de finanças de Boston. À noite, Kate é a exausta super-mãe de duas crianças e esposa do arquiteto Richard, o verdadeiro responsável pelos filhos e pela casa, enquanto aguarda uma oportunidade de trabalho. Kate tenta se virar entre reuniões, telefonemas, cuidados maternos e a atenção necessária para manter vivo o relacionamento com o bondoso marido, mas as exigências de quem quer vencer na carreira profissional absorvem e parecem crescentes.

Tentei ignorar Não Sei como Ela Consegue durante meses. Ficou o rascunho na lista do blog apenas com o título. Mas o assunto me é caro. As múltiplas tarefas das mães - especialmente as que acumulam trabalhos dentro e fora do lar - sempre me impressionaram. Ainda lembro vivamente do período em que cursava universidade, cuidava de um bebê e da gerência de uma casa grande, acostumada a receber os amigos diariamente. Não vi muitos filmes nessa época e levei sete anos para me formar.

Mas tive a sorte de contar com minha mãe para me acompanhar à faculdade, onde eu podia amamentar minha filha no intervalo das aulas. Ao chegar em casa, estudava e fazia os trabalhos, secretariava o marido médico e cuidava da primogênita. Isso é nada, perto das tarefas das mães que trabalham fora, se ausentam mais de 8 horas por dia e ainda têm que lidar com a culpa desta ausência. Qualquer problema com os filhos e pensam: "Isso acontece porque não estou com ele o suficiente." Assim, essa postagem é para homenagear minha dedicada mãe e todas as progenitoras que multiplicam o tempo e se questionam por deixar seus bebês aos cuidados de creches ou babás.

Às vezes o staff do IMDB me surpreende; foram eles que atribuíram a melhor nota para Não Sei como Ela Consegue: 6,5. Os outros usuários do site foram mais severos e sua média só chegou a 4,5. Talvez as mães   laboriosas se identifiquem mais com os desafios de Kate.

Diretor: Douglas McGrath
Roteiro: Aline Brosh McKenna, baseado no livro de Allison Pearson
Musica: Aaron Zigman
Fotografia: Stuart Dryburgh (A Ilha da Imaginação, O Despertar de uma Paixão, Æon Flux, O Diário de Bridget Jones, O Piano)
Elenco: Sarah Jessica Parker, Greg Kinnear, Pierce Brosnan, Christina Hendricks, Kelsey Grammer
Distribuidora: Imagem Filmes

*** excelente
** ótimo
* bom
Sem Asterisco - interessante

sexta-feira, 10 de maio de 2013

A Hora Mais Escura

Zero Dark Thirty * *
(2012) 156 min (14 anos)

Depois dos ataques de 11 de novembro de 2001, descobrir o paradeiro do mentor do atentado tornou-se prioridade absoluta do governo americano. Agentes da CIA no exterior arrancavam informações através de tortura daqueles que colaboravam com a rede terrorista al-Qaeda. 

Dois anos depois, uma jovem funcionária do escritório de Washington viaja para o Paquistão para juntar-se às investigações sobre o paradeiro de Osama bin Laden, o perigoso fundador da al-Qaeda. Maya era novata na companhia mas pesquisava o terrorista mais procurado do mundo desde que foi recrutada. A agente foi enviada para trazer sangue novo à caçada ao líder saudita.

Passam-se oito anos e a tenaz funcionária persiste na busca, mesmo depois da morte de alguns agentes e o desinteresse de outros. Maya endureceu nessa luta, não tem qualquer vida pessoal, é completamente focada na investigação, vasculhando todos os indícios possíveis. Também mudaram os interrogatórios, exigindo mais empenho do serviço de inteligência, pois o novo presidente da república não vai tolerar o uso de tortura. Nos momentos finais da empreitada que consumiu bilhões de dólares, Maya aguarda no Afeganistão, enquanto uma equipe de Navy SEALs voa em helicópteros não detectados por radar até o esconderijo de Osama na cidade de Abbottabad, no Paquistão. Completada a missão, o corpo é levado ao acampamento onde Maya realiza a identificação do líder da al-Qaeda.

"A Hora Mais Escura" vem desvendar um pouco do mistério sobre os acontecimentos que envolveram a descoberta e a morte de Osama bin Laden. Sua figura esguia em ameaças feitas através de vídeos tornaram-se familiares a todos que acompanhavam os telejornais da época. O filme de Kathryn Bigelow toma cuidado em não mostrar seu rosto e evita cenas de comemorações que pudessem soar desrespeitosas. Mais uma vez Jessica Chastain magnetiza com seu talento, dando vida à agente Maya.

Curiosidades:
* O nome do filme em inglês (Zero dark thirty) é um termo militar que se refere à meia-hora após a meia-noite. Quando começa a invasão, Maya olha o mostrador do relógio digital que marca 00:30. O termo também funciona como uma metáfora para a longa década de incansáveis perseguições.

* Os Navy SEALs são a força de operações especiais da Marinha dos Estados Unidos. O acrônimo em letras maiúsculas significa que seus membros podem operar no mar (SEa), no ar (Air) e na terra (Land).

* O roteiro foi originalmente escrito como a caçada infrutífera ao paradeiro de bin Laden e foi completamente reescrito após sua morte.

Diretora: Kathryn Bigelow
Roteiro: Mark Boal
Musica: Alexandre Desplat
Fotografia: Greig Fraser (O Homem da Máfia, Deixe-me Entrar)
Elenco: Jessica Chastain, Jason Clarke, Reda Kateb, Kyle Chandler, Jennifer Ehle, Harrold Perrineau, Jeremy Strong, Fares Fares, Lauren Shaw, Mark Strong, James Gandolfini, Stephen Dillane, Joel Edgerton
Distribuidora: Imagem Filmes

*** excelente
** ótimo
* bom
Sem Asterisco - interessante

sábado, 4 de maio de 2013

A Abadia de Northanger

Northanger Abbey * *
(2007) 92 min (12 anos) feito para a TV inglesa (ITV)

De todos aqueles que conheceram Catarina Morland na sua infância, nenhum a julgaria predestinada a ser uma heroína. 
A sua posição social, o caráter de seus pais, a sua própria personalidade e índole, tudo se conjugava contra isso.

Inglaterra - Catherine Morland cresceu como uma garota simples do interior, correndo no gramado e jogando bola com os nove irmãos. Aos quinze anos descobriu as novelas góticas, suas heroínas românticas, castelos assombrados e vilões arrebatadores. Morando na paróquia da aldeia de Fullerton, em Wiltshire, Catherine pouco sabia das traições do mundo real. Convidada pelo casal Allen para uma temporada na cidade de Bath, seus olhos brilharam. Colocou na mala os melhores vestidos, um exemplar de "Mistérios de Udolfo" e embarcou na carruagem dos amigos da família, com o coração palpitante pela expectativa de viver as próprias aventuras.

Em Bath, a sra. Allen foi às compras com generosidade, presenteando Catherine com vestidos e acessórios da moda. A seguir, lançam-se as duas ao teatro e aos bailes, onde a adolescente de dezessete anos faz amizade com jovens das famílias Tielney e Thorpe. Tendo vivido numa aldeia onde convivia com pessoas bem-intencionadas, a ingênua heroína sente dificuldade em discernir quem são seus verdadeiros amigos. Fica inicialmente encantada por conhecer a exultante Isabella Thorpe, mas desilude-se depois, ao descobrir falhas sérias no seu comportamento.

Quando é convidada a conhecer a imponente "Abadia de Northanger", a imaginação de Catherine cria um ambiente sombrio, cheio de mistérios tenebrosos. Influenciada por Isabella e pelo irmão John, acredita piamente na veracidade de fofocas maldosas, deixando-se levar pela curiosidade e, desta maneira, ameaça o incipiente relacionamento com Henry, filho mais novo do general Tielney, proprietário da mansão. Desolada, a jovem deixa a Abadia, volta para Fullerton, com o coração pesado pelos acontecimentos, julgando ter destruído uma bela amizade.
Felicity Jones e Carey Mulligan

"A Abadia de Northanger" é o menos valorizado dos seis livros de Jane Austen. O primeiro a ser escrito e o  último a ser impresso - só um ano após a morte da autora - que não o considerava pronto para publicação. A novela é uma paródia dos romances góticos, muito populares na época. O roteiro vibrante de Andrew Davis faz justiça ao livro. A escolha do elenco foi das mais felizes, seja pelo tipo físico dos atores, seja pelo seu talento. Nos rostos de Felicity Jones e Carey Mulligan podemos ler toda gama de emoções das personagens Catherine e Isabella.

O filme foi gravado na Irlanda e a Abadia de Northanger é na realidade Lismore Castle, propriedade do Duque de Devonshire. O castelo de 800 anos fica no Condado de Waterford e os jardins são abertos ao público. Para comprar o DVD "A Abadia de Northanger" pesquise aqui. Imperdível para as fãs de Jane Austen e um bom presente para as mães e namoradas. No blog A Sorrir está o prefácio de Gentil Marques para a edição portuguesa de "O Mistério de Northanger", publicado pela editora Romano Torres em 1956.

Lismore Castle
Diretor: Jon Jones
Roteiro: Andrew Davies, baseado no romance de Jane Austen
Musica: Charlie Mole
Fotografia: Ciarán Tanham
Elenco: Felicity Jones, Carey Mulligan, J J Feild, Hugh O'Conor, Sylvestra Le Touzel, Desmond Barrit, Catheine Walker, Liam Cunningham, Bernadette McKenna, William Beck, Mark Dymond, Julia Dearden, Gerry O'Brien
Distribuidora: Logon

*** excelente
** ótimo
* bom
Sem Asterisco - interessante
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